Lição de Vida escrita por Sissi


Capítulo 3
Irmãos!


Notas iniciais do capítulo

Oi... Desculpem a demora eu sei que demorei, mas quando virem o conteúdo deste capitulo vão perceber porquê! Beijo falamos um pouco mais em baixo ;)



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O tique taque do relógio era irritante e eu estava impaciente. Finalmente as batidas na porta soaram.

– Entre. – murmurei alto, tentando ajeitar-me corretamente contra as almofadas.

– Edward como vai? – Riley cumprimentou em tom jovial enquanto entrava pelo quarto e se dirigia à poltrona como habitualmente. Eu queria contar tudo o que tinha acontecido e desabafar, por outro lado eu queria parecer indiferente. Desde quando eu tinha me tornado um fofoqueiro? – Soube que há grandes novidades. – eu não conseguia perceber como o meu psicólogo ficava tão animado com as novidades, afinal elas não tinham nada a ver com ele.

– Você já sabe! – eu não consegui evitar a irritação na minha voz e encolhi os ombros, tentando mostrar o meu “aparente” desinteresse.

– Não, eu sei a versão dos seus pais, eu não sei a sua versão! E eu quero realmente ouvir. – Riley abriu o seu bloco de notas e ficou olhando para mim expectante.

– Podemos por favor, fazer isto sem o bloco? – eu realmente não apreciava quando Riley ficava tomando notas como um louco. Eu me perguntava se eu estava louco? Afinal ele era um psicólogo e eu era o seu paciente, por isso, tudo o que eu dizia era anotado e analisado. E sinceramente? Eu hoje apenas queria uma conversa sem julgamentos.

– Sem o bloco. – o loiro fechou o caderno preto e voltou a coloca-lo na sua pasta. – Então por onde começamos? – isso era uma ótima pergunta, por onde é que eu podia começar?

– Eu decidi que não quero mudar de cidade, eu quero ficar aqui em Seattle. – eu pensei em voz alta.

– E porque você decidiu isso? Acha que se vai sentir pronto para regressar à escola e rever todos os seus colegas? Vai ver e apoiar os jogos de basquetebol sem participar? Você vai conseguir enfrentar os desafios? – eu juro, mas eu juro mesmo que Riley instalara na minha cabeça um ship e lia os meus pensamentos. Como era possível? Como ele conseguia em poucas palavras resumir as minhas incertezas, os meus medos.

Eu fiquei pensando em cada uma das suas questões: Porque eu decidi isso? Porque a minha família é tudo para mim e eles estavam dispostos a abandonar tudo o que mais gostam para o meu bem. E se eles podiam fazer um sacrifício, eu também podia fazer. Um por todos, todos por um!

Rever colegas? Se eu estou pronto? Não, claro que não!

Eu posso imaginar, os rostos com pena e compaixão, eu sonhei com eles por várias noites! Eu imagino tudo o que os alunos de Cleveland High School vão pensar: que eu passei de tudo a nada, que eu passei do garoto mais popular da escola para um aleijado, um invalido.

Eu estava pronto para isso? Nunca.

Será que eu ainda seria o Big Red? Sentado numa cadeira de rodas eu não sou assim tão Big!

Se eu conseguia ver e apoiar os jogos sem poder fazer parte? Fodidamente não! Eu amo basquetebol! Eu amo jogar! E agora tudo estava perdido, por isso, não eu não vou apoiar ninguém!

– Edward? – o loiro perguntou os seus grandes olhos azuis fixados em mim, aguardando uma resposta que ele já sabia.

– Não, eu não estou pronto. Sim eu tenho medo e não eu não vou apoiar merda de jogo nenhum. – Riley acenou concordando calmamente o que me irritou. Ele não me deveria motivar? Ele não deveria dizer que não seria tão mau?

– Então me explica Edward, porque você quer ficar aqui? – o que ele queria que eu dissesse? Que estava tudo bem? Que eu era forte? Que eu iria conseguir?

– Quando nós tivemos a reunião familiar, eu percebi! Eu percebi que estava absorvendo toda a atenção e os cuidados da minha família. E isso, provavelmente vai durar bastante tempo, por isso, eu não posso exigir mais, do que já estou exigindo. – o nó na minha garganta apertou e eu tentei manter a voz firme. – Os meus irmãos, eles disseram essa coisa... – parei tentando respirar, mas era como se uma bola de golfe estivesse entalada na minha garganta. Apertei os meus dedos e encarei as pequenas cicatrizes na mão direita.

– Essa coisa?

– Um por todos, todos por um! Essa frase tem uma grande importância para nós. E eles estão sendo todos por um, ou seja, por mim. Chegou o meu momento de eu ser um por todos. Você percebe? – para meu grande espanto quando eu encarei Riley, ele tinha um enorme sorriso no rosto.

– Edward, a nossa hora já terminou. – olhei para o relógio do quarto chocado, como é que esta hora tinha passado tão rápido? – Mas eu só quero dizer que na semana passada eu disse que você não tinha perdido tudo e hoje você me deu essa confirmação. Você ainda é um irmão preocupado que mantem as suas tradições e o acidente não tirou isso de você. – observei em silencio Riley sair do quarto com um sorriso vitorioso.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei parado pensando na conversa que tínhamos tido, eu não era o mesmo, no entanto, eu ainda tinha algumas coisas do antigo Edward! A principal diferença era que antigamente eu não questionava nada e eu era cheio de segurança e neste momento eu era um garoto receoso e amedrontado. Eu simplesmente não estava habituado a este sentimento.

Novas batidas na porta ressoaram.

– Pode entrar. – no momento seguinte o rosto demasiado sorridente de Emmet e o rosto ansioso de Jasper apareceram.

Eu os conhecia tão bem e eu apostaria a minha de bola de basquete autografada que eles estavam tramando alguma.

– E aí tudo bem? Como foi com Riley? – Emmet perguntou jogando-se na cama como uma criança enquanto o meu outro irmão sentava-se na poltrona apertando nervosamente uma capa de elásticos preta.

– Foi normal. – respondi e encolhi os ombros tentando parecer indiferente, eu não queria contar o que se tinha passado com o meu psicólogo. Apesar de eu ter uma enorme confiança neles eu ainda não estava pronto para confessar os meus medos.

O medo de ser apontado!

O medo de voltar um dia para a escola!

O medo de não ser autónomo!

O medo de ser um peso para os meus pais!

O medo de não ser eu mesmo!

– O que é que vocês estão tramando? – antes mesmo que eles pudessem negar, eu levantei a mão para os calar. – Eu estou paraplégico, não cego. – senti os meus irmãos prendendo a respiração e arregalando os olhos de tal maneira, como se fossem dois pratos. Mas eu pela primeira vez em meses estava apenas brincando. – Calma. – eu assegurei sorrindo e sincronicamente eles soltaram o ar.

Será que eu me tinha tornado esse cara tão infernal? Os meus próprios irmãos estavam com medo de dizer algo que me magoasse! Quando foi a última vez que brincamos sem que eles se preocupassem com o que poderiam ou não dizer! Será que eu era como uma bomba relógio?!

– Edward, nós queremos tentar algo! E nós queremos que você não diga logo que não, apenas prometa pensar. – Jasper começou calmamente como se estivesse apalpando um tereno minado.

O que será que eles estavam preparando? Senti as minhas sobrancelhas franzirem!

– Podemos mostrar? – Emmet questionou e eu acenei concordando curioso.

O meu irmão saiu pelo quarto e voltou instantes depois.

O que aconteceu a seguir?

Abri a minha boca para falar, mas nenhum som saiu! Tomei uma respiração profunda e fechei os olhos tentando me acalmar.

– Edward na última reunião familiar você disse que queria ser mais autónomo. Mamãe está redecorando o escritório no piso debaixo e estão fazendo um quarto com suite, tudo está sendo medido e adaptado. Mas se você não fizer o primeiro passo, nada disso vale a pena! – voltei a abrir os olhos para encarar Emmet que segurava uma cadeira de rodas.

– Eu... eu... – gaguejei não sabendo o que dizer.

Eu queria mandá-los para o inferno!

Eu queria dizer que para eles era fácil, que eles não sabiam o que era estar na minha posição! Eu queria chutar aquela cadeira! Eu queria gritar, chorar, espernear.

– Só estamos aqui nós Ed. Você pode experimentar e se você não gostar, nós podemos tira-la daqui e não falar disso a ninguém! Ficará só entre nós, como aquela vez que nós quebramos o vaso da Senhora Figg. – desviei o olhar da cadeira para encarar o meu irmão caçula sorrindo.

Eles se preocupavam comigo. Eles estavam ali, porque nós eramos um por todos e todos por um. Riley tinha razão, o acidente não tinha tirado de mim a minha faceta de irmão. Apesar daquilo ser um pesadelo eu tinha de o enfrentar, mesmo que não fosse por mim, pelo menos por aqueles que amo e que me amam de volta.

– Se eu não me sentir bem, ou se eu ficar ridículo, ou se ...- antes que eu pudesse completar os meus irmãos atiraram-se na cama me abraçando gargalhando e eu involuntariamente sorri.

Após este pequeno momento eu percebi o quanto era importante para eles eu enfrentar isto.

– Confie em nós. – Emmet pediu o seu olhar fixo no meu sem um traço de brincadeira. Vi Jasper se levantando e segurando na cadeira o olhar igualmente fixo em nós.

No momento em que os braços do meu irmão rodearam a minha cintura eu me senti como uma fodida boneca de pano. Involuntariamente os meus braços apoiaram-se nos ombros de Emmet, enquanto ele me levava da cama para a cadeira.

Eu não saberia descrever a sensação que eu estava sentindo. Eu estava com vontade de vomitar tamanho era os meus nervos. Por outro lado, eu estava me sentido estranho nesta posição, havia tanto tempo que eu estava numa cama que aquela nova perspetiva era diferente.

Jasper se ajoelhou na minha frente a ajeitou as minhas pernas e os meus pés nos pedais e eu simplesmente o encarava sem conseguir me mexer.

– Você está bem? – o olhar cor de mel de Jasper era tão incerto, como se estivesse com medo de falar. Mas eu próprio não sabia o que dizer? Eu estava bem? Sim? Não? Talvez?

Ajeitei as costas respirando fundo! Eu me sentia tão pequeno. Olhei para as minhas pernas, elas estavam tão magras, contrariamente às pernas cheias de músculos que eu tinha há um tempo atrás. As minhas mãos deslisaram pela borracha das rodas e eu não resisti em dar um pequeno impulso e a cadeira recuou facilmente.

– Eu pareço muito ridículo? – não resisti em perguntar sem conseguir encarar nenhum deles.

– Big Red você nunca parecerá ridículo. – Emmet falou e eu senti os meus olhos encherem-se de lágrimas.

– Você está me parecendo extremamente corajoso. – Jasper completou e eu ousei olhar para cima.

Quando encarei os meus irmãos tinham lágrimas silenciosas que desfilavam pelo rosto e eu deixei as minhas próprias lágrimas cair. Abri os braços para receber um abraço tão desejado.

– Bom, nós temos uma pequena surpresa. – Emmet falou depois de um longo silêncio e eu limpei os olhos com as costas das mãos. – Vai Jas mostra.

– Eu não acho que... – antes que Jasper pudesse completar, o nosso irmão urso arrancou a capa preta de elásticos das mãos do loiro, passando-a para mim.

– Deixa ser medroso Jas. – abri a capa e encontrei uns autocolantes, o primeiro que eu peguei era a águia que representava a escola de Cleveland, depois tinha uma bola de basquete, um hambúrguer, outro com letras grafite que tinha escrito “Big Red” e por fim um papel com aparência de pergaminho com uma pena tinha escrito “Um por todos, todos por um”.

– Foi Jasper que os desenhou todos, não estão um máximo? E depois passamos numa gráfica para transforma-los em autocolantes. – o moreno explicou.

– Nós pensamos que apesar de você odiar a cadeira, talvez nós pudéssemos personaliza-la um pouco para que você se sentisse melhor! - eu não sabia o que dizer, eles tinham me apanhado completamente de surpresa.

– Viu cara, ele detestou! Foi uma má ideia...- Jasper anunciou tirando a capa do meu colo.

– NÃO. – eu gritei alto demais assustando os dois. – Eu simplesmente não sei o que dizer! – Emmet murmurou um “viu” para Jasper e bateu na sua nuca.

– Apenas diga obrigado. – o moreno anunciou batendo igualmente na minha nuca me fazendo rir.

– Obrigado. – eu sussurrei e fixei o meu olhar no meu irmão mais novo que definitivamente era um artista. – Eu adorei! – o loiro sorriu timidamente. – Agora mexam as suas bundas e decorem esta maldita cadeira.

Sorri vendo os meus irmãos ajoelhados na parte de trás da cadeira colando os autocolantes.

Afinal, eu não odiava assim tanto aquela cadeira.

Afinal Riley tinha razão, o acidente não tinha tirado o meu lado de irmão, nem a cumplicidade que eu tinha com os meus irmãos.


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Notas finais do capítulo

Oi :)
O que acharam? Gostaram? Eu demorei porque queria ao máximo descrever os sentimentos de Edward! Queria que fosse emocionante! Digam-me se valeu a pena a espera! Não me castiguem lol!

Beijoca

Sissi



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