Em meio a um mar de estrelas, um turbilhão de pensamentos e sentimentos se fazia em seu peito.

Lembranças...

O sorriso alegre – que algumas vezes chegava a ser bobo – sempre estava estampado em seus lábios. A expressão feliz, a maneira divertida de portar-se aos demais. Características marcantes daquele homem.

Porém, os olhos verdes talvez fossem o que mais mexia com seu íntimo. O olhar que muitas vezes era voltado para uma pureza infantil e uma lealdade cativante. Mas também o mesmo olhar que sabia portar-se de maneira séria quando necessário. O olhar profundo e intenso, que apenas em fitá-lo fazia com que sentisse algo dentro de si, algo em seu ser que era incapaz de decifrar.

Apenas era capaz de sentir. E só conseguia sentir quando estava com ele, olhando nos olhos dele.

Algo que o esquentava, como um alento.

Mas agora era incapaz de sentir esse calor em seu peito. Agora a sua feição e o seu interior resumia-se em ventos frios, tão frios quanto os de agora que se fazia na pequena e acolhedora varanda do Grande Mestre. Ventania gélida, que fazia seus longos cabelos esvoaçarem no compasso em que era cadenciado, gerando uma baixa sensação térmica.

O brilho também cessou. Não tinha mais sequer algum resquício de cintilação em seus olhos azuis. O único brilho que era capaz de visualizar estava ali, a sua frente... As estrelas. Mas as estrelas estavam distantes. Assim como ele, que também estava distante de si.

Deixou um suspiro baixo escapar, e rapidamente desviou seus olhos para suas mãos, que se encontravam no pequeno muro da varanda. Por que ainda pensava nisso tudo? Por que o cavaleiro de Sagitário não saía de sua mente? Por que foi capaz de... De eliminá-lo?

Mas que pergunta tola! Era necessário para a sua ascensão.

Então... Por que ainda sentia alguns resquícios da vivacidade de Aiolos em si?

Não tinha respostas. Nunca tinha respostas. E talvez fosse melhor assim... Era melhor assim!

Levantou o rosto, voltando a fitar fixamente o céu estrelado. Estava na época daquela constelação, e talvez por isso tantas dúvidas surgissem. Dúvidas que jamais poderiam ser sanadas, e sensações jamais explicadas.

Saga só tinha uma certeza: que a constelação de sagitário era a única capaz de equilibrar sua sanidade, mesmo que só um pouco. Eram aquelas estrelas que o fazia sentir-se novamente perto de Aiolos... Apenas um pouco, mas conseguia senti-lo.

Porém, aquela constelação quase nunca estava nos céus. Diferente daquele sentimento estranho e avassalador, que sempre estaria guardado em seu peito, assim como as lembranças e as amarguras...

Fim