Onde Se Meteu O Pai Natal? escrita por Fantine


Capítulo 1
Capitulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/458235/chapter/1

O Pai Natal desapareceu

Já a televisão apregoa

Dizem que o Natal morreu

Até parece que a notícia é boa!



Não falta publicidade

Ao desaparecimento do bom velhinho

Sabe já toda a humanidade

Sabes tu e o vizinho!



Ainda ontem estava o tal

Na sua mansão no Polo Norte

Era véspera de Natal

Vejam bem a sua sorte!



Hoje já ninguém o acha

Estamos nós a vinte e quatro

Foram-se as prendas da caixa

Até parece um teatro!



Dizem que o trenó foi encontrado

E também as renas das lendas

Só o Pai Natal, coitado,

desapareceu com as suas prendas!



Não há pistas no local

Não há pegadas ou impressões

Será este o fim do Natal,

Das rimas e das canções?



Talvez esteja na Lapónia, fresquinho”

Dizem os do Norte da Europa contentes

Todos sabem que as montanhas são o seu cantinho

Foi para lá que levou os presentes!



Talvez esteja em Penedo”

Dizem as pessoas do Rio

Está calor, não têm medo

Imaginem se estivesse frio!



Alerta-se a polícia

«Que todos procurem por ele!»

Mas nem com toda a milícia

Se soube alguma coisa dele.



Aqui está o que sabemos

Não vos vou mentir

Acreditem no que dizemos

Não estamos aqui para fingir.



Mora com a Mãe Natal

E todos os seus elfos trágicos

Ela a cozinhar de avental

Eles a fazerem brinquedos mágicos!



Como será que eles estão

Agora que ele desapareceu?

Todos choram o bonacheirão

E o que lhe aconteceu!



A Rodolfo já não brilha o nariz

E não é só por não ter namorada

Lá se foi o seu chamariz

Agora é que não arranja nada!



Corredora já não corre tão depressa

Até anda bem devagar

Acabou-se a sua pressa

Pois já não lhe interessa voar!



Dançarina parou de dançar

Jingle Bells já não lhe dá alegria

Até a cabeça parou de abanar

Acabou-se toda a folia!



Empinadora também anda cabisbaixa

Já não empina o pescoço como antes

Costumava chegar aos presentes da caixa

Agora não passa da estante!



E a Raposa, alguém sabe onde anda?

Está comendo chocolate deprimida

Com o Cometa que dá

Beijinhos na sua querida.



O Cupido é que não concorda

Pois sabe que não é São Valentim

Mas com o Natal na corda

Ainda arranja um motim!



Pior que eles só Trovão

E Relâmpago, seu amigo

Estão à espera do nevão

Pensam que estão de castigo!



Todos andam descontentes

Pensa que já não há celebração,

Só na Terra os presidentes

Acreditam na salvação!



Entretanto já a manhã se foi

E nada de encontrar o homenzinho

«Já temos na linha o boi»

Diz uma expressão lá do Minho,



«Deve se resolver o mistério»

Fala uma preciosa dama

Não sei qual é o seu critério

Devia era estar na cama!



«Quero todos a procurarem o São Nicolau

E não se esqueçam do meu presente»

Fala agora um homem mau,

feio e descontente.



Homens maus não têm presentes

Tal é muito descabido

Nem o carvão os põe contentes

Isso é certo e sabido!



«Mantenham a calma que tudo se resolverá»

Fala agora um chefe de estado

«Achei alguém que o encontrará»

Disse apontando para o sujeito ao lado.



Este diz com toda a humildade:

«Já a polícia o procurou

Mas para nossa infelicidade

Ainda ninguém o encontrou.»



«Resolverei pois o caso

Com tudo isto que se cata

Não digo isto ao acaso

Sei bem do que se trata!»



«Só escutei as balelas

Que se dizem por ai

Em todas essas vielas

Foi apenas o que eu ouvi.»



«Eu sou o inspetor Renato»

Diz ele impondo respeito

E com o seu belo fato

Não lhe encontro defeito.



Então lá pelo meio-dia

Começa a sua tarefa

Ouvindo o rumor que crescia

Dito pela Dona Josefa.



Dona Josefa é pois

Fazendeira no Polo Norte

Num lugar tão gelado para os bois

Esperamos que tenha sorte.



Diz ela assim:

«Foi um menino traquina,

Chamado Jasmim

E que vive ali na esquina .»



Foi então o inspetor averiguar

Se o boato era verdade

Mas Jasmim a falar

Lhe mostrou a herdade.



Não havia nada

Nem um presente sequer

Era uma mentira pegada

Dita por um qualquer.



Até fazia sentido

Para alguns tipos de filmes

Um maroto desmedido

Cometendo tais crimes.



Seguindo mais um exemplo de filme

Ele foi ter com Fred Natal, o fanfarrão

Acusando-o do crime

De raptar o irmão.

«Todos conhecem o seu ciúme

Em relação ao seu irmão

Mas no Natal é costume

Apelar ao coração.»



Responde-lhe então o outro em suma

Que nem era um mau homem

Não tendo culpa nenhuma

Fizeram-no pior que um lobisomem.



«Não sei do que fala

Nem sei se quero saber

Pegue na sua mala

E faça o que tem a fazer»



Procurou o inspetor por toda a vivenda

Pois Fred não era um homem pobre

Apesar da sua contenda

Não lhe faltava um cobre.



Nada encontrou

Naquela casa enorme

E bem que procurou

Podia jurar pelo meu uniforme!”



Estava farto de procurar

E já passavam das duas da tarde

Foi então lanchar

Rezando para que Deus o guarde.



O Natal estava perdido

Era o que ele achava

Jesus era quem tinha nascido

E quem tudo doava,



O Pai Natal e os presentes

Não deviam ser os principais

Jesus e todos os crentes

É que eram os reis dos Natais.



Às três da tarde voltou

Ao seu difícil trabalho

Encontrar Nicolau e quem o roubou

O culpado do embaralho.



Investigou então

Juntos dos Pais Natais

Aqueles que estão ao portão

Em todos os Centros Comerciais!



Perguntou com mestria

Onde estava Nicolau

Mas nenhum deles sabia

Daquele cara de pau.



Foi então até à Primavera

Onde vive o Coelhão

É lá que ele espera

Pela sua ocasião.



«Na Páscoa morre Jesus, a nossa salvação

Mas disso ninguém quer saber

Só os símbolos da comercialização

Estão cá para valer.»



O Coelhão também não sabe

Onde está Nicolau

Está tão gordo que nem cabe

Nos seus ovos de cacau.



«Aqui não está ele»

Diz o Coelhão

«Este não é lugar para aquele

Que vive acima do chão.»

Saiu então da toca do coelho

E foi procurar noutras paragens

Para onde nem o pior fedelho

Levaria as suas bagagens.



Foi para as terras do Medo

Onde habita o Bicho Papão

Vive lá em segredo

Com medo do comilão.



Que é o comilão afinal?

Isso posso responder.

É o Pai Natal,

Quem mais haveria de ser?



O Bicho Papão não o viu

Não vê, nem queria ver

Da última vez fugiu

Com medo do que poderia acontecer.



Parece mais um Bicho Medroso

Do que um Bicho Papão

Tem medo do Pai Natal, o dengoso

E também do Coelhão.



Porque tem medo afinal?

«É da alegria das crianças

Pois todas essas festanças

Lhes dão mais que a habitual.»

Foge dali o inspetor

Tão branco e assustado

Tem medo da dor

Que o Papão lhe há causado!



É que só a sua presença

O assusta e amedronta

Dizem que é como uma doença

Que a todos afronta.



Já são cinco e meia

E não há nenhum progresso

«A situação do Pai Natal está feia»

É isto que eu confesso.



Foi então à América

À agência que controla o espaço aéreo americano

E a situação atmosférica

Vivida no oceano.



O “Santa Tracker" usou

Tentou rastrear o Pai Natal

Mas o pobre nada encontrou

A não ser no final.



Já estava para ir embora

E desistir afinal

Mas para ele, saltar fora

Era um erro fatal.



O Pai Natal não estava na Terra

Por isso não o pôde encontrar

Tinha sido raptado, era guerra

Contra os extraterrestres deviam batalhar!


Ligou então aos presidentes

E logo lhes anunciou

«O Pai Natal e os presentes

Já eu sei quem os roubou!»



«Foram extraterrestres

Isso lhes garanto

Foram essas grandes pestes

Que o levaram em pranto.»



Ligaram então para a NASA

A perguntar por um foguetão

Não temos um só cá em casa,

espero que nos desculpem, perdão.”



Como podia ser?

Estaria o Natal perdido?

Já é tempo para um herói aparecer

E salvar o Papá querido.



O seu nome de código era Perigo

Pouco gostava do que os pais lhe deram

Iria encontrar Nicolau no abrigo

Onde os extraterrestres o puseram.



Pegou então no trenó

E voou além do céu estrelado de encantar

Com as renas e o pó

Que lhes dava o poder de voar.



Com o nariz de Rodolfo iluminando

O caminho escuro final

Ali ia rastreando

O lugar onde estava o Pai Natal.



Mas quem é este herói

Que o Natal tenta salvar?

É o sobrinho de Nicolau, um playboy

Que a todos nos vem alegrar!



Pois que tem de pertencer à família Natal

Para o trenó conduzir

Será ele no final

Que as prendas irá distribuir?



«Corredora em frente,

Avante Trovão

Sobrinho do Pai Natal não mente

Honesto é o seu coração»



«Vamos salvar o meu tio

Que não posso fazer isto sozinho

Não posso dar prendas com este frio

Mesmo que com muito carinho»



«Só o meu tio o poderá fazer...

Mas que é isto que vejo?»

Lá bem à frente, mal pode crer

Um pequeno vilarejo.



Trava de imediato o trenó

E desce devagarinho

Ata-o a uma árvore com um nó

E arrepia caminho.



Vê logo vir uns bichinhos

Muito pequenos e de pouco valor

Parecem muito fofinhos

Mas picam que é um horror.



Apanhou logo um com o dedo

Mas viu que pouco sabia

Pediu que o levassem ao chefe com medo

Das picadas que ele lhe faria.



«Mas que lugar é este tão estranho?

Parece-se muito com a Terra.

Estes extraterrestres que apanho

Tão pequenos e querem guerra?»



Na casa do chefe estavam

Todos os presentes de Natal

O que é que eles planeavam

Contra os humanos, afinal?



O chefe era bem maior

Quase chegava aos seus cotovelos

Em altura, era o pior

Pensou em morder-lhe os joelhos.



Mas o menino logo se afastou

E agarrou no seu presente

Era uma pistola de água que pegou

E disparou imediatamente.



O rei recuou, assustado

Não devia haver líquido ali

Apenas na Terra há água nesse estado

«Com certeza não há aqui!»



Intimidado com tudo isto

O rei dos ET's falou

Contou-lhes do imprevisto

E como tudo se passou.



«Não temos nada contra os humanos

Ou contra as vossas festas

Apenas temos os nossos planos

E as nossas florestas.»



«Quando o senhor Natal vem aqui deitar o lixo

Pensa que somos insetos e não há perigo

Chama-me sempre “bicho”

E não escuta o que lhe digo.»



«Polui as nossas florestas

Com restos de papel e fitas

É tudo culpa dessas festas

Que vocês acham tão bonitas.»



O sobrinho do Pai Natal entende então

Que aqueles seres pequeninos

Apenas desejam salvar o planeta onde estão

Do lixo de Natal dos meninos.



«Peço desculpa,

Por todo o mal que lhe causou

Deixe-o redimir-se da sua culpa

Remediando o que se passou.»



Não quis o rei favor tal

E deixou-os ir em paz

Com a condição que após o Natal,

Ficaria na Terra o lixo que ela faz.



Despediram-se e partiram

Ainda havia muito a fazer

Tinham de distribuir os presentes

E acabava de anoitecer.



Pai Natal e o seu sobrinho

Logo metem mãos à obra

Para se despachar no caminho

Era necessária uma manobra.



Correram rápido

Que já meio hemisfério dormia

Na dianteira Cúpido

Fazia o que podia!



Desce então pela chaminé

Quase não passa, coitado

Entrega as prendas do José,

Da Bia e do Eduardo.



Assim segue ele

Entregando presentes e carvão

Um a este e outra àquele

Antes que comece o nevão.



Chega a casa quando termina os presentes

Cansado e dolorido

Mãe Natal não cabe em si de contente

«Amo-te muito querido!»



Também os elfos festejam

Em grande festa e folia

No dia seguinte, as crianças

Terão muita alegria.



Nada mais há a contar

O Pai Natal encontramos

Está na hora de acordar

Nós por cá já terminamos.



Espero que tenhas muitas prendas

Pois carvão fica bem mal

Deixo-vos agora a minha encomenda

«Que todos tenham um feliz Natal.»



E para terminar satisfeito,

Espero bem, sim senhor,

Que com todo o respeito

Ponham o lixo no contentor!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa história está participando do Desafio de férias do Nyah! Fanfiction e foi betada pela Clara de Assis (http://fanfiction.com.br/u/325077/).