Capítulo 47:

Pov. Duda

Acordei meio dia com minha mãe gritando no meu ouvido, isso não foi nada legal, eu estou de férias, tenho direito de dormir até tarde!

Minha mãe- Tem visita pra você lá em baixo.

Duda- Quem? – Na boa, quem é que bate na casa de alguém há essa hora? Deveria ser crime.

Mãe- É uma tal de... – Tentou lembrar – Vitória? – Perguntou pra si mesmo e eu tentei lembrar de alguma vitória que eu pudesse conhecer, mas não lembrei.

Duda- Tem certeza?

Mãe- Certeza eu não tenho, mas começa com “Vi”... Duda, o nome da sua namorada não era Beatriz? Não vai me dizer que vocês já terminaram.

Duda- Vira essa boca pra lá, a gente nunca vai terminar. Agora me dá licença que eu não posso atender a menina de pijama, né?

Minha mãe saiu e eu vesti a roupa rapidamente para não deixar a pessoa, quem quer que ela fosse, esperando. Desci as escadas curioso para saber quem era a tal “Vi” e me deparei com Vivi sentada no sofá, segurando algo.

Duda- Viviane, mãe! –Gritei para que minha mãe, que estava na cozinha, pudesse escutar.

Mãe- Eu disse que era “Vi”- Gritou de novo.

Vivi- O que foi isso? – Ela disse rindo e vindo até mim me cumprimentar.

Duda- Ela disse que era uma tal de “Vitória”. – Ri também.

Vivi- Ata... Duda, eu vim trazer o seu convite. – Me entregou o convite.

Duda- Nossa, que honra receber o convite da Viviane, a menina mais popular do colégio, desse jeito eu choro. – Brinquei.

Vivi- Idiota. – Brincou também. – Eu sempre te convidei.

Duda- To só brincando. – Ri fraco. – Mas e aí, como andam os preparativos?

Vivi- Ta tudo muito corrido, mas ta ficando legal, eu acho.

Duda- Não se preocupe que vai ficar um arraso amiga! – Disse com um tom feminino na voz, para provocar também.

Vivi- Mas você não cansa né? – Riu. – Eu já vou indo porque ainda tenho muito convite pra entregar. –Desanimou e eu acompanhei ela até a porta.

O convite ficou muito legal, o bom é que a Vivi tem muito bom gosto e as festas dela são sempre incríveis. Agora que já estava acordado não iria conseguir dormir de novo, por isso almocei e liguei pra Bia.

Bia- Oi Duda.

Duda- Oi mozão. – Ela odiava quando eu chamava ela assim.

Bia- Pare com isso, eu quero um namorado macho. – Eu ri.

Duda- Não se preocupe que eu sou muito macho.

Bia- Sei...

Duda- A Vivi já passou aí?

Bia- Acabou de sair.

Duda- Legal. Com que fantasia a gente vai?

Bia- Ainda não sei. Você tem alguma ideia?

Duda- Ter eu tenho, mas não adianta nada porque você não quer.

Bia- Chega dessa história de Tarzan né?

Duda- Mas ia ficar tão legal Bia. – Implorei.

Bia- Se discussões! Hoje a gente sai pra comprar, beleza?

Duda- Beleza capitã! – Brinquei.

Bia- Vou desligar, beijos!

Duda- Beijos, se cuide!

Desliguei o telefone e fui me arrumar para ir ao shopping com a Bia. Coloquei a primeira roupa que vi e fiquei esperando na sala.

Pov. Binho

De manhã minha mãe havia saído e quando voltou ficou sentada no sofá aflita, é claro que eu fiquei preocupado.

Binho- Mãe? – Ela não respondeu, apenas ficou com a cabeça apoiada nas mãos. – O que ta acontecendo? – Fui até ela e sentei ao seu lado.

Mãe- Binho. – Finalmente ergueu a cabeça. – Seu pai apareceu.

Meu pai simplesmente sumiu há uns cinco anos atrás e nunca deu notícia. Por um tempo pensei que eu tinha feito algo errado para ele não gostar mais de mim, mas depois aprendi a viver sem ele e percebi o quão idiota ele era. Um dia estava andando na rua e vi ele no shopping com outra mulher, com outro filho... Isso doeu muito.

Binho- Como assim? – Ainda não estava acreditando.

Mãe- Ele apareceu no meu trabalho hoje de manhã e disse que quer te ver. – Seus olhos encheram de lágrimas e eu fiquei sem saber o que fazer.

Binho- Eu não quero ver ele. – Consegui dizer apenas isso e saí correndo em direção a rua.

Eu não sabia para onde ir e nem quem procurar, ao mesmo tempo em que queria ficar sozinho queria alguém pra conversar. Trombei com a Ana no meio da rua, por coincidência. Dei um abraço apertado nela.

Ana- Binho? O que aconteceu? – Ficou preocupada.

Binho- Ana, eu preciso de você. – Meus olhos estavam se enchendo de lágrimas, essa história só poderia ser mentira.

Ela me levou até a praça e nós nos sentamos em um banco.

Ana- Me explica o que aconteceu.

Contei toda a história para ela.

Ana- Eu não sei o que dizer... – Estava em choque. – Eu sempre estranhei você não dizer nada sobre seu pai, mas não sabia que era tão grave.

Binho- Eu tentei falar com ele antes de vê-lo aquele dia com outra família, eu mandei cartas, e-mails... Mas não importa o quanto você se importa, algumas pessoas simplesmente não se importam.

Ana- Shakespeare... – Dei um meio sorriso para confirmar.

Binho- Quer saber? Eu não quero falar sobre isso. – Limpei as poucas lágrimas que tinham em meu rosto. – Lembra de quando você descobriu que eu lia Shakespeare?

Ana- Como esquecer?

Binho- Acho que naquele final de semana eu comecei a perceber que sentia alguma coisa por você, só não queria admitir para mim mesmo.

Ana- Eu também. – Riu.

Nos aproximamos e eu puxei sua cintura para perto de mim, fazendo com que nossas bocas se encostassem. Foi um beijo calmo, que me fez relembrar toda a nossa história, todos os momentos que mesmo sem eu saber senti uma queda por ela, e de quando eu descobri que realmente era dela que eu gostava. Foi esse beijo que me fez relaxar um pouco com toda essa história do meu pai, foi esse beijo que me fez apaixonar ainda mais.

Pov. Bia

Estava no shopping com o Duda para comprar uma fantasia, mas estava difícil achar alguma. A gente queria ir de alguma coisa que combinasse, até porque eu queria deixar claro para todas as meninas que estivessem lá que ele é o MEU namorado.

Duda- Bia, você é muito complicada. Escolha logo alguma coisa aí.

Bia- Não posso fazer nada se até agora não achei alguma que eu goste.

Vendedora- Que tal essas? – Ela mostrou duas fantasias, uma de super homem e outra de mulher maravilha.

Duda- Eu gostei dessas.

Bia- É... Até que eu gostei também.

Duda- Pelo amor de Deus, é essa, né? – Ele não aguentava mais ficar vendo fantasia.

Bia- Ta bom – Ri. – A gente vai comprar essas, moça.

Compramos as fantasia eu até que fiquei bem satisfeita, o Duda nem se fala, ele adora super-heróis e essas coisas todas. Resolvemos comprar sorvete no shopping antes de voltar para casa, porém fomos comendo no caminho.

Duda- A festa vai ser irada né?

Bia- Nem me fale, eu to louca pra que chegue logo.

Duda- Eu também. Do que será que ela vai se fantasiar?

Bia- Do jeito que eu conheço a Vivi vai ser de alguma coisa cheia de frufru.

Duda- Ah, jure? – Foi irônico, pois isso era óbvio.

Bia- Ei, se liga garoto, quem te deu permissão pra falar assim comigo? – Brinquei.

Duda- Ui que medo, vai fazer o que? – Peguei um pouco de sorvete e sujei o seu nariz. – Não acredito que você fez isso. – Ele ameaçou colocar o sorvete inteiro no meu rosto, por isso eu dei um gritinho e corri, ficando um pouco na sua frente. – não precisa ter medo, é só respeitar. – Zoou.

Voltei para o seu lado e ele me puxou para um beijo. Na boa, eu mereço isso? Fui me apaixonar justo pelo Duda... Na verdade não sei como não me apaixonaria, ele é perfeito.

Pov. Gustavo

Estava andando de skate e resolvi passar pelo mesmo lugar onde acidentalmente atropelei a Ana na primeira vez em que a gente se encontrou, quem sabe eu a encontrasse por lá. Passai por uma praça e uma menina ruiva sentada em um banco me chamou a atenção, certeza que era ela. Conseguia ver apenas isso, pois a outra parte do banco estava fora da minha visão por conta de uma árvore. Segurei o skate com o braço e fui andando até lá com um sorriso, não sei por que estava sorrindo, foi automático. Quando estava perto do banco vi que ela não estava sozinha, estava com o Binho, na hora o meu sorriso se desmanchou. Eu ainda não descobri o porquê de eu ter vontade de estar perto dessa menina, porque até agora tudo o que ela fez foi me dar patada, mas sei lá, ela é linda.

Resolvi nem atrapalhar eles, ela não ia gostar de me ver mesmo. Saí da praça e novamente andei por aí sem destino.

Continua...