Existia uma ponte entre Kagome e Inuyasha que precisava ser cruzada, e ela sabia disso perfeitamente, mas talvez, isso nunca acontecesse. Para preservar a vida do homem que amava, seria capaz de entregar seu corpo a outro. Desejava pertencer somente a Inuyasha, mas acima de tudo desejava que ele vivesse, e não poderia ter dois. Hayato não permitiria. Portanto, quando Inuyasha chegasse e ela sabia que chegaria, ela o rechaçaria da forma mais cruel e fria que seu coração permitisse, o mandaria embora para bem longe dali e passaria o resto da vida com Hayato, mas só metade sua estaria viva, porque a outra metade ela mataria assim que o fizesse partir.

Kagome chorou e soluçou até suas forças se exaurirem por completo tinha que aproveitar enquanto estava só, para chorar tudo o que pudesse, pois não se permitiria parecer fraca na frente de Hayato novamente. A tempestade lá fora cedera, dando lugar a um luar prateado hipnotizante que iluminava a caverna, já estava alta no céu, o que significava que a madrugada avançava. Quando o sono e o cansaço por fim a venceram, ela entregou-se nos braços de Inuyasha em seus sonhos e uma lágrima furtiva escorreu, pois seu subconsciente sabia que tudo não passava de ilusão e que o toque real do corpo do homem amado no seu nunca aconteceria.

Quando Hayato chegou, ele encontrou-a adormecida ali mesmo, no chão frio da caverna. Teimosa como era não deitara para descansar na pele de lobo.

_Como dorme tranquila... tocou-a de leve nos cabelos.

_ Inuyasha... – um sussurro.

_ Logo, minha doce pequena, amaldiçoará o dia em que conheceu este maldito hanyou.

Ele caminhou até onde estava a pele de lobo e pegando a colocou sobre Kagome, que a principio se mexeu, mas vencida pela exaustão não acordou.

Nos sonhos de Kagome ele sussurrava seu nome. Era uma voz que lhe trazia doces sensações, segurança e que inundava lhe o coração de felicidade.

_ Tenha fé em mim, Kagome meu amor! Eu nunca desistirei de encontra-la... – dizia-lhe enquanto lhe beijava o pescoço.

Ela reconheceria aquela voz entre milhares de outras vozes. Era o único homem que amara e que amaria na vida. Daria sua alma por ele. E como queria ter dito o que o amava, antes que tudo tivesse acontecido.

_ Eu amo você Inuyasha... – sussurrou ainda dormindo.

Hayato trancou os dentes tão ferozmente, que um filete do próprio sangue lhe escorria pelos lábios. Simplesmente não podia entender. Um ser como ele, superior em todos os aspectos, vindo de uma alta linhagem de Daiyoukais, um nobre, um príncipe. Todos os outros youkais de curvavam perante sua magnificência e agora, que achara a mulher com quem queria partilhar sua vida e seu reino, ela não o aceitava por causa de um maldito inferior meio youkai.

_ Você vai morrer lentamente pelas minhas mãos maldito! – disse baixinho.

Quando o sol finalmente surgiu no horizonte, trazendo consigo uma nova esperança e devolvendo os poderes de youkai para Inuyasha ele se ergueu do solo enlameado que marcara sua vergonha, tão feroz e pronto para a batalha que seguiu o rastro de Hayato, mesmo que fosse fraco. Ele só vias duas coisas à sua frente: Os doces olhos de Kagome e as presas peçonhentas e desafiadoras do Daiyoukai que se julgava superior e no direito de tomar posse daquilo que sempre o pertencera. Kagome chamais seria tocada por outro homem ou youkai, enquanto Inuyasha estivesse vivo, mesmo que só lhe restasse alguns instantes de vida, ainda assim a protegeria contra tudo e contra todos, dando o máximo que restasse de suas forças.

Depois de percorrer toda uma infinidade de florestas devastadas pelo poder maligno de Hayato, Inuayasha por fim chegou no local de onde podia se ver uma enorme parede negra de miasma. Era densa e seria quase impossível para qualquer youkai atravessá-la, mas ele não se importava, chegaria até sua mulher, custasse o que custasse.