Ice Cream escrita por IsaChan


Capítulo 4
Dê me teus olhares.




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Na manhã seguinte, acordo com minha mãe batendo na porta.

–Lesly, Lesly, acorda, filha. - Ela batia repetidamente. E então eu pulei da cama e abri a porta.

–Que foi, mãe? Você quer algo? -Perguntei.

–Sim, quero que você vá para a escola, já são nove da manhã, menina. - Ela disse emburrada.

–O quê? -Perguntei espantada e arregalando os olhos. Saí correndo dali mesmo, peguei mochila, fui colocando os sapatos e as roupas descendo as escadas, peguei uma maçã e saí correndo.

–Tchau Mãe, obrigada por me acordar, tenho prova hoje. - Menti.

A escola ficava uns quatro quarterões dali, o ônibus que ia pra lá só passava por dois horários na manhã, e eu teria que ir correndo mesmo. Corri como se não houvesse o amanhã. Queria tirar minhas devidas explicações com aquela garotinha atrevida, e não podia passar de hoje.

Finalmente cheguei na escola, e estava totalmente sem ar. E para a minha sorte, os alunos estavam em intervalo, então não teria de me explicar o atraso com a professora e com todos aqueles alunos me olhando. Avistei então aquela garota baixinha sentada no chão, perto do jardim, e fui até lá, batendo os pés, pois à partir daquele dia, eu é quem iria assumir o controle da situação. Me aproximei dela, com cara de quem estava de mau humor. Ela então me viu e olhou para cima, engasgou com o suco que bebia, e caiu na gargalhada. Eu fiquei toda vermelha no mesmo momento.

–Você tem algo contra mim mesmo, não é? Você mal me vê e já começa a rir. O que foi dessa vez? - Eu disse irritada.

–Contra você eu não tenho nada não, mas contra seu cabelo sim. O que houve dessa vez, encontrou um furacão na vinda da escola foi? - Ela disse ainda rindo.

–Ha? - Eu disse ficando pálida.

–Olha. - Ela me disse entregando um espelho.

–Me-meu deus!!!! - Eu disse me assustando comigo mesma. Como tinha acordado atrasada, esqueci de me pentear, e meu cabelo não estava no melhor dos dias.

–Viu só. -Ela disse soluçando, de tanto rir.

Ela então me puxou pra baixo, encostou minha cabeça em teu ombro, e disse:

–Mesmo com o cabelo bagunçado, você continua linda. E pra variar, aquilo me deixou vermelha novamente. Parecia até que ela adorava fazer aquilo comigo.

– H-hey. Não faça isso. -Eu disse gaguejando.

–E porque não? -Ela disse virando meu rosto e apertando minhas bochechas, fazendo assim, com que eu ficasse com um bico.

Eu então fiquei quieta, sabia que nada do que eu dissesse iria adiantar. Ela era meu estorvo, afinal.

– Venha cá, deixe-me arrumar o seu cabelo. -Ela então tirou um elástico do bolso, penteou meus cabelos com as mãos, e os prendeu.

– Prontinho. -Ela disse sorrindo.

– O-obrigada. -Agradeci, envergonhada.

–A-ah, eu os fiz pra você na noite passada. - Ela disse pegando um pacotinho cheio de biscoitos dentro.

–Espera, eles não estão envenenados, estão? - Eu disse sorrindo,com um ar malicioso.

–Você acha mesmo que eu me daria o trabalho de te envenenar com biscoitos?! . Vai chocolate nisso, sabia? -Ela disse orgulhosamente. -Vamos, prove-os. -Disse ela se aproximando de mim.

–C-certo. - Eu então os provei. E estavam deliciosos, meu coração então acelerou, novamente. E aquilo não era um bom sinal.

–Gostou? - Ela disse tampando os olhos, como se estivesse com medo da resposta.

Eu então tirei as mãos dela de seu rosto, suspirei e disse:

–Você realmente cozinha muito bem, tenho que admitir.

–Eu sei. - Respondeu ela, fazendo careta.

–Você é bem convencida, sabia? - Eu disse, querendo que ela me deixasse no controle, por pelo menos uma vez.

–Não, eu sou segura, é diferente. - Ela disse deitando em meu colo.

–Vamos, me faça carinho. -Ela disse pegando minhas mãos e colocando em seus sedosos cabelos.

–E-ei! Vai pedir o que depois, que eu lhe dê uvas e lhe abane? -Respondi.

–Olha que não é uma má ideia, hein. -Ela retrucou.

O sinal então bateu. E ela se levantou.

–Te vejo depois da aula, me encontre no corredor, antes da saída. - Ela disse se afastando, como se não estudássemos na mesma sala. Talvez era pelo motivo dela se concentrar muito em seus estudos. Ela não falava muito durante as aulas ,também.

Peguei minhas coisas e fui até a sala. Entrei antes do resto dos alunos, para evitar dar qualquer tipo de explicações. E para completar o meu dia, na última aula, realmente teve uma prova. Aquilo devia ser castigo, só pode. Fui a última a terminar, e saí correndo para encontrar Jaqueline no corredor, tinha medo do que ela poderia fazer comigo se eu não fosse vê-la.

Ela me viu de longe, saiu correndo e parou em minha frente. Foi ai que eu pude realmente perceber que ela era muito mais baixa que eu.

–Ótimo, agora que você está aqui, que tal irmos até algum lugar? Quero lhe mostrar a cidade. - Ela perguntou alegre.

–Pode ser. -Respondi. -Mas por quê você está sendo tão gentil comigo, afinal? - Perguntei, intrigada.

–É porque eu posso me divertir com você . -Disse ela, sorrindo.

É claro que aquilo não era uma boa explicação, mas deixei por ali mesmo. Fomos até uma sorveteria ali perto, a mesma que eu havia ido no dia anterior.

–Aah, eu já vim aqui, podemos ir até outro lugar? -Perguntei, direta.

–Oh, desculpe, mas esse é o único lugar que eu conheço por aqui. - Disse ela, disfarçando uma decepção.

–Ah, tudo bem, sem problemas, eu adoro sorvete mesmo. -Respondi, fingindo acreditar.

Eu peguei um sorvete, e ela um Milk Shake, fomos até uma praça ali perto. Sentamos num barranco gramado e começamos a conversar.

–Mas então, você tem um namorado? -Ela perguntou, olhando pro céu.

–S-sim,eu deixei ele me esperando lá, na cidade de onde vim . - Respondi . O que era aquilo de repente?

–Ah sim, entendo...E amigos, você tem também? Você não faz muito o tipo de quem tem amigos. -Ela disse rindo baixinho. Tirando mais uma vez, uma de minha cara.

–Sim, tenho vários.Só sou assim aqui, pois pretendo voltar logo, e não quero fazer amigos nesse lugar. É claro que você é uma exceção, pois você deve ser o castigo de meus pecados cometidos no passado, com certeza. - Eu disse meio grosseiramente, me arrependendo segundos depois, pois aquilo poderia realmente a chatear.

–Ah, claro, claro. - Ela disse rindo. Fiquei aliviada por um momento, não queria a deixar triste. Não naquela hora.

–E você, também tem um namorado? - Eu perguntei, na mais pura inocência.

Ela então caiu na risada novamente, ria tanto, que até lágrimas acumulavam ao canto de seus olhos.

–Eu? Mas é claro que eu tenho um namorado. Ela disse tão ironicamente, que aquilo me irritou.

Virei- me então de lado, e deitei ali mesmo, olhando para o céu, com as mãos para cima. Jaqueline então fez o mesmo. Ficamos ali durante alguns minutos, até que ela se sentou novamente, e disse:

–Seu namorado realmente não tem sorte. Não mais.

–Por que? - Perguntei, confusa.

–Porque desde o dia em que eu te vi e pensei "Ela é minha", ele já tinha te perdido totalmente. Ela disse então colocando seu corpo sobre o meu, entrelaçando minhas mãos entre as dela, e me beijando. Era um beijo tão doce, repentino. Aquilo me deixou totalmente paralisada,meu coração acelerava tão forte que eu pensei que fosse morrer. E o que menos eu esperava, eu fiz, respondi então a aquele beijo macio. Pensamentos vinham à tona em minha mente, e o qual mais me deixava confusa, era o que dizia: "Sim, já sou totalmente sua."


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