E estavam, finalmente, em Wonderland. Gato era um gato com listras roxas e cinzas, com grandes olhos verdes e um sorriso enorme (mas assustador). Andava vagarosamente, como quem não tivesse compromisso algum e não se importava com a pressa que o tempo passava. E como passava. Já estava na hora do café da tarde e ele sabia, o Chapeleiro havia de fazer chá o bastante pra uma semana inteira.

No meio do caminho, em um galho confortável e que parecia com os galhos que lhe serviram de cama quando mais novo, parou para descansar. O caminho era longo e não queria chegar cansado.

Dormia calmamente, quando viu o Sr. Coelho passando as pressas, olhando para o relógio e tagarelando coisas que não pode ouvir - por causa da preguiça ou da distancia. Mas logo viu que uma pequena garota de cabelos loiros o seguia apressadamente e dizia para esperar. Onde iriam os dois, pensou. Mas estava tão exausto que preferiu dormir antes de perguntar. Talvez no dia seguinte. Ou na semana seguinte. Bom, algum dia o perguntaria.

Mal sabia ele que, mais tarde, naquele mesmo dia, a garotinha de cabelos cor do sol iria atrabalhar e quase que o impedir que chegasse no chá da tarde com seus bons e velhos - e loucos, muito loucos - amigos do chá.

(. . .)

E assim se formou a mais conhecida aventura louca de Wonderland. O dia em que uma garota baixa demais, loira demais e falante demais perseguiu o Sr. Coelho para dentro de um mundo imaginário, para longe de casa.

Para mais perto da loucura.

Para a insanidade.

Para Wonderland.

Onde tudo é possível.