Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 35
Capítulo 36




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Ellylan estava completamente congelada, ela tentou comandar seu corpo para se movimentar de todas as maneiras que conhecia ser possível, mas a única coisa que continuava a funcionar sem nenhuma falha era sua respiração que aumentou em um ritmo muito acelerado e o movimento de seus olhos que corriam por todos os lugares do salão que estava em sua frente.

Elly estava no topo de uma escada que teria que descer sem vacilar, Maximus estava ao seu lado e havia parado no mesmo instante que ela não pode mais caminhar. Isso apenas piorou todo o seu plano de não chamar atenção, pois naquele momento, todas as vozes caíram em puro silencio e o único som que era ouvido era da musica que era tocada por um pequeno grupo que estava posto em um canto daquele enorme salão que ela estava vendo do lugar mais alto.

No teto, existiam três lustres enormes de cristais que lembravam as gostas de uma chuva, eles estavam enfileirados e iluminavam aquele lugar. No lado oposto onde estavam os homens tocando instrumentos clássicos, existiam mesas uma do lado da outra cheias de comidas que tinham a apareciam de serem falsas. Até mesmo existia uma escultura feita de gelo que combinava perfeitamente com os lustres.

Haviam janelas grandes para darem passagem a asas ao redor de todo o local, mas tudo que Ellylan pode ver quando arriscou olhar para fora, era uma escuridão sem fim. No entanto, não era isso que chamou sua atenção, mas sim as pessoas que estavam paradas olhando para ela.

Mulheres e homens vestidos tão formalmente que fez Elly se sentir mal ao pensar que eles nem ao menos precisavam se vestir tão elegantemente para ficarem bonitos, mas mesmo com esse detalhe importante, ela podia fazer um bom trabalho em pensar que eram humanos e normais como ela.

Já os anjos que estavam presentes, eles eram o verdadeiro problema. Esses imortais eram o lembrete real de que Ellylan estava vivendo no inferno e bem ao seu lado estava o grande imperador que todos os seres humanos temiam.

No entanto, aquela imagem de tantas asas brancas ao meio de pessoas que não as possuiam era algo realmente bonito de se observar, mesmo sendo algo tão surreal e ameaçador.

Elly sentiu sua respiração vacilar e antes que até mesmo esse ato se tornasse dificil, ela movimentou sua cabeça para encontrar os olhos de Maximus. Ele não a olhou, seus olhos estavam fixos nas pessoas que estavam os observando e diferente dela, não existia hesitação em sua pose. Apenas o poder de um imperador.

Maximus olhou para ela nos próximos segundos, mas nenhuma palavra saiu de seus lábios e seus olhos eram vazios como sempre foram. Ele fazia um ótimo trabalho em esconder seus sentimentos, tão bom que Ellylan podia acreditar que não possuía nenhum se não tivesse os vistos radiarem nesses olhos de um azul que eram próximos do mesmo tom de uma piscina.

Esse olhar não ajudou ela ficar mais calma, pois tudo o que pode pensar foi que ela era a única que demonstrava qualquer tipo de sentimento, a única que não podia esconder o que sentia. No entanto, ela sentiu pequenas pontadas invadirem sua mente antes que ficasse em pânico completamente. Pontadas de uma caricia lenta que faria Elly ronronar se fosse um pequeno gato.

Ela não deveria, mas sorriu para Maximus sem se importa com a plateia que estavam o assistindo. Seria desumano da parte dela não agradecer ao único modo que Maximus tinha de encorajá-la e dizer que tudo ficaria bem.

Maximus continuou a não demonstrar qualquer tipo de sentimento, seu único movimento foi olhar para frente novamente e dar um passo em direção da escada que Elly teria que descer sem nenhum vacilo. No entanto, no momento em que eles desceram o primeiro degrau, todos os convidados que estavam presentes naquele salão pararam de observar Ellylan como se ela fosse algo realmente estranho de se ver. E em questão de segundos, o falatório que era misturado com a musica tocada retornou.

Ellylan soltou sua respiração em pura frustração, mesmo sabendo que ainda existiam muitos olhos a observando, ela se sentiu menos incomoda com aquela situação. E para se distrair, ficou totalmente focada na caricia que existia dentro de sua mente em quanto caminhava ao lado do anjo até que finalmente estivessem juntos com as demais pessoas.

Naquele momento, Ellylan se sentiu mais aliviada, pois reconheceu todos os rostos dos tenentes de Maximus que estavam dançando com mulheres muito elegantes. Até mesmo os gêmeos, que Ellylan considerava mais anti sociais, estavam dançando e ela não pode deixar de ficar surpresa ao ver que Derek havia deixado sua arma de lado para segurar uma linda dama. Elly viu que todos os tenentes de Maximus estavam aproveitando o momento nesse baile, algo que ela nunca havia visto antes e mesmo que não tivesse tido a chance de ver Patrick, sabia que o soldado ruivo estava fazendo o mesmo.

— Seus tenentes estão se divertindo.— Ela sussurrou em quanto olhava para eles dançando, não se atrevendo em caminhar em direção da pista de dança.
— Eles trabalharam duro para que tudo estivesse pronto.— Maximus a respondeu, movimentando o braço que ela segurava até que estivesse sobre as costas dela. Naquele momento, Ellylan sentiu sua garganta se apertar ao notar que o tecido de seu vestido havia se tornado muito fino ao toque do arcanjo.— Essa noite, eu e meus irmãos estamos protegendo o castelo para que meus tenentes participem do baile.—
Ellylan olhou para Maximus e não foi dificil encontrar aqueles olhos tão azuis que ainda não demonstravam nada além de um vácuo sem fim. E isso não a incomodou como aconteceria normalmente, pois Elly compreendeu que quando existissem mais pessoas ao redor deles, um arcanjo jamais mostraria seus verdadeiros sentimentos. Talvez fosse por esse motivo que Niffie e Meridius ainda estavam casados, mesmo que houvessem problemas para essa relação não dar certo.— Você é um bom imperador, Maximus.— Foi o que ela disse, distraindo sua mente com suas próprias palavras antes que pudesse pensar que não podia julgar Niffie e seu marido desde que tinha um relacionamento complicado com Maximus.

Os olhos do arcanjo brilharam por um breve momento e sem precisar usar nenhuma palavra, Ellylan soube que Maximus estava feliz por ter recebido um elogio. O sentimento era mútuo, pois ela adorava ver o que o anjo loiro ao seu lado sentia em seus olhos.

— Venha,— Maximus disse calmamente, pressionando seus dedos contra a costas de Elly para que ela o acompanhasse quando começou a caminhar.— Niffie deseja vê-la.—

Ellylan não negou isso mesmo quando sabia que Meridius estaria ao lado de Niffie, era mais do que sua obrigração agradecê-la por esse vestido, então ela não se importaria em ter que aturar o arcanjo do paraíso a olhando como se fosse algo realmente errado.

Em quanto Maximus levava Ellylan pelo salão, ela procurou por Patrick por todos os lugares que era possível ver e quando não encontrou, se virou para Maximus com a intenção de perguntar pelo seu único tenente que não estava presente, mas não teve a chance de nem ao menos abrir sua boca quando viu Meridius e Niffie caminhando em sua direção também.

E qualquer pergunta que existisse na mente de Elly foi embora em questão de segundos, pois no momento que seus olhos encontraram aquele casal, ela ficou surpreendida como ambos estavam bonitos um ao lado do outro.

Ellylan nunca havia pensado que Niffie e Meridius ficavam bem juntos, que suas aparencias completavam um a outro e no quanto a imperatriz do paraíso ficava feliz ao lado do seu arcanjo. Eles pareciam bem, mesmo que só tivesse ouvido coisas que não eram boas sobre o relacionamento deles.

Niffie sorriu no momento em que viu Elly usando o vestido que ela havia feito com suas próprias mãos, em quanto Meridius a olhou com uma expressão que era exatamente igual a de Maximus. Sem nenhuma emoção. Ellylan não estava surpresa por isso, pois diferente do arcanjo do inferno, ela nunca havia visto qualquer tipo de emoção tingindo os olhos do marido de Niffie.

— Elly!— Ela exclamou, não tendo a oportunidade de abraça-la como Niffie fazia com todos que via quando Meridius a segurou ao seu lado, mas isso não foi o suficiente para acabar com seu sorriso.— Você está linda!—
— Obrigada, Niffie.— Ellylan disse com sinceridade, ignorando o olhar frio que Meridius a encarava.— Obrigada por esse vestido também.—
— Eu estou feliz em poder ajudá-la, Elly.— Ela falou, movendo seus olhos para encontrar os de Maximus.— Vocês ficam muito bem juntos.—
— Não seja tão educada, Niffie.— Meridius resmungou com puro mal humor, fazendo seu melhor trabalho em ignorar a existencia de Ellylan.

Sim, sem duvida, ele a odiava.

— Pensei que você estaria se comportando nessa noite, Meridius.— Maximus comentou, observando seu irmão calmamente. E mesmo que Ellylan soubesse que existia algum tipo de amor entre eles pelo fato de serem irmãos, tudo o que conseguia ver era a lealdade. No entanto, agora que existiam tantas pessoas ao redor deles, Maximus e Meridius agiam como arcanjos que não possuíam medo de matar.
— Eu me lembro de dizer que iria cuidar de sua humana caso fosse necessário, não que iria adorá-la.—
— Eu...— A voz de Elly falhou, o que a deixou com ainda mais raiva de si mesma por não conseguir negar o que Meridius estava falando.— Eu não sou a humana de Maximus.—

Quase que automaticamente, Meridius e Niffie olharam para Ellylan juntos e suas expressões eram clara em dizer que nenhum deles acreditavam em suas palavras. E mesmo que Meridius não demonstrasse nenhum sentimento, ele não conseguiu esconder essa expressão que estampava seu rosto.


Ellylan escutou Maximus ao seu lado segurar o seu riso, o arcanjo até mesmo olhou para baixo quando seus lábios ameaçaram tremer. Ela apenas não sabia se ele ria por Niffie e Meridius finalmente terem agido como um casal ao demonstrar algo que os faziam iguais, uma mania que apenas casais podiam ter ou por Ellylan simplesmente ter se enrolado ao tentar dizer algo que nem ao menos tinha certeza.

Se sentindo constragida o suficiente com os olhares de Meridius e Niffie, Elly se virou para Maximus com a intenção de encontrar seus olhos, o arcanjo do inferno rapidamente levantou seus olhos do chão e encontrou os de Ellylan.

— Eu quero ver Diane, Maximus.— Ela disse, pois seria muito mal educado não desejar felicidades a aniversariante da festa.
— Ótimo!— Meridius exclamou e saiu de perto de Ellylan puxando Niffie antes que seu irmão mais novo tivesse a chance de dizer algo ou simplesmente repreendê-lo por não fingir que gostava pelo menos um pouco de Elly.

Maximus encarou seu irmão em quanto ele se afastava e se misturava entre a multidão que também incluia seres imortais com asas.

— Eu não me importo que Meridius me trate assim.— Elly comentou com seus olhos fixos em Maximus.— Na verdade, acho que ele está muito mais amigável que antes.—
— Pelo fato de não ter ameaçado sua vida?—
— Eu sinto que não citar meu nome com a palavra morte para Meridius é o mesmo que pedir para ser sua melhor amiga.—
— Não seja tão iludida, Elly.— Maximus disse ao mesmo tempo que encontrava o olhar dela, sem ao menos notar as pessoas que olharam para eles quando o arcanjo do inferno usou um apelido de seu nome.— Meu irmão apenas deve estar se sentindo de bom humor.—

Elly olhou para algumas pessoas que a encaravam e isso era quase impossivel desde que eram muitas.


— Me leve até Diane.— Ellylan cortou o assunto entre eles ao se sentir completamente desconfortável pelas tantas pessoas que os olhavam, ela até mesmo passou a caminhar sem saber onde exatamente deveria ir e tudo isso para fugir dos olhares que a seguiam.

Maximus levou apenas segundos para começar a guiá-la e o anjo loiro provavelmente já havia compreendido o por que de Ellylan ter ficado tão desesperada de repente quando passou a fazer isso. Elly manteve seus olhos baixos, evitando fazer contato com qualquer pessoa que a desejava vê-la. Isso fazia dela muito fraca, mas essa era a única verdade que existia quando estava diante de tantos imortais. Quando precisasse ser forte, ela seria, mas naquele momento não era necessário.

Maximus estava ao lado dela e cada pessoa que cruzava o seu caminho se desvia para longe com a intenção de sair de sua frente. Ellylan não sentia necessidade de demonstrar ser forte quando existia uma pessoa tão forte ao seu lado que a fazia se sentir completamente segura.

Ellylan viu Diane depois de mais alguns passos, ela estava incrivelmente linda em um vestido rosa claro com várias pedras brancas que brilhavam conforme seu movimento, a aparencia da irmã mais nova dos arcanjos fez com que Elly a comparasse como uma deusa da mitologia grega. Perfeita a ponto de causar inveja em mortais.

Ela estava sozinha naquele momento, vendo todos os convidados de sua festa que dançavam alegremente, seus olhos escuros diziam que desejava estar naquele meio, mas por algum motivo não estava. Diane se virou para Maximus e Ellylan quando os cantos de seus olhos os encontraram, um sorriso cresceu nos lábios dela e isso demonstrou sua felicidade.

Maximus sorriu para sua irmã mais nova também, mas seu sorriso foi embora de seu rosto no momento em que ele se afastou de Elly para caminhar até sua irmã e abraça-la. Diane não negou aquele afeto de maneira alguma, ela nem ao menos tomou o cuidado que muitos teriam para não tocar nas asas de um anjo.

Ellylan estava encatada com aquela imagem diante de seus olhos, pois Maximus não precisava permitir que seus sentimentos invadissem seus olhos para mostrar o quanto amava sua irmã. E mesmo que eles fossem irmãos apenas por parte de pai, isso não parecia fazer nenhuma diferença na relação deles. Por um momento, Elly se perguntou se alguém gostava tanto dela como Maximus gostava de Diane.

E sua única resposta sobre essa questão foi o vácuo de uma vida que parecia nunca ter sido vivida, mas como não estava preparada para se sentir depressiva naquele momento, seu lado iludido respondeu a pergunta com palavras positivas.

— Você está muito bonita para o meu gosto, D.— Maximus falou para sua irmã, se afastando dela para que pudesse observá-la.
A primeira resposta de Diane foi apenas revirar seus olhos.— Não reclame sobre isso, pois eu estou parada aqui como uma estatua graças a você, Maximus.—
— Por que isso é culpa de Maximus?— Ellylan perguntou com a intenção de ganhar a resposta que desejava para saber o motivo de Diane não estar dançando em seu aniversario.
— O fato de possuir três irmãos homens já responde sua pergunta, Elly.— Diane sorriu e se aproximou de Ellylan.— Serem arcanjos é o minimo dos detalhes.—
— Eu a avisei uma vez,— Maximus se virou para encontrar os olhos de Ellylan quando Diane havia dado suas costas ao anjo loiro.— Ganhará aprovação aquele que ignorar a existencia de seus irmãos.—

Diane revirou seus olhos novamente, claramente revoltada pela resposta que parecia quase impossivel já que ignorar a existencia de Meridius, Maximus e Dimitrius era algo que realmente não daria certo. Eles marcavam muita presença para que algo como isso chegasse perto de acontecer.

— Você está linda, Ellylan.— Diane disse, ignorando Maximus.—Muito, muito bonita.—
— Obrigada.— Elly sorriu com sinceridade mesmo quando se sentiu desconfortável. Muitas pessoas estavam a elogiando e a encarando nessa noite, sobreviver a essa situação parecia muito mais complicado do que ter em mente de que Maximus cobraria um beijo que nunca chegou a acontecer depois que esse baile acabasse.— A proposito, feliz aniversário.—
— Oh,— Diane riu brevemente.— Você é tão humana, Elly.—

Ellylan não entendeu esse comentário e sua única reação foi olhar para a única pessoa que explicava esse mundo tão diferente, mas que agora havia se tornado o único que ela conhecia.

— Nós, imortais, comemoramos nossos aniversários por séculos.— Ele a ajudou.— Hoje é apenas um evento com a desculpa de ser o dia que Diane nasceu, mas não é verdadeiramente seu aniversário.—

Aniversários por séculos... Isso era algo que a mente de Ellylan se negava a processar, principalmente quando Diane já era uma adulta e Maximus seu irmão mais velho.

— Você irá dançar comigo, Maximus?— Diane perguntou ao se virar para ele.— Estou cansada de ficar em pé esperando por alguém.—
— Como desejar, D.— Maximus disse.— Eu sou sua melhor companhia para isso.—
— Eu não estou feliz por isso, então não haja como se não soubesse disso.—
— Eu ainda mantenho minha promessa de ficar longe de sua mente e alma, não seja tão critica.— Maximus ofereceu seu braço para Diane e sua irmã mais nova rapidamente o pegou, mas antes de fazer qualquer outro movimento em direção da pista de dança, o arcanjo do inferno olhou para Ellylan.— Meus tenentes estarão cuidando de você, não se preocupe.—

Elly não queria ficar longe de Maximus, mesmo sabendo que seus irmãos e tenentes estavam com um olho nela, mas ela jamais iria tirar o anjo loiro de sua irmã. Eles possuíam seus costumes e ela não era ninguém para destruir eles. Então sua única opção foi concordar com a cabeça e ver ambos se misturando entre as pessoas para poderem dançar.

No mesmo instante em que Maximus e Diane se posionaram para dançar, seus olhos encontraram Katherine no meio da pista onde existiam muitas outras pessoas acompanhando o ritmo da musica calma que era tocada.

Maximus havia falado uma vez que ela não podia tocar ninguém sem suas luvas e mesmo que Katherine estivesse as usando, Ellylan ficou chocada ao vê-la encostando em outra pessoa, pois nunca havia visto ela tocar ninguém, mesmo com luvas. Katherine parecia evitar o contato o maximo que podia e agora ela não parecia se importar.

Nem mesmo ser Morgan o par dela naquela dança surpreendeu Ellylan, muito menos o fato de que ambos demonstravam estar felizes por estarem juntos. Elly nunca havia reparado que existia algum tipo de amizade entre eles, pois Katherine parecia ser amiga apenas de Diane e de seus irmãos, mas agora que viu Morgan e ela juntos, pode concluir que algo existia entre eles. Ellylan não podia acreditar que era algo além de amizade, pois Maximus já havia comentado que Katherine possuia um relacionamento com Dimitrius, mas o outro arcanjo era sua única opção e isso não a impedia de desejar outras pessoas que não podia tocar sem suas luvas.

Quando Ellylan percebeu que estava fazendo o mesmo que os outros, encarando Katherine e Morgan, ela rapidamente desviou seus olhos para as mesas que possuiam alimentos. Ela não queria se intrometer na felicidade de Katherine e Morgan os encarando como se fossem algo realmente anormal, muito menos preocupar Maximus ao deixá-lo acreditar que ela havia congelado naquele lugar que a havia deixado.

Elly caminhou até a enorme mesa que continha diversos pratos e observou cada comida que estava diante de seus olhos. Ela não sentiu nenhum desejo, mesmo que todas as comidas tivessem uma aparencia realmente deliciosa.

Seu estomago se revirou quando lembrou do gosto de cinzas que ocorreu em sua boca ao se alimentar na noite passada, ela não desejava que isso acontecesse isso novamente, mas quando viu que estava sendo observada, Ellylan pegou um pequeno doce da cor rosa que se misturava com o branco. Ela não queria ser classificada como anormal para os imortais e como sabia que humanos não negavam nenhum tipo de comida, ela colocou aquele pequeno doce dentro de sua boca.

Ellylan mastigou o doce que não possuía nenhum sabor e custou muito para que não fizesse nenhuma careta quando o medo de que aquele gosto horrivel tomasse conta de seu paladar que estava em um sono profundo.

E como era o esperado, pois Elly não acreditava que esse doce iria fazê-la sentir fome novamente, o gosto de cinzas de uma grande queimada invadiu sua boca sem nenhuma permissão. Ela não fez careta, mas tinha certeza que não havia feito nenhuma expressão agradavel também. E Elly não sabia nem a onde começar para explicar o seu sofrimento quando teve que engolir o que estava em sua boca ao invés de cuspir.

Seria muito desagradável fazer isso diante de tantas pessoas que a olhavam discretamente, mas Ellylan realmente desejou isso mais do que qualquer outra coisa naquele momento de agonia.

Tentando disfarçar a expressão clara que havia aparecido em seu rosto quando mastigou aquele doce, ela continuou caminhando perto daquela longa mesa cheia de aperitivos para os convidados. Elly não se atreveu a pegar nenhum outro doce ou salgado, ela apenas observou a aparencia deles em quanto caminhava.

Ela se deteve completamente quando, a alguns passos dela, encontrou três mulheres, tão elegantes quanto o restante que estava presente nesse salão. Ellylan estava fazendo um bom trabalho em ignorá-las antes, mas ao ouvir seu nome sair do lábio de uma delas, não pode fazer nada além de ouvir um idioma que ela não entendia nada.

— Ellylan...Zein izen da hori? — (Ellylan... Que tipo de nome é esse?) A mulher de um cabelo ruivo alaranjado disse, seu tom era de um puro desgosto.— Hori da beldurgarria.— (É horrível.)

As outras mulheres riram arrogantemente, seus narizes empinados eram ainda piores do que o de Katherine, algo que Elly jamais pensou ser possível. E ela nem ao menos conseguia mencionar no quanto se sentia enjoada com o som da risadas delas. Não era um som como a de Maximus, que soava tão agradavel como o ronronar de um felino, era falso e sujo.

— Izugarria da, zure izena ez du.— (Ela é horrível, seu nome não faz diferença.) A morena falou, seu tom tão parecido com o de sua amiga.

Todas riram naquele momento e Ellylan agiu sem pensar quando o som de suas risadas irritou todo o seu interior a ponto de sentir suas bochechas ficarem quentes.

Ela pegou uma taça de champanhe que estava ao seu lado na mesa e caminhou os passos restantes que a separava daquelas mulheres arrogantes que a fez odiá-las sem ao menos conhecê-las ou saber seus nomes. Ellylan não parou quando o espaço entre elas acabou, ela passou por entre as duas mulheres que haviam falado antes e não se importou quando o tamanho de seu vestido quase a fez parar de caminhar pela falta de espaço.

Quando as duas mulheres soltaram sons de pequenos gritos de ofensa e palavras que expressavam a raiva, Ellylan tombou a taça de champanhe entre seus dedos na direção do vestido da ruiva que acertou o seu braço com suas longas unhas. Aquilo não havia doido, mas a deixou irritada quando um pequeno risco vermelho surgiu em sua pele clara.

— Oh!— Elly exclamou em pura falsidade, segurando a taça contra seu corpo quando sorriu com ironia— Me desculpe, eu não havia visto vocês.—
Todas fuzilaram Ellylan com o olhar, mas a ruiva estava queimando de raiva de uma maneira que dizia que ela realmente desejava quebrar o pescoço dela.— Você...— A ruiva rosnou no idioma que Elly compreendia muito bem, mas antes que ela tivesse a chance de continuar sua sentença, sua expressão mudou completamente. De pura raiva que podia expressar uma ameaça de morte foi para algo realmente meigo e amavel.

Ellylan desejou socá-la e iria se uma mão grande não tivesse tocado levemente suas costas para não assustá-la com uma aproximação não esperada. E pela temperatura quente que queimava sua pele mesmo com o tecido de seu vestido para atrapalhar o toque, Elly sabia muito bem quem era.

— Imperatore.— As três mulheres falaram em conjunto, suas cabeças curvando ligeiramente em quanto seus olhares encontravam o chão.
— Há um problema acontecendo aqui?— Maximus perguntou, sua voz além de não demonstrar nenhum sentimento era fria como o gelo cortante.
— Si...—
— É claro que não, imperatore.— A morena cortou Ellylan quando ela estava pronta para dizer o que havia acontecido.— Nós estavamos apenas nos conhecendo.—

Vadia! A mente de Ellylan gritou, mas ela apenas balançou sua cabeça em concordancia quando Maximus olhou em sua direção com a intenção de buscar uma resposta. Afinal, nem ao menos sabia o que aquelas mulheres haviam falado sobre ela. E essas mulheres haviam demonstrado muito bem que eram mais falsas do que uma cobra faminta.


— Venha.— O arcanjo do inferno disse, usando sua mão livre para pegar a taça das de Ellylan e coloca-lá sobre a mesa.

Ellylan encarou aquelas mulheres que agora nem ao menos a fuzilavam com o olhar, ela sabia que sua pequena vingança por terem falado dela não havia realmente as atingido. Se fosse Elly no lugar delas, ela tinha certeza que não se tornaria uma falsa cobra diante da presença de Maximus.

Como uma ultima provocação, Ellylan deu um passo para trás com intenção de tocar seu corpo na asa de Maximus que estava logo atras dela e mesmo que fosse quase impossivel fazer isso quando seu vestido era muito grande, ela conseguiu sentir as penas suaves e brancas contra seus ombros nus.

Maximus havia compreendido o que Ellylan fez, pois o anjo até mesmo movimentou sua asa que ela havia encostado para lhe dar melhor comodidade. E naquele momento, Elly desejou sorrir, pois não conseguiu escolher nenhuma palavra para definir as três expressões de puro choque que apareceu no rostos daquelas imortais.

Satisfeita com a reação delas e sem dizer nenhuma outra palavra, Elly deu seu primeiro passo para longe delas, com Maximus a acompnhando.

Ellylan esperou até que a distancia se formasse entre eles para voltar a falar, sabendo muito bem que Maximus estava ciente de que ela havia mentido sobre a parte que concordou que ela estava apenas conhecendo aquelas mulheres.

— O que elas falaram sobre mim?— Elly perguntou, se virando para encontrar os olhos do anjo loiro e se livrar do toque em suas costas que estava a deixando louca.
— Eu não as escutei antes de chegar até você.— Ele foi sincero, mas seu tom mudou quando ele a repreendeu com uma brincadeira.— Como você pode atacar alguém sem saber o que estavam falando?—
— Eu não preciso compreender para reconhecer uma vadia, Maximus.— Ellylan resmungou, cruzando seus braços depois de desviar seus olhos dos do anjo para mostrar que não ficou feliz com sua repreensão, mas quando Maximus não disse nenhuma outra palavra, Elly voltou a olhá-lo. Ela não encontrou seus olhos naquele momento, pois o arcanjo olhava fixamente para o seu braço. Não exatamente para ele, mas sim para a marca vermelha.— É apenas um arranhão.—
— Ninguém tem permissão para machucá-la nesse baile.— O arcanjo falou em pura ira e isso fez com que Ellylan deixasse seus braços cairem ao lado de seu corpo para que Maximus não ficasse encarando algo que o deixava com raiva.
— Você já me deu vários desses nos treinamentos, eu não irei morrer por isso.— Ele encontrou seus olhos.— Agora, me leve para dançar.—
— Você não dança.— Foi uma afirmação verdadeira, mas que continha o som da raiva. E Ellylan ficou completamente arrependida por não ter socado a cara daquela mulher rude, pois agora, por culpa dela, o bom humor de Maximus havia sido arruinado.
— Você é um pessimo acompanhante, Max.—

Maximus não a respondeu, na verdade, o arcanjo do inferno apenas desviou seus olhos de Elly para olhar todas as pessoas que automaticamente viraram suas cabeças na direção deles quando ela deixou a palavra “Max” escapar de sua boca.

O arcanjo pegou uma das mãos de Elly e começou a puxá-la para longe daquelas pessoas que a olhavam como se fosse algo realmente diferente, alguém que não tratava Maximus como um arcanjo.

Ela sabia que Maximus havia deixado claro para seus convidados que a protegia a cima de qualquer coisa, mas também sabia que essas pessoas não imaginavam o quão intimos os dois realmente estavam. Se ficavam chocados por Ellylan chamá-lo por um apelido ou encostar em suas asas, eles teriam um infarto se soubessem que já haviam se beijado.

Maximus a levou até a pista de dança, naquele meio em que tantas pessoas se movimentavam em seus proprios passos e que demonstrava ser o local mais seguro para estar, pois as pessoas que estavam ali não pareciam se importar com qualquer outra coisa que acontecia ao redor deles. Todos pareciam ser Katherine e Morgan, uma mulher que não podia ser tocada e um homem que era reconhecido como tenente por motivos que Ellylan não desejava saber.

No entanto, o anjo loiro havia dito uma verdade.

Ellylan não dançava.


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