Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 61
Capítulo 62




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Maximus estava caminhando de um lado para o outro diante das duplas portas que foram fechadas quando Ellylan entrou na sala de jantar. Aparentemente, aceitar que se tornaria uma imortal, não a impediu de criar diversas regras sobre o assunto que a envolvia comendo carne humana.

Sua primeira regra foi a de que ninguém ficaria por perto enquanto se alimentava, pois fazer isso diante de outros olhos se tornava ainda mais dificil para ela e isso realmente era um fato já que não era acostumada com a situação, mas o arcanjo do inferno discordava completamente da opinião dela, pois a primeira refeição que Elly estaria fazendo naquele momento, não seria nada fácil.

Ellylan não possuía nenhum desejo pela carne, não sentia fome e nada mudaria isso enquanto estivesse comendo. Ela só passaria a sentir fome depois que passasse por esse ritual, mas atualmente, Elly era apenas uma humana sendo forçada a comer a mesma carne crua que envolvia o seu corpo.

Provavelmente ela vômitaria até desmaiar, mas Maximus deixou claro que isso não podia acontecer. Se Ellylan não ingerisse aquela carne, ela continuaria vômitar o seu próprio sangue até encontrar a morte algum dia.

Apesar do seu desespero para estar próximo dela nesse momento tão dificil, o anjo ainda admirava a coragem que estava a fazendo agir dessa forma. Por um momento ele acreditou que Elly escolheria voltar para o seu mundo, evitando a opção de se tornar canibal, mas Max acabou sendo surpreendido quando ouviu tudo ao contrário do que esperava.

Ellylan estava fazendo tudo isso por ele, apenas por ele.

E Maximus, sem nenhum questionamento, iria fazer qualquer coisa por ela. Suas regras não existiriam mais quando Elly estivesse envolvida, pois sua mente não permitia que ele agisse da forma calculista que um arcanjo deveria agir, sua mente o induzia a fazer tudo o que suas emoções desejavam.

E se o arcanjo do inferno tivesse que explodir o inferno para proteger essa nova imortal, ele faria isso.

Uma vez seu pai havia dito que nada e ninguém poderia estar a cima do inferno ou da dimensão que Maximus iria governar, nenhuma amante ou desejo devia possuir o primeiro lugar. E no momento que conheceu quem realmente era Ellylan, ele sabia que iria acabar falhando nesse assunto em particular.

O anjo não sabia se Meridius havia falhado também, mas desde que seu irmão saiu dizendo que queimaria cada imortal que existia nas dimensões para encontrar sua esposa, ele podia imaginar que Meridius tinha mais sentimentos por Niffie do que seu pai teve por sua mãe um dia.

E Maximus esperava que Dimitrius fosse capaz de encontrar uma mulher que pudesse amar mais do que os seus deveres como arcanjo. Seu irmão mais novo não demonstrava qualquer consequência mental ou emocional por governar a dimensão dos humanos, o lugar onde o paraíso e o inferno existiam juntos, mas era evidente o cançaso que existia em seus olhos, mesmo que fosse escondido pelo tédio.

Ele esperava que essa lealdade tão estranha e comoda pudesse tampar todos os buracos negros que existiam em sua alma, como aconteceu com Maximus. Afinal, antes de Elly surgir no inferno, o arcanjo não possuía mais nenhum interesse em continuar vivo para torturar ou matar demônios que quebravam suas regras, ele não possuia mais nenhuma vontade de cumprir os seus deveres como arcanjo. Para Maximus, o melhor que ele fazia era deixar que aquelas almas dentro de bolhas estourassem para encontrar a verdadeira morte ao invés de uma vida eterna.

No entanto, o arcanjo do inferno mudou de ideia ao ver como uma humana conseguia ser tão cheia de vida mesmo estando em um mundo assustador a seus olhos. Ellylan nem ao menos sabia quem era, nunca saberia, mas nunca desejou encontrar a morte por ter que sobreviver diante do terror.

Maximus, definitivamente, a admirava. E isso apenas o deixava ainda mais encantado por essa humana complicada e até mesmo irritante.

Meridius, antes de se casar com Niffie, falou que o que mais o intrigava era o modo como a fazia ficar brava e como ele perdia a cabeça com as respostas provocativas da sua esposa. Sua vontade, ele disse, era a de matar Niffie para fazê-la temer a morte desde que estava sendo ousada em suas provocações para tirar um arcanjo do sério, mas Meridius simplesmente não conseguia fazer nenhum mal a ela. Na época, como Maximus não compreendia esse sentimento que os uniu, ele considerou esse relacionamento um pouco estranho.

No entanto, agora que estava começando a entender o que eram todos esses sentimentos juntos, o arcanjo estava aceitando uma canibal como sua amante, o que fazia dele uma pessoa impropria para julgar seu irmão que apenas desejava matar sua esposa.

Maximus parou de andar no momento em que ouviu o som dos talhares se debatendo contra a porcelana do prato que havia sido feito especialmente para Ellylan. O arcanjo segurou sua respiração durante vários segundos para que pudesse ouvir os movimento dela já que não podia vê-la e isso apenas o deixou ainda mais aflito com essa situação. Pelo menos Elly não estava chorando e isso era algo realmente significativo.

Por um momento, o arcanjo do inferno ficou eternamente grato por não ter matado Krueger no dia em que se conheceram. O demônio que era propenso a bondade, mas que também era tão ruim quanto qualquer habitante do nível 2, havia adotado um estimável poder na transformação da sua alma de mortal para imortal, assim como ocorreu com Patrick, e agora ele podia passar por qualquer portal que desejasse sem que nada o detesse.

E isso o fazia ser livre para chegar até a dimensão dos humanos sem nenhum problema ou rompimentos de regras que foram impostas por arcanjos. Maximus o proibiu de caminhar pelo mundo mortal, mesmo sabendo que seu pedido era ignorado, o seu tenente não assumido fazia um ótimo trabalho em esconder os seus passeios proibidos. Mas agora, isso havia mudado.

Quando o arcanjo do inferno disse que precisava da ajuda de Krueger, ele não pode ignorar a ironia que surgiu em seus olhos verdes escuros, mas foi poupado de comentários irritantes quando o demônio notou que o humor de Maximus era tão perigoso quanto andar em meio de chamas.

Uma das outras regras de Ellylan, foi a de que ela apenas se alimentaria de humanos que haviam sido crúeis durante a vida, pois não estaria aceitando comer a carne de pessoas bondosas que não mereciam morrer. Obviamente, o anjo não conseguiu evitar de revirar os olhos com essa regra, mas como viu que ela não desistiria dela, ele apenas ficou agradecido por existirem mais humanos ruins do que bons.

E o seu único pedido a Krueger, foi a de que encontrassem essas pessoas desumanas e trouxesse a carne delas depois que encontrassem a morte. Maximus tentou deixar claro de que Freddy não era a morte, o proibindo de torturar qualquer pessoa que estivesse em sua lista para tornar o seu trabalho mais rápido, mas o arcanjo também duvidava que ele fosse ouvir suas ordens.

Max apenas estava grato por Krueger ser leal a ele e ser capaz de demonstrar que não causaria problemas, apesar de sempre fazê-lo pensar o contrário.

Maximus havia falado tudo a Ellylan sobre o que Krueger estaria fazendo por ela, evitando contar as partes desagradáveis em que envolvia o demônio torturando esses humanos, e embora ainda fosse um assunto dificil para a mente dela aceitar, Elly ficou agradecida.

O arcanjo do inferno deixou seus pensamentos de lados no momento em que soluços sufocados invadiram seus ouvidos, a respiração pesada de Ellylan que veio logo em seguida quase o fez mandar essas regras que ela criou para o espaço, mas Maximus sabia que estaria ferindo o orgulho dela quando isso acontecesse.

Ele tinha que mostrar que confiava nela para agir sozinha até que estivesse pronta para fazer uma refeição ao seu lado. O anjo sabia que nos próximos anos Elly ainda insistiria em comer quando nenhum olhar estivesse a procurando, mas um dia ela se adaptaria a esse tipo de vida a ponto de não se sentir mais constrangida. E por mais que odiasse esperar, Maximus iria fazer as coisas do jeito que ela desejasse.

Contudo, era quase impossivel não abrir aquelas portas, mas o arcanjo que governava inferno esperou por ela, esperou até o momento em que Ellylan as empurrou para poder passar por elas.

Maximus a observou com cautela desde que não existia nenhum rastro de emoção em seu rosto, ela tinha a mania de sempre querer ficar sozinha quando algum problema surgia e afastá-lo durante todo o tempo em que não conseguia lidar com o assunto que estava a incomodando. Mas agora, as coisas seriam diferentes, e se o anjo tivesse que amarrá-la em alguma cama para que não o evitasse, ele não teria problemas com isso.

Ellylan tinha que aceitá-lo em sua vida da mesma maneira que Maximus estava fazendo. Ele já havia dado muita privacidade a ela quando permitiu essa regra insana de se alimentar sozinha.

Fechando as portas em suas costas, Elly caminhou direto para os seus braços com a intenção de se aninhar contra o seu corpo. Maximus abriu suas asas apenas o suficiente para que ela pudesse passar seus braços ao redor da sua cintura quando o abraçou e ele a segurou com força para que tivesse o contato carinhoso que desejava.

— O gosto ficará melhor na próxima vez, Elly.— Maximus falou para acalmá-la, pois nem mesmo ele conseguia imaginar qual era o gosto da carne humana crua para pessoas que não possuiam nenhum desejo em comê-la.— Eu prometo.—

Ellylan balançou sua cabeça para mostrar que estava ouvindo e que confiava nele nessa promessa, mas foram apenas segundos até que o arcanjo sentisse as lágrimas que escorreram de seus olhos molharem a sua camisa.

É claro que ela choraria, Maximus pensou ao sorrir. Afinal, não importava se ela estava caminhando para a imortalidade nesse momento, Elly sempre seria uma humana.


Sua humana.


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