Capítulo 35:

Pov. Binho

Eu tava com a Teca quando Ana abriu a porta do nada e me chamou para salvar o teatro. Confesso que foi constrangedor ela me ver lá, mas nem liguei. Segundo ela, o Thiago tinha passado mal e como eu sabia as falas era a única solução. Acabei aceitando, mesmo com medo de errar na hora, até porque eu nem ensaiei, mas não custava nada arriscar, né? Me vesti rápido e entramos no palco, finalmente (ou não) a cena V (5) chegou, e eu gelei nessa hora.

“ROMEU - Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio,

peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência.

JULIETA - Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos

pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.

ROMEU - Os santos e os devotos não têm boca?

JULIETA - Sim, peregrino, só para orações.

ROMEU - Deixai, então, ó santa! que esta boca mostre o caminho certo aos corações.

JULIETA - Sem se mexer, o santo exalça o voto.

ROMEU - Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados.”

Nessa hora fiquei nervoso, fazia tempo que não falava com a Ana, muito menos a beijava. Nos aproximamos e nossas bocas se encostaram, nada de beijo técnico como a professora havia ensinado, foi tudo real. Não queria sair daquele momento, era como se eu e ela nunca tivéssemos brigado, era como se agora tudo fizesse sentido. Eu gosto da Ana, eu amo ela e é com ela que eu quero ficar... Como não percebi isso antes? Como só agora pude ver o quanto ela é importante na minha vida? Como nunca me toquei que esse era o motivo de eu ficar nervoso quando encontrava ela algumas vezes ou de sentir ciúmes dela?

Nosso beijo durou mais do que tinha que durar, quando nos separamos olhei fundo nos seus olhos e foi inevitável um sorriso de ambas as partes... Será que ela sente o mesmo que eu? O resto da peça foi ainda melhor, foi como se houvesse mais sintonia, e a cada cena nossa juntos, essa sintonia aumentava. Quando tudo acabou todos da plateia levantaram, aplaudiram e assoviaram, acho que deu tudo certo. Fomos para o camarim e recebemos vários elogios, mas ainda não consegui falar com ela sobre o que tava entalado aqui dentro.

Pov. Mosca

Foi difícil ficar longe da Mili no palco, ela tava gata de mais, sorte minha ter ela como namorada, ter ela só pra mim... Por falar nisso, percebi que o Juca ta de gracinha pra cima da Pata nesses últimos dias, e não gosto nada disso, quem ele pensa que é? Minha irmã só pode namorar com quem EU aprovar, e nunca aprovaria com o Juca, aquele cara é encrenca. Mas não queria pensar nisso agora, eu mandei uma mensagem pra Mili me encontrar no jardim e fui esperar ela. Pouco tempo depois ela chegou e ficou me procurando, abracei-a por trás e beijei o seu pescoço.

Mili- Você me deu um susto! –Disse rindo.

Mosca- Essa era a intenção. –Também ri e depois ela se virou para mim e nos beijamos. – Eu já disse que você é linda?

Mili- No mínimo umas dez vezes... Só hoje!

Mosca- O que eu posso fazer se você é a menina mais linda, maravilhosa e perfeita desse mundo?

Mili- Humm... Não sei, acho que você pode me dar mais um beijo, ajudaria. –Disse de um jeito fofo.

Mosca- Então eu faço esse sacrifício. –Ironizei e depois nos beijamos.

Cara, a Mili é perfeita mesmo né? Ela era santinha, mas ao mesmo tempo tão... Ah, vocês sabem. No nosso beijo ela dava leves mordidas no meu lábio, e raspava suas unhas nas minhas costas, como me comportar com isso? Quando me dei conta, começou a chover, nos olhamos, sorrimos e voltamos a nos beijar. Depois de estarmos encharcados, fomos para uma cobertura e ficamos por lá, deitados e conversando.

Pov. Bia

Hoje o dia foi corrido e eu estava cansada, depois que toda aquela agitação acabou eu fui para o meu quarto que estava vazio, tirei meus brincos e coloquei-os em cima da mesa, ao fazer isso percebi um bilhete.

Bia- Será se o Rafa voltou com aquela história de mandar cartinhas pra Cris? –Falei ara mim mesma.

Não resisti e li o bilhete que dizia “Bia, me encontra no ginásio, bjs Duda”. Abri um enorme sorriso, e fui correndo para o ginásio, com a roupa do teatro mesmo. Chegando lá ouvi uma música e estranhei, depois vi Duda com uma flor na mão.

Bia- Duda? –Disse espantada, não sabia que ele era romântico assim.

Duda- Acho que depois de tudo a gente merecia um tempo pra nós dois, né? –Nos aproximamos e nos beijamos, estava ainda mais apaixonada.

Depois que nos separamos, Duda aumentou o som da música, e se ajoelhou na minha frente.

Duda- Me concede essa dança?

Bia- Não sei se faz muito o meu estilo...

Duda- Ah, vai me dizer que você nunca sonhou em ter uma noite de princesa? Até garotas como você sonham com isso.

Bia- Eei, o que você quer dizer com isso? – Ri um pouco e ele me olhou com cara de cachorro abandonado na mudança. – Com essa carinha é impossível dizer não... – Ele levantou e começamos a dançar essas músicas calmas.

Duda- Bia, eu quero te pedir desculpas... – Disse com uma cara tristinha.

Bia- Desculpa pelo o que? Ai meu Deus... Você me traiu? Foi com aquela Carol, não foi? – Estava ficando nervosa e ele riu da minha cara. – Do que você a rindo?

Duda- Você acha mesmo que eu te trocaria por aquele serzinho insignificante? Sério? – Ele continuava rindo.

Bia- Vai saber né? Mas fala, porque você ta se desculpando?

Duda- Por todas as vezes que eu fui um idiota com você, pelas vezes que eu bebi... escondido...

Bia- Escondido? Você ta bebendo ainda Duda? – Parei de dançar.

Duda- Calma! – Pegou minha mão e continuou dançando, mas eu tava indignada. – Eu bebi sim, mas a última vez faz um tempinho já, eu juro.

Bia- Que tempinho?

Duda- Sei lá, uma semana mais ou menos.

Bia- Uma semana? Isso não é nada.

Duda- Pra mim é, oras. E eu to me esforçando pra parar... Eu to me esforçando por você! – Sorri.

Bia- E você vai conseguir, eu sei disso. Desculpa eu por ser tão cabeça dura. – Rimos um pouco.

Duda- É isso que eu gosto em você, você tem atitude. É por isso que eu não quero que meus defeitos estrague tudo isso sabe? –Ela ia continuar falando, mas antes isso coloquei meu dedo em sua boca, como forma de silencio.

Bia- Eu conheço todos os seus defeitos e continuo te achando perfeito! – Depois disso nos beijamos e continuamos lá por mais um tempinho.

Pov. Thiago

Fiquei aliviado por ter dado tudo certo, eu não me perdoaria se o teatro fosse um fracasso por minha culpa, mas acho que ficou até melhor assim, do que se eu fosse o Romeu. Estava eu, Tati e Ana na sala de estar conversando, nós nem tínhamos tirado a roupa do teatro ainda.

Thiago- Eu só não entendi uma coisa, como o Binho sabia de todas as falas?

Tati- E como você sabia que ele sabia? – Perguntou pra Ana.

Ana- Ah gente, é melhor vocês perguntarem pra ele, se eu contar é possível que ele fique ainda mais bravo comigo.

Binho- Quem disse que eu to bravo com você? –Disse entrando na sala.

Ana- Você?! –Disse o óbvio.

Binho- Isso é passado, eu fui um idiota.

Olhei para Tati e ela entendeu que deveríamos deixar os dois sozinhos, por isso saímos dali de fininho. Fomos para a área da piscina e sentamos nas cadeiras de tomar sol que estavam na cobertura.

Thiago- Será se eles vão se acertar? – Me referi á Binho e Ana.

Tati- Acho que mais do que isso.

Thiago- Como assim?

Tati- Você não viu o climão que tava entre eles no teatro? Certeza que Vão ficar juntos.

Thiago- Será? – Dei risada. – É... Acho que eu shippo BiAna.

Tati- BiAna?

Thiago- Ana e Binho, oras. – Rimos.

Tati- Que vontade de entrar nessa piscina...

Thiago- Bora?

Tati- Se a gente molhar essas roupas a professora nos mata, apenas.

Thiago- Não seja por isso. - Eu disse, e logo depois comecei a tirar a roupa.

Tati- Ta maluco? Ta chovendo!

Thiago- Qual a diferença isso com roupa de banho? Nenhuma, então azar. – Pulei na piscina e ela não sabia o que fazer. – Você não vem? A gente se molharia com ou sem chuva.

Tati- Eu não acredito que vou fazer isso! – Disse ela tirando a roupa e ficando apenas com a roupa de baixo, depois pulou na piscina.

Thiago- Ué, naquele dia a gente entrou na piscina assim... No dia que a gente... Se beijou. – Ela ficou um pouco constrangida, mas concordou.

Tati- Thiago, sobre isso... – Ela ia falar alguma coisa, mas não resisti e a interrompi.

Thiago- Eu queria dizer que esse beijo serviu pra me dizer o óbvio. Eu não quis dizer na hora porque tive medo, mas acho que nesse mês ficou mais do que claro que eu te amo Tati, eu sempre te amei, só não sei como não percebi isso antes...

Tati- Eu ia dizer a mesma coisa.. – Ela disse com um sorriso no rosto.

Sabe quando um peso sai das suas costas? Era assim que eu estava me sentindo. Era o dia mais feliz da minha vida. Nos aproximamos e nos beijamos, o beijo mais apaixonado e verdadeiro de toda a minha via. Estava com medo de isso não dar certo, mas arriscar pela Tati vale a pena, e é isso que eu estou fazendo.

Continua...