Para Sempre Nunca Mais escrita por GAS


Capítulo 19
Clarissa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/458976/chapter/19

A música diminui, são 6 horas da manha e devem ter umas 50 pessoas na CAVE no momento. Quando a batida eletrônica para, todas as pessoas se dirigem a saída desviando de todos os copos e líquidos que estavam no chão. Piso em uma meleca cor de rosa que suja meu sapato, mas não ligo. Não sei se o ecstasy que está fazendo efeito no meu sangue ou se são as cinco latas de energético, mas só sei que não consigo parar falar, me sinto a coisa mais feliz do mundo.

– Não queria ir embora agora, a gente bem que podia emendar em alguma outra festa – Henrique diz quando chegamos a calçada. A noite tinha sido muito boa para todos nós, eu dancei com o Leo e o Matheus a festa inteira, Lucas está agarrado a uma loira e pelas minhas contas é a terceira da noite e Henrique está mais bêbado do que eu já fiquei alguma vez.

– Mas não vamos embora, vamos para a praia. – Matheus diz rindo e ajudando o amigo a ficar de pé.

– Para a praia? Fazer o que? – Leonardo pergunta

– Sempre que a CAVE acaba vamos até a beira da praia e muitas pessoas nadam

– Que massa!! Vamos nadar amor!! – Eu digo tão feliz que pareço que vou explodir e todos riem

– Meu, Clarissa, esse ecstasy com energético realmente não te fez bem. Vamos para casa. – Leo diz pegando no meu braço

– Não, Leo, já disse que quero nadar! – digo – Agora é você que parece a velha chata!

– Ela tem razão cara. Não vamos nadar porque todo mundo tá chapado e bêbado, vamos só fumar um cigarro e tomar umas beras na areia. – Matheus diz e Leo faz que sim com a cabeça. Eu me solto do meu namorado e dou o braço para o menino de alargadores.

Vamos até a praia e nos sentamos em um banquinho de madeira. Um dos meninos vai até um cara que está vendendo cervejas e compra uma para cada. Quando pego a minha tomo quase toda em um gole, me sinto cada vez mais tonta mas não paro com a bebida.

– Clari, você tá bem? – Matheus me pergunta

– To – respondo sentindo que minha voz está embolada.

– Clarissa, vamos embora. Chega de bebida, você tá muito bêbada e meio branca – Leonardo diz se levantando e pegando no meu braço

– Não, eu quero ficar, ainda tá cedo e eu me sinto ótima.

– Amor, por favor, vem. Já chega por hoje, amanhã saímos se você quiser. Agora vem.

– Eu já sou grandinha pra saber se já deu pra mim ou não.

– Para de ser criança mimada!

– Para você de ser chato, não queria que eu curtisse? To tentando.

– Meu, deixa a mina, ela não sabe direito o que tá falando, não falaria assim se estivesse bem, não comigo pelo menos – Lucas diz rindo.

Leo me pega pelo braço, me fazendo levantar e fala baixo:

– Chega de vexame na frente dos meus amigos, Clarissa. Eu to mandando você vir comigo.

– Me larga, você tá me machucando.

Ele não me larga mas solta um pouco o apertão, sinto que meu braço vai ficar marcado, maldita pele branca.

– Vamos embora. – Dessa vez resolvo não contrariar Leonardo. Não gosto muito do jeito que ele me segurou, porém sei que estava agindo feito uma criança mimada que os pais não deixaram ficar mais cinco minutos no parquinho. Dou um pequeno tchauzinho com a mão para os meninos e a “loira do Lucas”.

Ando até o carro do Leo com ele em silencio, nenhum de nós quer falar por primeiro. Quando a situação está quase insuportável resolvo dar o braço a torcer.

– Desculpa, eu não devia ter insistido tanto para ficarmos. O energético com o ecstasy me afetou muito, mas acho que agora o efeito passou um pouco.

– Tudo bem – ele olha pra mim e sorri, fico esperando um pedido de desculpa da parte dele que não aparece.

– Mas eu não gostei nada de como você me segurou ali, me machucou de verdade.

– Para de ser fresca. E agora também já foi, já aceitei seu pedido de desculpas e vamos apenas ficar bem, ok? Não quero mais falar sobre isso.

– A gente tem que falar se não depois vai ser pior.- falo meio frustrada, não quero ter uma DR mas não quero deixar esse assunto morrer assim- Eu quero conversar sobre isso, por favor, amor, me machucou e eu não quero que você me trate assim na frente dos... – antes que eu falasse mais alguma coisa Leo me beija.

Fico surpresa e meio sem reação, afinal estávamos no meio de uma briga. Beijo ele de volta e sinto as mãos dele “passeando” pelas minhas costas. Coloco uma mão no cabelo dele e outra me apoio em sua coxa, chegando mais perto dele.

– Viu? Tem coisas bem mais legais para fazermos do que brigarmos – Leo fala isso na minha orelha baixinho.

Faço que sim com a cabeça e continuo o beijo, já não temos muito espaço entre a gente mas decido chegar ainda mais perto. Pulo para o banco dele, me sentando em seu colo, de frente para ele e com as pernas separadas. As mãos dele sobem e descem pelas minhas coxas descobertas, e as minhas passeiam por dentro da camiseta já amassada de Leo. De uma hora para outra ele para tudo o que está fazendo e tira minhas mãos da sua barriga.

– O que foi? – pergunto. Será que eu fiz alguma coisa que ele não gostou?

– Que merda você tá fazendo Clarissa? –pelo jeito fiz. – Vai sentar no seu banco para podermos ir para casa logo.

– Eu... eu fiz alguma coisa? Olha me desculpa, eu só queria...

– Sei o que você queria, agora será que você pode descer do meu colo? – volto para o meu banco quieta, nunca me senti tão envergonhada na vida. Eu tinha praticamente me esfregado no Leo e ainda levo um fora dele. – Ahh e por favor coloque o cinto.

Faço o que ele pede e olho pela janela. Quero me esconder num buraco e morrer ali. Ele deve estar pensando coisas horríveis de mim. Quando finalmente chegamos na frente da minha casa fico sem saber o que fazer até que ele fala.

– Clari, me desculpa por ter falado daquele jeito com você. E não é que eu não queira ir mais pra frente com você, só que nós dois bêbados, chapados e num carro não é o melhor jeito de perder a virgindade. – Ele tem toda a razão, olho pro chão mais envergonhada do que já estava mas Leo levanta o meu queixo me fazendo olhar para ele e me da um selinho. – Durma bem.

Desço do carro e antes de fechar a porta dou um sorriso para meu namorado. Abro o portão e atravesso o jardim, entrando na minha casa. Confiro o relógio e são sete horas, provavelmente meus pais devem ter saído para trabalhar e meu irmão ainda está dormindo. Minha mãe é nutricionista e sempre trabalha sábados de manhã no consultório dela e meu pai é empresario, então sai cedo muitas vezes para ficar no escritório organizando relatórios e coisas que ele não tem tempo de fazer no horário de expediente normal.

Entro na sala e já escuto a voz de meus pais na cozinha, pelo visto eles ainda não saíram. Nunca sei a reação deles por eu chegar tarde, as vezes eles brigam comigo e me deixam até de castigo e muitas vezes aceitam numa boa. Tiro o salto e tento passar pela sala sem fazer barulhos mas antes que eu chegue nas escadas meu pai me chama.

– Clarissa, onde você estava?

– Oi, gente. Eu tava naquela festa que eu falei pra vocês, na CAVE, com o Rafa.

– É, mas porque seu irmão chegou horas mais cedo que você?- Minha mãe perguntou sem olhar para mim. Isso é um bom sinal, significa que ela não está tão brava, só não querendo deixar passar em branco.

– Nossa, eu não achei ele, fiquei procurando um tempão mas ele não apareceu... Então eu também parei de me preocupar muito com o horário e acabei perdendo a hora, desculpa.

– Está tudo bem, mas filha sem exageros. Ano que vem tem vestibular e começa a sua vida adulta. Eu sei que você quer curtir enquanto pode mas não ultrapasse os limites. - Meu pai diz sério e concordo com ele. – Vamos fazer o seguinte, como você já saiu na sexta, amanhã fique em casa, tente arrumar seu quarto e descanse.

– O que? Não, eu vou no shopping ontem, no caso hoje, com a Ana Beatriz, não quero ficar em casa, por favor pai!!

– Seu pai tem razão Clarissa, você pode sair com ela no domingo mas hoje você tem que ficar um pouco em casa, eu quese não te vejo mais.

– Ta, eu fico em casa então.- falo isso só para poder ir logo para o meu quarto, depois dou um jeito de sair.

– Agora vá dormir. Vamos sair para o trabalho daqui a pouco, se acordar antes de seu irmão não faça barulhos de mais, ele está precisando descansar também.

Subo as escadas apressadamente. A única coisa que eu tenho condições de pensar agora é como eu quero minha cama quentinha e tirar essa saia apertada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre Nunca Mais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.