Capítulo 21:

Pov. Bia

Fui para a escola, almocei e as aulas já começaram. Como não teve aula de manhã, os intervalos foram muito curtos, e eu só tive tempo de descansar depois que tudo acabou e já era 17:30. Tomei banho, coloquei uma roupa normal e leve e fui para o jardim que ainda estava bem claro por causa do horário de verão. Deitei na grama, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos, só assim para esquecer todos os meus problemas. Senti alguém se aproximando, abri os olhos e tive um pouco de dificuldade para identificar quem era por causa do sol, então ele deitou no meu lado e percebi que era o Duda. Não o dei muita atenção, até que ele tirou meus fones de ouvido.

Bia- O que você quer?

Duda- Queria te entender.

Bia- Se prepara, porque dizem que não é fácil.

Duda- To vendo.

Bia- Mas qual o problema agora?

Duda- Uma hora você diz que ta tudo bem entre a gente, e depois me trata super mal no clube.

Bia- Claro, você me deu um baita susto! –Me sentei e ele também.

Duda- Foi mal, é que eu não vi que era você.

Bia- Conta outra...

Duda- Eu to falando sério, se não quiser acreditar não acredita. –Ficamos um tempo em silêncio olhando para baixo.

Bia- Duda, eu sei que não tem muito a ver com o assunto, mas você continua bebendo?

Duda- Porque você quer saber?

Bia- Apesar de eu te odiar, eu não gosto de ver pessoas se destruindo dessa forma.

Duda- Eu sei que você não me odeia! –Revirei os olhos - Mas faz tempo que eu não bebo. –Deu meio sorriso. –Mas porque você diz tanto me odiar?

Bia- Porque você parece ser o tipo que não ta nem aí pra nada, que só se aproxima dos outros quando acha que essa pessoa pode te oferecer algo...

Duda- Ei –Me interrompeu – Nem sempre somos oque parecemos.

Bia- Como que não? Nós somos exatamente oque parecemos!

Duda- Me dê um bom motivo pra acreditar em você, então.

Bia- A Vivi parece ser metida, fútil, filhinha de papai, e é exatamente isso! Não é um bom exemplo?

Duda- Não! A Vivi pode ser vaidosa, mas ela é muito legal.

Bia- Só com quem ela quer ser legal! Mas o assunto aqui não é a Vivi, me diga agora, um motivo pra eu acreditar em você.

Duda- Bem... Eu conheço uma pessoa que parece não se importar com nada, muito menos com a opinião dos outros. Ela fala oque pensa, age como se não precisasse de ninguém, mas eu sei que é tudo mentira, ela é uma garota sensível que adora atenção e que gosta dos outros, não liga pros defeitos. Ela demonstra ser alguém que ela não é, porque tem medo, medo de se ferir, ou de se frustrar, mas no fundo ela é uma garota como outra qualquer.

Ele olhava fundo nos meus olhos quando disse isso e eu fiquei sem chão. Nunca ninguém tinha me definido tão bem.

Bia- Acho que conheço essa garota... Você é um ótimo observador! –Ainda estava sem jeito.

Duda- Você acha?

Bia- Tenho certeza.

Duda- Que bom! –Estava com um meio sorriso.

Bia- Eu nunca pensei que você pudesse ser assim.

Fomos nos aproximando cada vez mais. Eu sabia exatamente onde aquilo nos levaria, mas não me importava, era exatamente aquilo que queria naquele momento, minha boca necessitava da boca dele. Foi um beijo calmo e pelo incrível que pareça, cheio de sentimentos. Nos separamos por falta de ar e ficamos nos encarando por alguns segundos. Eu não sei ao certo oque estava sentindo, mas posso dizer que nunca me senti tão bem.

Pov. Matheus

Ainda estava meio inseguro em relação a Ana com o Binho, ela já me disse que não havia nada entre eles, mas vai saber se é isso mesmo? Eles passaram o final de semana inteirinho juntos e eu não quero nem imaginar do que pode ter acontecido. De manhã eu mandei uma mensagem dizendo para nos encontrarmos de noite e ela topou. Quanto mais tempo eu passar com ela, menos tempo ela vai passar com ele. Já estava na hora e eu fui até o bosque, que ficava mais pra trás do jardim. As chances do Jonas ou de outra pessoa nos achar lá eram mínimas. Pouco tempo depois ela chegou.

Matheus- Achei que não vinha mais!

Ana- Eu nem demorei tanto assim. –Ela cruzou os braços.

Matheus- Tem razão, eu que sou muito ansioso. Mas a gente veio aqui pra que mesmo? –Me aproximei dela, e ela de mim.

Nosso beijo foi mais selvagem dessa vez, a Ana me surpreendia a cada dia. O único problema é que tenho medo que isso se torne mais sério, não quero me envolver tanto com alguém agora. Nós paramos de nos beijar e ela fez a pergunta errada, na hora errada... Ou não.

Ana- Matheus, o que a gente tem?

Matheus- Como assim?

Ana- A gente é alguma coisa? –Entendi onde ela queria chegar e fiquei assustado. Me afastei.

Matheus- Calma Ana, a gente só ta ficando.

Ana- Eu sei, mas só quero deixar claro que eu não sou o tipo de garota que fica uma vez e depois já é descartada!

Matheus- Mas isso não é o mesmo de namorar?

Ana- Não, namorar tem que ter pedido, conhecer a família...

Matheus- Chega Ana! –A interrompi – Isso tudo é besteira. Se eu quiser ficar hoje com você e amanhã não quiser mais, não fico! –Já estava ficando estressado.

Ana- Como é que é? Você é ridículo garoto!

Matheus- Vem cá! – A puxei e arrastei para fora do bosque, queria levar ela até a sala de estar.

Ana- O que você vai fazer?

Matheus- Vou te provar que sou livre!

Chegamos à sala e ficamos frente a frente, os dois enfurecidos.

Binho- Ta acontecendo alguma coisa aqui? –Veio até nós acompanhado de Thiago, Tati e Teca.

Matheus- Pronto, chegou seus amiguinhos.

Ana- Não fala assim deles, seu idiota!

Não pensei duas vezes e puxei a Teca para beija-la, sabia que era a pessoa que ela mais odiava. Quando nos separamos voltei a olhar Ana que estava quase na mesma cor do seu cabelo de tanta raiva, mas ela não deixou barato, puxou o Binho e o beijou na minha frente. Como ela teve coragem? Ela sabe que o Binho é a pessoa que eu sempre tive um pé atrás.

Pov. Binho

Antes de tudo acontecer eu, Tati, Thiago e Teca estávamos na sala conversando normalmente, até que Ana e Matheus chegaram. Nós estranhamos, pois os dois estavam com uma cara nada boa e por isso resolvemos ver se estava tudo bem. Resultado: Matheus, por algum motivo beijou e Teca e para dar o troco a Ana me beijou, isso mesmo, a ANA! Eu nunca pensei que isso algum dia fosse acontecer, quer dizer, no começo da nossa amizade eu até pensava, porque convenhamos de que ela é uma gata, mas depois isso não fazia mais sentido, nós não fazíamos sentido. Eu não sei ao certo oque deu em mim, mas ao invés de parar eu a beijei de volta, foi uma sensação estranha, pois como disse, nunca pensei que sentiria o gosto daquela boca que era tão macia... O que eu to pensando? Melhor para com isso e voltar para a Terra. Depois que tudo parou eu a olhei com uma cara de quem não estava entendendo nada, mas ela voltou o olhar para Matheus que também a olhava.

Matheus- Eu sabia que vocês tinham alguma coisa!

Ana- Se a gente tinha ou têm não é mais problema seu! –E saiu dali.

Claro que tudo sobrou pra mim, que sou uma pessoa inocente e não tenho nada a ver com isso. Todos da sala olharam pra mim, foi como se as garotas dissessem “Não acredito que fiquei com você, seu traidor”, os meninos dissessem “Pegando todas, ein!”, Tati e Thiaguinho “O que aconteceu aqui?” e Matheus e Teca “Eu vou te matar!”.

Binho- Que foi? Perderam alguma coisa aqui? –Me referi ao pessoal que estava assistindo o barraco de camarote e eles voltaram a fazer oque estavam fazendo como se nada tivesse acontecido. – E você é um idiota cara! – Cuspi as palavras para o Matheus e saí dali acompanhado de Tati e Thiago.

Continua...