Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 43
Capítulo 44




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Imperatore.

O arcanjo do inferno abriu seus olhos no momento em que a voz de Patrick invadiu sua mente. E desde que o seu tenente não havia dormido durante toda a noite, Maximus não expulsou sua mente da ligação que possuia com com ele para que pudesse dormir sem que ninguém o incomodasse novamente.

Na verdade, Max não estava nem um pouco interessado em se manter em um sono profundo quando todo o seu reinado estava sendo questionado. Foi um erro deixar que seus sentimentos se tornassem uma fraqueza quando Ellylan o olhou com uma cara de filhote perdido que implorava para que o anjo permanecesse com ela naquele quarto.

Maximus olhou para a humana que estava encolhida em seus braços por um momento, todo o seu corpo sobre a sua asa esquerda. O arcanjo desejou sorrir no momento em que seus pensamentos voltaram para a madrugada quando Ellylan descobriu que teria que dormir em cima de uma de suas asas. Ela ficou incrédula e quase saiu do quarto para dormir em outro lugar, alegando que não poderia fazer isso e se esquecendo completamente que para Maximus o seu peso era equivalente ao de uma folha.

O arcanjo do inferno levou uma de suas mãos até os cabelos negros dela e os acariciou, Elly se movimentou tranquilamente, mas não acordou de seu sono profundo. Ele duvidava que ela despertasse antes do final do dia.

Eu espero que você não tenha causado nenhum problema em quanto estava me curando, Patrick.

É uma pena que pense tão pouco de mim. A resposta veio rapidamente, mas Maximus percebeu que o tom de brincadeira de seu soldado era inexistente. Nós precisamos conversar.

Maximus notou que algo estava errado no momento em que Patrick o chamou de “imperatore”, pois o chamar dessa maneira era tão incomum para ele que quando usava essa palavra só podia significar problemas. Grandes problemas.

Me espere na cobertura do castelo. Maximus disse, sabendo que o seu tenente estava próximo de lá. O encontrarei em um minuto.

***

O imperador do inferno aterrisou no telhado de seu castelo e fechou suas asas em suas costas no momento que Patrick se virou para encará-lo ao invés de observar a vista que aquele lugar lhe oferecia. Seu tenente estava sério e tudo dizia que ele não estava nem um pouco interessado naquela visão magnifica que mostrava grande parte do inferno.

Patrick movimentou sua cabeça em um rápido cumprimento que mostrava o respeito que tinha por seu imperador. Em outras ocasiões, ele jamais o trataria assim se estivessem sozinhos ou próximos de pessoas que consideravam amigos. Patrick apenas agia como um tenente que obdecia seu governador quando a situação pedia por isso.

E agora, Maximus via que essa era uma dessas ocasiões. O anjo loiro pode deduzir isso no momento em que se comunicou com ele pela primeira vez, caso contrario, o arcanjo jamais teria deixado Ellylan adormecida em sua cama e sozinha.

— O que aconteceu?— Maximus fez a pergunta que os levavam direto ao ponto daquela conversa. Ele não precisava de enrolações quando tudo estava bagunçado em seu reino.

Patrick se movimentou e nesse único ato o arcanjo viu o quanto o seu tenente estava desconfortável.— Na noite anterior meus olhos e os de Ellylan se cruzaram,— Ele disse.— E, eu não sei o que aconteceu, mas tive acesso aos arrependimentos dela.—

Maximus ficou em silencio por alguns segundos, pois isso era algo que o arcanjo não esperava. Por mais que estivesse ciente que uma barreira que protegia a mente dela tivesse se partido, ele não esperava que Patrick poderia ter a chance de ver seu maior arrependimento. Ellylan era imune a qualquer poder dos arcanjos e ele não compreendia de maneira alguma como o poder de Patrick havia conseguido passar por suas barreiras. E o seu soldado falou aquela palavra em plural, sendo que isso nunca existiu quando se tratava desse dom que obteve quando se transformou em um demonio. No entanto, agora ele entendia o motivo de Ellylan ter desmaiado quando demonstrava estar bem para ficar acordada.


Quando Patrick conseguia acesso a mente de qualquer pessoa, energias eram sugadas dos dois lados. Imortais geralmente nem ao menos sentiam isso, mas um humano sentiria. Elly foi a prova disso.

— O que você viu?— O arcanjo perguntou e Patrick não o respondeu, o tenente que o servia fielmmente apenas estendeu sua mão para que ele a pegasse. Quando se tratava das visões que Patrick tinha ao olhar nos olhos de alguém, essa era a única maneira que Maximus conseguia ter acesso ao que ele viu. O arcanjo do inferno já havia tentando diversas vezes apenas invadir suas memórias, mas de nada adiantava. Era como se o tenente puxasse a mente de Maximus para esse lugar em que suas visões estavam fechadas e isso só podia ser feito com esse toque.

O arcanjo do inferno estendeu sua mão para segurar o pulso de Patrick em um aperto firme, o tenente também fez o mesmo que ele. E após o soldado fechar seus olhos de um tom diferente até mesmo para imortais, as memórias que pertenciam a Ellylan invadiram a mente de Maximus como se o anjo estivesse invadido a mente de Patrick para que pudesse ver tudo o que ele via.

As memórias vieram rapidamente, como era o de costume, imagens após imagens que foram embaralhadas pela mente de seu tenente e era o dever de Maximus montar aquele quebra-cabeça confuso que era enviado para a sua própria mente. No entanto, quando o arcanjo pensou que seria as memórias mais complicadas para juntar cada pedaço até que fizesse sentido, elas não eram. Os arrependimentos de Ellylan eram claros e após as imagens confusas que mostravam o que ela fazia em sua vida e como suas cicatrizes foram feitas, tudo se tornou uma grande escuridão.

Era tão escuro quanto as almas que se tornavam negras devido a maldade, mas Maximus não via nada disso nessa escuridão. O arcanjo apenas via o sofrimento e a solidão de uma humana que desejava ser salva. Uma vida cheia de arrependimentos que não podiam ser mostrado por imagens, apenas pelo vazio.


Maximus soltou o pulso de Patrick no momento em que pareceu que sua mente estava sendo sugada para aquele vazio sem fim, ele sabia que esse foi o sentimento que o seu tenente sentiu quando estava preso nas memórias de Ellylan, mas isso não significava que poderia ser desconfortável para ele.

— Eu sinto muito, Maximus.— Patrick disse no momento em que o arcanjo se afastou dele com alguns passos e desviou seus olhos para outra direção.— Eu não desejava ter que compartilhar essas memórias sobre Ellylan quando sei o quão importante ela é para você. Essas imagens...—
— Não.— O arcanjo do inferno cortou seu tenente, encontrando os olhos dele no momento que falou.— Não é isso.—
— O que é?— Patrick olhou para Maximus de maneira confusa e curiosa. O tenente podia achar que o arcanjo estava agindo dessa maneira por ter visto outro homem tocando Ellylan, por ter visto o que ela realmente fazia em seu mundo. No entanto, por mais que isso o deixasse com raiva, ele não podia julgá-la.
— Aquela escuridão, Patrick, eu nunca vi aquilo em uma alma.— O arcanjo disse.— Nem mesmo imortais possuem aquele vazio dentro deles.—
— Isso é algo para se preocupar. Eu pensei que ficaria preso na mente de Ellylan quando o vazio invadiu minha visão. Na verdade, eu não consigo explicar como consegui sair de suas memórias... Eu apenas ouvi a voz de Gaia e minha mente se focou nela com força o suficiente para me tirar de lá.—
Maximus arqueou uma sobrancelha e encarou Patrick com uma expressão que o culpava por algo que provavelmente tinha feito de errado.— Eu espero que você não tenha fornicado por todo o meu reino com a filha dos elementos, Patrick.—
— O quê?!— O tenente ficou ofendido.— Você está brincando comigo? Aquela mulher é ácida demais para mim.— Maximus não acreditava nas palavras dele, Patrick podia não ter encostado um dedo em Gaia, pois ela conseguia ser ácida o suficiente para espantá-lo, mas era impossivel que o seu tenente não tivesse pensando em nada impuro. Gaia, mesmo com o seu grande poder, ainda era uma linda mulher.— Isso não importa agora.—
— O que importa?—
— Eu quero saber o que você irá fazer com esse assunto de Ellylan.— Ele o respondeu, uma resposta que o colocaria em problemas por questionar o seu imperador. Mas Patrick, assim como os outros tenentes, eram muito mais do que apenas soldados confiáveis.
— Eu irei contar a verdade para ela.— Maximus disse.— Não posso privá-la de suas próprias memórias.—
— Isso é cruel demais.— Patrick murmurio, franzindo o seu cenho.— Ellylan pode quebrar.—
— Eu sei, Patrick.— Maximus suspirou ao pensar que ele estaria presente para ver isso e que seria da sua boca que ela descobriria verdades que poderiam ser horriveis para um humano. Vender o corpo era considerado um pecado e tentar se matar... Um ato de fraqueza. E o arcanjo do inferno sabia muito bem que Ellylan não lidaria bem com isso, ela chorará quando apenas imaginou o por que de suas cicatrizes e agora ela teria a certeza do que aconteceu para elas existirem. Nem mesmo imortais perdoavam tais coisas.— Mas Elly precisa saber.—


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