Senti algo me cutucando por trás. Dedos finos que pertenciam a Scorpius Malfoy me empurravam levemente e, apesar de todo meu esforço para ignorar, ele não cessava.

-O que é? – perguntei rispidamente.

-Me empresta o seu livro de Aritmância? – sussurrou ele.

Eu lhe lancei um olhar de nojo. Faltando plenos 5 minutos para acabar a aula de Feitiços ele me pede meu livro de Aritmância?

-Está na sala comunal da Grifinória.

-Não, eu sei que não está.

Suspirei frustradamente e disse em um tom arrogante:

-Ah é, senhor Malfoy, e como poderia saber se eu estou ou não com o meu livro de aritmância aqui?

-Toda sexta-feira você traz ele para a sala de feitiços, Weasley. Depois da aula você vai correndo para a biblioteca e fica estudando até tarde.

Eu fiquei assustada com as suas palavras, pois aquilo era exatamente o que eu fazia. Retirei o meu livro da minha bolsa e mostrei para ele.

-Estou com ele aqui – disse, apontando para o livro – Viu? Mas eu não quero emprestar para você.

-Vamos lá, Weasley! Preciso do seu livro.

-Por que eu não ouvi o que meu pai me disse no primeiro ano? - disse, revirando os olhos.

-E o que foi que o seu papai disse? - disse ele, sorrindo de lado. Eu bufei e fiz uma careta.

-Meu pai me disse para ficar bem longe de você, porque filho de peixe peixinho é.

-O meu pai diz coisa parecida – disse ele, colocando os braços atrás da cabeça preguiçosamente – Ele fala que você deve ser igualzinha a sua mãe: uma sangue-ruim metida a sabidinha e impulsiva. Tenho que concordar com ele e adicionar as palavras "arrogante" e "esquentadinha".

-Então por que diabos você fala comigo? – perguntei, frustrada.Ele deu de ombros.

–No momento é porque eu preciso de um livro de Aritmância emprestado. E aí? Vai me emprestar ou não?

Revirei os olhos e fechei o meu livro de Feitiços. Depositei a pena na mesa e disse, mais calma:

-Por que você quer o meu livro emprestado?

-Tenho que estudar. Os NOM’S são amanhã.

-Oras, eu também tenho que estudar.

-Estude depois, eu preciso do livro agora.

-Que ousadia! – disse, praticamente cuspindo as palavras. – Não deveria ficar irritando os outros assim!

Ele me lançou um sorriso debochado e disse:

-Mas isso é o que eu faço.

-O que?

-Eu irrito os outros.

-E por que gosta tanto de irritar os outros?

-Bem, na verdade não é com todo mundo. Meu problema é mais com você, mesmo.

-Por que gosta tanto de me irritar?

-É o meu jeito de chamar a sua atenção.

-E por que quer a minha atenção?

-Porque apesar do que meus pais dizem você é mais do que apenas uma sangue-ruim particularmente irritante.

-Então o que eu sou?

Ele virou o rosto e suas bochechas extremamente pálidas ficaram levemente rosadas.

–Sei lá. Bonita? Inteligente? Talvez os dois.

-Talvez eu também te ache bonito e inteligente. - sussurrei, abaixando a cabeça. Minhas orelhas arderam um pouco de vergonha.

-Talvez – disse ele, me olhando de lado – Nós deveríamos ir para Hogsmeade juntos no próximo fim de semana para nos conhecermos melhor.

-Você, Scorpius Malfoy, está me chamando para um encontro? - disse, rindo um pouco. Ele me fulminou com o olhar.

-Por Merlim, Weasley, se você não quiser ir é só falar! Não precisa ficar aí rindo da minha cara.

-Eu não disse que não queria ir, Malfoy - disse, sorrindo levemente - Talvez eu deva mesmo mostrar pra você que sou muito mais do que você pensa.

Scorpius sorriu lentamente e grudou seus olhos nos meus, me deixando um pouco nervosa. Porém, sustentei seu olhar.

-É um encontro, então? - sussurrou ele.

-É um encontro - confirmei.

O sinal tocou e eu me levantei, confusa. Saí apressadamente da sala com o coração martelando no peito. Eu tinha mesmo um encontro com Scorpius Malfoy?

-Peraí! Rosie! – me virei ao escutar o meu apelido que somente meus amigos usavam usam e vi Scorpius com seu sorriso debochado sexy – Me empresta o seu livro de Aritmância?