Amor Cumplice escrita por Bia chan
Sai correndo e quando entrei no meu quarto Dante estava tentando estancar um ferimento de um garoto. Somente meu abajur estava aceso e eu não conseguia ver quem era ele, mas deduzi que era o Máscara Negra. Me ajoelhei ao lado de Dante para ver o que havia acontecido, a camiseta dele estava rasgada no abdômen e Dan pressionava um pano perto do umbigo do garoto, pela quantidade de sangue no pano e nas mãos do Dante deduzi que fora ou um tiro ou uma facada, corri no meu armário e peguei um kit de primeiros socorros e algumas toalhas. Voltei a me ajoelhar perto da cama, abri o kit e tirei as mãos de Dante de cima do machucado para ver como estava, era ferimento a bala, estava sangrando um pouco ainda, então fiz pressão com uma toalha, enquanto com a outra mão tentava ver se havia o buraco de saída da bala e havia, quase na mesma altura que o de entrada.
— Dante, eu vou levantar o corpo dele bem rápido e preciso que você coloque uma toalha nas costas dele para estancar o ferimento nas costas – Ele acenou com a cabeça pegando a toalha, eu contei até três e ele colocou a toalha nas costas do garoto. – Agora precisamos continuar fazendo pressão até o ferimento parar de sangrar, ai enfaixamos e rezamos para ele melhorar. – Fiquei olhando Dan, meu melhor amigo e ex-namorado, quase não o reconhecia, ele estava acabado. – Vá tomar um banho, fale para Jess fazer o mesmo, eu consigo cuidar dele, só acenda as luzes quando sair.
Dante levantou, pegou duas toalhas que havia deixado ao lado da cama, ascendeu a luz e saiu. Peguei o braço do garoto e chequei seu pulso, estava fraco, mas regular, isso me tranquilizou, me voltei para o rosto do garoto e meu coração disparou, era Mikael, seus cabelos estavam grudados no rosto e ele tinha uma expressão de dor. Passei minha mão livre em seu rosto e ele abriu um dos olhos tentando se acostumar com a luminosidade.
— Ei, fiquei com os olhos fechados – Eu sussurrei para ele – Você levou um tiro, tente ficar imóvel.
— Acho que abrir os olhos não me matará, mas acho que minha médica pode fazer isso – Ele tentou sorrir, mas não conseguiu – Como me encontrou?
—Acho que sua médica é bem capaz de te fazer sobreviver. – Soltei um suspiro por perceber que ele estava minimamente bem – E eu não te achei, foi você que apareceu no meu apartamento.
— Você conhece Jess e Dante?
— Meus melhores amigos, agora chega de papo que você precisa descansar, preciso que pare de sangrar para lhe dar uns pontos e enfaixa-lo.
— Consegue fazer? Se não ligue para o Ian e peça para que um médico venha aqui, ele mandará alguém confiável. – Ele fechou os olhos, parecia estar ficando mais cansado.
— Eu consigo, mas se temos a possibilidade de um médico prefiro não arriscar. – Passei a mão por seu rosto e ele inclinou a cabeça, como se procurasse uma posição mais confortável, peguei meu celular no bolso e liguei para Vanessa.
— Alô? – Ela disse animada
— Vanessa, o Ian está com você?
— Está sim, mas por que essa urgência para falar com ele?
— É sobre o Mikael, preciso falar com ele urgente.
— Está bem, mas está tudo bem?
— Está – Menti, estava com pressa e ela não entenderia o que estava acontecendo.
— Ok então – Ouvi ela falando com Ian e o celular passando de uma mão para outra.
— Oi, o que você precisa de tão urgente comigo? – A voz de Ian era impaciente, eu devia ter interrompido algo dele com Vanessa.
— Mikael foi baleado, precisa de um médico urgentemente.
— Ele foi baleado – A voz dele saiu como um sussurro e pude ouvir ele se levantar. – Aonde vocês estão? Como ele está?
— Ele está estável. Estamos no meu apartamento, fica perto do rio, na avenida central, um prédio azul escuro, chama Joia do Rio, eu moro no nono andar apartamento 556.
— Mandarei o médico agora mesmo, vocês precisam de mais alguma coisa?
— Acho que não, pelo menos por enquanto, qualquer coisa eu volto a ligar.
— Certo, vou mandar meu número por mensagem, o que precisar ligue nele, Vanessa não precisa ficar sabendo disso.
— Concordo, até mais Ian.
— Até. – Ele deligou, quando Jess entrou no quarto com a toalha na mão.
— Posso usar seu banheiro? Dante entrou no outro e acho que ele vai demorar.
— Claro que pode, pega uma roupa limpa no meu armário, falando nisso, na parte esquerda tem umas camisetas que o Dan deixou aqui faz tempo, leva uma para ele por favor, acho que tem uma calça também.
— Obrigada – Ela abriu o armário pegou uma camiseta e uma calça e a roupa para o Dan – Você guardou isso desde que vocês terminaram? Eu teria jogado tudo fora. – Eu ri, enquanto ela fechava o armário. Depois fiquei ouvindo a minidiscussão entre ela e Dante, quando ela foi deixar as roupas dele no banheiro e ele não queria abrir a porta. Jess voltou ao quarto irritada, mas antes de entrar no banho ainda falou comigo – Fizemos uma pequena gambiarra na porta para ela fechar, então na hora que você precisar abrir, vai ter que fazer um pouquinho de força.
Ela fechou a porta sem me deixar responder, voltei a olhar Mikael que havia pego no sono. Levantei um pouco a toalha para ver o ferimento e agora quase não estava sangrando, troquei a toalha e continuei pressionando. Em uns dez minutos ouvi batidas na porta, Dante tinha acabado de sair do banho e ficou no meu lugar. Quando sai do quarto encostei a porta, e corri até a sala limpando o excesso de sangue das mãos na calça. Tentei abrir a porta da primeira vez sem sucesso, na segunda girei e puxei a maçaneta com mais força e a porta abriu, do outro lado não havia nenhum médico, mas Tomás, tentei fechar a porta, mas ele conseguiu segurar e acabou entrando.
— Tomás sai daqui – Gritei enquanto ele ia caminhando em direção ao meu quarto. Tentei pará-lo, mas foi em vão. Ele abriu a porta e parou ao ver Dante ajoelhado ao lado da cama.
— Como ele está? – Tomás perguntou
— Mal, mas parece que vai sobreviver, não graça a seus colegas. – Respondeu Dante.
— Veio pedir desculpas por tudo isso? – Jess estava na porta do meu banheiro secando o cabelo.
— Sim, na verdade eu preciso falar com vocês dois. – Tomás apontou para Jess e Dante.
— E por que você acha que iríamos ouvir você? Quem garante que isso não é mais uma armação? – Eu perguntei, entrando no quarto também.
— Eu dou minha palavra que não estou armando para vocês, eu sei que não é muito, mas preciso que me ouçam.
— Não confio em você, mas como você veio até aqui correndo riscos, eu aceito ouvir o que tem a dizer – Jess disse.
— Eu não acho que vocês deveriam ouvi-lo – Eu disse – Não confio nele.
— Pensem nisso apenas como um encontro de negócios, não vou falar em nada pessoal a menos que vocês falem. – Tomás disse. – Sei que você não confia em mim Ana, por motivos pessoais que não tem nada a ver com o que está acontecendo aqui, então deixe que seus amigos ouçam o que eu tenho a dizer.
— Ana, você pode esperar lá fora? Vai ser rápido – Dante falou antes que pudesse contra argumentar Tomás.
Eu fuzilei Tomás com o olhar e sai fechando a porta, fiquei perto por alguns instantes tentando ouvir alguma coisa, mas minha cabeça fervilhava de pensamentos, o que me fez desistir de ouvir o que se passava lá dentro. Fui ao banheiro, lavei bem as mãos e o rosto. Quando sai Jess e Dante estavam me esperando no corredor, eles pareciam bem abatidos e preocupados.
— O médico já chegou e cuidou de Mikael, disse que ele perdeu muito sangue, mas vai ficar bem, falou para deixarmos ele descansar e pediu que ele não faça esforço. – Jess falou antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
— Isso é realmente bom – Respondi dando um pequeno sorriso.
— Ana, nós não podemos mais ficar aqui. – Foi a vez de Dante falar – Tomás disse que não vai demorar muito para que a polícia venha para cá e depois do que aconteceu com Mikael não podemos arriscar sermos vistos.
— Certo, eu vou falar com uma pessoa que acho que consegue um lugar para vocês ficarem. – Peguei o celular e liguei para Ian.
— Alô? – A voz dele estava carregada de sono.
— Oi, sou eu de novo
— O médico chegou? O que ele disse? Como Mikael está?
— Chegou sim e disse que Mikael ficará bem.
— Mas algo me diz que não foi por isso que você me ligou.
— Não, não foi. Preciso saber se você consegue um lugar para que meus amigos e Mikael possam se esconder da polícia. Nós temos quase certeza que eles apareceram em breve e com base do que aconteceu achamos que eles não serão gentis.
— Vou pedir para prepararem um lugar para eles ficarem e até o começo da manhã alguém irá busca-los.
— Ok e Ian, muito obrigada. – Ele respondeu algo que eu não entendi e desligou.
Me voltei para Jess e Dan e contei o que Ian tinha me dito, depois levei os dois para a sala e coloquei cada um dormindo em um sofá. Me virei e Tomás estava com um monte de panos e toalhas sujas de sangue, além das roupas da Jess e de Dante.
— Precisamos lavar ou nos livrar de tudo isso. – Ele jogou tudo no chão da lavanderia, que ficava do lado da cozinha.
— Não posso jogar todas as toalhas e panos fora, porque só tenho esses. Acho melhor não jogar as roupas fora também, podem achar. – Respondi parando ao seu lado e olhando toda aquela pilha.
— Então acho melhor começarmos a lavar tudo isso – Ele começou a jogar os panos na máquina. Enquanto isso comecei a esfregar as roupas de Jess. – Vai ter que lavar sua roupa também. – Olhei para minhas roupas que estavam um pouco manchadas de sangue e bufei, a madrugada ia ser longa.
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E ai o que acharam??