O Mistério da Deusa do Destino - Hiatus escrita por Vicky Black


Capítulo 2
Capítulo 02




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Victória andava tranquila pelo colégio em que estudava no Brasil. Para ela, aquilo era normal. Aqueles alunos que ouviam funk sem se importar com nada nem ninguém, outros se agarravam como se estivessem num motel e os poucos que, como ela, estava ali para tentar aprender algo. Era uma benção ela ter conseguido aquela bolsa de estudos...

– Gorda! – gritou um ser pulando em cima dela.

Um ser não. James Solle, seu melhor amigo ingrato. Tinha dezesseis anos, cabelos loiros e era lindo. Todas as meninas se dividiam em babar por ele ou odiar ela. Eles se conheciam a mais de sete anos, inclusive, ele era um dos únicos “privilegiados” que sabiam algo sobre ela.

– Jumento! – disse ela o abraçando apertado. – Que saudade meu cabeçudo!

– É muito amor por mim! – disse ele rindo. – Mas me diga... Como foi suas férias prolongadas de cinco meses?

– Como se não soubesse! Aquele acampamento é uma chatice só, ainda mais que não pude mostrar quem era. – emburrou a loira que hoje tinha mechas rosa e verdes para diferenciar do jeans e da camiseta branca do uniforme.

– Eu te falei para não ir, mas alguém me escuta? Não! Certa gorda queria ver como eles estavam. – disse o loiro fazendo drama enquanto se encaminhavam para a sala.

– Você sabe que vê-los não foi o único motivo. – disse Vic revirando os olhos. – Além do mais, tenho certeza que você e a Anne aproveitaram muito bem esses meses sem mim.

– Opa! Com certeza! – disse ele sorrindo malicioso, assim como ela. –Assim como você passou o rodo no acampamento.

– Claro, é super a minha cara fazer isso. – disse ela irônica.

– Ainda presa nele? – perguntou James preocupado.

– Sim. – suspirou. – Desde que descobri que vamos pelo menos tentar ficar juntos, ele não me sai da cabeça.

– Isso é doentio Vic... – começou Jay.

– Bom dia classe. – disse o professor entrando na sala de aula e fazendo os dois se sentarem calados.

– Não pense que vai escapar Srta. Couto. – sussurrou James antes de prestar atenção na aula.

Quando as duas aulas acabaram e o primeiro intervalo começou, ela bem que tentou fugir e se isolou no seu cantinho para ouvir música enquanto adiantava seus deveres, mas James a achou.

– Victória Couto! – disse James se jogando ao lado da amiga e arrancando-lhe o fone. – Não fugirá de mim.

– Arg! Não poderia deixar isso para o final de semana não? – perguntou a loira querendo ganhar tempo. – Tenho que fazer as lições quando tenho tempo.

– Como se você não pudesse fazer o dever e falar comigo ao mesmo tempo. – debochou James antes de ficar sério. – Você tem que viver sua vida Vic, independente de seu destino.

– Irônico você falar isso para mim, garoto-que-não-assume-que-ama-a-amiga-por-medo-do-que-o-destino-lhe-reserva. – disse Vic rodando os olhos.

– É diferente. – defendeu-se James. – Tem um monte de gente atrás de mim querendo me matar, não colocaria a Anne em perigo.

– Você fala como se os deuses não me quisessem morta, como se minha mãe não me quisesse morta, como se os comensais e Voldemort não me quisesse morta, como se os titãs, primordiais, monstros e muitos outros não me quisessem morta. – respondeu Vic amarga, sem nunca tirar os olhos das folhas em seu colo.

– Okay, não falaremos mais sobre isso. – disse James com um suspiro.

– Finalmente chegamos a um acordo. – disse Vic sorrindo. – Mas sério, deveria falar com a Anne. Vai por mim, fale antes que seja tarde.

– Já disse que, às vezes, odeio o fato de você saber de tudo? – perguntou James deitando no degrau da escada deserta.

– Todos os dias nos últimos oito anos Jay. – disse Vic bagunçando o cabelo do amigo. – Mas você me ama mesmo assim.

– Iludida. – debochou James. – Mas ela é tão linda Vic. Durante esse tempo todo que você esteve no camp, tivemos algo como uma amizade colorida sabe? Saímos sempre juntos e só ficávamos se quiséssemos, mas era quase sempre.

– Gente apaixonada é foda mesmo. – disse Vic sorrindo para o amigo. – Mas se quer um conselho, a peça em namoro.

– Não sei se teria coragem. – resmungou James, ao que o intervalo acabou. – Vamos voltar para a tortura loira.

– Nem é tão ruim assim. – disse a menina antes de ser puxada para as costas do amigo.

– É sim. – disse ele indo para a sala e chamando a atenção de todos. – Não sei como você consegue ser a melhor da sala com sua Hiperatividade.

– Você tem déficit de atenção e dislexia e mesmo assim é um bom aluno. – disse Vic nas costas de Jay.

– Fazer o quê?! Sou demais! – disse Jay e soltou a amiga na cadeira.

– Certo senhor egocêntrico, vamos prestar atenção na aula agora.

Depois de mais duas aulas, eles tiveram mais um intervalo e, após três torturantes aulas, puderam sair do colégio.

– Vamos almoçar? – perguntou James para Vic na saída da escola.

– Sabe que não tenho tempo. – disse Vic e deu um beijo na bochecha do amigo. – Até de noite gordo!

– Leva a Anne gorda! – gritou James antes de pegar o skate e ganhar as ruas.

Rindo do melhor amigo, Victória se dirigiu para um lugar isolado ali perto e sumiu silenciosa e discretamente. No meio da grande Mata Amazônica, funcionava o antigo Instituto Brasileiro de Magia Guaramirim.

Diferente das escolas de magia pelo mundo, ali não se aprendia a magia com varinha e palavras em latim. Eles preservaram durante todos esses milênios o ensino da Magia Elemental, da Magia Antiga, Encantamento, Rituais... É claro que sabiam usar esses feitios modernos, mas sem nunca pronunciar qualquer palavra, a não ser em rituais de maior calibre.

Outra coisa diferente ali era que eles não eram divididos por série e nem tinham uma idade fixa para entrar na escola. Cada um possuía aulas de acordo com seu nível e assim que despertasse sua magia já estava apto a ingressar no mundo bruxo brasileiro.

Era óbvio que boa parte dos estudantes, depois de alguns meses, preferiam se transferir para outras escolas, mas Victória se fascinou com a magia que o lugar emanava desde que Elizabeth a encontrou e a levou para lá, há quase dez anos atrás.

– Vick! – gritou uma menina ruiva pulando em cima dela assim que passou pelas proteções do Instituto.

– Anne! – disse Vic abraçando a amiga de longa data. – Também senti saudades coisa ruiva.

– Se você sumir de novo por tanto tempo, eu juro que te amaldiçoo com um dos meus rituais mais fortes em você. – disse Anne.

Outra coisa interessante ali era que ninguém era obrigado a cursar nenhuma matéria. Elizabeth, a fundadora da Instituição, acredita que cada mago possui suas habilidades e forçar alguém a fazer uma matéria da qual sua magia não se adéqua poderia gerar grandes problemas. É claro que os primeiros meses o mago tinha um “cursinho” básico de sobrevivência, com aprendizado de poções e feitiços normais úteis.

A magia brasileira estava sempre muito ligada aos elementos, principalmente a terra. Mas eram poucos os magos que possuíam a habilidade para controle Elemental.

– Victória, estava com saudades da minha menina. – disse Elizabeth aparecendo ao lado das duas. – Por que as senhoritas não me acompanham no almoço enquanto conversamos alguns assuntos?

– Será um prazer Elizabeth. – disse Vic sorrindo para a diretora.


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