Para Sempre Nunca Mais escrita por GAS


Capítulo 20
Yasmin




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/458976/chapter/20

Preto, tudo que enxergo é preto.

O que está acontecendo? Onde estou? Por que estou aqui?

Por que não consigo me mexer?

Tento levantar meu braço, mas nada acontece. Tento abrir os olhos, mas é como se meu corpo não me obedecesse. Sinto que estou em uma superfície macia, com um lençol fino por cima de mim. Então começa uma dor de cabeça. Incrível, insuportável, como se tivessem prensando minhas temporas. Quero gritar, mas não consigo sequer abrir a boca. Escuto algum tipo de alarme soar, mas tudo está meio abafado. Algumas vozes estão ao meu redor, palavras perdidas que não posso distinguir. Elas parecem apressadas.

Só quero dormir, descansar. Por que não me deixavam descansar?

Sinto uma leveza percorrer meu corpo e durmo em questão de segundos.

–Você era tão saudavel, não acredito que isso aconteceu!– escuto alguém falar.

O que aconteceu? Ainda não consigo mexer meu corpo nem abrir os olhos, parece que dormi por séculos e meu corpo atrofiou inteiro.

–Melhoras pra você, Yasmin!–diz a mesma voz. Espera ai... Era a voz de minha tia Bianca. O que a tia Bianca estava fazendo aqui? Será um sonho?

Então, do nada, como uma batida de carro, tudo volta para mim. Me lembro da balada, da Pamela, da Nikki, do Felipe, das alucinações... Ah, eu fui atropelada. Não senti dor nenhuma, só lembro de ter levantado os braços pra me proteger e desmaiar logo em seguida.

Será que eu morri? Faria sentido, afinal. Eu estava paralisada, mas consciente. Tia Bianca provavelmente estava chorando a minha morte. Espera, então é isso que acontece após a morte? Viramos corpos inanimados mas capazes de pensar? Será que posso me comunicar com meus colegas de cemitério? Me concentro pensando algo tipo, “Se alguém puder me ouvir, responda.”

Não da certo.

Minha maior preocupação será o tédio. Como será que meus pais reagiram? E Luana?

–Eu tenho que ficar fazendo companhia pra você enquanto a mamãe foi buscar café. Você me deve uma, baixinha.- era Luana falando comigo. Ela parecia entusiasmada demais para alguém que havia perdido a irmã, ­-Eu li uma reportagem que as vezes as pessoas em coma conseguem ouvir o que falamos, me diga se é verdade quando acordar.

Ah, então eu não tinha morrido. Eu estava em coma.

–Ela tem que descansar um pouco, não temos como saber se ela está dormindo, mas vamos seda-la mesmo assim.– diz uma voz desconhecida. Assumo que é meu medico. Me pergunto que tipo de ferimentos eu tenho.

–Beleza.–diz Luana, ela fala com um tom flertativo, meu medico deve ser bem gato. Queria poder vê-lo.

Me pergunto quem mais já tinha vindo me ver, será que a Pamela tinha vindo? Não sabia o que fazer em relação a ela, o que ela fez foi horrivel. Simplesmente me beijar, assim, do nada? Admito que eu já suspeitava que Pamela poderia ser lesbica, mas nunca pensei que ela fosse gostar de mim. O que eu tinha de tão especial? Não sei se conseguem compreender o apego que Pamela em por mim. Sempre que tento explicar para alguem eles me encaram como metida ou não acreditam. Uma vez, na setima serie, decidimos comentar sobre todos os meninos da sala, no começo eu não percebi, mas ela concordava com a minha opinião em tudo, por exemplo, se eu não gostava de um, ela falava "É verdade, odeio ele" e vice versa. Como se ela precisasse me agradar até nisso.

A mesma sensação de leveza percorre meu corpo, não demora muito tempo para que eu caia no sono.

–Me desculpa, Yasmin. Eu devia ter olhado pra trás. Nunca vou me perdoar.– acordo com a voz de Felipe, -Eu gosto de você de verdade, não sei o que dizer, me desculpa, por favor. Eu não quero te perder. Eu fui idiota, tudo que eu precisava fazer naquele dia era olhar pra tras, mas a ignorancia não me deixou. Espero que um dia você me perdoe...

Tudo que mais quero é acordar, abraça-lo, dizer que estou bem, mas o maximo que consegui fazer foi deixar umas maquinas apitando loucamente. Ouço passos de uma enfermeira, provavelmente, entrando no quarto e regularizando alguma coisa.

Eu não fiz nada.­– diz Felipe.

Eu sei, já to acostumada com vocês adolescentes. Tem uma outra no quarto 109 que faz o M.C. ficar louco quando o namorado visita.– diz outra voz.

–Obrigado.– Felipe da uma risadinha, sinto ele pegar a minha mão. É engraçado, parece que eu consigo sentir suas mãos muito mais do que se eu pudesse ver ou me mexer. Não sei descrever muito bem a sensação, mas é algo muito bom.

–Hare Krishna, hare Krishna. Krishna Krishna hare. ­–sinto ele sussurrar as palavras na minha mão. Aprecio o carinho que ele sente por mim, embora não sabia o que ele acabou de dizer. –Fique melhor, Yasmin. Fique melhor pra mim...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre Nunca Mais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.