Para Sempre Nunca Mais escrita por GAS


Capítulo 18
Nicole - balada pt. II


Notas iniciais do capítulo

~~Browne



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Pov Nikki ~~sábado, 21/02

Dividir um segredo com alguém sempre pode ter dois diferentes resultados: 1) Resultado feliz ou 2) Resultado merda. Caso você selecione um sujeito não confiável para compartilhar o acontecimento, a chance de a consequência ser a opção 2 é bem grande. Felizmente o Rafa só tinha se mostrado ser a pessoa ideal para eu contar sobre o Toni. Sabe quando você desde o começo gosta da pessoa sem mesmo a conhecer? Foi isso que ocorreu na primeira vez que eu e o Rafael nos falamos. E até então, minha impressão não tinha mudado.

Era quase 1h da manhã e agora eu e o Rafa dançávamos há algum tempo. Olho para o teto da Cave. Era composto por algumas projeções de led que piscavam e davam a entender que o teto era inteiro coberto por cubos coloridos e que giravam em 3D, que poderiam despencar a qualquer momento. Começa a tocar “Jerk It Out” que é uma música relativamente ‘antiga’, Rafa segura a minha mão e começa a me girar. Eu rodopio ao ritmo da música, ele me puxa para perto e nós pulamos e dançamos juntos. Fecho os olhos e sinto a música penetrar na minha cabeça, meu corpo inteiro sente a energia do momento e esquenta. Abro os olhos e Rafa agora tinha feito um rabo de cavalo, devido ao calor.

– Tem sorte de não ter esse problema. – ele fala alto e passa a mão no meu cabelo extremamente curto, me descabelando. Sorrio.

– Vou buscar algo para beber. – digo. Ele acende e eu vou para o balcão de bebidas.

Peço uma caipirinha de limão sem açúcar. Apoio-me na bancada para descansar meus pés que doíam dentro do salto alto. Olho para o lado e reconheço dois meninos. Acho que um deles era da minha sala. Diego? Diogo? Acho que era Diogo, mesmo. Tento não prestar a atenção no papo deles, porém a conversa me chama a atenção:

– Calma aí! A Pamela? Aquela bem gorda e estranha?! – o amigo de Diogo gritava surpreso. Pelo visto eu sabia de quem eles falavam.

– Mas como assim beijando outra mina?!

– Sim, leke! A gordona tava dando uns pegas em outra menina!

Calma. Muita calma nessa hora. A Pamela curtia garotas? Me aproximo mais para ouvir o resto da conversa.

– Todo mundo viu, cara! Ela estava aos beijos com aquela garota ruiva da sua sala! – Diogo aumenta o tom de voz.

– A Yasmin?!

– Essa mesmo! As duas estavam se pegando na pista, velho. Sabia que elas eram amigas, mas não pensei que fosse desse nível. – os dois riem.

Meu deus.

Como assim? A Pamela e a Yasmin? Não posso acreditar no que acabei de ouvir. Volto de olhos arregalados para perto de Rafael.

– Está tudo bem? – ele pergunta. Eu continuo em estado de choque apenas encarando minha bebida. – Ei, Nicole. O que aconteceu?

– Não posso acreditar no que acabei de ouvir. – digo mais para mim mesma do que para Rafa, que não entende o que digo. – Já volto.

Saio rapidamente, antes de Rafael tentar me impedir, me espremendo entre as pessoas.

Precisava encontrar Yasmin. Esses boatos não podiam ser reais. Preocupava-me a seriedade que os meninos falavam sobre a situação. “Yasmin e Pamela se beijando”. Ouço outro casal perto de mim comentar, olho ao redor e parece que todos falam sobre isso. “A gordona e a ruiva se pegando”. A frase ecoava na minha cabeça, mas não fazia sentido nenhum. E o que mais me apavorava era o fato de eu não encontrar Mi em lugar algum. E se fosse verdade? Pamela sempre foi obsessiva por Yasmin, e agora tudo fazia mais sentido. Por isso ela me detestava, pois o ciúmes doentio dela atacava toda vez que me via com Mi.

Sinto-me tonta. “Preciso achar Yasmin”. Continuo andando e um pouco antes de chegar ao corredor para os banheiros, avisto um ser obeso espremido dentro de um vestido florido que mais parecia o forro de um sofá de um antiquário de segunda qualidade.

– Ei! – cutuco Pamela.

– O que você quer?! – ela se vira com cara de choro

– Ouvi por aí um boato que você e minha amiga se beijaram. Que história é essa?! – a expressão facial dela muda de triste para possessa.

– Cala essa boca sua escrota! Você não tem nada a ver com isso!

– Ela é minha amiga e eu quero saber onde ela está, Pamela!

– Vai se foder! – ela grita. Em seguida pega minha capirinha e sem pensar duas vezes joga toda a bebida no meu rosto. Sinto a vodka borrar toda minha maquiagem e alguns cubos de gelo batem com força no meu rosto, felizmente nenhuma gota de limão entra em meus olhos.

As pessoas ao redor da gente nos encaram assustadas. Não sei como reagir. Esfrego meus olhos e todo o rímel sai, provavelmente eu estava parecendo um zumbi.

– Olha, - digo com toda a calma do mundo – eu sinto pena de você. Além de ser gorda e zoada, é apaixonada por alguém que nunca vai ter. – encaro- a. Lágrimas brotam nos seus olhos. Pelo visto eu tinha tocado na ferida dela. Acertado em cheio seu ponto fraco.

Sua reação é me dar um tapa na cara.

Agora já era demais. Meu rosto arde e eu parto para cima dela. Antes que eu possa encostar em um fio de cabelo se quer dela, alguém me segura por trás. Eu me debato para tentar me soltar e conseguir dar uma porrada bem dada naquela cretina. Era Rafa quem me segurava, grito para ele me largar para eu poder devolver o tapa na Pamela, mas ele me puxa com força para trás.

– Qual o seu problema, Rafael?! – me solto finalmente quando Rafa me leva arrastada para quase o outro lado da pista.

– Não quero que se meta em encrencas, porra. Você ia fazer o que? Estraçalhar a cara daquela mina?! Seríamos expulsos e isso pegaria muito mal, Nicole. Devolver na mesma moeda é uma estupidez! – ele segura meu rosto – Se acalma, ta? Vê se esquece isso.

Gostava muito de Rafa, mas nesse momento eu queria espancá-lo. Levar desaforo para casa de uma mina que nem a Pamela doía mais que o tapa que ela me deu. Ridícula. Ainda ia ter volta.

– Tanto faz. – digo um pouco mais calma – Vamos embora. São 2h30 da manhã ainda. Mas estou com muita dor de cabeça. – grito através da música eletrônica que martelava minha cabeça.

– Mas e o banho de mar depois da festa? Tem certeza que não quer ficar?

– Já tomei um banho de caipirinha. – digo. Ele acende e vamos em direção a saída.

Não conseguia tirar a história de Pamela da minha cabeça. Como eu nunca havia percebido? A única razão de ela me odiar era essa. Sendo apaixonada por minha melhor amiga, Pamela a tinha desde sempre, do nada eu me mudo para o Rio e apareço em suas vidas.

– Ei! O que é isso?! – Rafa murmura quando saímos da Cave. Logo na rua em frente à balada, tinha uma aglomeração de pessoas ao redor de alguma coisa. E não me parecia boa. Aproximo-me da multidão e me coração para de funcionar quando percebo o porquê daquela confusão.

A ambulância estava com sua traseira aberta. Olho para o chão e Felipe estava agachado ao lado do corpo. Ele chorava aos prantos, como eu nunca tinha visto nenhum menino chorar. Vejo os cabelos ruivos e o chão ensanguentado ao redor de Yasmin, que estava completamente branca e desacordada.

E então o mundo para.

Cada movimento fica em câmera lenta. Parece que tudo fica em preto e branco. Corro para perto de Felipe e não demora muito para nós estarmos ambos chorando como crianças. Não sei direito o que está acontecendo, mas a sensação era que o fim do mundo tinha chego. A única coisa que consegue me arrancar de perto do corpo inconsciente de Mi, são os paramédicos que precisavam transferir Yasmin para dentro da ambulância. Perguntava entre lágrimas o que tinha acontecido para Felipe, mas ele não estava em condições de responder.

Olho para Rafa, que estava na mesma posição, em estado de choque, mas não derramava uma gota de lágrima sequer. Ele não estava me abraçando, nem falando para eu me acalmar. Ele apenas continuava sério e parado. Ele me fita com o olhar, mas nada se sua expressão muda.

Acompanho Felipe para dentro da ambulância. Ele segura minha mão com força e ainda chora, dizendo algumas palavras em hindi que soam como uma oração ou algo do tipo. A ambulância acelera em direção ao hospital, a sirene soa tão alto como o som da balada, Felipe ainda chora, citando seus versos e Yasmin continua de olhos fechados.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=i3Lo53Hr0fc - No momento em que tudo fica em preto e branco.



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