A ultima noite do ano é, e sempre será, a melhor ocasião para pedir desculpas à alguém especial.

~***~

Peguei meu telefone celular, que estava sobre a mesa de centro, da enorme sala de estar. Disquei os números tão conhecidos.

Talvez, eu nunca tenha ficado tão nervosa por estar ligando para ela...

- Alô..?! - A voz suave de sempre, e que eu tanto amava, era um pequeno presente para mim. Josephine, era seu nome. Oh... E que belo nome. O nome que rondava minha mente todas as noites, desde a primeira vez que a vi.

-J-Josephine... Sou eu, Tsukki... Por favor, não desligue... - Eu estava três vezes mais nervosa agora. - Apenas ouça o que tenho a lhe dizer, sim?

-Uhum... - Fora minha única resposta.

-Bem, depois de sete meses, três dias, vinte e uma horas e quarenta e sete minutos, eu tomei coragem para me desculpar. Sei o quão alterei sua vida, de forma negativa, é claro. Afinal, minha função parece ser esta, pelo visto...

Pude ouvir um suspiro vindo de Josephine... Coisa que me deixou ainda mais nervosa, apesar de parecer, aparentemente, impossível. - E... -Enchi os pulmões de oxigênio, e prendi a respiração por alguns segundos. - Eu ainda te amo. Apesar do tempo ter passado e ter perdido sua amizade, eu ainda te amo. Apesar de quaisquer outros motivos, eu ainda te amo. - Me calei por um tempo mínimo. - Olha... Me desculpe, sim? Eu só queria te fazer feliz, queria poder estar ao seu lado, sempre... Minha intenção era a mais pura e nobre, eu juro. - Meus olhos estavam marejados, minha voz tremula e meu nervosismo gigantesco. - Me desculpe por destruir sua vida, seus sonhos e todo o resto, eu só queria ter-te comigo. Sei que parece egoísmo, mas eu queria poder acordar todas, olhar para o lado, e ver-te, serena, dormindo. Foi egoísmo demais de minha parte, eu estou completamente ciente. Envergonhada até. - Já não podia conter minhas lágrimas, que teimavam a passear pela minha face, sem minha autorização. - Eu estou sendo patética, não? - Tentei rir. - Você pode estar me odiando dez vezes mais, depois disso tudo, que acabei de dizer. Você tem todo o direito.

-Na verdade, não... - Josephine sussurrou em resposta. Talvez pensasse que eu não iria ouvir. Felizmente (ou não) enganou-se.

Eu já havia esquecido-me do quão doce a voz de, minha querida, Josephine.

-Sinto tanta de tê-la por perto... - Suspirei.

Por alguns instantes, o silêncio se fez presente, e aquilo parecia o pior tipo de tortura.

Pude ouvir pessoas gargalhando ao fundo e pessoas desejando felicitações, talvez.

-Feliz ano novo, Tsukki... - Josephine dirigiu-se, tão doce, à mim. - E... Ela parou, talvez selecionando palavras. - Eu também te amo, ainda. Não se preocupe, eu não lhe odeio ou algo assim... Queria poder ter te feito feliz, mas.. Como já sabe, não posso lhe fazer feliz... Sinto muito, Tsukki.

Nesse momento, não haviam palavras para expressar minha felicidade.

-Nos falamos mais tarde, sim...? Minha família.. Bem, você sabe. - Josephine parecia tímida.

-Oh... Sim. Tudo bem... Feliz Ano Novo, Josephine, querida! Feliz ano novo. - Sorri, enormemente. Pude ouvir um riso baixo e tímido, e então, desliguei.

Finalmente, tudo estava se ajeitando.

Nada, nem ninguém, poderia destruir minha felicidade agora.

Fui até a sacada, e observei o céus iluminados pelos inúmeros, e coloridos, fogos de artifício.

Entrei novamente, e peguei uma taça de vinho. O favorito de Joshephine e que, afinal, tornou-se o meu favorito também.

Sentei-me e fitei a janela, iluminando-se por colorações vivas e diferentes.

Ergui a taça, como se oferecesse à alguém, e sussurrei:

-Feliz Ano Novo, Josephine, meu amor...

The End...