Paradiso escrita por Olive Dunham Kenway


Capítulo 10
28 de Agosto de 2014


Notas iniciais do capítulo

Sinto muuuuuito pela demora gente! Eu estive tão ocupada nos ultimos meses, você não tem noção e sinto muito! Mas espero que gostem.



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Bem, esses últimos dias foram fodas. Sério. Eu achava que ia ficar preso nessa fazenda nos terrenos de Satanás sem fazer nada, sem internet, sem celular, sem minha cama ortopédica feita na Alemanha e sem minhas músicas. Mas a verdade é ainda pior.

Eu também preciso trabalhar.

Os Owen trabalham em uma cidadezinha perto daqui (que eu nem posso pensar em pisar) e preciso ficar de olho nas crias deles: Matthew e Carla de 8 e 16 anos.

O garoto é o filho do diabo, mas a menina é filha da Melinda, aninhada no seio do inferno e alimentada com a alma dos Santos.

E eu não estou exagerando nem um pouco.

Ela é aquela típica garota problemática e acho que isso é o suficiente para que vocês formem a imagem dela na cabeça de vocês. Quanto ao moleque, bem, ele é um moleque. Nada de diferente demais nele. Ele grita toda hora, se machuca ao menos 3 vezes na semana, vive rasgando seus shorts e nunca come a porcaria da comida. Sério, eu já pensei em jogar esse menino de cima de uma árvore esperar que ele quebrasse o pescoço e dizer que foi um acidente.


Cara, na minha época as crianças não eram assim não. Mas deixa eu contar pra vocês o que aconteceu hoje mais cedo e me digam se eu não tenho o direito dado pelos deuses de matar esses dois.

Então, lá estava eu , fazendo o almoço pras crionças, numa bela sexta-feira ensolarada quando Matthew entrou correndo na cozinha gritando:

—Tio Zash! Tio Zash!

Sim, agora eu sou tio e ainda sou "Zash".

—Que foi moleque? Já chamou sua irmã Pra almoçar?

—Eu não achei ela em lugar nenhum. Ela não tá no quarto, nem no balanço, nenhum lugar da casa! Nem no quintal. Eu já procurei.

—Procura direito, criança. – continuei misturando os temperos na sopa de carnes e legumes.

—Vai, Matt, ache sua irmã.

—Ela foi pra cidade, tio Zash. A gente têm que ir buscar ela.

—O certo é "busca-la" e "Zach" e não, nós não temos que ir busca-la. Se ela saiu por si mesma então vai voltar por si mesma.

—Mas minha mamãe vai ficar com raiva da Carla.

—Acho merecido.– provei o caldo. –Meu Deus, eu sou muito bom cozinheiro

—Tio Zash... Carla pode se machucar. A mamãe disse pra ela ficar longe do tio Mike e das balinhas dele.

—Balinhas? –finalmente olhei pro moleque. –como assim?

—Um dia eu vi a Carla falando com o tio Mike e pegando alguma coisa. Aí eu perguntei o que era e ela disse que era balinha, só que quando eu fui pedir balinha pro tio Mike ele disse que o que ele tinha não era pra criança. Aí eu contei pra mamãe e ela ficou com muita raiva e eu não gosto quando a mamãe fica com raiva.

—Matt– agora eu tinha ficado preocupado. –do que a sua mãe chamou as balinhas do tio Mike?

—Coca alguma coisa.

—Puta que pariu... –falei. –Nunca repita o que eu disse.– Ordenei a criança.


Peguei uma maçã na cesta de frutas e a dei para Matt, apaguei o fogão (largando a sopa meio pronta) e corri com o diabinho comigo até o ponto de ônibus mais próximo.
Sim, Eu, Zachary Russell, tive que pegar um ônibus para impedir a adorável Carla de se drogar como uma Verdadeira imbecil.

—Tio Zash, por que você tá preocupado? – ele perguntou quando subimos no busão.

Porque sua irmã está fazendo uma das piores escolhas da vida dela.

—Como assim?

—Matt, eu quero que você fique bem longe dessas coisas que sua irmã gosta.

—Tipo garotos?

—Isso você decide depois. Eu quis dizer dos amigos dela e principalmente do tio Mike, me entendeu?

—Tá bom. A mamãe e o papai também não gostam dessas coisas.

—Então ouça seus pais.

—Tá.

—Você não é tão ruim assim, moleque. Só precisa parar de correr pelado pela casa, atirar pedras em passarinhos, derrubar a comida no chão e destruir a propriedade alheia. Ah, e fica longe da minha tartaruga.

Ele riu e segurou minha mão. E eu até senti alguma coisinha no meu coração. Eu imagino se Magda gosta dessas crianças ou só dos pais. Mas acho que ela pode gostar das crianças, afinal, ela e Matt amam Pokémon.

Nós descemos na cidade e então deixei meu instinto de Vingador nos guiar até a garota. E eu juro que fiz o meu melhor para achar Carla o mais cedo possível, mas só consegui encontra-la quando o sol se pôs. Mas me dê um desconto! Eu não podia usar um computador nem ir na delegacia e acabei precisando fazer Matt pedir informações para mim, já que eu corro muito risco de ser reconhecido. E sério, teve uma velha que ficou me encarando por uns dois minutos e eu gelei até na alma pensando que ela ia me reconhecer, mas no fim ela ficou quieta e dormiu na cadeira de balanço.

Quando deu sete horas da noite e eu já tinha uma excelente ideia de onde Carla estava, eu deixei Matt na casa de uma amiguinho dele e pedi para o diabinho avisar aos pais dele que estamos bem e só viemos visitar um amigo das crianças na cidade. Eu saí da casa esperando que o garoto fosse capaz de mentir para os pais e que eu não estivesse ensinando algo péssimo pro Matt.

Mas de qualquer forma, eu tinha que ir atrás de Carla logo.

Eu fui para o parquinho abandonado na divisa entre a cidadezinha e absolutamente porra nenhuma. Eu acho bom dizer que eu nunca fui um grande atleta, então correr 3 milhas foi um belo sacrifício para mim.

Eu cheguei no parquinho abandonado arfando feito um porco do mato e suando feito uma vaca no pasto, mas ainda tinha fôlego o suficiente para gritar o nome de Carla 3 vezes ao ver um grupo de 4 jovens sentados debaixo de uma árvore no canto mais escuro do parque.


3 dos pirralhos correram quando eu gritei e eu implorei aos céus para que nenhum deles fosse Carla.

Mas Carla estava caída no chão, quase desmaiada e muito noiada.

—Você é a criança mais imbecil que eu já tive o desprazer de conhecer. –disse enquanto a erguia do chão e colocava seu corpo miúdo e rechonchudinho de Carla sobre as minhas pernas. –Vamos, desgracinha, fala alguma coisa.

—O que você está fazendo aqui?

—Vim te tirar dessa péssima escolha que você fez. –ajeitei sua regata para que cobrisse seus (falta) de seios e retirei os fios de cabelo de seu rosto suado. –Sabe, quando seus pais e professores dizem que drogas são ruins, eles estão absolutamente certos, entendeu?

—hum...

—Não, não, não, fique acordada, desgracinha.–dei tapinhas em seu rosto. – Vou te levar para casa. Fique comigo, ok?

—Por que você está me ajudando?

—Porque sou sua babá.

—Eu sei o que você fez. – ela se esforçou para olhar nos meus olhos. –Eu vi as notícias. Você matou...

—Não! –a interrompi. –Eu nunca matei ninguém. Eu já fiz muitas coisas erradas, mas nunca matei ninguém. Uma filha da puta que me odeia armou para mim, mas eu juro pra você, Carla, que eu não matei aquela família.

—Eu pensei que você não... –ela piscou lentamente. –tinha feito isso. Lena nunca ajudaria um assassino. Nunca nos colocaria em perigo. Por isso não contei a ninguém. Mas se meu pais descobrirem as coisas vão ser diferentes.

—Você vai contar?

Ela negou com a cabeça.

—Mas ligue para Lena e vá embora antes que alguém descubra.

—Sim, mas antes deixe eu te ajudar a sair dessa merda que você se jogou.

Ela assentiu chorosa.

Pensei que não ia conseguir carregar Carla até a casa onde deixei Matt, mas quando um morcego passou voando do meu lado eu corri como se estivesse sob uma benção de Hermes.

Passei na casa onde deixei Matt e peguei a criança. A dona da casa parecia bem preocupada ao ver um (praticamente) estranho carregando uma Carla semiconsciente indo na casa dela pra buscar um menininho, mas ela não disse nada.

—Ela está bem, tio Zash?

—Sim.– Carla respondeu, mas não acho que ele acreditou, já que ela estava pálida, arfante e jogada nos meus braços sem conseguir andar.

—Vou levar os dois para casa. –disse. –Matt, segure minha blusa tá? Não solte em hipótese nenhuma, me ouviu?

—Tá bom. –ele segurou em mim e não soltou.

Eu agora acabei de "explicar" aos Owen porque sumimos o dia inteiro. Eu disse que Carla bateu a cabeça em uma árvore enquanto brincava com o irmão no parquinho da cidade, mas que eu já chequei e não é nada e que sentia muito pelo meu descuido, mas mesmo tendo recebido algumas reclamações da mamãe protetora, estou bem porque livrei a pele de Carla.

Ei, eu logo pros outros ok?! Eu sou um altruísta.

Mas sério, na minha época as coisas eram diferentes em cidades de interior. Crianças escalavam cercas pra roubar frutas e não escapavam de casa pra usar drogas em um parque abandonado.

Eu acho que isso é resultado de uma infância sem desenhos animados decentes nas manhãs antes de pegar o busão pra escola. E não venha me dizer que Hora de Aventura, Mundo de Gumball e Just a Regular Show são coisas de criança porque NÃO SÃO. Desenhos pra criança são coisas tipo Coragem, o Cão Covarde (mesmo que eu tivesse um medo do caralho desse desenho), Inuyasha, Yu Yu Hakusho, Samurai X, As Meninas Super Poderosas, A Mansão Foster para Amigos Imaginários, He-man, Tunder Cats, Caverna do Dragão e aqueles que vão até 2006. Depois disso é só porcaria. Não deixem seus filhos assistirem essas porcarias de hoje em dia. Faz mal pra cabeça.
E se achou ruim o fato de eu odiar esses desenhos atuais, pode ir se foder porque eles são ruins sim e você tá errado.

Mas de qualquer maneira, Carla quis dormir no meu quarto e Matt a acompanhou, então agora eu estou sentado no colchão que colocaram no chão pra mim enquanto Carla e Matt dividem minha cama. Não estou exatamente feliz com esses dois pirralhos dormindo comigo, mas acho que vai ser importante ter eles do meu lado quando os Owen descobrirem sobre o que a Melinda colocou nas minhas costas.

E eles podem tirar os morcegos que entram no quarto durante a noite porque eu NÃO ENCOSTO naqueles servinhos de Satanás.

Mas as coisas estão melhores agora. Quando cheguei aqui, sentia como se eu tivesse regredido 14 anos na minha vida. Não sei se todos vocês sabem, mas eu cresci numa fazendo no interior do Alabama. Sim, Alabama. E se você estiver pensando "Ha ha ha, o Zach é um caipira!" só te digo uma coisa: nunca matei ninguém, mas nunca é tarde demais pra começar.


De qualquer forma, eu tenho que acordar cedo pra cuidar das crianças, então vou dormir.

Tenham um bom dia.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Me avisem ok? Mandem perguntas pro Zach e pros outros (Etta, Carla e Matt também estão respondendo. Melinda e Magda estão com uns problemas e não podem ;P)



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