— Quanto tempo mais você vai demorar pra se arrumar? Vai se casar por acaso?... – mas Jace não conseguiu concluir sua fala, pois nesse exato comento Clary saiu do banheiro.

— Estou pronta – ela disse, calmamente. Caminhou lentamente até a direção de Jace e levemente fechou sua boca, antes aberta.

Motivo? Simplesmente Clary que estava magnífica em seu sensual vestido vermelho, perfeitamente decotado e ajustado à seu corpo. Ela usava os cabelos soltos, e o mesmo batom também vermelho que usara na sua primeira apresentação. Seu perfume era um aroma leve e agradável, e seus saltos prateados fechavam o visual.

Ela abriu um pequeno sorriso.

— Você disse que nós iríamos ao Brennan’s of Houston, então achei melhor me vestir adequadamente.

— Ah sim... Claro... Brennan’s... – A fala de Jace apenas se embolava cada vez mais; estava anestesiado com a visão que acabara de ter.

Ela não facilitava nunca, e isso o fazia gostar cada vez mais dela.

— Podemos ir logo? Eu estou faminta – cantarolou a ruiva, indo em direção a porta.

***

Tiveram de ir na Picape de Alec novamente, pois o vestido de Clary a impedia de andar em motos.

Durante o trajeto, Clary fez questão de deixar bem claro para Jace que aquilo não seria um encontro, apenas um simples jantar entre colegas de quarto. Mas claro que ele faria de tudo para que se assemelhasse a um encontro.

E então finalmente pararam em frente a um belo e sofisticado restaurante: Brennan’s of Houston.

— Chegamos! – anunciou Jace, e assim os dois desceram e adentraram o local.

Ao entrarem, logo de cara um homem veio atendê-los.

— Mesa para dois? – simpaticamente perguntou.

— Por favor – Jace sorriu.

Os dois foram guiados até certo lado do restaurante, onde perceberam que havia apenas casais. A luz ambiente era um pouco mais escura, e vários castiçais de velas espalhavam-se ao redor da “ala”.

— Por que há apenas casais por aqui? – Clary arqueou uma sobrancelha.

— Oh, senhorita, por acaso não são um casal? – o homem pareceu confuso.

Antes que Clary pudesse responder, Jace apressou-se.

— Apenas traga-nos o cardápio, por gentileza.

— Mas é claro, senhor – o homem disse, se afastando.

Os dois estavam sentados frente a frente, o que fez com que Jace pusesse seus dois cotovelos sobre a mesa e apoiasse as mãos em seu queixo, de uma forma assustadoramente sensual.

— Então, Clary – começou ele. – Já faz tempo que você trabalha no bar do Magnus?

Clary não achou que faria mal responder essa pergunta.

— Digamos que sim. Sou uma garota do Texas, nascida e criada aqui. E devido a alguns problemas precisei trabalhar muito cedo – respondeu rapidamente e resumidamente. Não estava interessada em falar dela.

— E esse lance de show, você também faz há muito tempo? – interessou-se Jace, vendo que ela talvez estivesse disposta a falar sobre si.

Clary assentiu com a cabeça.

— Para conseguir uma grana extra.

— Bom – Jace recostou-se na cadeira. – Você manda muito bem.

Clary deu de ombros.

— Obrigada – sorriu um pouco.

Ela então percebeu o que Jace estava tentando fazer, e resolveu o cortar logo. Não queria falar sobre ela. Sua vida era assombrosa demais para ser divida, principalmente com um desconhecido.

— E você, cowboy? Pelo visto não é do Texas...

— Pelo contrário, minha cara. Nasci e fui criado aqui também, porém ganhei a vida muito cedo e logo parti pra Nova Iorque, indo logo em seguida para Vegas com Alec e Isabelle. Após um tempo por lá tentando a sorte, ela finalmente sorriu pra mim e eu enriqueci com um dos meus jogos, juntamente com Alec. Resultado: Alec voltou para o Texas e abriu seu Hotel, Isabelle arranjou encrenca e sua única opção foi voltar também. E quanto à mim, passei dois anos viajando pela América e criando alguns investimentos, mas finalmente voltei para meu bom e velho lugar para descansar um pouco. – respondeu Jace, bastante satisfeito em falar de si. Era algo que ele gostava até demais.

— Mas que bela história de vida – comentou Clary, rindo um pouco.

O cardápio então chegou, e depois que fizeram seus respectivos pedidos, Jace deu continuidade ao que havia começado.

— Sabe algo que eu achei estranho?

Clary apenas fez uma cara de curiosidade.

— Você é do Texas – Jace prosseguiu curioso. – Obviamente não cresceu na rua, então você deve ter a casa dos seus pais, certo?

— Errado.

Foi tudo que Clary disse.

Ele gostaria de perguntar mais, mas viu que a hora certa estava longe de ser aquela.

A comida finalmente chegou e eles se serviram; estava impecável. Seguiram a noite conversando sobre os mais diversos assuntos: música, gostos, preferências, além de Clary ouvir as inúmeras histórias de Jace durante sua estadia em Vegas. Ele havia conseguido arrancar várias risadas de dela, e ela conseguira apenas o fazer desejá-la mais. No final das contas, aquilo havia sido um encontro. O garçom reapareceu depois de alguns minutos, trazendo consigo uma enorme garrafa de Champagne.

— Posso lhes servir com o especial da casa? – o homem perguntara, otimista.

— Com o maior prazer – respondeu Clary, abrindo um sorriso logo em seguida. Após o primeiro gole, fechou os olhos em prazer. – Como eu senti falta disto, meu Deus!

— Quer dizer que temos aqui uma fã de Champagne? – Jace pareceu se divertir com aquilo.

— Os franceses são meus preferidos – ela deu uma piscadela.

— Bom saber – comentou ele, enquanto tomava um gole de sua própria bebida.

Depois de se deliciarem com a bebida, foram para casa finalmente. No caminho de volta, Clary aproveitou para comentar:

— Sabe, cowboy, no final das contas, você nem é tão insuportável assim.

— Obrigado – ele pôs a mão no peito, fingindo emoção. – Sinto-me lisonjeado.

Mas era a mais pura verdade; aquele comentário foi o mais perto de um elogio que Clary já fizera para ele. Seria aquilo um avanço? Jace esperava com todas as suas forças que a resposta fosse sim.