Cara certo, hora errada. escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 1
Introdução + capítulo 1.


Notas iniciais do capítulo

Oi, essa provavelmente não é a melhor hora para se postar... Mas, deu vontade e vamos lá! Se você gostou, ou não gostou, tem uma opinião sobre a estória ou sei lá, divida comigo. Vou adorar saber.
PS: Continuarei a postar somente se houver interessados... Não esqueçam de me avisar, fantasminhas... Risos. Nos vemos lá embaixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/458833/chapter/1

INTRODUÇÃO

Por Ethan Collins

Sabe quando você está vivo, vivo, vivo... Muito vivo? Respirando. Andando. Comendo. Bebendo. Saindo. Trabalhando. Estudando... Sabe quando você está vivo e vivendo e ainda assim se sente morto? Sabe? Se souber, então sabe como é ser eu. Esse é o fim da minha história, da nossa história. E para você saber como eu cheguei até aqui caro leitor, precisará acompanhar desde o início. Mas, cuidado! Conhecer Ellen Sandler causa efeitos colaterais muito graves.

O MÁGNIFICO MUNDO DE ETHAN COLLINS.

Meu dia perfeito começaria com muito sol. Sol por todos os lados. Calor, muito calor. Eu o amo. Então eu levaria Scott para um passeio no Central Park e correríamos juntos pela grama. Rolaríamos até. Então eu voltaria para casa porque estaríamos cansados e Scott se entendia muito rápido (e eu mais ainda), ele ficaria em sua casinha dando uma de cachorro preguiçoso. Eu tomaria café da manhã no sofá e zapearia os canais até o controle remoto explodir. Faria macarrão instantâneo para o almoço e sairia para comprar outro controle remoto – se ele realmente explodisse, não é? E então sentaria no sofá novamente, lembrando-me de comer o sorvete de manga caseiro de Sammy. Usaria o controle novo para zapear e o explodiria novamente. Talvez eu fosse tomar um banho de piscina por não ter mais saco de comprar outro controle ou continuar zapeando canais... Então anoiteceria e eu iria para cama. Ar-condicionado ligado. Talvez um pornô? Quem sabe. Dormiria como um anjo... E repetiria tudo isso no dia seguinte. E no próximo. E no próximo... Para sempre. Mas, infelizmente, eu não disponho de tempo. De grana. Não moro em Nova Iorque. Não tenho um cachorro. Não tenho uma casa com piscina e principalmente: não há muito calor em Seattle. Eu ainda sou universitário, eu moro em uma mini república e preciso trabalhar (e muito) para pagar a faculdade. Apesar de ter uma bolsa de 70% de desconto, ainda assim fica muito caro. Custo de vida para um homem só é muito caro. Mas, não reclamo. Custo de vida para um homem casado com sete filhos deve ser pior ainda, não é?

Mas acredite, ás coisas bem que podem piorar. Principalmente quando a avó do seu melhor amigo morre e você precisa ir ao velório com ele. Ao sepultamento. A missa de sétimo dia. Principalmente quando a avó desse seu amigo mora na Califórnia. Los Angeles. 1.135km de distância. E muitas horas de viagem de carro ou de avião. Mas, ok. Ao menos aqui lá há sol.

Capela Municipal. Califórnia, Los Angeles. 17h32m

— Eu juro que vou vomitar Sammy, — respiro fundo enquanto Sammy me olha com cara de desaprovação — está quente demais aqui dentro. Eu juro.

— Vá pegar um vento lá fora, Ethan. Mas por favor. Volte quando acabar, Nikki não parece muito bem lá em cima. — Olhamos juntos para mesma direção. O padre arrastava um sermão sobre a morte e a vida e como devemos lidar com perca de entes queridos. Isso tudo não seria tão estranho se o corpo da avó de Nicholas estivesse sendo velado dessa forma: sentado em uma cadeira confortável de couro vermelho. E praticamente empalhada, deixando todos na Igreja com o mesmo desconforto em comum. Essa gente é maluca, não é?

— Ele está meio verde. — Digo e Sammy franze o cenho para me encarar — Sério. Essa gente é muito esquisita, diga o que quiser, mas você também pensa como eu, Samantha.

Do lado de fora a brisa era reconfortante. Mas a imagem da velha senhora com óculos escuros, vestido preto, sentado em uma poltrona - como se estivesse no velório de outra pessoa e não no seu - nunca sairia da minha mente. Respirei fundo outra vez e fixei meus olhos na visão onde o sol estava se pondo. Um vento forte passou por mim eriçando o pelo da minha nuca e uma risada leve e descontraída surgiu a seguir, arrepiando-me por inteiro. Tremi de susto. Olhei para trás procurando por ela, e então o som ganhou forma: nariz, boca, olhos... Eu já disse boca? Cabelos... Loiros, lindos. Ela sorriu tímida e olhou na direção que antes eu estava vidrado, o sol havia desaparecido. Finalmente fora descansar o cansaço do seu dia intenso de trabalho. Até o sol tem direito a descanso! Por que eles apenas não deixam aquela velha senhora repousar no seu caixão?

— Percebi na hora que você saiu. Não parecia muito bem. Não gosta de funerais? — Neguei rapidamente. Ela soltou sua risada contagiante. — Eu também não.

— Você... Bem, você era próxima dela? — Não seja idiota, pensei. Mas tinha minhas duvidas. Ela não parecia triste, ou fingir tristeza como 90% das pessoas no ambiente.

— O suficiente para estar aqui. Acredite, eu daria tudo para não estar! — Grunhiu baixinho, confidenciando-me.

— Eu também — Sussurrei de volta — Você não acha estranho...?

— O jeito como ela está sendo velada? — Perguntou, assenti. Ela deu de ombros e riu outra vez, um vento forte passou por nós bagunçando seus cabelos cacheados. Inalei seu perfume doce, algo como floral. Divertido. Ela piscou algumas vezes e me encarou. Não superficialmente, sabe? Profundo. Como se estivesse visualizando minha alma ou algo assim. E eu pude reparar o quanto ela era bonita. Linda na verdade, a mais bonita, sem exageros... Aproximadamente 1,68. Alta, não mais que eu, perfeita na verdade. Seria uma modelo? Peguei-me rindo também.

— Hm, hm — Pigarreou despertando — Ela que pediu isso. Margareth era pirada! Mais ainda sua família por consentir isso. Eu simplesmente não consigo ficar lá dentro.

— Meio... Inusitado mesmo. — E mais silêncio entre nós. Mas era um silêncio confortável, tranquilo.

— Tem uma confeitaria ali. E uma sorveteria. Acho que ajuda a distrair, não? Quer ir?

— Claro! — Quase gritei. Distrair era tudo que eu queria. Se ela me ajudasse seria melhor ainda.

Descemos uma viela e andamos cerca de dois metros até adentrarmos a confeitaria. Ao todo tinha duas mesas ocupadas e mais silêncio, mas parecia confortável. Nada de defunto em cadeiras, nada de pessoas chorando e roupas pretas. A não ser as nossas, claro. Deixei que ela escolhesse a mesa, uma no fundo, perto da janela com vista para um lago imenso. A região estava cheia deles e eu lamentava estar aqui por causa da avó falecida do meu melhor amigo. Queria ter a oportunidade de ir à praia ou qualquer outro lugar sem ter que me sentir um lixo por isso. Queria ter a oportunidade de estar aqui agora, com essa bela garota, sem precisar me sentir um péssimo amigo por isso.

— Ei, Ellen. Quanto tempo! — Uma garçonete ruiva a cumprimentou, Ellen... Seu nome é Ellen. Nunca gostei de Ellen, mas agora... Agora eu acho incrível.

— Você cortou os cabelos, está linda Vivian — Ela fez a moça ficar da cor de seus cabelos e sorrir simpática — Eu quero um suco de melancia e croissant de queijo. E você? Precisa do cardápio? — Neguei rapidamente, ela sorriu. Mas parecia nervosa.

— Apenas um suco de laranja gelado, por favor. — Após anotar a ruiva se despediu com um sorriso e deixou nossa mesa. — Então Ellen, muito tempo que não vem aqui? — Ela rir da forma que pronuncio seu nome.

— Me chame de Ellie. Ninguém me chama mais de Ellen. — Assinto — Eu morei aqui até meus cinco anos de idade. Costumava vir aqui com meu pai quando era pequena... E então ele se foi. Nada mórbido como Margareth. — Ela riu. A ruiva reapareceu como num passe de mágica equilibrando uma bandeja, nos serviu e se foi sem mais palavras.

— Eu sinto muito, Ellie — E sentia. Estranhamente sentia de verdade. E gostava da forma como seu nome passava por meus lábios, ela deu de ombros.

— Não tem problema, faz muito tempo. — Riu — Me mudei com minha mãe, passamos dez anos fora. Vivemos em Tennessee. E então nosso inquilino resolveu sair de Los Angeles e minha mãe é muito apegada as coisas, voltamos para Angeles.

— Eu nunca deixei Seattle. — Rimos — Você gostava de Tennessee?

— Era uma menina! Eu sentia mais falta do meu pai, achava o lugar ruim por ele não está lá. E então eu cresci e tudo melhorou.

— Você ainda é uma menina! — Beberiquei meu suco enquanto ela ria — Quantos anos você tem? Não! Não diga... Deixe-me adivinhar... 19? — Ela riu e eu percebi que havia errado.

— Farei daqui a três meses! — Comemorou sua vitória dando uma mordida em seu croissant.

— Por pouco! Apesar de que te olhando bem... Você tem um rosto inocente. Parece mais jovem. Se não fosse sua estatura física eu diria que você tem uns 15 no mínimo! — Ela riu outra vez engasgando-se, eu ri enquanto dava tapinhas em suas costas e lhe oferecia seu suco. Após bebê-lo pode respirar.

Ela nunca teria 15, tinha um corpo bem desenvolvido e curvas de mulheres maduras. Apesar de ainda ser muito jovem para sua idade, não tinha muita diferença, não é mesmo? 19 anos não é assédio sexual, eu só tenho vinte e três! Quatro pequenos anos de diferença! Grunhi, eu nunca tinha estado intimamente com uma mulher tão mais nova que eu, sempre preferi as mais velhas... A mais nova que namorei fora Sammy e ela tinha vinte e um na época, durou pouco menos de dois meses. Foi horrível. Nunca namore suas amigas, é constrangedor... Muito. Mas eu nunca senti por Sammy o que estou sentido nesse exato momento, nesse exato momento que ela limpa sua boca com o guardanapo e passa a língua por seus lábios. Eu imagino como deve ser beijá-la. Ela tem lábios grossos... Como deve ser mordê-los? De repente eu quero sentir o seu sabor. E percebo que ela está corando. Merda! Se controle, Collins.

— Eu sei! Muita gente acha meu rosto infantil. Mas levarei como um elogio...

— E é. Apesar de que se você tivesse 15 anos eu deveria sair correndo daqui! — Exclamei e ela ficou séria, depois riu.

— Por quê?

— Por quê? O que diria se um cara de vinte e três paquerasse sua irmã de quinze? — Ela deu de ombros.

— E o que tem? Muitas meninas de quinze estão grávidas. Minha mãe engravidou com 16. Mas perdeu. Casou-se com 18 e me teve com 20. Jovem demais.

— Eu sei. Eu acho que... Não sei, sabe? Eu nunca saí com meninas mais jovens. Não daria certo! Eu meio que seria a babá delas, certo? E me confundiriam com o irmão mais velho. Que constrangedor. — Gargalhamos — Sem contar que teria que viver fugindo da polícia, dos pais... Seria estressante.

— Ainda bem que tenho 18! Pode se acalmar, bonitão! — Levantei as mãos para o céu numa falsa reverencia de agradecimento, ela riu — Eu ainda não sei seu nome.

— Ethan. Ethan Collins. É um prazer conhece-la, Ellie.

— O prazer é todo meu, Ethan — E estendeu sua mão para mim. Estava gelada, estaria ela nervosa? Porém era macia. Suave. Como um anjo. — O que você faz da vida? — E puxou sua mão.

— Estou no quarto ano. Cursando direito. Se não me atrapalhar nas matérias termino no ano que vem! E pela manhã faço estágio em um escritório de advocacia.

— Uau! — Exclamou aparentemente maravilhada — Você entrou na faculdade com quantos anos?

— 19. E você, o que faz? — Ela riu e voltou a tomar seu suco.

— No primeiro ano. Cinema. E nas horas vagas eu trabalho fazendo bicos como fotografa. Nada profissional. Tirar fotos em festas infantis... Coisa boba. — Modesta. Além de linda é modesta, tem como melhorar?

— Cinema! Wow! E para, fotos são legais. E crianças também. O que você gosta de fotografar?

— A vida — Simples e rápida — As coisas... Pessoas... O tempo. Tudo passa tão rápido pela gente, Ethan. Você precisa aproveitar cada segundo como se fosse o último, afinal você nunca sabe quando vai ser.

Ficamos em silêncio por alguns instantes. Ela me fez refletir e eu precisava parar de falar para que ela pudesse comer. Respirei fundo. Eu queria saber mais dela. Ir mais fundo. Queria saber tudo, ela tinha um astral diferente. Meio “tô nem aí”, mas ao mesmo tempo preocupada com o que vai acontecer com a vida. Com o dia de sua morte. Ela era diferente. E tinha assuntos diferentes. E era engraçada. Peculiar. E não tinha nem meia hora que eu estava conversando com ela.

— Eu gostei de você, Ellie... Principalmente por me salvar lá.

— Do circo de horror? De nada — rimos — Você conhece Margareth de onde?

— Sou amigo do Nicholas. Eu não a conheço, na verdade eu só vim para acompanha-lo. Dar um apoio. E estou aqui fugindo dele. — Ela assentiu — Você o conhece?

— Nós não somos amigos, se o que quer saber. E desde que ele foi para Seattle nunca mais o vi. — Pausou e pareceu pensar, Ellie estendeu sua mão sobre a mesa e eu senti sua pele fria tocar a minha — Vocês são amigos do tipo que contam tudo um ao outro?

— Ele sabe tudo sobre mim há quatro anos, meio que não preciso contar nada, sabe? Moramos na mesma casa — Ela assentiu, continuou com sua mão sobre a minha e me olhava nos olhos. Sem nenhuma expressão divertida, ela estava bem séria.

— Você se incomodaria se eu te pedisse para não falar nada sobre nós, essa conversa, minha vida... Enfim, não falar nada sobre Ellen com ele?

— Mas por quê? — Confusão, isso que se passava em minha cabeça. Ellie se inclinou na cadeira e aproximou-se de mim. Quase podia sentir sua respiração.

— Você pode fazer isso por mim, Ethan?

— É c-laro, E-llie. — O jeito como sua voz soou sensual e ao mesmo tempo séria me arrepiou. Tudo que eu pude fazer fora assentir e gaguejar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, comentários?? Espero vocês. Até a próxima...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cara certo, hora errada." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.