Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 33
Capítulo 34




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Ellylan se espreguiçou no momento em que acordou, seu corpo estava totalmente relaxado agora que ela havia dormido depois de não ter conseguido fechar seus olhos durante a madrugada por vários motivos. Incluindo sua ansiedade por Maximus tê-la beijado.

Ela fechou suas mãos em punhos quando seus pensamentos caminharam para as imagens da boca do anjo contra a sua, mas Elly se arrependeu por ter feito esse movimento com suas mão quando sabia que sentiria dor pelo machucado que existia em uma de suas palmas. No entanto, a dor nunca veio mesmo quando ela continuou esperando.

Ellylan levantou seu corpo até que estivesse em uma posição sentada e ela se esticou até o criado mudo que ficava ao lado de sua cama para acender o abajur que iria clarear todo o quarto. Seus olhos não se interessaram por nada que estava em sua volta assim que a luz se ascendeu, até mesmo o papel branco ao lado do abajur que nunca esteve ali antes que viu de relance, agora seu único interesse era ver sua mão que deveria estar machucada.

Ela se lembrava de ter deixado aquela estranha arma escorregar por sua mão e ganhar um corte em sua palma antes de encontrar o chão, Ellylan se lembrava claramente sobre isso, pois Maximus a derrubou todas as vezes que deixou sua lamina cair. Mas não havia nenhum corte em sua palma, sua pele estava lisa e sem nenhum rastro de que havia ganho um hematoma por causa de seu descuido.

Ellylan franziu seu cenho em quanto observava sua própria mão, não conseguindo compreender o que não estava vendo. Além do mais, agora que estava pensando melhor sobre esse assunto, todos os dias Maximus a deixava exausta em seus treinamentos de um modo que deveria fazê-la querer morrer por causa da dor, mas no dia seguinte ela não sentia nada. Era como se nenhum treinamento com um imortal que a jogava no chão nunca tivesse acontecido.

Seu corpo humanoque deveria prostetar não estava funcionando direito. E só agora que ela havia percebido esse detalhe.

Elly fechou seus olhos com força ao mesmo tempo que levou suas mãos até sua cabeça quando a imagem daquele anjo insano falando que ela se tornaria um monstro invadiu sua mente. Ela se encolheu o maximo que pode, tentando encontrar alguma explicação.

Já estava acontecendo coisas estranhas demais com ela para que sua lista aumentasse...

Maximus.

Sim, Maximus era um arcanjo. E ele possuía essa mania de protegê-la...

Ellylan abriu seus olhos, pois ao pensar que foi Maximus que curou seu machucado fazia muito sentido. Ele era um anjo e, pelo o que Elly conhecia sobre sua humanidade, anjos cuidavam dos humanos.

Maximus era o seu anjo da guarda desde que ela foi jogada no meio daquele pantano, então era aceitável acreditar que ele havia a curado... Elly deixou de lado esses pensamentos que estavam perturbando sua cabeça para pegar o papel dobrado que estava ao lado de seu abajur e quando seus dedos o puxaram para que pudesse abrí-lo, uma pena branca e grande caiu em cima de sua cama. Ela a pegou para levar em direção de seus olhos para observá-la, mesmo sabendo que pertencia a Maximus.

A sensação que aquela pena causou em sua palma era muito agradável e Ellylan se lembrou de todas as vezes que teve algum contato com as asas do arcanjo do inferno. Ela não pode deixar de sorrir por causa dos pensamentos ainda mais agradáveis.

Deixandode lado aquela pena por um momento, Elly abriu o papel para poder ver o que estava escrito.

Apesar de falhar com uma lamina mais do que eu poderia imaginar um dia, você teve sua primeira vitória hoje ao arrancar uma pena da minha asa. Como sei que se sentirá culpada por isso, estarei disposto para jantar em seu quarto essa noite. Maximus.”

Ellylan não pode deixar de arregalar seus olhos após terminar de ler esse pequeno bilhete. E para sua infelicidade, ela nem ao menos sabia por qual motivo estava incrédula. Mas uma coisa Elly tinha certeza, ela não se sentia culpada por ter arrancado uma pena das asas do anjo loiro quando desejava o depenar igual uma galinha que seria seu jantar. E Ellylan podia ver o sorriso provocador do arcanjo em quanto ele escrevia esse bilhete, então isso apenas fez com que sua raiva crescesse ainda mais.

No entanto, não era isso que a preocupava.

Elly se levantou da sua cama e correu até sua porta, pois jantar com Maximus em uma mesa com outras pessoas era fácil fingir que gostava daquela comida ruim, mas sendo somente ele, seria muito dificil fingir que estava comendo. Além do mais, o arcanjo reparou na madrugada passada quando estava em sua porta que ela não havia tocado nem um pouco em seu jantar.

Maximus estava começando a reparar ainda mais nela e isso só podia resultar em problemas no final de tudo.

Ellylan abriu a porta e a primeira pessoa que viu foi Patrick sentado em uma cadeira grande que havia sido colocada ali por algum dos soldados de Maximus que estavam passando a noite grudado em sua porta. Ela não pode deixar de sorrir assim que encontrou aqueles olhos tão bonitos e diferentes do tenente e amigo do arcanjo, pois sabia que se fosse Bryan que estivesse ali, ele não estaria fazendo nada por ela.

— Olhe quem está feliz por me ver.— Patrick disse de maneira sarcastica.— Estou surpreso que meu lindo rosto cause o mesmo efeito em humanos também.—
— Por que você não pode ser gentil como seu pai?— Ellylan perguntou, pois Morgan era o tipico homem que todas as mulheres desejavam ter. Se não fosse por Maximus, ela desejaria isso também.
— E por que você não pode fingir que gosta mais de mim do que ele?— O tenente ruivo resmungou ao mesmo tempo que se arrumava naquela cadeira e fechava seus olhos.— Volte para dentro, estou ocupado tentanto dormir.—
— Patrick...—
— Você está atrapalhando meu sono de beleza, Milady.— Ele a cortou antes que pudesse dizer algo mais do que somente o seu nome. Ellylan apenas desejou o sacudir até que tivesse sua atenção e se arrepender por chamá-la de Milady.
— Eu preciso que você faça algo para mim.— Ela falou tão dócil quando podia e isso fez com que Patrick abrisse um de seus olhos.— Por favor!— Elly implorou.

— Tudo bem,— Ele se ajeitou em sua cadeira para que pudesse vê-la melhor.— Mas vamos deixar claro que estou fazendo isso por estar curioso.—
— Eu não duvido de você, Patrick.— Ellylan falou em pura sinceridade, pois esse soldado possuía uma personalidade semelhante a de Gate e só pelo que ela o conhecia, poderia dizer que ele não faria nada por Elly se não achasse realmente necessário.

Ellylan poderia ter se ajoelhado em frente do soldado para agradecê-lo naquele momento e não negaria em nenhum momento se esse fosse o desejo de Patrick.

— Você pode fazer aquela mágica mental e falar para Maximus que não estou disposta para comer?— Elly falou.— Apenas diga que quero continuar dormindo.—

Patrick movimentou sua boca para dizer algo, ele provavelmente diria algo relutante sobre passar essa mensagem para o seu amigo devido à sua expressão, mas antes que o soldado tivesse qualquer chances de permitir que uma palavra saisse, outra voz invadiu o corredor e isso fez com que Elly congelasse.

— Em primeiro lugar, Elly, meus poderes não podem ser considerados como 'mágicas mentais'— Maximus falou e ela se virou para encontrar seu olhar, Ellylan realmente tentou fazer isso, mas seus olhos ficaram presos na bandeja que o anjo loiro carregava, que continha apenas um prato.— E para alguém que está disposta a mentir, não negará comer.—

Oh, droga...

Elly, definitivamente, iria morrer essa noite.

— Você pode ir agora, Patrick.— O arcanjo falou para o soldado que ainda estava sentado em sua poltrona.

Patrick se levantou tão rapido que Ellylan nem ao menos teve tempo para piscar e acompanhar seus movimentos que geralmente eram bem graciosos, o soldado estava pronto para começar a andar para longe antes que Maximus mudasse de ideia e o mandasse fazer algo, mas Patrick se deteve ao ver os de Elly olhos cheios de implorações.— Me desculpe, gatinha.— Ele disse em uma ironia fria que falou a ela que o tenente sentia tudo, menos isso.— Não posso ser útil hoje.—
— Vá achar outra pessoa para chamar de gatinha, Patrick.— Maximus falou de maneira ainda mais fria que o seu amigo, mas não existia nenhum indicio de ironia em sua voz.

Patrick apenas arqueou uma de suas sobrancelhas em quanto Ellylan apenas continuou com sua boca aberta quando não teve nenhuma chance de ofender o soldado ruivo de alguma maneira pelo novo apelido.

Elly viu no rosto do tenente que ele havia muitas coisas para dizer sobre aquilo, mas Patrick se virou e foi embora. A deixando sozinha com um arcanjo que iria fazê-la comer nem que tivesse que enfiar a comida guela a baixo em sua garganta.


***

Ellylan estava encarando o prato em sua frente e mesmo que sua aparencia fosse parecido com um daqueles que havia sido decorado por pessoas profissionais, ela se sentia enjoada. Maximus estava sentado em sua frente, a mesa entre eles era pequena e isso apenas a fazia se sentir sem saída para fugir.

Elly apertou os talheres que estavam em suas mãos para tentar se distrair desse enjoo que estava a perseguindo de maneira assustadora e gritando que algo nela não estava normal. Ela levantou seus olhos do prato para que pudesse encontrar o olhar do arcanjo que não saia dela de maneira alguma.

— Não estou com fome.— Era terceira vez que Ellylan falava aquilo desde que Maximus entrou em seu quarto e colocou o prato em cima da mesa para que ela pudesse comer. E era terceira vez que ela ignorava.
— Eu acredito em você.— Ele disse em um tom calmo.— Mas não irei ser acusado de maus tratos.—
— Mais cedo você disse algo sobre os escudos da minha mente...— Ellylan procurou um assunto para mudar, enrolar Maximus com conversas era sua única tatitca.— Sobre o que era?—
— Eu disse que um deles havia se partido quando nos beijamos.— O anjo disse e não demonstrou nenhuma emoção em sua ultima palavra. Isso apenas deixou Elly com mais raiva.— Mas nós não estaremos conversando sobre isso agora. Então, coma.—
— Isso soa importante para mim, você tentou diversas coisas para não discutirmos sobre esse assunto, Max.— Ela o chamou de Max pelo simples motivo de ter percebido que emoções brotavam em seus olhos quando Ellylan usava seu apelido, ela faria qualquer coisa para distraí-lo.
Maximus cruzou seus braços, um sinal que ela interpretou como derrota para o seu plano de enrolá-lo com conversa.— Você prefere quebrar mais escudos da sua mente com beijos ao invés de comer, Elly?— Ele falou com o mesmo tom que Ellylan usou ao falar o apelido de seu nome, deixando claro que Maximus havia entendido o que ela estava fazendo.

E ela não imaginou que a primeira vez Maximus falaria sobre o beijo que aconteceu entre eles seria como algo que não fazia diferença a ele.

— Vá embora.— Ellylan murmurio ao mesmo tempo que abandonava os talheres em cima da mesa.— Eu não irei comer.—

Talvez estivesse na hora de Elly admitir que algo estava errado e passar a acreditar nas palavras de Edward quando ele a chamou de monstro. Ela não era um monstro, mas poderia se tornar em um. E alguma hora Maximus iria descobrir todas as suas pequenas mentiras. Ellylan deveria contar a ele, pois o anjo loiro era o único que iria poder ajudá-la entender o motivo de seus problemas, mas ela não estava preparada para fazer isso naquele momento.

Quando Maximus continuou imovel em frente dela, Ellylan se levantou e caminhou em direção de sua porta para sair, pois se ele não o fizesse, ela faria sem nenhum problema. No entanto, quando Elly abriu apenas uma fresta da porta a mão do arcanjo apareceu logo ao lado de sua cabeça, usando sua força para que ela não tivesse nenhuma chance de abri-la. A porta se fechou em um baque forte devido a rapidez e força que Maximus usou ao estender sua palma sobre o material da madeira decorada.

Ellylan se virou em direção do anjo, encontrando seus olhos mais próximos do que esperava quando ele se curvou para que pudesse encarar seu rosto da melhor maneira possível. Ele estava muito perto e Elly não possuia nenhum lugar para ir quando as asas brancas do anjo foram usadas como muros e não permitir que ela fugisse para longe dele.

Aquele arcanjo a fez congelar no lugar, principalmente quando sentiu pequenas pontadas em sua mente que a assustou. Aquilo não doeu, pois eram semelhantes a caricias, mas como ela nunca havia sentido aquilo antes, sua garganta ficou seca.

Por algum motivo, ela sabia que era Maximus, principalmente quando tinha uma noção grande de que ele vivia checando sua mente para ver os escudos que cercavam sua mente da verdade que ele procurava e como um deles havia sido rachado, fazia sentido sentir a presença dele. Mesmo que Ellylan não compreendesse todo esse assunto de escudos e mente, algo nela gritava que essas pequenas pontadas vinha dele. Ela estava pronta para perguntar o que estava acontecendo, mas o anjo foi muito mais rapido.

— Você estava com raiva de mim mais cedo.— Ele disse, a surpreendendo.— Mas ficou completamente apavorada quando apareci com um prato cheio de comida em sua frente.—
Ellylan ficou chocada.— Como você sabe como me sinto?!—
— Eu sou um arcanjo.—
— Isso não explica nada!—
— Arcanjos lidam com almas, Ellylan.— Ela piscou lentamente quando essa resposta fez algum tipo de sentido em sua mente. Niffie já havia dito algo sobre isso, sobre vibrações de almas e arcanjos as vendo se assim fossem seus desejos.
— Você vê minha alma.— Isso não era um segredo, mas Ellylan pensou que ela jamais se encaixaria no meio disso tudo, de seu mundo. Suas bochechas pegaram fogo no momento em que ela lembrou de todas as emoções que teve quando o assunto era Maximus. Emoções que deveriam ser banidas.

Elly sentiu suas pernas tremerem, mas ela já se sentia humilhada demais para cair em frente dele.

— Você está mentindo para mim.— Isso foi uma afirmação, não uma pergunta. Algo que dizia que ele sabia tudo sobre suas emoções. É logico que Maximus saberia, ele procuraria qualquer coisa nela para descobrir quem realmente era já que não podia estar em sua mente.

Ellylan apenas encarou o rosto inexpressivo do arcanjo em quanto ele continuava com sua cabeça abaixada e com seu braço ao lado da cabeça dela para que sua mão continuasse segurando a porta fechada. Aquelas pontadas em sua mente pararam, mas em um intervalo de poucos segundos elas voltavam.


Ela tinha que perguntar para Maximus o que aquilo significava antes de começar achar que estava com algum tipo de tumor.

— Vamos começar com os fatos mais simples agora que decidiu voltar a ser silenciosa.— O anjo loiro voltou a falar, a encurralando de todas as maneiras possiveis.—Você está brava comigo pelo motivo de não ter mencionado nenhuma palavra sobre o que aconteceu na madrugada passada.—
— Eu...— A mente dela ficou em puro branco, pois não sabia como reagir com Maximus jogando a verdade em sua cara sem que ela precisasse pressioná-lo. Era muito mais fácil quando Elly tinha que fazer isso, pois as pessoas falavam por si mesmas.
— O que espera que eu diga sobre esse assunto?— Maximus perguntou.— Que foi algum tipo de erro?—

Ela não queria que o arcanjo falasse isso, mas era algo a se considerar quando se tratava de Maximus. O anjo era muito calculista para permitir se relacionar com uma humana.

— Eu não considero aquilo um erro, Elly.— Maximus falou suavemente depois de esperar pela resposta dela que nunca veio.— Pelo contrário, é tão correto que desejo beijá-la novamente.—

Ellylan engoliu em seco e quase ficou em choque por causa daquela resposta que veio de Maximus, pois ela esperava de tudo, menos uma aceitação tão fácil.

— Agora que resolvemos esse assunto,— O anjo voltou a falar antes que o cerébro dela voltasse a funcionar para criar uma frase que disesse que o assunto não estava resolvido. Existiam fatos importantes que Maximus estava ignorando, principalmente aquele que estava obvio que eles teriam uma relação que não chegaria a nenhum lugar perto do futuro desde que ela estava vivendo em um lugar errado. E Elly podia se apaixonar... Oh. Quem ela estava enganando? Ellylan já estava apaixonada.— Por que não está comendo?—

Naquele momento, o coração de Ellylan gelou.


Ela não gostava desse Maximus que ia direto ao ponto sem antes investigar até ter todas as verdades em suas mãos.

Uma outra pontada em sua cabeça fez com que seu corpo tremesse, pois essa, diferentes das outras, havia doído como se algum prego tivesse sido enfiado em seu cranio.

— Saia da minha cabeça, Maximus!— Ellylan exclamou rapidamente, quando sentiu o inicio de outra pontada que iria machucá-la. No entanto, ela deixou de existir no momento que Maximus se afastou. E seus olhos mostraram que ele estava surpreso.
— Como sabe que eu estava em sua mente?— Ele perguntou, fechando suas asas brancas em suas costas e assumindo uma postura séria.
— Eu senti pontadas e deduzi que era você.—
— Somente agora?— O arcanjo parecia realmente curioso.
— Não.— Elly admitiu.— Antes eram pontadas... suaves. Como caricias, mas essa me machucou.—
— Isso é interessante.—

Claro, enfiar pregos na cabeça dela para ver sua reação era muito interessante. Ellylan revirou seus olhos em revolta.

— O que você estava fazendo?—
— Anteriormente nada, apenas estava em sua mente.— Ele explicou calmamente.— Mas depois tentei rachar seu próximo escudo.—
— Não faça mais isso.— Ellylan advertiu, realmente séria ao dizer suas palavras. Ela ficaria louca se tivesse mais daquelas dores em sua cabeça.
— Me desculpe, Elly, eu não desejava machucá-la.— Maximus falou de uma maneira que mostrou que ele realmente queria dizer aquilo.— Isso nunca aconteceu antes.—
— Você já fez isso antes?— Ela estava chocada, tentando imaginar quantas dores de cabeça teria tido.
— Sim.— Maximus a respondeu.— Para ser sincero, eu passava boa parte do meu dia tentando quebrar sua barreira.—

Instinto a fez levantar suas mãos até sua cabeça, mas Ellylan não gostava da ideia de ter aquela dor em sua mente novamente, mesmo que fosse suportável. E foi só quando ela estava voltando para uma posição normal em que não tentava inutilmente proteger sua mente com as mãos que ela sentiu outra pontada, mas não existiu dor. A sensação era a mesma de que alguém estivesse acariciando seus cabelos com toques lentos que tomavam cuidado para não fazer nada de errado e afastá-la.

Ellylan olhou para Maximus.


— Você está acariciando minha mente.—
— Sim,— Ele sorriu.— Talvez ela passe a gostar de mim com isso e permita minha passagem pelas barreiras.—
— Minha mente não é um gato, Maximus.— Ellylan resmungou.— E pare de me tratar como um animal de estimação antes que seus tenentes façam o mesmo!—
— Eles não irão fazer isso.— Um aviso tão calmo que chamou sua atenção por causa de seu tom.
— Por que não?— Ela perguntou.— O outro apelido se espalhou rapidamente.—
— Você é meu bichinho de estimação, Ellylan.— Sua voz extramemente séria fez com que os pequenos fios de cabelo de sua nuca se arrepiassem. Possessividade pura era apenas o que existia a cada palavra do arcanjo.
— Não seja possessivo, Maximus.— Elly avisou, pois ela não pertencia a ninguém além dela mesma.
— É uma verdade, não possessividade.—

Ellylan se afastou da porta e fixou seus olhos nos de Maximus, ela sabia muito bem que se fosse o desejo dele, o arcanjo estaria a encurralando em qualquer outro canto desse quarto, mas naquele momento ela o encarou para enfrentá-lo.

— Tanta vontade,— Ele disse com um sorriso provocador.— para alguém que tem todos os seus sentimentos revelados.—

Droga.

Ellylan realmente odiou saber que ele podia ver sua alma, pois agora nem ao menos podia ter um pingo de orgulho dentro dela. Afinal, uma parte dela achava um pouco agradável que ele a considerasse ser dele.

Quem não gostaria?

— Você não irá entrar em uma guerra comigo, Elly?— O arcanjo perguntou curiosamente, sem precisar de mais palavras para que ela soubesse do que ele estava falando.
— Você pararia de ficar bisbilhotando o que sinto se eu pedisse?—
— Não.— Ai estava a resposta que ela não estava surpresa em ouvir.

Elly revirou seus olhos, mas antes que se deixasse ficar com raiva por causa desse motivo, existiam coisas mais importantes naquele momento.— Eu tenho uma pergunta...— Foi o que disse e quando Maximus apenas a encarou em seu silencio, ela continuou.— Você pode curar pessoas?—
— Sim.—
— Você pode me curar?— Ellylan reformulou sua pergunta quando recebeu uma resposta do arcanjo que não dizia o que ela desejava saber.
— Em quanto sua mente estiver fechada para mim, não.— Elly sentiu seu coração acelerar naquele momento, mas tentou quase todos os meios que existiam para se manter calma. Depois, ela pensou, depois iria se desesperar.

Maximus abriu sua boca para dizer algo que provavelmente envolvia sua repentina curiosidade nesse assunto, mas os olhos claros dele se desfocaram dela antes que tivesse a chance de dizer qualquer palavra e aquela caricia que apenas se repetia em sua mente parou, o que a deixou decepcionada por querer mais. Os olhos de Maximus ficaram vazios, qualquer emoção que existiu nele sumiu em questão de segundos.

Alguém estava falando com ele, Ellylan deduziu, já que tinha visto essa expressão antes.

— Eu tenho que ir.— Maximus falou, seus olhos voltando aos dela depois de acabar com aquela conversa que ela estava longe de ouvir.— Alguns demonios estão criando problemas.—

O anjo passou por Elly e abriu a porta de seu quarto para sair, mas quando já estava no corredor para seguir seu caminho, Maximus se virou para Ellylan novamente. Ela o observava em silencio e se segurava para não dar pequenos saltos de alegrias agora que o arcanjo do inferno havia esquecido completamente do prato cheio de comida que estava em cima da sua mesa.

— Amanhã nós não poderemos ter nosso treino.— Ele voltou a falar calmamente, se aproximando de Ellylan que havia caminhado até sua porta.— Creio que não nos veremos também, mas eu estarei a esperando na hora do baile de Diane.—

Ellylan começou movimentar sua cabeça em um sinal negativo, pronta para dizer que ela não iria para um baile agora que seu vestido havia sido destruído por motivos que sua mente não gostava de lembrar, mas ela se calou completamente quando Maximus fez o seu próximo movimento.

O arcanjo do inferno, que já estava próximo dela, se curvou até que seus lábios macios e quentes estivessem presos aos dela. Foi um beijo rapido, onde não existiu qualquer outro contato além da pressão do lábio dele sobre o dela, mas Maximus deixou que Ellylan sentisse seus dentes no seu lábio inferior antes que ele se afastasse completamente e permitisse que visse que seus olhos claros riam para ela.

— Até mais, Elly.—

Ellylan levou vários segundos para perceber que estava como uma idiota em quanto segurava sua porta aberta e olhava para o nada. Ela não podia acreditar que Maximus havia a beijado de novo.

Elly suspirou, pois por mais que fosse sua vontade atacá-lo novamente, ela não o fez. No entanto, era assustador, de um modo bom, saber que Maximus estaria a beijando outras vezes agora que o anjo havia deixado claro que considerava certo beijá-la.

Ela não estaria entrando em uma guerra contra Maximus por causa desse motivo.

Ellylan caminhou até a mesa onde aquele prato havia sido deixado para trás e pegou em seus dedos um pequeno pedaço de frango para levar até sua boca. Mesmo que grande parte dela soubesse que odiaria, ela ainda tinha esperanças de que um milagre poderia acontecer.

Elly mastigou o pedaço de frango e o resultado foi completamente diferente das outras vezes que ela comeu, mas não era o milagre que ela esperava que estava acontecendo. O frango primeiramente não possuiu nenhum gosto, mas após ficar em sua língua alguns segundos, ele começou pinicá-la até que o gosto inexistente se tornasse o mesmo que papel em cinzas.

Ellylan pegou o guardanapo de papel que estava ao lado de seu prato e tirou toda aquela comida de dentro de sua boca antes que ficasse completamente enjoada por causa daquele gosto horrivel. Isso a preocupou terrivelmente e Maximus precisava saber o que estava acontecendo.

Mas não hoje. E muito menos no aniversario de sua irmã. Naquele momento, só lhe restava entrar em desespero e em panico sozinha por diversos motivos que ela nem ao menos conseguia enumerar.


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