Não faça eu me arrepender escrita por Caroline White


Capítulo 1
Não Faça Eu Me Arrepender


Notas iniciais do capítulo

Um agradecimento a Ironborn da liga dos betas que betou a história me ajudou muito. Perdão por só postar a história agora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457965/chapter/1

Sabe, Ikebukuro é um local onde as coisas nunca parecem o que são e acho que é justamente por isso que me encaixo nesse lugar. Bem, aqui é o único lugar onde nunca tentaram me prender. Já pensou em mim no meio de um local normal? Na primeira máquina de refrigerante voando pelos céus já haveria vários policias no local, mas são todos fracos, então seria só ir embora... Se eu não ficasse irritado e jogasse a máquina neles.



Este é meu lugar, quer eu queira quer não, só posso me conformar com isto. Ao menos tenho meu bom emprego, e isso já conta. Está certo que... Eu não gosto de violência, mas... Bem, acho que devia ter entrado a muito tempo naqueles clubes para aprender a controlar a raiva, mentiria em falar que nunca pensei nisso, mas lembro que a pessoa que dava aula, quando fui um pouco atrás, me irritou.



Entretanto, se eu for pensar em algo que me irrite mesmo, é impossível não pensar naquele maldito Izaya... Aquele ser pulante e irritante surgindo do nada e falando “Shizu-chan” com aquele ar de garotinha. E o pior... O pior são as lutas, sempre sinto mais ódio quando ele consegue desviar do que vou usar para bater nele. Falando nisso, tenho que começar a usar caminhões, por culpa dele já fui atropelado cinco vezes por um. Porra! Ele acha que eu tenho dinheiro para ficar mandando consertar caminhões? Dei sorte que normalmente eles se assustam e só um acabou indo atrás de mim... Mas! De qualquer jeito, não existe nada mais irritante que aquele maldito.



— Droga! — Chutei uma lata de lixo, sem mais nem menos, apenas a chutei.



Só pude ouvir o som da lata batendo contra a parede e provavelmente quebrando; suspirei mais irritado ainda. Olhei para o céu: estava nublado, parecia que ia chover, o que era outra uma coisa para deixar o dia mais estressante. Apressei os passos; ao menos tentaria chegar mais rápido e em casa. Talvez por ser uma segunda, a rua estava vazia.



Senti a água fria bater em meu rosto. Olhei para cima, mais daquela água começou a cair, gota por gota em meu rosto, cada vez mais rápidas, molhando a mim e o asfalto. Apressei meus passos mais ainda.



— Shizu-chan... — Ouvi a voz de Izaya ao longe, fraca, como se lhe doesse falar.



Olhei em volta, procurando onde ele estava; já podia sentir o ódio subindo em mim.



— IZAAAAYAAAA! — Me virei, irritado, não conseguia achá-lo.



— Shizu-chan... — Novamente ele me chamou com aquela voz fraca, um tanto longe e com um tom de dor, o que jamais esperei ouvir se não fosse provocado por mim.



Já o conhecendo, poderia ser muito bem um truque; olhei em volta mais uma vez procurando aquele maldito. Não, não estou preocupado, o conheço, ele é danado e tenho certeza que isso pode ser uma emboscada. Vou lá ver que merda é, e do nada ele vai tentar algo... Maldito.



Olhei para um beco mais ao canto, observei dele e pude ver lá no fundo a figura de Izaya, caída no chão, com a cabeça apoiada na parede e um pouco do ombro.



— Acha que eu vou cair nesse truque, Izaya ? Está fingindo por algum motivo idiota... — Bufei e já olhei em volta vendo o que poderia jogar nele.



— Shizu-chan... É sério... Preciso de sua ajuda... — A respiração estava pesada e alta, as palavras pareciam sair com dor, como se aquilo o machucasse a cada frase.



— Por quê? Acha mesmo que sou idiota, sei disso . Vai falar o que de desculpa? Que caiu do telhado tentando salvar um pombo? — Olhei um hidrante ali perto, já sabia ao menos o que pegar.



— Não... Eu... Acabei mexendo com a pessoa errada. — Tentou se levantar, pude notar que tinha uma certa dificuldade, acabou parado, quase conseguindo se sentar, apoiando metade das costas na parede.



— … — Fiquei parado, olhando.



Ele realmente estava machucado, eu podia ver os raspões e cortes em alguns lugares, como se tivessem pegado seu rosto e esfregado no chão.A jaqueta que ele nunca trocava, o que não era muito higiênico, estava rasgada nas mangas e na parte de trás, era incrível não estar em pedaços. Suas roupas também estavam um pouco rasgadas, e tinha alguns hematomas no resto do corpo.

Ele realmente estava machucado, entretanto, aquela provavelmente era a oportunidade perfeita.



— Quer ajuda? Eu ajudo, mas vai sair de Ikebukuro e nunca mais vai voltar. Do contrário, aproveitarei agora e já jogo aquele hidrante em você... — Abri um sorriso de lado.



Talvez não fosse o melhor jeito e violência também é a pior maneira de resolver as coisas... Mas neste caso, vamos dizer que não existe maneira melhor.



— Então? — Perguntei, me aproximando. Parei à frente dele, em pé.



— Você é mau, Shizu-chan... — Falou manhoso, num tom que sinceramente me dava uma grande sensação de repulsa.



— Izaya! — Berrei com ele e o puxei pela gola da camisa, com força, levantando-o.



— Calma... — Falou e fez uma expressão de dor, tossindo em seguida. — Foi só um jeito carinhoso de te chamar... — Sorriu com dificuldade.



Mesmo machucado ele continuava com esse jeito irritante.



— Sabe o quanto estou me segurando para não socar a sua cara? — Larguei-o e o coloquei no chãocom certo cuidado, mas a vontade de o jogar era maior.



— Ok... Calma... Ok? — Conseguiu se ajeitar agora, sentado e apoiando as costas na parede. — Se eu falar que eu sumo um tempo, serve? — Ergueu a sobrancelhas e me encarou.



— Para sempre.... — Cruzei os braços. Cada segundo o hidrante estava parecendo me seduzir, era como se falasse “Me arranque e jogue nele, vai ser legal”.



— Shizu-chan... — Deu aquele pequeno sorriso besta dele, entretanto parecia ter algo errado desta vez, além da dor que ele devia sentir.



Talvez para minha surpresa, ele fechou os olhos; a cabeça pendeu um pouco para o lado, sua respiração foi ficando um tanto mais alta, entretanto sua feição, antes de dor, tinha ficado mais suave O maldito tinha dormido.



—... Izaya! — Controlei-me para não o chutar, apenas agachei à frente dele.



Ele não teve reação nenhuma, era como se não tivesse berrado. Encarei-o bem, me aproximei mais, pelo menos assim eu via que ele não estava fingindo. Os machucados pareciam piores de perto. Afinal... Se ele desvia das coisas que jogo nele, como conseguiram o machucar?



Levantei-me, soltei um longo suspiro, o encarei ali, apoiado a parede, mas de uma maneira que era como se estivesse despencando aos poucos. Me virei e olhei para o céu. Eu tinha esquecido da chuva, estava com tanta vontade de bater nele, que nem cheguei a notar como a chuva tinha aumentado era como se eu nem estivesse tão molhado. Bem, eu podia matá-lo agora, podia deixá-lo ali, entretanto, pelo estado dele, minha consciência ficaria pesada em algum momento.



Virei-me de volta e andei até ele, nós dois molhados, quase encharcados graças a chuva, ele então... Com aquelas roupas rasgadas, era já um fato que ele pegaria alguma doença assim, se não morresse ali mesmo. Eu sentia que ia me arrepender desse ato por minha vida toda, mas...

Peguei-o no colo com cuidado e juntamente sua jaqueta, ou o que tinha sobrado dela.



Passo após passo fui aumentando a velocidade, começando a correr. Não conseguiria levar ele a um lugar público, não tinha opção, iria levá-lo para casa. Se eu voltasse no passado e falasse para mim mesmo que isso aconteceria, acho que teria um infarto antes.



Aumentei mais meu ritmo, se eu demorasse um pouco mais, além de alguém poder aparecer, ele poderia piorar. Por sorte, morava perto, então seria um problema a menos, ou é isso que eu queria acreditar. Parei à frente da porta de minha casa; como estava com ele no colo, não tive opção se não chutar a porta. Eu precisava de uma nova mesmo.



Corri para a sala e o deixei no sofá; voltei para a entrada da casa e aproveite que a porta estava inteira, tirando duas dobradiças, e a coloquei no lugar, apenas para não deixar a vista para todo mundo. Talvez eu devesse ter tentado usar a chave...



Respirei profundamente, fui até o banheiro, peguei duas toalhas e a caixa de primeiros socorros. Andei até ele, abaixei em sua frente, deixei a caixa sobre o chão, coloquei minha toalha sobre o ombro e comecei a enxugá-lo com a outra. Tirei-lhe a blusa que já não estava inteira mesmo e continuei a secá-lo. Olhei para as calças dele.



—... Não.



Ele não estava machucado ali, então não havia uma real necessidade, depois eu resolveria o fato de estarem molhadas.



Peguei a caixa e pus no colo, abri-a e peguei algo para limpar as feridas dele e curativos. Analisei todas as feridas e comecei a tratá-las, limpando com cuidado, vez ou outra a feição dele mudava, como se o tivesse incomodando , mas não acordava. Acabei todos os curativos, todos bem feitos, tapando seus machucados por completo. Sentei-me no chão e respirei aliviado.



— É bom você ir embora de Ikebukuro depois dessa. — Encarei-o, ao menos ele parecia melhor agora.



Levantei-me , o ergui e deixei-o no sofá deitado, fui até a porta e coloquei o armário na frente, ao menos assim ele não tentaria fugir ou algo assim. Tirei minha roupa e fui para o banheiro, fechei a porta e me encarei no espelho. “O que diabos você está fazendo?” ecoou em minha cabeça, como se fosse minha consciência revoltada e inconformada com o que estou fazendo. Suspirei e fui para frente do chuveiro, abri o box e entrei, fechei-o e liguei a água. Senti os pingos mornos caírem sobre minha pele enquanto refletia um pouco.



“Idiota! Devia ter deixado ele lá para morrer!” Novamente aquela voz em minha cabeça.Eu meio que já suspeitava que isto pudesse acontecer, eu faria a ação, mas isso não quer dizer que eu não ficaria pensando o tempo todo que iria me arrepender.



Ensaboei-me e depois lavei os cabelos, em seguida apenas fiquei algum tempo debaixo da água morna. “Ele não vai deixar a cidade!”. Novamente, e tenho certeza que viriam muitas outras vozes em minha cabeça, eu podia ficar irritado agora e socar a parede mas... Ao menos uma vez eu tinha que me controlar.



Desliguei o chuveiro, me sequei e enrolei a toalha na cintura. Abri a porta do banheiro e fui para o quarto, me troquei, colocando minha roupa de sempre e estendi a toalha na janela. Saí e fui para a sala, ver Izaya.



— Shizu-chan. — Ele falou, naquele tom que me causava náuseas, antes mesmo que eu pudesse vê-lo.



— Não me chame assim. — Erguia uma sobrancelha e andei até o sofá, parando frente a ele.



— Você é mal nesse ponto, Shizu-chan ... Masvocê me ajudou. — Deu um sorriso.



— Sim... Ajudei e talvez eu me arrependa pelo resto da vida. Mas não será de graça. — Sorri de lado.



— Já sei... Quer que eu vá embora, não é? — Encarou-me e soltou um suspiro.



— O que mais eu poderia querer?



— Shizu-chan... Você não entende. Não é mesmo? — Ficou sério.



— Entender o que? — Cruzei os braços.



— Sabe... Eu continuo aqui por ser interessante e um lugar diferente. Mas você é um dos que mais me dá vontade de ficar aqui. Não existe nada melhor que ter um pouco de sua companhia. — Ele sorriu um tanto largo, perdendo a feição séria.



— … — Ergui a sobrancelha. — Só não jogo nada em você porque essa mobília foi presente.



— Novamente mostrando um lado agressivo, Shizu-chan. Você nunca pensou que eu te incomodasse por gostar de você? — Desta vez foi ele quem ergueu as sobrancelhas.



— Como...? — Recuei um passo para trás.



— Eu sempre impliquei porque era um jeito de ter sua atenção... E você... Você também gosta ao menos um pouco de mim. Ou acha que nunca notei que errava a mira de propósito? — Deu um sorriso meio zombeteiro.



Engoli em seco e olhei para o lado. Sim, aquilo era verdade. Mas pensem bem... Vocês jogariam uma máquina de latinhas numa pessoa sabendo que aquilo a mataria? Eu só jogo perto o suficiente para assustá-lo.



— Vergonha de admitir que gosta de mim, Shizu-chan? — Soltou um risinho.



Encarei-o e bufei.



— Eu não gosto de você, só não vou matar alguém. — Cruzei os braços.



Ele ergueu as sobrancelhas de novo e começou a se ajeitar no sofá, com dificuldade, sentando. Em seguida apoiou as mãos no sofá, tentou se levantar. Fiquei um tanto tenso, ele já poderia fazer isso? Não, ele não podia. Ele ergueu-se por completo, tentando ficar realmente em pé. Vi seu corpo bambear e me aproximei, no momento certo para pegá-lo; se não fosse por isso ele teria caído.



— Eu falei... — Seus olhos encontraram os meus. — Você gosta de mim. —Sorriu.



— … — Fiquei o encarando.



Ficamos parados, trocando o olhar, não me pergunte por quê. Eu não sei dizer quanto tempo ficamos tendo aquela troca. Mas... Aquelas palavras Você gosta de mim pareciam ecoar no local, em volta de nós.... Eu? Gostar do Izaya?



Quebrei o contato e o coloquei sentado no sofá, me virei e fiquei de costas para ele. “É verdade... Não é?” Novamente, lá estava, seja o que for, ecoando em minha cabeça e exigindo explicações como uma pessoa raivosa. E... Se eu falar que eu não sei? O que seria esse gostar?



— Shizu-chan...? — Chamou-me e pelo tom parecia estar um pouco confuso, provavelmente por minha ação.



— Se... Se eu falasse que gosto de você... Você diria que é que tipo de gostar? — Virei apenas a cabeça, ficando de lado e o encarando.



— Eu não sei. — Desviou o olhar.



— Como não sabe? — Vire-me um tanto bravo.



— Eu amo todos os humanos... Mas, você é diferente Shizu-chan, eu não sei nem dizer se você é humano. Então esse gostar não é como o normal, mas eu não sei dizer que tipo é.



— Não sabe dizer?!— Aproximei-me dele e me controlei para não socá-lo.



— Shizu-chan... Tem um jeito de descobrir. — Ergueu as sobrancelhas rapidamente e me encarou.



— Qual...? — Cruzei os braços.



— Bem... — Ele desviou o olhar e posso jurar que suas bochechas coraram de leve.



— ... O que você pensou? — Me afastei um pouco.



— Pode me ajudar a ficar em pé? — Continuou do mesmo jeito.



— ...— Levantei-o e deixei de pé, a minha frente. — Pronto...



O olhar dele encontrou o meu de novo, novamente tinha as bochechas coradas, aquele nem parecia Izaya. Respirou pesado e se ajeitou, segurando em meus ombros.



— Desculpe... — As bochechas já rosadas ficaram mais ainda.



— O qu-?



Não tive tempo de continuar, ele me interrompeu... Com um beijo. Seus lábios sem mais nem menos tocaram os meus, delicados e com vergonha, rapidamente e voltaram. Eu demorei um pouco para me tocar do que havia acontecido. Encarei-o, ele estava com o rosto para o lado, olhando para o chão.



— Eu descobri... — Falou baixinho, com vergonha.



— Izaya... — Tentei pensar ou formular uma frase, mas apenas isto saiu.



— Desculpe fazer desse jeito... E-eu... — Soltou suas mãos de meus ombros e caiu no sofá.



Que sensação é essa? Essa confusão que vem na cabeça? E esse calor estranho no peito? Suspirei e me sentei ao lado dele.



— Tudo bem... — Fitei o teto.



— Não ficou bravo? — Perguntou estranhando minha reação.



— Não... Foi estranho, ok? Não sei... É estranho ser beijado por alguém que até uma hora e meia atrás eu achava odiar. Aí agora eu descubro do nada que você gosta de mim de outro jeito e eu...Não sei mais o que...



—... Bem, você não me afastou, talvez seja uma vitória. — Riu meio debochado.



— Idiota, — o encarei. — Eu devia te empurrar agora só por causa disso, mas você está machucado...



— Sim... Obrigado por cuidar de mim. — Se apoiou em mim e eu acabei deixando.



— Hunf... Você sabe que tinha um interesse pessoal nisso. — Peguei um cigarro do bolso e acendi com o isqueiro que estava no outro. — Em que merda você se meteu pra conseguirem bater em você?



— Bem, resumindo... Eu fiquei devendo um serviço, mas não fiz por não querer, tive uns problemas e não consegui cumprir o prazo... Aí... Bem, ele foi cobrar, mas ele foi junto de várias pessoas e... Não deu pra fugir, quando eu vi estava num beco apanhando. Depois caído no chão. Ainda dei sorte, eles quase atiraram em mim. — Ele se ajeitou sobre meu ombro.



— Foi só um aviso, não é? — Traguei e depois o encarei apoiado em mim.



— Sim.



— Você tem que tomar mais cuidado, Izaya — Voltei a olhar o teto.



— Preocupado comigo? Bem, mesmo que seja só coisa da minha cabeça, me deixa feliz.



— … Um pouco. — Traguei novamente. — Não te incomoda? — Olhei para ele.



— O que? — Me encarou.



— O cigarro. — Perguntei com ele entre os dedos.



— Assim não.



— Ah... — O cigarro já havia terminado, deixei-o num cinzeiro que tinha do lado do sofá.



O silêncio ficou ali. Não nos encarávamos, nem nos afastávamos. Apenas ali, quietos por algum tempo. Sinceramente, nunca achei que algum dia chegaria a estar assim com ele. Sim, é realmente estranho. “O que vai fazer?” Eu não sei, eu realmente não sei.

— Uma coisa me surpreende. — Falou e me encarou, apoiando o queixo em meu ombro.

— O que? —Encarei-o.

— Você ainda não me colocou para fora. — Riu baixinho e deu um sorriso bobo.

— Você mal está conseguindo se manter em pé, quem dirá aguentar ser chutado para fora.

— É interessante ver como você tem um lado bom.

— Ah, obrigado. — Ergui as sobrancelhas.

— Shizu-chan... — Sua expressão mudou, parecia ter algo o incomodando.

— Não me chame assim... O que foi?

— Você não disse.

— Disse o que? — Ergui uma sobrancelha.

— Bem... De que maneira gosta de mim... — Corou um pouco e desviou o olhar.

— Ah... Bem... Er... — Olhei para outra direção, não conseguia focar o rosto dele. — Eu...

— Você...? — Eu podia sentir aquela esperança nele.

— Isso... — Puxei-o e dei-lhe um selinho. — Responde? —Encarei-o sério.

Certamente esse foi um ato inesperado até para mim. Eu realmente não sei porque fiz isso, desse jeito e acho que eu mesmo queria tirar a dúvida . Ele corou ficando quase vermelho e desviou o olhar, mas de qualquer jeito, eu podia ver aquele sorriso de satisfação nos lábios dele.

— S-sério? — Não me encarou.

— Sim... — Fiquei esperando ele me encarar.

~*~

— S-shizu-chan... Isso dói. — Podia ver aquela expressão de dor dele, mas sabia muito bem que não era uma sensação tão ruim assim.

— Claro que dói, acha que machucados curam assim tão rápido? — Perguntei, limpando uma das feridas.

— Então seja mais delicado... — Fez um biquinho.

Suspirei e continuei, não demorou muito até trocar todos os curativos. Ele podia reclamar e fazer várias expressões, mas ao menos não ficava se debatendo. Bem, ele vinha fazendo isso há cinco dias já. Ao menos agora eu já não precisava ficar levando ele de um lado para o outro e também não precisava que eu o deixasse sem suas vestes no banheiro para tomar banho e depois voltava para pegá-lo.

Bem, nesses cinco dias, para o resto da cidade ele só estava “sumido” e eu continuava fazendo meu trabalho como se nada tivesse ocorrido. Tom nem ninguém tinha ideia de que ele estava aqui. Acabou sendo uma decisão nossa.

— Conseguiu? — Me encarou, se sentando na cama.

— O que? — O encarei de volta, sem saber o que era.

— A jaqueta.

— Ah! — Me levantei e fui até o armário, abri e tirei dali a jaqueta dele, novinha em folha, como se nunca tivesse sido cortada. — Aqui.

— Uau! Como fez isso?! — Perguntou, se levantou e andou até mim.

— Falei com uma costureira, e pedi que ela desse um jeito. No final essa é nova, com coisas da antiga, como os pelinhos, e ela conseguiu até recuperar uma manga.

— Obrigado Shizu-chan! — Berrou, pulando em cima de mim e me abraçando.

O segurei e abracei de volta; se não o fizesse ele reclamaria a noite toda, era muito carente. Soltei-o e sentei na cama.

— Vai voltar para sua casa quando ficar totalmente bem?

— Sim, mesmo gostando de ficar aqui com você. De qualquer jeito não podemos ficar juntos por completo... — Suspirou e sentou-se ao meu lado. — Mas, antes eu preciso resolver um problema.... — Olhou para o chão.

— Os caras que bateram em você? — Virei o rosto, encarando ele.

— Sim, eles mesmos. — Suspirou e se virou, sentando de lado na cama e me encarando.

— Como eles são?

— O que pretende? — Ergueu uma sobrancelha.

— Só responda. — Falei sério.

— Um pouco maiores que eu, fortes, um deles tem a cabeça raspada e uma tatuagem de cobra na careca, outro é loiro com o com o cabelo arrepiado e tem uma cicatriz no pescoço e o que fez o pedido tem dois dentes de ouro e um nome de mulher tatuado no braço, acho que é Karen... Algo assim.

— Certo... — Me aproximei dele e o puxei, pondo ele no colo. — Senhor Orihara, não tem mais porque se preocupar com seu problema. Ok? — Dei um selinho nele.

— Ok. — Riu e passou os braços para meu pescoço.

— Bem... Como faremos quando voltar para casa? Você sabe tão bem quanto eu que não daria nada certo se as pessoas descobrissem.

— Brigamos de dia como sempre fizemos e de noite nos encontramos num lugar deserto, saímos e... Divertimo-nos. — Lambeu os lábios.

— Você é mesmo safado, Izaya. — Ri e o deitei na cama, ficando por cima dele.

— Mas você gosta, que eu sei muito bem. — Sorriu travesso.

— É, é verdade...

Beijei-o e já aproveitei que ele estava sem camisa para acariciá-lo um pouco, tinha que ser cuidadoso por causa das feridas que até pouco tempo atrás nos impediam de fazer qualquer coisa, mas agora, já não tinha tanto problema, só teria realmente se eu tocasse nelas.

Ele chegou a dar algumas arfadas entre o beijo enquanto eu fazia aquilo. Fui descendo meus lábios da boca e indo para o resto do corpo dele, beijando seu peitoral e tomando cuidado com toda e qualquer ferida dele. Ele pôs as mãos na minha cabeça e sorriu, me puxou para ele e roubou-me um beijo.

~*~

Estava no apartamento de Izaya, fumando um pouco. Fazia algum tempo que ele havia voltado. Tínhamos combinado de hoje ficarmos por aqui mesmo, entretanto ele havia saído mais cedo e logo devia chegar.

Por enquanto tudo tinha dado bem certo, as pessoas não desconfiavam de nós aqui em Ikebukuro, era como se nada tivesse acontecido. O melhor das pessoas não saberem é que as pessoas que bateram nele antes estavam atrás dele de novo.

— Shizuo! — Ele chegou batendo a porta da própria casa; parecia um pouco alterado.

—... O que foi? — Levantei-me, estranhando aquilo.

Ele raramente me chamava pelo nome.

— Você! — Pareceu travar e depois me encarou de novo. — Você quase matou meu ex-cliente! — Aproximou-se de mim.

— Você achou que eu ia deixar aquilo impune? Perdeu clientes inúteis, você sabe. — Traguei meu cigarro.

— … — ele suspirou. — Obrigado. — Sorriu e pulou em mim, me abraçando.

— Se você está feliz por aquele escarcéu. — Abracei-o de volta.

— Eu só fiquei surpreso... — ele me encarou. — Em nenhum momento eu expressei que era algo ruim, certo? — Sorriu de orelha a orelha.

— Certo. — Sorri de lado.

— Vamos pro quarto?

— Vamos.

Fomos para o quarto, juntos e tranquilos.

Eu não sei dizer se vamos continuar assim. Eu espero que fique assim, as coisas estão melhores desde que estamos juntos. Izaya continua com algumas coisas irritantes, mas... Não são tão ruins assim. Eu ainda destruo algumas coisas públicas, mas... O que importa é que estamos felizes, certo?

Fim


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem um review por favor. E... Pelo amor de tudo que é sagrado, sem nenhum "ädorei" e fim do comentário. E, não vai ter continuação, é apenas isso. Qualquer coisa avisem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não faça eu me arrepender" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.