Era isso, aquele cara que eu considerava um avô tinha morrido. Ao lado dele, o enorme corpo do cavalo também estava ensanguentado e com uma flecha cravada diretamente na cabeça do animal. Era uma cena quase pior que a de Daniel, o pior era que suas mãos não estavam ali. Isso era estranho, isso não parecia trabalho de um homem de Killian.

Era um trabalho feito mais com faca do que com uma espada ou flecha. O pior era os olhos arrancados dele, a pessoa que tinha feito aquilo teve de ser rápida e esperta. A barba de Corona continha um pouco do próprio sangue, eu simplesmente me segurei para não ficar louco.

Eu sabia que não foi Killian, ele não iria agir tão rapidamente assim. Por isso, eu iria atrás de qualquer pessoa que tivesse fazendo isso, mas primeiro teria que fazer algo.

— Silver, cuide do corpo. Eu vou achar uma pá, fique aí — Eu disse fracamente, recebendo um relincho como resposta.

Mais tarde...

Eu tinha conseguido arranjar uma pá, indo até o corpo e colocando-o na garupa de Silver. Fazendo isso eu disse:

— É melhor ele ter um funeral pelo menos, apenas comigo e você.

Silver relinchou para demonstrar que achava a ideia boa. Então eu segui com ele até uma clareira longe do castelo e peguei o corpo de Corona, depois cavei uma cova e, gentilmente, coloquei o corpo do senhor lá.

— Que ele descanse em paz. Um homem tão sábio, ele irá fazer tanta falta. Eu nunca irei me esquecer de todas as coisas que ele me disse, sendo tão sábio e amigável. Ele era um exemplo para mim, espero lutar em tantas guerras quanto ele lutou — Eu olhei para Silver, tentando me recompor — Eu espero que encontre quem fez isso, que esta pessoa se arrependa do que fez.

Eu coloquei a terra novamente, tampando a cova. Silver relinchou e bateu seu casco três vezes no chão, como um sinal de que estava triste com aquilo também e que sentia muito. Eu escolhi fazer aquele funeral privado porque Regina e Snow estavam ambas grávidas e estresse não era a melhor coisa para elas agora.

— Vamos, vamos pegar quem fez isso — Subi em Silver, destemido. De repente uma voz apareceu em meio ás árvores, falando:

— Não precisa ir, fui eu — Me virei, vendo um homem negro e alto. Ele não tinha cabelo, apenas uma barba branca. O homem tinha um capuz bem parecido com o meu — Meu nome é Darkstar. Eu era um velho “amigo” de Corona — Darkstar utilizou os dedos para fazer as aspas do “amigo” — Vejo que era quase um folho dele, não? Muito bem, desculpe-me, mas esse traidor fez uma coisa bem pior para mim.

— Seu filho da... O que ele fez para você? — Estava me segurando para não matá-lo.

— Bem, digamos que ele apenas me largou para morrer. Eu trabalhava para o exército de Snow, agora sou um ladrão. Vivo de roubar, apesar de metade da minha vida já ter ido embora.

— Impossível, ele nunca faria isso — Eu disse, sabendo que Corona era um homem honesto e totalmente bondoso.

— Você não viu, não pode dizer nada! Eu estava com a perna quebrada, então ele me largou ali para ajudar o pai das princesas! Se ele fosse mesmo meu amigo, ele nunca teria me abandonado apenas para proteger o cara que nos dava apenas quinhentas moedas de ouro por nosso trabalho duro! — O ladrão respondeu.

— Olha aqui, ele era um homem bom. O rei Henry era pai de Regina e Snow, por isso, ele tinha o dever de proteger o rei e não você. Se tiver amor á vida, vai calar a boca e ir embora daqui! — Eu gritei com raiva, ainda em cima de Silver.

— O que vai fazer? Vai... — Não deixei-o terminar, cravei-lhe uma flecha no peito. Ele caiu e começou a agonizar pela dor.

— Vamos Silver, vamos sair daqui. Já houve muita morte por hoje.

No castelo...

— Robin, por onde esteve? — Veio à voz preocupada de Regina, que estava lendo um livro em nossa grande sala de estar.

— Resolvendo problemas. Você não deve se preocupar, afinal, o pequeno Roland deve ficar calmo também — Eu brinquei, passando a mão na barriga de Regina, que permanecia do mesmo tamanho.

— Você nem sabe se vai ser menina, pode ser a Tabitha! — Ela falou em um tom divertido — Afinal, também pensei em Lauren, Tara e Nicole. Eu torço para que seja uma menina, só pra esfregar na sua cara! Oh, também pode ser Lana ou Jeniffer.

— Ah, pare de me encher de nomes, assim fica difícil escolher. Mesmo assim: Menino. E pare de jogar macumba pra cima de mim! — Brinquei.

— Nossa, você não quer ter uma pequena Regina? — Ela perguntou, enquanto colocava o livro em uma prateleira.

— Não, eu nem aguento uma, imagine duas! — Disse enquanto pegava ela por trás.

— Ai Robin, você é uma figura — Regina riu — Oh, Octavia e Jessie vão morar com a gente. E mais, Ruby e Belle progrediram bastante. Belle está pensando em abrir um abrigo de animais, ela anda estudando bastante sobre lobos.

— Que bom, eu adoro ver pessoas juntas. Eu preciso lhe contar algo — Eu perdi meu tom brincalhão e fiquei sério.

— O que é?

— Uh... — Eu pensei, na verdade, não contaria. Ela ficaria depressiva, melhor não — Eu estou pensando em nós irmos até aquele rancho em que Jeff estava falando. Fica em Worderland não é? Acho que poderíamos passar umas pequenas férias lá.

— Oba! — Regina disse como uma criança de nove anos que acabara de ganhar um pônei — Eu vou falar com a Snow, mas, primeiro, preciso comer! Estou morrendo de vontade de comer... — Ela parou para pensar, eu ri pela cara dela — Waffles!

— Muito bem, vou fazer. Eu sei que nem posso falar essa palavra que você já fica louca! Oh, se nossa ou nosso filho ser assim, acho que vou ter que virar cozinheiro! — Brinquei — Vamos para cozinha. Chocolate?

— Chocolate.