Certa noite Mycroft e Sherlock entraram no quarto da cabana de caça onde seus pais costumavam passar uma temporada durante o verão, era de noite e eles tinham acabado de chegar Mycroft estava extremamente cansado da viagem demorada feita ao lado de seu pequeno irmão que parecia ligado no 220w e tudo o que mais queria era dormir. Eles apagaram a luz e se deitaram no beliche, Sherlock em cima e Mycroft em baixo.

Um tempinho depois Sherlock começou a chamar:

–Mycroft!

–...

–Mycroft!!

–...

–Myc responde!

–O que foi Sherlock?

–Sabia que em Coimbra estudantes brasileiros são discriminados?

–Lindo Sherlock, me deixe dormir. – Mycroft respondeu com um toque de irritação crescente.

O quarto ficou em silêncio até que Sherlock levantou o tronco e esticou o braço para acender a luz. Mycroft ficou ainda mais irritado com a claridade e sibilou:

–Sherlock apague a luz!

–Já vou Mycroft.

–Agora!

–Ok, ok! – e não apagava a luz.

–Sherlock eu vou apagar com meu pé.

–Tudo bem! – e apagou a luz.

Sherlock voltou a cabeça para o travesseiro e se virou de bruços. Minutos depois Sherlock começou a falar de novo:

–Mycroft sabia que eu queria ir para a Alemanha?

–Sabia que eu queria dormir?

–Eu quero ir à Frankfurt Buchmesse e...

–Para! Eu vou te ignorar!

–Mycroft.

­–...

–Mycroft?!

–...

–Ok. – disse emburrado.

Sherlock se revirou na cama até que se sentou e novamente acendeu a luz.

–Que droga, Sherlock! O que aconteceu agora?

–Cadê minha bolinha colorida que pisca?

–Eu sei lá! Apague essa luz e me deixe dormir! – Mycroft cobria os olhos com um braço.

Sherlock alcançou o interruptor e o apertou. Ouvindo o clique Mycroft descobriu os olhos e os abriu logo em seguida se perguntando:

­–Ué... Já tá escuro? – ele ouviu Sherlock dar uma pequena risada.

Um tempo se passou em silêncio, o único barulho provinha da respiração suave de Mycroft e de Sherlock se revirando na cama.

–Você gosta de menta?

–Não.

–E de cravo?

–Não!

–E de canela?

–Não!!!

–Do que você gosta então?

–De dormir Sherlock! Quer fazer o favor de ficar quieto? Ou eu vou te ignorar de verdade!

Sherlock se virou na cama e começou a bater os pés no colchão e a se sacudir.

–Para de se mexer infeliz!

–Tédio! – Sherlock berrou.

–Sossega e dorme!

Minutos se passaram e Sherlock não deu mais um pio ou acendeu a luz de novo. Mycroft detestou o silêncio e suspirando disse:

–Sherlock...