Sesshoumaru havia conseguido fincar sua espada no ombro direito de Moryoumaru, fazendo com que sua espada trincasse.

—É inutil, Sesshoumaru. Vou tomar sua energia. -Falou o Yokai,prendendo Sesshoumaru em suas vinhas.

Enquanto isso um pouco mais longe, Kagura seguia tombando por entre as flores, enquanto tentava estancar seu ferimento. Mas todos os seus esforços pareciam inúteis, pois a ferida não cicatrizava.

—M-maldição..- falou, cansada, ajoelhando no campo florido manchando tudo ao redor com sangue.- Meu corpo não obedece, as feridas não fecham...Já não tenho mais força pra me curar...- falou tristemente, fazendo com que uma leve brisa levasse para longe algumas pétalas machadas.

Foi nesse momento que o cheiro de sangue chegou até Sesshoumaru. Ele reconheceu a essência de Kagura na brisa:

—Este cheiro. Será que aquela mulher está morta?

—Keh, após trair Naraku por almejar sua frívola liberdade vai morrer de forma patética. Que inútil.- debochou Moryoumaru.

Nesse exato momento, a ira de Sesshoumaru se acendeu. Ninguém saberia explicar ao certo o por que dele ter ficado com raiva, mas assim que escutou o yokai debochar de Kagura, sua Tenseiga pulsou na bainha, fazendo com que ele se libertasse das vinhas e reatacasse Moryoumaru.

O yokai pego de surpresa não pode acreditar quando a Tokijin de Sesshoumaru lhe perfurou, rompendo seu escudo e assim ficando bem perto do fragmento da joia que ele utilizava. Mas quando parecia que Sesshoumaru ia conseguir derrotá-lo, a Tokijin se partiu possibilitando a fuga de Moryoumaru. 

Sesshoumaru jogou o resto da espada longe e ,ignorando as vozes de Rin e Jaken, se pôs a seguir o cheiro que sentira antes.  ''Mulher tola, o que você fez?’’- ele pensava.

Kagura estava ajoelhada no meio das flores. O ferimento no peito estava ficando cada vez maior. ''Este lugar transborda paz.... Será que tudo acabou para mim? Bem, está é a liberdade que eu buscava.’’- ela concluiu, com profunda tristeza.

O vento correu pelo campo, e ela pode então sentir a forte presença parada na sua frente. Levantou a cabeça e se surpreendeu: Sesshoumaru estava parado, bem na sua frente. Seu rosto estava como sempre, com uma expressão indecifrável. Ela o encarou por alguns segundos e balbuciou:

—Sesshou.....maru....?

—Eu senti o cheiro de sangue no vento, e também uma forte quantia de miasma.

Ela baixou a cabeça e, triste, respondeu:

—Entendo. Você esperava que fosse Naraku. Decepcionado por não encontrá-lo?

Ele lhe olhou e se aproximou um pouco:

—Eu sabia que era você.

Kagura mais uma vez se surpreendera, mas permaneceu de cabeça baixa. Sesshoumaru pos a mão no cabo da Tenseiga, mas não conseguia ver os youkais. ''Nem a Tenseiga pode salvá-la...’’- ele pensou começando a ficar um pouco angustiado, pois se os yokais não apareciam não tinha muito o que fazer a respeito dela. Mas naquele momento, ele sentia uma imensa vontade de salvá-la. Aquela mulher inconsequente que por tanto tempo lutara para se ver livre de seu mestre. 

Então sem pensar duas vezes, Sesshoumaru cravou a espada no ferimento de Kagura. Ela foi tomada pela dor e espanto, mas antes que conseguisse dizer algo, seus olhos perderam o brilho e ela caiu no chão.

—Sesshoumaru!!! O que você fez???- gritou InuYasha que acabava de chegar com os outros e assistira a cena.

—Não se intrometa....- foi a única resposta que InuYasha recebeu do seu irmão.

—Ora, seu....- ele então sacou a espada, mas foi interrompido por Kagome, que pos o braço em sua frente.

—Kagome? O que você está fazendo?

—Olhe InuYasha!

Ele olhou para onde seu irmão e o corpo de Kagura estavam e ficou surpreso. O local brilhava em uma intensa luz azul, que parecia estar saindo do chão. As flores começaram a voar, formando um redemoinho ao redor deles. O corpo de Kagura começou a brilhar e dele saíram vários faixos de luz, de todas as cores.

A Tenseiga foi arremessada para longe, caindo perto de Inuyasha e dos outros. Depois a luz se intensificou tanto, que poderia deixar os ali presentes, cegos. Foi diminuindo e diminuindo ate cessar por completo. O ferimento de Kagura se fechou, sem marca nenhuma de que um dia ele havia existido e então a vida retornou ao seu corpo.

Ela puxou o ar como se o mesmo lhe tivesse sido roubado. Então sentou-se ainda ofegante, e olhou para si mesma. Inspecionou o quimono sujo de sangue, mas sua ferida não estava mais ali. Ela olhou para Sesshoumaru que se aproximava cada vez mais dela.

—M-mas o que.... por que você fez isso? Por que razão você me salvou? Por que...- Ela não terminou de falar, por que foi surpreendida por Sesshoumaru, que aproximando-se, tocou a região onde antes estava a ferida.

—O-o que...

—A ferida cicatrizou. Você não devia ter ido atrás de Naraku.- ele falou, ainda sem demonstrar expressão alguma.

Kagura apenas o encarava sem entender nada. Desde quando Sesshoumaru se preocupava com alguém? Desde quando se preocupava com ela?

Antes que ela pudesse responder algo, ele levantou e começou a caminhar em direção da Tenseiga. Ainda meio atordoada, Kagura levantou-se também, sendo surpreendida por Kagome que a abraçou:

—Kagura! Que bom que você está viva!- ela abraçou a youkai que ficara sem reação.- Desculpe, eu devia ter insistido um pouco mais para você ficar conosco.

Kagura se permitiu sorrir e respondeu:

—Está tudo bem. Agora eu posso senti-lo aqui dentro- ela falou pondo a mão no peito.- É uma sensação tão boa. 

Kagome sorriu enquanto InuYasha e os outros se aproximavam. Sesshoumaru observava de longe a mulher ser saudada pelos outros. Recomeçou a caminhar,indo em direção a floresta.

Ao notar que ele se afastava, Kagura despediu-se dos outros e foi em sua direção. Ao notar sua presença, Sesshoumaru perguntou:

—O que quer?

—Ora, diga-me você. Por que me salvou?

Ele parou de andar e a encarou, deixando Kagura levemente constrangida. Ficaram assim por alguns minutos, até que Sesshoumaru foi se aproximando lentamente dela, o que ela respondia recuando. Até que ela sentiu suas costas encostarem em uma árvore e Sesshoumaru ficar a centímetros de distância.

Ela não conseguia desviar o olhar do dele. Aquelas belas orbes douradas, que deixavam-na hipnotizada. Ele então segurou seu queixo, e beijou-a lentamente. De ínicio, o choque fez Kagura ficar estática, mas aos poucos ela foi sucumbindo, enlaçando seu pescoço.

Quando se separaram ela estava corada, enquanto ele permanecia sem reação. Ela não podia acreditar no que acabara de acontecer, seu coração pulsando em disparada. Quando ela fez menção de falar algo, ele a cortou:

—Se quiser me acompanhar em minha jornada, pode seguir-me. Mas caso não, pode ir. Agora você é livre. Pode escolher seu destino, seu próprio caminho.

Ela sorriu. Ele a queria perto dele, mas não diria isso abertamente, afinal ele ainda tinha a postura de príncipe inatingível. Aproximou-se dele e olhando para o céu, respondeu:

—Ainda há muitos lugares que eu quero conhecer. Quero viajar pelo mundo, sentir o vento, sem compromissos.- ela abaixou a cabeça e olhou na direção dele, que mesmo que sendo algo quase imperceptível, sorria.

—Pois bem. Faça o que desejar.- ele falou retornando sua caminhada.

Ela o observou partir e alçou voo. Quando estava lá encima, pensou observando o horizonte:

''Não se preocupe, Sesshoumaru. Ainda vamos nos rever, e mais cedo do que você imagina. Agora sou livre e assim como o vento, ando sem rumo. Mas o meu coração, já achou um lugar pra se firmar.''