Contos em Miniatura escrita por Goldfield


Capítulo 1
O Vôo do Pardal




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O Vôo do Pardal

Ele singra o céu azul da cidade, asas abertas, deixando-se conduzir pelo vento vespertino.

Embaixo de si, vê uma avenida, carros e pessoas passando apressados, seguindo suas vidas, pensando em suas respectivas preocupações. A vários metros acima do chão, a ave é mais imponente e leve que tudo isso. Não possui as aflições da vida moderna, apesar da mesma se manifestar em torno de si. O pardal, porém, assim como todas as gerações anteriores de pardais, continua o mesmo.

O espaço se alterou, mas o pardal pouco teve de adaptar sua vida. Pousa sobre uma estrutura metálica comprida, que balança mais devido ao vento do que por conta do peso ínfimo do pássaro. Trata-se de uma antena de TV, interligada metros abaixo ao telhado de uma casa abastada. Com os pequenos pés fixos à haste de ferro, a ave observa a cidade fervilhando em vida logo abaixo: as ruas interligadas à avenida, os fundos do grande supermercado a dois quarteirões...

Silenciosa, quase imóvel, movendo apenas a pequenina cabeça, a ave ali permanece por vários minutos, despreocupada, sem pressa... Ela tem todo o tempo do mundo, pode ficar ali pela eternidade admirando o comportamento humano muitas vezes incompreensível.

O cenário, no entanto, logo a entedia...

E, abrindo suas asas, o pardal torna a voar.

Luiz Fabrício de Oliveira Mendes – “Goldfield”.


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