Lição de Vida escrita por Sissi


Capítulo 1
Um vida perfeita! Ou quase...


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu estou aqui com um novo desafio! Preciso de ajuda, leiam por favor e depois deixem um pequeno comentário se gostaram ou com sugestões! Beijo Sissi...Meninas, eu estou aqui com um novo desafio! Preciso de ajuda, leiam por favor e depois deixem um pequeno comentário se gostaram ou com sugestões! Beijo Sissi...



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O ambiente do quarto era sinistro. Havia um silêncio mórbido e uma luz fraca que vinha do abajur e iluminava uma figura extremamente magra e pálida que estava parcialmente sentada/deitada na cama king size.

- Então Edward, você vai querer falar hoje? – Riley o médico psicólogo perguntou enquanto balançava a caneta preta contra o bloco de anotações, eu poderia jurar que ele sabia o quanto isso me irritava. – Você pode não se sentir confortável em falar do presente. Podemos começar pelo seu passado! – o meu olhar continuou concentrado nos meus dedos enquanto contava as pequenas cicatrizes brancas, esperando a hora passar.

Riley era jovem, deveria estar na casa dos trinta anos e eu poderia classifica-lo essencialmente como persistente. Eu penso que esses devem ter sido os dois motivos para Carlisle e Esme o escolherem. Talvez os meus pais pensassem que eu me abriria mais facilmente com alguém que fosse mais jovem.

E quando à sua persistência eu o admirava, esta era a nossa vigésima quinta sessão. Quando eu estava no hospital ele vinha todos os dias ao meu quarto, desde há dois meses que eu tinha voltado para casa ele vinha duas vezes por semana. Eu nunca respondi a nenhuma das suas questões, eu até evitava olhar para ele. Durante as nossas sessões, ele perguntava ou afirmava coisas e eu ouvia. Por vezes, ele contava algo da sua vida, certamente para que eu estabelecesse um laço de ligação com ele, mas isso nunca aconteceu. E Riley passava uma hora comigo assim todas as terças e sextas.

- O que você sente mais falta Edward? Poderíamos realizar a nossa sessão em outro local se você se sentisse mais confortável. – torci o meu polegar o fazendo estalar e depois estalei todos os dedos um por um, como se fosse algo interessante. – O seu irmão diz que você adora comer hambúrgueres, nós poderíamos ir ao Mcdonald's o que você me diz? – a minha mente vagou tentando me lembrar da última vez que eu tinha comido um bom Big Mac acompanhado de uma coca-cola gelada e eu simplesmente não me lembrava.

Uma batida soou e senti o olhar de Riley desviar-se de mim para encarar a porta.

- Pode entrar. – ele respondeu por mim, eu sequer me lembrava de ter falado neste ou no outro mês.

- Desculpem interromper, eu preparei um pequeno lanche. –a voz da minha mãe encheu o quarto e eu engoli em seco e inconscientemente apertei os dedos, ela me deixava nervoso para caramba. – Está a correr bem? – Esme perguntou ansiosa e eu senti o meu coração acelerar, eu queria puxa-la para mim e deitar a minha cabeça no seu colo e chorar e ao mesmo tempo eu queria que ela desse o fora daqui e me deixasse em paz.

- Tudo ótimo Sra.Cullen, estamos falando sobre hambúrgueres. – o médico respondeu jovialmente e eu repudiei o seu bom-humor e revirei os olhos porque nós não estávamos falando, Riley estava tagarelando sozinho.

- Edward adora hambúrgueres, ele come aquele enorme o Big Mac e ele sempre pede uma coca cola com gelo. – a minha mãe respondeu ansiosamente, como se quisesse preencher o silêncio do quarto. – Há tanto tempo que você não come, não é querido? Sabe Doutor Riley, eu prefiro comida saudável, mas eu poderia pedir para Jasper e Emmet irem buscar para o jantar. O que você acha Edward? – senti como se uma bola de ténis estivesse sendo forçada pela minha garganta, eu só queria ficar sozinho! A minha vida não era a mesma e eu não queria fazer as mesmas coisas, eu só queria ficar só.

- Edward, a sua mãe pode encomendar hambúrgueres para o jantar? – Riley reforçou a questão depois de cinco minutos de silêncio e eu apenas voltei a face para encarar a luz fraca do abajur, voltando parcialmente as costas para Esme.

- Bom eu vou deixar vocês e vou tratar de pedir para os rapazes irem lá. – o tom de voz da minha mãe era fraco e fino e eu sabia que ela iria chorar. Porra!! Porra!! Como eu queria estar morto. A porta bateu ligeiramente e eu senti os meus olhos encherem-se de lágrimas, mas eu não iria chorar em frente a Riley.

- Sabe Edward, você não perdeu assim tanta coisa no acidente. – pela primeira vez em meses a minha cabeça disparou em direção ao psicólogo e eu dei um sorriso cínico de canto de boca. Os olhos azuis dele ficaram arregalados com a minha pequena demonstração e a sua caneta disparou no bloco de notas. – Você quer falar, sobre o que você perdeu? – fechei os olhos e encostei-me nos travesseiros, essa maldita sessão não iria acabar nunca?

Flash Back

Estava uma tarde particularmente quente e o vestiário do ginásio de Cleveland High School em Seattle estava um forno.

- Ei Big Red, você vai demorar? – Alec gritou e eu espreitei para fora do box do chuveiro, para encontrar o meu melhor amigo totalmente vestido e penteado. – Você é o último cara. – ele alertou apontando para o vestiário vazio.

- Você sabe que eu gosto de relaxar um pouco depois dos treinos. – a água quente depois do treino deixava-me relaxado e calmo e eu adorava ficar pelo menos uma hora no chuveiro.

- Uhh você está batendo punheta no chuveiro. – Alec brincou balançando freneticamente as sobrancelhas e eu apenas gargalhei e mostrei o dedo do meio para o moreno.

- Apenas me deixe relaxar! – o meu amigo levantou as mãos em rendição.

- Tudo bem, nos vemos amanhã. Fique bem cara. – ele deu um aceno ao qual eu respondi e ele foi embora.

Quando a água começou a ficar fria eu desliguei o chuveiro e peguei na toalha preta para enrolar em volta da cintura enquanto com a outra secava os cabelos. Enfiei a cueca boxer e as calças de ganga que demoraram a entrar porque as minhas pernas estavam meias molhadas. Arrastei os pés descalços em direção ao espelho e eu quase podia ouvir a minha mãe dentro da minha cabeça “Não ande descalço Edward!”.

Passei o braço no espelho embaciado e o meu rosto refletiu, sorri para a minha imagem, era normal os meus amigos chamarem-me Big Red. O “big” vinha do meu um metro e oitenta de altura e o “red” vinha do meu cabelo ruivo que parecia que estava coberto de felugem e apontava para todos os lados, eu já tinha tentado domestica-lo, mas ele tinha vida própria e como as garotas diziam que o meu cabelo era um dos meus pontos mais fortes eu desisti de tentar domá-lo.

Eu tinha dezassete anos e nesta idade, existem muitas incertezas e dramas e a maioria dos adolescentes gostaria que algo mudasse na sua vida: Menos acne! Mais dinheiro! Pais menos controladores e mais liberais! Melhores notas! Um bom carro! Mais popularidade! Poder de entrar numa equipa da escola! Mais garotas! Não ter irmãos mais novos chatos! Ter mais amigos! Menos inimigos! Enfim! Se alguém me perguntasse o que eu mudaria na minha vida? Eu responderia simplesmente: nada!

Então as pessoas perguntariam porquê nada? Eu responderia:

O meu nome é Edward Cullen eu sou o filho mais velho de Carlisle e Esme Cullen e eu poderia resumir os meus pais, como perfeitos. Ambos eram bons pais: preocupados, atenciosos e modernos.

Carlisle era um médico de renome no Hospital de Seattle Grace, ele era simplesmente o meu herói. O meu pai sempre foi presente, foi com ele que eu aprendi a encestar no pátio da nossa casa, foi ele que me ensinou a andar de bicicleta e a pescar. Foi ele que me ensinou o que eram responsabilidades e a assumi-las. Foi ele que me ensinou a ser um eterno romântico porque ele era um marido perfeito para a minha mãe e além de tudo ele salvava vidas! Eu não poderia mudar nada no meu pai.

Esme era uma mulher bonita e graciosa, ela era uma decoradora de interiores. A minha mãe era a melhor cozinheira de Seattle e ela era a personificação de uma “mãe galinha”, ela se preocupava demais com os seus filhos e nos mimava ao máximo. Foi com Esme que eu apreendi a respeitar a mulheres, porque acima de tudo eu respeitava a minha mãe. Foi com ela que eu aprendi a gostar de tocar piano. Esme estabeleceu as tradições e os hábitos na nossa casa, como por exemplo: a saída em família uma vez por mês, a noite pizza ao domingo à noite, a limpeza da casa ao sábado de manhã. Ou festividades como: a decoração com materiais recicláveis no dia da Ação das Graças, a abertura dos presentes apenas no dia vinte e cinco de dezembro apenas pela manhã, esconder os ovos pela casa na Páscoa, as melhores partidas no Halloween... Eu não poderia mudar nada na minha mãe!

Eu não sou filho único, tecnicamente eu só tenho um irmão: Jasper! No entanto, Emmet era como se fosse um irmão! Emmet viera viver connosco quando eu tinha cinco anos, assim como ele e Jasper tinha três, porque a irmã da minha mãe e o seu marido sofreram um grave acidente de automóvel e morreram, por isso, toda a nossa vida foi feita com ele, ele apenas não tinha o nosso sobrenome! Emmet era uma montanha de músculos no entanto, ele é muito mais que isso, ele é a pessoa mais humana, louca e divertida que eu conheço.

Jasper? O meu irmão caçula, ele é um artista, essa é a melhor definição para ele! O meu irmão era um perfeito pintor, fotografo, poeta, ele é um sonhador. Eu amo a sua maneira sincera com que ele trata toda a gente. Emmet e Jasper eram as pessoas mais genuínas e autênticas que eu conhecia.

Ok resumindo eu tenho uma família perfeita! Vivemos numa mansão bem decorada pela minha mãe e a cada um com o seu quarto o que é perfeito. Eu tenho um volvo prata perfeito que eu amo! Eu amo o meu carro, eu não o mudaria por nada!

A minha vida escolar? A minha vida escolar é perfeita! Eu pareço um ator principal de filmes adolescentes! Eu não sofria de acne e tenho uma boa aparência!

Eu tenho excelentes notas em todas as disciplinas e sou um génio de matemática e química, a sério e eu nem me esforço muito! Eu penso que vou seguir a carreira do meu pai, eu gostaria de ser um médico, um pediatra.

Eu sou capitão da equipa de basquetebol de Cleveland e eu defendo o clube das águias com garra e nós estamos nas semifinais!

Eu tenho montanhas de amigos e todos são agradáveis comigo e eu tenho uma série de garotas que são minhas fãs o que eu poderia pedir mais, sério?

Por tudo isto, eu não mudaria nada na minha vida.

Fim do Flash Back

- Bom Edward, o nosso tempo acabou. – Riley anunciou arrastando a cadeira para o canto que ela pertence. – Eu volto na terça, pense em algo que queira falar, hoje tivemos grandes progressos. – revirei os olhos não vendo nenhum progresso, a única coisa que tinha mudado era que eu estava com raiva deste médico e eu queria mandá-lo se fuder.

- Eu perdi tudo. – o pensamento saiu pela minha boca sem que eu quisesse e os olhos azuis do médico faiscaram enquanto eu coloquei a mão na minha boca surpreendido, eu nem reconhecia a minha voz, estava rouca e baixa e parecia pertencer a uma pessoa extremamente idosa.

- Você pensa que perdeu tudo Edward. – o psicólogo afirmou sentando-se ao meu lado, como se ele compreendesse algo, como se ele soubesse. – Eu posso te ajudar e você vai perceber que não perdeu tudo. Você é um filho, um irmão, um amigo, você ainda é um atleta, um génio de matemática e química, você é ainda um pianista, você ainda é um adolescente e um homem. Você ainda é isso tudo.

- Eu não sou! – eu me chutei mentalmente por responder, era como se eu não controlasse a minha voz e como se os meus pensamentos tivessem vida. O som frenético da caneta batendo no bloco de notas encheu o quarto.

- Você ainda é! – ele afirmou com tanta convicção, como se ele quisesse reforçar que a terra gira em torno do sol. – E se você não quiser ser mais, nós poderemos criar um novo Edward! – como se eu fosse um medroso filho da puta, uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu não me dei ao trabalho de limpa-la. – Você quer um conselho?

- Eu quero que você pare de bater com a porra da caneta. – eu não falava há mais de dois meses e agora que eu tinha começado parecia que eu não conseguia parar e eu me amaldiçoava e no entanto, sabia tão bem falar um pouco.

- Oh ok ok. – ele pousou a caneta no seu bolso. – Sem caneta! – ele afirmou levantando os braços. – Fale com os seus pais Edward, ou com os seus irmãos! Eles gostam tanto de você! – duas lágrimas seguiram a primeira e eu senti como se alguém estivesse apertando o meu pescoço.

- Eu também os amo. Mas eu os desiludi, eu estraguei tudo! – Riley balançou a cabeça freneticamente.

- Eles apenas estão preocupados, eles querem te ajudar! Deixe-os. – eu queria tanto ouvir aquilo eu queria tanto que fosse verdade, eu queria tanto! – Acredite em mim. – aquele psicólogo parecia o grilo do Pinóquio era como se ele fosse a minha consciência e soubesse o que eu estava pensando, que porra! Eu parecia uma fodida menininha e fiquei com raiva de mim próprio.

- Você vai contar a alguém que eu chorei? – eu rosnei um pouco mais alto.

- Você chorou? – ele perguntou aparentemente chocado como se não soubesse do que eu estava falando e involuntariamente eu tentei sorrir, embora eu tenha a certeza que pareceu mais uma careta. – Eu não sei do que você está falando.

- Obrigado. – eu sussurrei tão baixo que eu duvidava que ele tivesse ouvido.

- Bem agora, eu tenho mesmo de ir embora eu tenho outros pacientes, mas eu volto na terça. Espero que você coma o seu hambúrguer. – o loiro afirmou, mas eu ainda não estava pronto para sair do quarto. – Se não fizer por você, faça pela sua família. – Riley disse quando já estava na porta do quarto. - Ou então na próxima sessão eu passarei uma hora batendo com a caneta em todo o lado. – ele ameaçou

- Idiota. – eu murmurei quando a porta se fechou.

- Eu ouvi! – ele gritou do outro lado e eu voltei a sorrir e encostei-me de novo nos travesseiros com uma grande dúvida! Eu comeria o hambúrguer esta noite? Eu tentaria sair da escuridão?!


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Curiosos? Interessados? Sugestões sobre o que aconteceu?
Beijocas
Sissi



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