Onde Se Meteu O Pai Natal? escrita por Fantine
O Pai Natal desapareceu
Já a televisão apregoa
Dizem que o Natal morreu
Até parece que a notícia é boa!
Não falta publicidade
Ao desaparecimento do bom velhinho
Sabe já toda a humanidade
Sabes tu e o vizinho!
Ainda ontem estava o tal
Na sua mansão no Polo Norte
Era véspera de Natal
Vejam bem a sua sorte!
Hoje já ninguém o acha
Estamos nós a vinte e quatro
Foram-se as prendas da caixa
Até parece um teatro!
Dizem que o trenó foi encontrado
E também as renas das lendas
Só o Pai Natal, coitado,
desapareceu com as suas prendas!
Não há pistas no local
Não há pegadas ou impressões
Será este o fim do Natal,
Das rimas e das canções?
“Talvez esteja na Lapónia, fresquinho”
Dizem os do Norte da Europa contentes
Todos sabem que as montanhas são o seu cantinho
Foi para lá que levou os presentes!
“Talvez esteja em Penedo”
Dizem as pessoas do Rio
Está calor, não têm medo
Imaginem se estivesse frio!
Alerta-se a polícia
«Que todos procurem por ele!»
Mas nem com toda a milícia
Se soube alguma coisa dele.
Aqui está o que sabemos
Não vos vou mentir
Acreditem no que dizemos
Não estamos aqui para fingir.
Mora com a Mãe Natal
E todos os seus elfos trágicos
Ela a cozinhar de avental
Eles a fazerem brinquedos mágicos!
Como será que eles estão
Agora que ele desapareceu?
Todos choram o bonacheirão
E o que lhe aconteceu!
A Rodolfo já não brilha o nariz
E não é só por não ter namorada
Lá se foi o seu chamariz
Agora é que não arranja nada!
Corredora já não corre tão depressa
Até anda bem devagar
Acabou-se a sua pressa
Pois já não lhe interessa voar!
Dançarina parou de dançar
Jingle Bells já não lhe dá alegria
Até a cabeça parou de abanar
Acabou-se toda a folia!
Empinadora também anda cabisbaixa
Já não empina o pescoço como antes
Costumava chegar aos presentes da caixa
Agora não passa da estante!
E a Raposa, alguém sabe onde anda?
Está comendo chocolate deprimida
Com o Cometa que dá
Beijinhos na sua querida.
O Cupido é que não concorda
Pois sabe que não é São Valentim
Mas com o Natal na corda
Ainda arranja um motim!
Pior que eles só Trovão
E Relâmpago, seu amigo
Estão à espera do nevão
Pensam que estão de castigo!
Todos andam descontentes
Pensa que já não há celebração,
Só na Terra os presidentes
Acreditam na salvação!
Entretanto já a manhã se foi
E nada de encontrar o homenzinho
«Já temos na linha o boi»
Diz uma expressão lá do Minho,
«Deve se resolver o mistério»
Fala uma preciosa dama
Não sei qual é o seu critério
Devia era estar na cama!
«Quero todos a procurarem o São Nicolau
E não se esqueçam do meu presente»
Fala agora um homem mau,
feio e descontente.
Homens maus não têm presentes
Tal é muito descabido
Nem o carvão os põe contentes
Isso é certo e sabido!
«Mantenham a calma que tudo se resolverá»
Fala agora um chefe de estado
«Achei alguém que o encontrará»
Disse apontando para o sujeito ao lado.
Este diz com toda a humildade:
«Já a polícia o procurou
Mas para nossa infelicidade
Ainda ninguém o encontrou.»
«Resolverei pois o caso
Com tudo isto que se cata
Não digo isto ao acaso
Sei bem do que se trata!»
«Só escutei as balelas
Que se dizem por ai
Em todas essas vielas
Foi apenas o que eu ouvi.»
«Eu sou o inspetor Renato»
Diz ele impondo respeito
E com o seu belo fato
Não lhe encontro defeito.
Então lá pelo meio-dia
Começa a sua tarefa
Ouvindo o rumor que crescia
Dito pela Dona Josefa.
Dona Josefa é pois
Fazendeira no Polo Norte
Num lugar tão gelado para os bois
Esperamos que tenha sorte.
Diz ela assim:
«Foi um menino traquina,
Chamado Jasmim
E que vive ali na esquina .»
Foi então o inspetor averiguar
Se o boato era verdade
Mas Jasmim a falar
Lhe mostrou a herdade.
Não havia nada
Nem um presente sequer
Era uma mentira pegada
Dita por um qualquer.
Até fazia sentido
Para alguns tipos de filmes
Um maroto desmedido
Cometendo tais crimes.
Seguindo mais um exemplo de filme
Ele foi ter com Fred Natal, o fanfarrão
Acusando-o do crime
De raptar o irmão.
«Todos conhecem o seu ciúme
Em relação ao seu irmão
Mas no Natal é costume
Apelar ao coração.»
Responde-lhe então o outro em suma
Que nem era um mau homem
Não tendo culpa nenhuma
Fizeram-no pior que um lobisomem.
«Não sei do que fala
Nem sei se quero saber
Pegue na sua mala
E faça o que tem a fazer»
Procurou o inspetor por toda a vivenda
Pois Fred não era um homem pobre
Apesar da sua contenda
Não lhe faltava um cobre.
Nada encontrou
Naquela casa enorme
E bem que procurou
“Podia jurar pelo meu uniforme!”
Estava farto de procurar
E já passavam das duas da tarde
Foi então lanchar
Rezando para que Deus o guarde.
O Natal estava perdido
Era o que ele achava
Jesus era quem tinha nascido
E quem tudo doava,
O Pai Natal e os presentes
Não deviam ser os principais
Jesus e todos os crentes
É que eram os reis dos Natais.
Às três da tarde voltou
Ao seu difícil trabalho
Encontrar Nicolau e quem o roubou
O culpado do embaralho.
Investigou então
Juntos dos Pais Natais
Aqueles que estão ao portão
Em todos os Centros Comerciais!
Perguntou com mestria
Onde estava Nicolau
Mas nenhum deles sabia
Daquele cara de pau.
Foi então até à Primavera
Onde vive o Coelhão
É lá que ele espera
Pela sua ocasião.
«Na Páscoa morre Jesus, a nossa salvação
Mas disso ninguém quer saber
Só os símbolos da comercialização
Estão cá para valer.»
O Coelhão também não sabe
Onde está Nicolau
Está tão gordo que nem cabe
Nos seus ovos de cacau.
«Aqui não está ele»
Diz o Coelhão
«Este não é lugar para aquele
Que vive acima do chão.»
Saiu então da toca do coelho
E foi procurar noutras paragens
Para onde nem o pior fedelho
Levaria as suas bagagens.
Foi para as terras do Medo
Onde habita o Bicho Papão
Vive lá em segredo
Com medo do comilão.
Que é o comilão afinal?
Isso posso responder.
É o Pai Natal,
Quem mais haveria de ser?
O Bicho Papão não o viu
Não vê, nem queria ver
Da última vez fugiu
Com medo do que poderia acontecer.
Parece mais um Bicho Medroso
Do que um Bicho Papão
Tem medo do Pai Natal, o dengoso
E também do Coelhão.
Porque tem medo afinal?
«É da alegria das crianças
Pois todas essas festanças
Lhes dão mais que a habitual.»
Foge dali o inspetor
Tão branco e assustado
Tem medo da dor
Que o Papão lhe há causado!
É que só a sua presença
O assusta e amedronta
Dizem que é como uma doença
Que a todos afronta.
Já são cinco e meia
E não há nenhum progresso
«A situação do Pai Natal está feia»
É isto que eu confesso.
Foi então à América
À agência que controla o espaço aéreo americano
E a situação atmosférica
Vivida no oceano.
O “Santa Tracker" usou
Tentou rastrear o Pai Natal
Mas o pobre nada encontrou
A não ser no final.
Já estava para ir embora
E desistir afinal
Mas para ele, saltar fora
Era um erro fatal.
O Pai Natal não estava na Terra
Por isso não o pôde encontrar
Tinha sido raptado, era guerra
Contra os extraterrestres deviam batalhar!
Ligou então aos presidentes
E logo lhes anunciou
«O Pai Natal e os presentes
Já eu sei quem os roubou!»
«Foram extraterrestres
Isso lhes garanto
Foram essas grandes pestes
Que o levaram em pranto.»
Ligaram então para a NASA
A perguntar por um foguetão
“Não temos um só cá em casa,
espero que nos desculpem, perdão.”
Como podia ser?
Estaria o Natal perdido?
Já é tempo para um herói aparecer
E salvar o Papá querido.
O seu nome de código era Perigo
Pouco gostava do que os pais lhe deram
Iria encontrar Nicolau no abrigo
Onde os extraterrestres o puseram.
Pegou então no trenó
E voou além do céu estrelado de encantar
Com as renas e o pó
Que lhes dava o poder de voar.
Com o nariz de Rodolfo iluminando
O caminho escuro final
Ali ia rastreando
O lugar onde estava o Pai Natal.
Mas quem é este herói
Que o Natal tenta salvar?
É o sobrinho de Nicolau, um playboy
Que a todos nos vem alegrar!
Pois que tem de pertencer à família Natal
Para o trenó conduzir
Será ele no final
Que as prendas irá distribuir?
«Corredora em frente,
Avante Trovão
Sobrinho do Pai Natal não mente
Honesto é o seu coração»
«Vamos salvar o meu tio
Que não posso fazer isto sozinho
Não posso dar prendas com este frio
Mesmo que com muito carinho»
«Só o meu tio o poderá fazer...
Mas que é isto que vejo?»
Lá bem à frente, mal pode crer
Um pequeno vilarejo.
Trava de imediato o trenó
E desce devagarinho
Ata-o a uma árvore com um nó
E arrepia caminho.
Vê logo vir uns bichinhos
Muito pequenos e de pouco valor
Parecem muito fofinhos
Mas picam que é um horror.
Apanhou logo um com o dedo
Mas viu que pouco sabia
Pediu que o levassem ao chefe com medo
Das picadas que ele lhe faria.
«Mas que lugar é este tão estranho?
Parece-se muito com a Terra.
Estes extraterrestres que apanho
Tão pequenos e querem guerra?»
Na casa do chefe estavam
Todos os presentes de Natal
O que é que eles planeavam
Contra os humanos, afinal?
O chefe era bem maior
Quase chegava aos seus cotovelos
Em altura, era o pior
Pensou em morder-lhe os joelhos.
Mas o menino logo se afastou
E agarrou no seu presente
Era uma pistola de água que pegou
E disparou imediatamente.
O rei recuou, assustado
Não devia haver líquido ali
Apenas na Terra há água nesse estado
«Com certeza não há aqui!»
Intimidado com tudo isto
O rei dos ET's falou
Contou-lhes do imprevisto
E como tudo se passou.
«Não temos nada contra os humanos
Ou contra as vossas festas
Apenas temos os nossos planos
E as nossas florestas.»
«Quando o senhor Natal vem aqui deitar o lixo
Pensa que somos insetos e não há perigo
Chama-me sempre “bicho”
E não escuta o que lhe digo.»
«Polui as nossas florestas
Com restos de papel e fitas
É tudo culpa dessas festas
Que vocês acham tão bonitas.»
O sobrinho do Pai Natal entende então
Que aqueles seres pequeninos
Apenas desejam salvar o planeta onde estão
Do lixo de Natal dos meninos.
«Peço desculpa,
Por todo o mal que lhe causou
Deixe-o redimir-se da sua culpa
Remediando o que se passou.»
Não quis o rei favor tal
E deixou-os ir em paz
Com a condição que após o Natal,
Ficaria na Terra o lixo que ela faz.
Despediram-se e partiram
Ainda havia muito a fazer
Tinham de distribuir os presentes
E acabava de anoitecer.
Pai Natal e o seu sobrinho
Logo metem mãos à obra
Para se despachar no caminho
Era necessária uma manobra.
Correram rápido
Que já meio hemisfério dormia
Na dianteira Cúpido
Fazia o que podia!
Desce então pela chaminé
Quase não passa, coitado
Entrega as prendas do José,
Da Bia e do Eduardo.
Assim segue ele
Entregando presentes e carvão
Um a este e outra àquele
Antes que comece o nevão.
Chega a casa quando termina os presentes
Cansado e dolorido
Mãe Natal não cabe em si de contente
«Amo-te muito querido!»
Também os elfos festejam
Em grande festa e folia
No dia seguinte, as crianças
Terão muita alegria.
Nada mais há a contar
O Pai Natal encontramos
Está na hora de acordar
Nós por cá já terminamos.
Espero que tenhas muitas prendas
Pois carvão fica bem mal
Deixo-vos agora a minha encomenda
«Que todos tenham um feliz Natal.»
E para terminar satisfeito,
Espero bem, sim senhor,
Que com todo o respeito
Ponham o lixo no contentor!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Essa história está participando do Desafio de férias do Nyah! Fanfiction e foi betada pela Clara de Assis (http://fanfiction.com.br/u/325077/).