Na hora do almoço, Emm foi me esperar na porta da minha sala e nós fomos abraçados até o refeitório e, praticamente, todo mundo estava olhando pra gente. Aquilo era estranho. Muito estranho. Talvez fosse porque Emm não fosse de ficar assim com muitas garotas. Esse pensamento me deixou totalmente satisfeita. Eu nunca gostei de ser o centro das atenções, mas naquele momento eu não me importei. Eu até gostei. Eu estava com Emm, e naquele momento todo o resto não me importava.

Sentamos numa mesa vazia naquele dia, e eu notei que a tal de Reneesme não tirava os olhos da nossa mesa. Sempre com uma expressão de raiva. Quando Emm me abraçava ou me beijava, ela me mandava um olhar repleto de fúria, como se quisesse me matar. Mas, se ela era apenas amiga dele, segundo ele mesmo, por que ela ficava olhando pra nossa direção daquele jeito? Como se quisesse arrancar a minha cabeça fora. Aquela história estava muito mal contada. Eu me lembro muito bem do dia em que ela chegou na festa e falou que Emm era o amor da vida dela e agora ela nos olhava assim.. Isso só pode ser uma coisa: ciúmes. Disse eu tenho certeza absoluta. E Emm triste aquele dia... Ninguém fica assim quando um amigo que você ama volta.

— Oi gente! – disse Alice com Jasper ao seu lado.

— Oi. – Jazz nos cumprimentou.

— Olá. – disse Emm e o bom humor dele naquele dia estava invejável.

— Oi Allie, oi Jazz. – eu disse sorrindo.

— Quer dizer que o Ursão arranjou uma ursinha agora, huh? – brincou Alice rindo. Emmett sorriu enquanto eu revirei os olhos.

— Arranjei? – ele perguntou olhando pra mim, uma sobrancelha arqueada.

— Você gostaria de arranjar? – eu perguntei rindo de leve.

— Ah, com certeza sim. – ele disse com satisfação.

— Então, eu acho que sim. – eu respondi e ele sorriu.

— Que lindo. – Alice disse sorrindo batendo palmas. – Vocês ficam muito bem juntos, aliás.

— Obrigado. – disse Emm passando um dos braços pelos meus ombros e levando os lábios para me dar um beijo no topo da cabeça.

— E então, o que vão fazer amanhã a noite? – perguntou Jazz.

— Nada. – nós todos respondemos.

— Que tal se saíssemos? Mas em um encontro de casais, de verdade, dessa vez. – prôpos ele.

— Adorei! – disse Alice.

— Ótimo. – disse Emm, apertando mais seus braços ao meu redor.

— Tudo bem. – eu concordei. Jasper realmente parecia gostar daquela coisa de encontro duplo.

— Mas onde nós vamos? – perguntou Alice. – Eu preciso comprar uma roupa nova para essa ocasião, e tem uma loja que eu conheço que vai chegar cada peça linda essa semana.

— Tudo bem, Allie, entendemos. – eu disse rindo, para não fazer os meninos ficarem ouvindo aquilo. Jazz me olhou agradecido. Ele provavelmente já devia ter visto Alice falando de roupas.

— Mas onde vamos? – perguntou ela, novamente.

— Hm, que tal naquele restaurante que inaugurou semana passada? – sugeriu Jasper.

— Ah, ouvi falar dele. Dizem que a comida lá é ótima. – comentou Emm.

— Ah, eu ouvi falar nele também. – concordou Alice. – Vamos nesse, sim.

Comemos nosso almoço e o sinal tocou. Minha próxima aula seria com Alice, e depois de nos despedirmos dos garotos fomos para a sala juntas.

— Allie, pode me fazer um favor? – pedi no caminho.

— Claro. O que você quer Rose?

— Sabe a Reneesme? – perguntei.

— A ruivinha que chegou há uns dias? – respondeu ela.

— Essa mesma. – eu confirmei.

— O que tem ela?

— Quero que você descubra o que aconteceu entre ela e o Emm pra mim. Por que ela foi embora, sabe? – eu pedi e a olhei.

— Já com ciúmes, mocinha? – perguntou ela, brincando.

— Não, Allie, é sério. Pode fazer isso por mim? – perguntei. Ela me olhou séria por alguns segundos.

— Claro, Rose. – ela sorriu. – Pode pelo menos me dizer o porquê disso?

— Depois eu te falo. – eu disse enquanto nós entrávamos na sala de aula.

O resto das aulas passou rápido e logo o sinal para o fim das aulas soou. Emm me esperava na porta de minha sala quando o sinal bateu, Alice se despediu de nós e saiu.

— Aceita uma carona, moça? – Emm perguntou com um sorriso enquanto passava a mão ao redor de minha cintura e depois me dava um beijo.

— Hm, claro que sim. – disse enquanto andávamos até a saída.

— Acho que hoje é o dia do acerto de conta dos casais daqui. – comentou Emm no caminho.

— O quê? – eu perguntei, não encontrei sentido no que ele dizia.

— Olha lá o Ed e a Bella. – ele falou. Eu olhei na direção que ele apontara e vi os dois na maior pegação, se beijando e se abraçando. É, parece que mais alguém se arranjou na escola hoje. Fiquei feliz, de certa forma.

— É, talvez hoje seja mesmo o dia do acerto de contas. – eu disse e ri. Ele riu também.

— Onde vai ser a monitoria hoje? – perguntou ele.

— É verdade! A monitoria! Acredita que eu tinha me esquecido? – eu falei.

— Poxa, é assim que você me trata? Esquecendo os nossos compromissos? – brincou ele se fingindo de afetado.

— Ah, seu idiota, é claro que não! – eu revirei os olhos e sorri. – É que ultimamente tem acontecido muita coisa. – eu disse.

— É lindo. – disse ele sorrindo.

— O que é lindo? – eu perguntei, levantando uma sobrancelha.

— O seu sorriso. – disse ele. – E o jeito como você meche no seu cabelo e também quando você olha profundamente nos olhos de alguém. É como se eu pudesse mergulhar neles, toda vez que você olha assim pra mim. E é absurdamente encantador. – terminou ele. Eu nunca havia notado que Emm reparava tanto nesses mínimos detalhes sobre mim, que talvez nem eu mesma conhecesse bem. Era impressionante vê-lo falando daquela forma. Meu coração se aqueceu. Nós chegamos ao meu prédio e ele veio abrir a porta do carro pra mim.

— Você é um fofo, sabia? – perguntei colocando meus braços em volta de seu pescoço, assim que ele fechou a porta do carro.

— Sou é? – perguntou ele colocando os braços ao meu redor.

— É, você é.

— Você vai achar isso se eu falar que seu decote é sensacional? – ele perguntou com um sorrisinho de lado. Eu senti meu rosto esquentar.

— Eu vou ignorar isso e lembrar do quanto voce é fofo. – comentei. Ele riu.

— E o que eu ganho por ser fofo? – perguntou ele esboçando o sorriso de covinhas que eu mais gostava.

— Hm, que tal um beijo? – eu sugeri, depois de fingir pensar por alguns instantes. Ele juntou nossos lábios mais mais vez, calmo e suavemente.

— E outro beijo. – disse ele, me dando um selinho. – E outro. – disse me dando outro.

— Dou quantos você quiser, só que mais tarde, tudo bem? – eu falei e ele fez uma careta. – Eu tenho que subir agora.

— Por que? – eu ergui uma sobrancelha. – Tudo bem. Mas, você vai aguentar ficar todo esse tempo sem mim? – perguntou ele com uma sobrancelha arqueada. Eu ri.

— Nossa, eu não sei. Parece muito perigoso, mas não se preocupe, qualquer coisa eu vou ao hospital ali do outro quarteirão e fica tudo resolvido. – eu disse e ele sorriu.

— Não precisa. Você só precisaria de um telefone e do meu número. Me ligue e tenha a solução de todos os seus problemas na sua casa. – ele disse com um sorriso malicioso. – E inteiramente de graça. – nós rimos. Uma risada fácil, agradável. – Te pego às quatro horas?

— Tudo bem. – eu concordei e dei mais um beijo nele. Depois subi para o meu apartamento.

— Cheguei. – disse assim que tranquei a porta do apartamento, depois de entrar.

— Ei, Miss. – disse Jake, aparecendo na sala com um pacote de bolachas.

— Ei, Jake! – eu disse indo em sua direção para dar-lhe um beijo no rosto. – Você não cansa de comer não, garoto?

— Você acha que é fácil manter essa forma física aqui, meu amor? – ele perguntou enquanto alisava sua barriga bem definida. – Pois não é, não. – nós dois rimos. – Ah, como não te vi de manhã, como foi a sua noite? – brincou ele.

— A minha foi maravilhosa, e a sua? – respondi.

— A minha poderia ter sido bem melhor, mas eu sobrevivi. – disse ele e eu revirei os olhos.

— Você é um caso perdido, Jake. – eu disse.

— Eu faço o possível para me manter à altura. – disse ele e nós dois rimos de novo. – Ei, onde está a Allie? Ela não veio com você? – perguntou ele.

— Hm, não sei Jake. – respondi com sinceridade.

— Por que ela não veio com você? – perguntou ele, confuso.

— Ela disse que ia passar em algum lugar com o Jazz, antes de vir. – eu disse, mas na verdade não tinha ideia de onde Alice estava.

— E você? Veio a pé? – perguntou ele com o sorriso zombeteiro no rosto, o sorriso de quando queria me irritar.

— Haha, não. Um amigo me deu uma carona. – eu disse. – Jake, eu tenho monitoria hoje a tarde, você vai ficar bem se a Alice não chegar até lá?

— Claro que sim. – respondeu ele.

— Se quiser, pode pegar meu carro e dar umas voltas. – eu dizia mais fui interrompida por Alice.

— Oi, meus amores! – falou ela, fechando a porta atrás de si.

— Onde você estava Alice? – perguntei.

— Ah, eu fui fazer umas pesquisas, pra achar umas informações aí. – ela falou e piscou pra mim. Lembrei de Reneesme instantaneamente. Aquela história estava muito mal contada, e acabando comigo, me deixando muito desconfiada.

— Alice, vai passar a tarde aqui, né? Porque eu tenho monitoria hoje. – eu disse.

— Rose ta namora... – ela ia começar a dar aqueles gritinhos e pulinhos que ela costuma dar quando está feliz e anunciar pra todo o mundo e Jake estava ali e eu não queria que Jake soubesse. Ainda.

— Alice! – eu gritei para pará-la.

— A Rose tá namorando? – perguntou Jake com uma expressão bastante afetada. Droga.

— Você está, Rose? – perguntou Alice com um sorriso presunçoso no rosto pequeno.

— Não. Eu não estou.

— Uhum. – disse Alice.

— É sério! Eu não estou namorando. – eu disse.

— Então tá. Mas desde quando não se desgrudar do cara e ficar beijando pelos corredores é não namorar? Pois foi isso que você e o Emm fizeram hoje, tipo ficaram juntos desde o início até o fim das aulas. Ele que te trouxe, não foi? – Alice perguntou.

— Foi. – eu respondi num sussurro. Jake me lançou um olhar de tristeza. Ou talvez fosse decepção. Ele devia estar pensando que as coisas estavam melhorando entre a gente. Mas eu também estava achando isso, até que o Emm me beijou hoje de manhã. Até lá, eu estava disposta a tentar de novo com o Jake. A dar uma chance para nós dois.

— Opa. Sinto que falei demais. – disse Alice, assim que viu o olhar que Jake me lançara e o clima tenso que ficara na sala.

— Bom, parabéns então, Rose. Finalmente as duas garotas que mais arrasavam os corações dos caras estão em algo sério. – disse Jake. – Agora é menos um coração partido. – completou.

— Deixe de ser bobo, Jake. – eu disse. – É sério, eu não estou mesmo namorando.

— Gente, eu vou pro meu quarto. – disse Alice, saindo lentamente. Talvez ela tivesse enfim notado a besteira que tinha feito e o péssimo clima que rolava naquela sala. E agora ainda queria se livrar.

— Rose, eu não entendo... Ontem à noite, eu achei que... – Jake começou a dizer, mas a voz morreu no meio da frase.

— Jake, não fique assim. Eu não quis que isso acontecesse. Me desculpe. Eu não deveria... – eu dizia, mas Jake me interrompeu.

— Não se desculpe. Não é sua culpa, Rose.

— Nem sua. – eu rebati. Ele nada disse. – Você é o meu melhor amigo, Jake. O amor mais amigo que eu já tive. E eu não quero que a gente fique mal. Ainda mais por causa disso. – eu falei.

— Eu sei que nós dois tivemos um passado que era melhor deixar escondido, mas eu quero aquele passado de volta, Rose. Quero tudo como antes. – disse ele com uma expressão triste. O impulso era de abraçá-lo e dizer que ele não deveria ficar assim, mas me refreei. Levei minha mão ao seu rosto e dei um sorriso de lado. – Mesmo se for escondido. – ele completou.