Para Nanase Haruka, aquela era uma sensação indescritível.

Quando estava nadando, era quase como se nada mais tivesse importância. Como se seus problemas fossem a menor coisa com que tivesse que lidar. Quando estava lá, mergulhando, era como se ele e a água fossem apenas um.

Haru também gostava de passar o tempo com seus amigos e conversar com eles, mesmo sendo um garoto de poucas palavras. Mas às vezes, preferia ficar sozinho quando queria colocar seus pensamentos no lugar.

Seja no mar, na piscina, ou até mesmo na banheira de sua casa, a água sempre era o melhor lugar. Ela parecia possuir um tipo de poder revitalizante, algo que revigorava todos os seus sentidos.

Ele não sabia explicar, apenas que quando estava embaixo d'água, nada mais a sua volta parecia digno de sua atenção.

Havia três momentos que Haru mais apreciava.

O primeiro, era quando chegava à borda da piscina e mantinha os olhos fixos. Não importava o horário, não importava se era inverno ou verão. Naquele momento, era apenas ele e a água.

O segundo, era quando posicionava-se para saltar. Flexionava seus músculos, seu coração acelerava, seus braços e pernas formigavam de ansiedade.

O terceiro momento, era quando finalmente saltava. Seu peito inflava-se de euforia. Seu corpo movia-se de tal maneira que parecia fazer parte da água. Havia aquela sensação de felicidade, a sensação de finalmente ser livre.

Haru abriu os olhos, sentindo Rin remexendo-se do outro lado da cama. Ameaçou virar-se para encará-lo, mas corou ao lembrar-se da noite anterior. Como não queria que o outro o visse daquele jeito, ficou na posição em que estava.

Sentiu o braço do ruivo enlaçando sua cintura, e a respiração quente em sua nuca. Haru sempre arrepiava-se quando entrava em contato com o corpo de Rin. Poderia ser o menor contato que fosse, até se as pontas de seus dedos encontrassem-se. Lá estava aquela sensação elétrica perpassando por todo o corpo de Haruka.

Pensando melhor, talvez aquela sensação fosse tão boa quanto a de quando ele está sob os encantos da água.

Lembrava-se ainda do dia em que conhecera aquele garoto ruivo. Era um garoto divertido e estava sempre sorrindo, bem diferente dele. Talvez fosse por esse contraste em suas personalidades que Haru gostara tanto de Rin desde aquele primeiro dia.

Rin possuía aquele tipo de aura que fazia todos ao seu redor gostarem dele. E embora ele tivesse mudado bastante nos últimos tempos, Haru ainda sentia-se da mesma maneira de quando o viu pela primeira vez.

Lembrava-se do dia em que o vira chorar e achou que a culpa era sua, e de como sentiu-se mal por isso. E que havia desistido de uma das coisas que mais amava no mundo. Também lembrava-se do dia em que Rin finalmente voltara para casa, e que mesmo não tendo demonstrado, sentiu-se extremamente alegre pelo resto dia.

Quando Haru e Rin encontravam-se, Haru sentia um comichão em seu peito. Um frio tomava conta de sua barriga, seu coração dava saltos ornamentais. Lá estava a euforia que fazia seus braços e pernas tremerem involuntariamente.

Quando abraçavam-se ou beijavam-se, um sentimento quente e acolhedor invadia seu coração. Haru não sabia dizer com exatidão que sensação era aquela, mas tinha quase plena certeza de que era a tal felicidade. A que tantos procuram por aí, e poucos realmente encontram. Sentia-se sortudo por ter Rin bem ali ao seu lado.

Não importava de que maneira estavam juntos, seja competindo nos treinos de natação, ou sozinhos durante a noite, trocando carícias ou apenas conversando coisas aleatórias. Quando Haru estava com Rin, ele podia ser ele mesmo. Quando estava com Rin, era quando realmente sentia-se livre.

O ruivo apertou o quase abraço, puxando o corpo de Haru para mais próximo ao seu.

Haru livrou-se do braço para que pudesse ficar de frente para Rin, que abraçou-o novamente.

Encostou seu rosto na curvatura do pescoço daquele garoto ruivo. Aspirou seu perfume, aquele cheiro amadeirado era muito bom.

Depositou ali um pequeno beijo, arrancando um sorriso dos lábios de Rin.

Talvez Haru estivesse um pouco enganado. Talvez houvesse algo melhor do que sentir a água enquanto nadava.

Afinal, não poderia haver sensação melhor do que aquela de amar e ser amado por Rin.