Sessenta dias apaixonado. escrita por ma berlusconi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

CAPÍTULO NOVO! *-* HAHAHA
Espero que gostem.



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Ele tem covinhas quando sorri. Eu sou loucamente apaixonada por covinhas! Ele tem a pele levemente bronzeada. Cabelos escuros, mas não chega a ser preto. É liso e ele usa de uma maneira que deixa seu rosto ainda mais bonito. Ele não é tão alto, nem tão forte. Mas ele faz academia, sei disso porque ele tem um pouco, mas tem músculos. Ele usa um moletom cinza escrito Yale em azul marinho, o que me deixa confusa... Se ele é aluno de Yale o que ele está fazendo aqui no meio do ano?

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Ele também tem olhos grandes e acinzentados, um nariz no tamanho ideal, a boca, o sorriso, o perfume. Aí meu Deus. Ele não para de sorri. E eu gosto do sorriso dele.

Ele é exatamente como a Marina me descreveu na semana passada. Acho que é até mais bonito. Ela me contou que o pai dele o mandou para cá, na tentativa de abafar alguns escândalos em que ele estava envolvido. E que prejudicaria o nome da família caso viessem a público. Chega até ser engraçado. Voltei para o Brasil pelo mesmo motivo.

Marina também não sabe muita coisa... Mas ela me disse que ele se envolveu com drogas e em rachas ilegais, que chegou a ser preso uma ou duas vezes por atentado ao pudor e na última semana quase atropelou uma mulher enquanto dirigia bêbado e a mesma ameaçou colocar a boca no mundo.

A dona Ana me mandou tomar cuidado com ele. No começo eu não entendi muito bem o que ela quis dizer. Ela me contou sobre ele ser um conquistador e não levar a sério nenhuma garota. Resumindo, ele é um perfeito galinha. Não dei muita importância ao que ela me falou. Agora que estou frente a frente com ele, eu entendo. E sem dúvida alguma eu agarraria esse garoto agora mesmo. Claro, se eu não tivesse namorado. Namorado. Para de pensar essas besteiras Isabella. Você tem namorado.

Vendo-o chegar, me lembrou de quando eu cheguei. Há cinco anos, desde que meus pais decidiram que o melhor era eu voltar para o Brasil. Hoje, eu sei que eles estavam certos.

Eu tinha 14 anos e não queria saber de nada, fui morar em Manhattan contra a minha vontade e deixei tudo o que eu conhecia aqui no Brasil, depois de alguns meses eu arrumei um namoradinho bem mais velho, Peter, ele era vocalista de uma banda de rock e estudava no mesmo colégio, só que ele já estava no último ano. E eu estava completamente perdida. Comecei a usar drogas, passar noites fora de casa bêbada, as brigas com a minha mãe eram cada vez mais frequentes, perdi minha virgindade e nem me lembro de como... Por pouco eu não perdi a vida.

O real motivo de me trazer de volta para São Paulo aconteceu em uma sexta-feira de novembro. Eu não me lembro de muitos detalhes... Lembro-me que estava na casa do Peter, com alguns “amigos”, provavelmente bêbada ou algo do tipo. Daryl, um amigo, se aproximou de mim e disse que tínhamos que ir embora. Eu não entendi muito bem, mas acabei concordando, já que ele me puxava desesperadamente para fora da casa. Quando estava próximo do carro eu perguntei onde o Peter estava, ele colocou a mão sobre meu ombro e disse às palavras que eu nunca vou me esquecer. “Overdose, ele está morto... Ele morreu Isa”. Não me lembro do que aconteceu em seguida. A não ser que estava abraçada ao corpo dele morto no chão, com Daryl ao meu lado, quando a policia e a perícia chegaram. Algumas horas depois, meu pai.

Não sei se foi Manhattan, se foi o Peter ou se foi eu mesma. Só sei que naquele dia eu percebi o quão perdida eu estava.

Quatro dias depois meus pais me avisaram sobre o meu retorno ao Brasil. Para eles era um alívio e para mim uma fuga. O combinado era, que eu teria que ficar dois anos em São Paulo morando com um casal de amigos dos meus pais, que até então eu não conhecia e que voltaria para cursar a universidade. Direito em Yale, Connecticut. Era o plano deles para mim. Ouve uma pequena mudança. Meus pais até hoje não me perdoaram e se recusam a falar comigo. Mas era o que eu precisava fazer, o que eu queria fazer. Fiquei no Brasil. Hoje sou aluna da USP. Estou cursando letras. E me formo em dois anos. Já que os outros dois primeiros já se foram.

É como se no Brasil eu tivesse nascido de novo. A família Cavalcanti me deu a luz pela segunda vez. E nunca, nada do que eu fizer vai ser o bastante para agradecê-los. Eu cheguei aqui como uma garota chorona e hoje eu posso dizer que sou uma mulher. Eu aprendi tanta coisa. Meus pais me mandaram para cá, achando que Ana e Marcelo eram á salvação de todos os seus problemas. Eles realmente foram. A salvação dos meus problemas. E estou aqui hoje e não tenho a intenção de voltar.

Pode ser que eu mude de ideia daqui a alguns anos e que eu volte para Manhattan, volte a falar com meus pais e que eu pare de chorar ao me lembrar do Peter ou daquele dia. Mas eu sei que independente de tudo eu ainda posso ser feliz.

Estou tão distraída nos meus próprios pensamentos que nem consigo prestar atenção na conversa de Ana, Marina e Enzo. Sei que eles estão falando algo sobre faculdade. Mas não sei ao certo o que.

Meu celular começa a tocar, me trazendo de volta a realidade. Todos ficam em silencio no carro e Ana abaixa o volume do rádio, que até então eu não tinha nem percebido que estava ligado. Olho no visor e sorrio. Gabriel. Olho para o lado e vejo que Enzo me encara com um sorriso. Malditas covinhas.

– Alo?

– Oi meu amor. – “Aí ele está apaixonado.” Escuto uma voz ao fundo e sorrio. “Cala a boca Felipe”. – Amor?

– Oi? – pergunto com tom divertido.

– Onde você está?

– Indo para casa... – suspiro.

– A galera quer se reunir em um barzinho novo... Acho que é na paulista mesmo.

– Qual?

– Acho que é... On the road. – o inglês dele é péssimo.

– On the road? – confirmo.

– ON THE ROAD? – Marina grita eufórica se virando no assento de passageiro e ficando de frente para mim e eu confirmo com a cabeça.

– Que horas amor?

– Ás 10h40min eu passo aí. Avisa a Marina que o Felipe vai. – ele solta uma gargalhada.

– Aí meu Deus. – digo pausadamente em um tom brincalhão. – Não precisa me buscar, a gente se encontra lá mais tarde.

– Sim senhora. – ele solta outra gargalhada.

– Como você é bobo.

– Eu te amo linda.

– Eu também te amo.

– bye – cantarola.

– bye. – antes que eu consiga desligar a ligação, a voz de Enzo chama minha atenção.

– Aonde nós vamos? – pergunta confuso.

– Parece que abriu um bar novo na paulista... – respondo e ele sorri.

– Enzo... – O sinaleiro fecha e Ana se vira negando com a cabeça.

– Deixa ele ir mãe. Por favor. – Marina implora.

– Nós tomamos conta dele, Dona Ana. Pode confiar. – me apresso em dizer.

– Eu não confio em vocês garotas. – ela diz em um tom brincalhão. Claro que na Marina ela não pode confiar, porque né? Mas em mim é outra história...

– Isso é um sim? – pergunta Marina. Ana sorri e apenas confirma com a cabeça e voltando seus olhos para a rua.

– Obrigada. – ele diz quase em um sussurro. Ele não sabe agradecer. Ou não está acostumado a fazer. Acredito mais na segunda opção.


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