Para Sempre Nunca Mais escrita por GAS


Capítulo 10
Yasmin




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POV YASMIN ~ Sexta, 20/02

Faziam dois dias que eu e Felipe tínhamos ficado e ele continuava caminhando comigo, dessa vez eu tomava mais cuidado, com medo de meus pais nos verem juntos.

Foi difícil aceitar o fato que meus pais eram, bem, racistas. Realmente não esperava isso deles, achei que estávamos no século 21 e não em 1958. Qual o problema de eu estar com um menino que era um pouco mais escuro que eu?! Minha mãe vivia falando que o que importa é o interior! Sentia uma mistura entre raiva, frustração e tristeza.

No intervalo, Nikki me puxou para o lado. Claro que Pamela veio junto.

–Então, eu to tentando arranjar alguém pra você- ela olha pra Pamela.

–É mesmo?- pergunta Pamela.

–É. Foi a Mi que pediu, sabe.- ela revira os olhos.

–Eu não preciso da sua ajuda.- rosna Pamela. Nikki olha pra mim, como se estivesse processando a informação, então ela solta uma risada alta, segurando a barriga de tanto rir.

–Você precisa é de ajuda divina.- diz Nikki, entre risos. Olho Para Pamela, que está de queixo caído. Ela me encara como se dissesse, “e ai, vai ficar do lado de quem?”

–Ei, ei. Vocês duas, parem. Pamela, ela não fez nada por mal e Nikki, aquilo foi desnecessário.- digo, tentando ficar no meio. Nenhuma delas ficou staisfeita com o meu posicionamento, devido as caras de “cão chupando manga” que elas fizeram.

–Tanto faz.- diz Nikki, andando para longe de mim e de Pamela.

–Como você fez isso comigo?!- pergunta Pamela.

–Eu só pedi a ajuda dela! Não é como se eu fosse a menina mais popular da escola, sabe.

–E você sabe que eu odeio aquela menina!

–Até hoje não entendo por que. Ela sempre tentou ser amigável e você que parecia um gato irritado.

–Gato irritado? Serio?

–Sim. Pare de ser tão infantil, Pamela. Eu estou começando a perder a paciência com você.

–Você é tão egoísta.

–Eu? Egoísta?- sinto meu nível de raiva aumentando.

–Sim. Você só pensa em si mesma. Já parou pra pensar no que eu penso?

–Pamela, você está ouvindo o que você está dizendo?

–Estou ouvindo muito bem. Você é egoísta, Yasmin.

–Pamela eu não sei se você percebeu, mas eu passei os últimos quatro dias tentando arrumar algum menino que esteja desesperado o suficiente pra ficar com você. E eu não sei se você sabe, mas não tem muitos por ai.- as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse impedir. Mue Deus, o que eu tinha cabado de dizer?- Eu to tentando não pensar no fato que meus pais não querem que eu namore um menino por que ele é de outra raça e você ainda me faz ficar entre as minhas duas melhres amigas? Acho que você precisa melhorar a sua definição da palavra egoísmo.

Provavelmente, eu tinha descontado toda a minha raiva na Pamela. Provavelmente eu tinha sido muito cuzona e provavelmente eu ia me arrepender do que tinha dito. Por mais que ela estivesse sendo infantil, ela não merecia isso. Uma coisa é algum menino idiota te chamar de feia e gorda, agora quando a sua melhor amiga diz isso...

Por sorte ou ironia do destino, o sinal tocou nesse exato segundo. Ainda com raiva, me viro e ando para longe de Pamela. Talvez fosse um erro, mas não importava.

–Yasmin?- escuto o Felipe me chamar, aparentemente ele tinha esbarrado em mim no corredor, mas eu nem o notei.

–Hm.- digo, tentando conter minha raiva.

–Por que você ta chorando?

–Chorando? Eu?

–Sim.

–Ah, meu Deus.- eu nem havia sentido as lagrimas.

–Ta tudo bem? O que aconteceu?

–E-eu...- começo, mas o professor de química, Toni, se aproxima de mim por trás e poe a Mao no meu ombro.

–Yasmin Guimarães? Não se atrase pra minha aula.- ele se vira pra mim e percebe que estou chorando –Ah, o que aconteceu? Desculpe, não tinha visto que você estava chorando. Quer ir pra secretaria?

Faço que sim com a cabeça. Eu podia ligar pra minha mãe e falar que estava com cólica ou algo assim, ela viria me buscar. Eu sempre tive cólicas muito fortes e admito que as vezes usava isso como desculpa para sair de algumas situações.

–Eu levo ela pra la.- diz Felipe. Ele parecia muito preocupado. Eu teria achado fofo se não tivesse com a cabeça prestes a explodir.

–Certo. Melhoras pra você, Yasmin.- ele sorriu e me deu um tapinha no ombro. Juro que se ele me desse mais um tapinha eu ia cuspir meu intestino.

–O que aconteceu?- pergunta Felipe, segurando minha mão e me levando até a secretaria.

–Eu não sei, eu...- sinto minha cabeça latejando.

–Você não ta legal, Yasmin.

–É...

–Se quiser, eu posso passar na sua casa mais tarde.

–Não, não... Não precisa. Tem a balada hoje.

–Acho que não é uma boa idéia você ir numa festa hoje.

–Eu to bem, eu só... Tive uma manha horrível. Mais tarde eu te explico.

–OK... Eu só quero te ver bem.

–Isso é tão fofo.- já me sinto bem melhor, minha cabeça parou de girar.

–Ei, que horas eu passo pra te buscar pra ir pra balada?

–Uh, quem vem nos buscar?

–Eu. A gente vai a pé ne? É do lado praticamente.

–Ah ta. As 7, pode ser?

–Pode sim. Bem, -chegamos a porta da secretaria. –Até depois?

–Até.- ele se aproxima de mim e me da um beijo nos lábios e na testa.

Fico tão feliz com a atiude dele que o mal estar passa quase completamente. Entro na sala da secretaria e digo a ela que estou com cólica muito forte. Ela me oferece um absorvente, mas eu nego e digo que tenho que ligar pros meus pais. No começo, a moça fica meio desconfiada, mas eu a explico que estou tendo uma reação vagal e ela me entrega o telefone. Ligo paraa minha mãe e explico a situação. Acho que ela não ficou muito feliz em ter que buscar a filha as nove da manha por que ela está com cólica.

Sento numa das poltronas e abraço meus joelhos, tentando parecer convincente. Minha mãe chega em menos de cinco minutos, já que veio de carro. Me despedi da secretaria e fui ate o portão.

–Entre, filha.- disse minha mãe, que estava com uma toalha enrolada na cabeça e uma mascara facial e abacate.

Abro a porta do carro e sento no banco da frente.

–Cólica é?

–Sim.- murmuro.

–Filha, o que foi?

–Eu estou com cólica.

–Não minta pra mim. Não se preocupe, eu não vou ficar brava.

–Mas é verdade.

–Filha, você teve cólica semana passada, esqueceu?

–Uh...

–Então, o que foi?

–Nada... Deu umas tretas la no colégio e eu fiquei com dor de cabeça.

–Ah, entendi. Bem, eu vou te perdoar dessa vez, mas não pense que você vai continuar faltando aula assim. Teve sorte que eu estava desocupada.

–Desculpa, mas eu não tava agüentando.- murmuro.


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Notas finais do capítulo

~vvega
musica do capitulo: https://www.youtube.com/watch?v=bWZ17Fo1m34



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