A Caçadora e filho de Hades escrita por Hogsmeade


Capítulo 1
TENHO SONHOS COM UMA DEUSA




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PRÓLOGO

Sabe, nunca pensei que ser uma meio - sangue podia ser assim. Achava o máximo derrotar monstros e treinar para ser uma heroína como Hércules ou Teseu. Nunca percebi o quanto era ingênua e o quanto a minha vida era perigosa. Talvez até tenha percebido, mas nunca dei muita importância. A vontade de querer se provar e mostrar que era forte chegava a ultrapassar o medo.

Me arrependo das coisas que deixei de fazer quando fui “mortal” e inocente. Agora, mais que nunca, queria ser apenas a velha Amy Collins, que estudava em um internato de Nova York e que não tinha amigos. Acho que isso seria melhor do que viver o que vivo agora, melhor do que ver quem você ama sofrer. Agora percebo o que de fato é amar e nunca pensei que fosse um sentimento tão puro e tão real. Nunca imaginei que me apaixonaria, não por ele. Não sei se o mereço, só sei que não posso mais viver sozinha. Tempos difíceis estão mais próximos do que nunca, algo terá o poder de nos separar e é isso que mais temo.

CAPÍTULO 1

TENHO SONHOS COM UMA DEUSA

Bem, antes de começar a contar a minha história tão imprevisível, pediram para me apresentar.

Meu nome é Amy Collins e neste ponto da história tenho doze anos.

O mais importante que deve saber sobre mim, é que provavelmente não sou igual a você. Se for, acho que as coisas escritas aqui lhe serão bem familiares.

Enfim, eu sou uma meio - sangue, mas anos atrás eu não tinha ideia disso.

Estava em uma floresta. Era noite e o frio chegava a congelar meus ossos. Sem esforço, podia ouvir ruídos estranhos, e pios de corujas não chegavam a ser os mais sinistros.

Olhei para baixo e vi que estava de pijamas e não calçava nada nos pés, de modo que eu tocava a relva gélida. Uma brisa uivante fez meus cabelos se esvoaçarem e me encolhi, abraçando meu corpo com força. Onde exatamente eu estava?

Foi então que eu a vi. Era maravilhosa e por algum motivo me fez lembrar a lua. Uma mulher alta de cabelos castanho-avermelhado e dona de olhos de um amarelo prateado. Seu rosto era tão lindo que logo tirei a prova que estava sonhando. Ela carregava um arco e flecha nas costas e usava um vestido branco que destacava ainda mais sua silhueta. Me olhava com serenidade, como se me conhecesse há muito tempo, e realmente senti que já a tinha visto.

- Você está cada dia mais linda, minha querida. – disse ela, olhando de um modo tão intenso para mim, que não pude desviar o olhar. – É tão parecida com seu pai.

Arregalei os olhos. Como podia saber de meu pai?

- Quem é você? – perguntei, desconfiada.

Ela sorriu, o sorriso mais belo que eu já tinha visto.

- Sou Ártemis, meu bem. A deusa da caça. – revelou, com uma naturalidade tão grande que meu queixo caiu. Se me lembrava bem, Ártemis era uma deusa grega, virgem, irmã de Apolo e filha de Zeus. Como podia estar ali? Como eu podia estar sonhando com aquilo?

- Amy –Ártemis recitou meu nome com suavidade. – Eu sou sua mãe.

Ergui uma sobrancelha e quase ri. Certo, eu não conhecia minha mãe, sabia que ela tinha ido embora quando eu ainda era muito pequena. Mas não podia ser filha de uma deusa, era só um sonho. Além disso, se os mitos estivessem certos, Ártemis era virgem e isso quer dizer, nada de filhos.

- Não sou sua filha. – neguei. – Isso é só um sonho. Não é real.

Ártemis sorriu com tristeza, como se soubesse coisas nada boas sobre mim.

- É um sonho sim, querida. Mas não deixa de ser real.

Comecei a ficar aflita. O que estava acontecendo? Desejei poder acordar, ir para escola, qualquer coisa! Mas aquilo estava me deixando assustada.

- Não posso ser filha de uma deusa. Sou só uma garota. – repliquei e tentei dizer para mim mesma que era só um sonho, logo o despertador iria disparar e tudo ia terminar. – Além disso – continuei-, você é Ártemis, prometeu não ter filhos, vive para suas Caçadoras. – falei, me lembrando das aulas de latim na escola.

Ártemis desviou o olhar e abriu uma expressão culpada, como se tivesse feito algo muito errado. Pensei ter visto uma lágrima rolar de seus olhos prateados.

- Você está certa. Mas não cumpri com meu juramento. Seu pai foi a única exceção a regra. Nunca conheci um homem igual e ele. – contou ela e quase acreditei no que dizia. Meu pai era de fato, um homem incrível. Lindo, inteligente, doce e gentil, mas como ele podia ter... Não, era impossível.

- Está mentindo. –falei. – Você não pode ser minha mãe. Nem é parecida comigo. – provei, mais tentando mostrar a mim mesma do que a ela.

Foi então que meu olhar encontrou o dela, e pude notar a semelhança entre nós duas. Meu rosto lembrava o de Ártemis, o detalhe da boca, o formato do nariz e os olhos... Apesar dos meus serem azuis e os dela meio amarelados, o prateado da Lua era igual. Depois de observar muitas vezes, foi como se me olhasse no espelho. Foi assustador.

- Não pode ser... – minha voz saiu falha, agora eu tinha absoluta certeza de que tudo aquilo era real.

Ártemis segurou minha mão, e pude sentir lembranças calorosas, que talvez eu não tenha vívido, mas que surgiram nítidas em minha mente. O abraço quente dela, o beijo doce tocando minha bochecha, o sorriso...

- Sou sua mãe, criança. E sinto por isso. – falou ela e fiquei demasiada confusa.

Como assim sentia? O que havia de errado em ser minha mãe?

- A vida de um semideus não é fácil, Amy. – explicou Ártemis. – Você será uma grande heroína. – revelou. –Ou uma Caçadora. Mas o fato é que cometi um erro, criança. Trazê-la ao mundo não foi certo, ainda mais pelos juramento que tinha feito.

- Por que não me contou antes? – perguntei. – Por que esperou tantos anos?

A deusa me olhou com tristeza.

- O mundo para os semideuses é cruel, é perigoso. Acabamos de sair de uma guerra e fiquei feliz que não tenha se envolvido. Ou melhor, que não se conhecia bem ainda. Era mais seguro continuar como mortal, mas agora não tenho mais escolhas...

Franzi as sobrancelhas.

- Guerra? Mortais? – meu cérebro pareceu girar, era coisa demais para uma noite só. - Se há tanto perigo, por que me contou tudo isso? Podia continuar vivendo uma vida normal.

- Agora existe uma lei, os deuses devem reclamar seus filhos quando atingem os doze anos. – contou. – Você deve ir para a Colina Meio - Sangue.

- Colina o quê? – perguntei.

- Colina Meio - Sangue. – respondeu Ártemis com calma. – Fica em Long Island, aqui mesmo em Nova York. Vai encontrar o caminho, como filha de Ártemis, você saberá como se guiar.

- Mas...

- É seu destino, Amy. Precisa ir.

Confirmei com a cabeça, mesmo não sabendo o que aquilo significava. Olhei para ela.

- O que devo fazer?

Ártemis pegou meu rosto entre as mãos e me beijou na testa.

- Não se preocupe. Em seu trecho encontrará meu irmão e seu tio, Apolo, o deus do sol, ele irá ajuda-la.

Ela tirou um colar prateado de seu pescoço, e com delicadeza, o colocou em mim. Eu o estudei. O pingente era uma lua crescente, e realmente senti que tinha um pouco da lua comigo.

- Vai estar segura com ele. – falou Ártemis. – Ele a protegerá. Agora, minha querida, é hora de eu ir. Que os deuses estejam com você.

Em seguida, seu corpo tremulou e desapareceu em uma névoa prateada. Minha mãe se fora de novo.

Então, eu acordei.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?