Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 10
Monstros a bordo




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A sensação de estar rodeado por aqueles soldados não era das melhores. E saber Clint seria meu adversário não melhorava muito as coisas.

Momentaneamente me separei de minha espada, tomando em mãos um sabre de madeira que me foi dado pelo soldado que seria juiz daquela luta. Era uma arma bem simples, uma haste de madeira de pouco mais de um metro, sem ponta e com o cabo trançado por uma fita vermelha.

Clint usava uma espada idêntica. Ele a segurava com apenas a mão direita, deixando a esquerda para trás. O general me olhava por cima, me encarando com um sorriso maligno no canto da boca.

Em volta, os soldados ainda me olhavam com desconfiança. Ouvi algumas risadas abafadas quando empunhei a espada com as duas mãos e a apontei na direção de Clint em posição defensiva, mas, vi também que outros deram um passo para trás quando eu o fiz.

– Okay... err, as regras serão as mesmas ... – disse o juiz – Se a arma encostar-se aos braços ou pernas, um ponto. Barriga, peito ou costas, dois pontos. Sem golpes nas partes baixas ou acima dos ombros. Preparem-se e ... Comecem! – terminou erguendo o braço direito

Decidi fazer o primeiro movimento. Avancei na direção do general e lancei-lhe um golpe na horizontal, visando sua perna direita. Porém, ele simplesmente o interceptou usando sua espada. Aproveitando que estava próximo, tentei um segundo ataque, lançando-lhe uma estocada na cintura, mas ele também o bloqueou sem dificuldade.

– Humpf ... – Bufei. Mantive-me posicionado frente ao General e o ataquei com uma seqüência de golpes o golpeando o mais rápido que eu conseguia. Nem aquilo adiantou. Todos os meus movimentos eram facilmente repelidos

– Okay, isso não está dando certo. – Pensei. Rapidamente saltei para trás e me reposicionei. O general tinha uma defesa imensa, não havia abertura. Era como golpear uma muralha de concreto. A minha volta, os soldados entreolhavam-se e sussurravam alguma coisa entre si, certamente achavam que eu não tinha nenhuma chance. Clint, por sua vez, ainda me olhava por cima, mal havia se mexido, mesmo com todos os meus golpes. Eu o analisei dos pés à cabeça. Realmente, não havia abertura.

Esse grandalhão deve ser devagar. – conclui

Avancei rapidamente na direção do Clint com minha espada posicionada a minha frente, como se preparasse um ataque direto. O general se manteve imóvel. Ele me olhava fixamente nos olhos. Devia estar tentando me intimidar.

Aproximei-me dele o máximo que consegui e, rapidamente, dei um salto para o lado esquerdo seguido de uma cambalhota, parando atrás do meu adversário. Ele parecia estar acompanhando meus movimentos com os olhos, mas não se virou a tempo de defender meu ataque. Eu o havia acertado nas costas.

– Dois pontos! – Gritou o juiz

Recuei, me distanciando alguns metros, agora em posição defensiva. A nossa volta, os soldados se afastavam para nos dar mais espaço. A maioria deles parecia não acreditar que eu havia conseguido golpear o Clint, pude notar isso pelos olhares desconfiados ou surpresos que eles me lançavam. Yannefir fazia o mesmo.

Clint riu.

– É, você é rápido. – ele disse – Ainda precisa ser lapidado, mas, você tem talento, jovem.

Eu não sei se ele estava falando sério ou se estava sendo sarcástico. Na duvida, apenas sorri e assenti com a cabeça.

Instantaneamente a face do general mudou. Aquele olhar intimidador havia voltado. Eu o vi dar um passo a frente, em minha direção. E foi tudo o que consegui ver. Quando dei por mim, Clint já estava bem na minha frente.

Nem tive como me defender, Clint me acertou no braço.

– Tirando os olhos do seu adversário, heh?Isso custaria sua vida numa luta de verdade. – Falou, completando com uma risada totalmente bizarra. – Hyahahaha.

– Um ponto! – o juiz

– Como esse cara ... se move tão rápido ? – eu pensei.

Levantei minha guarda e tentei recuar como podia. O general me desferia uma seqüência de golpes que parecia interminável. Seus ataques eram certeiros e precisos. Além de incrivelmente rápidos. Achei que aquela espada de madeira iria se quebrar a qualquer instante. Segui recuando e tentando me defender. Não demorou muito para ele conseguir me acertar novamente. Dessa vez na perna direita.

– Perna, um ponto! – Disse o juiz

– Droga, lá se vai minha vantagem. – resmunguei.

Clint finalmente interrompeu aquela seqüência de golpes e eu aproveitei o tempo pra recuperar o fôlego. Minha respiração já ofegava. Ele era monstruosamente forte e sua velocidade era absurda para o seu tamanho.

O general me encarou por alguns instantes, como se esperasse um movimento meu. Ele ainda estava me olhando por cima, mas agora de forma diferente. Talvez estivesse me vendo como um filhote de lobo que tentava mostrar os dentes pela primeira vez.

Avancei novamente. Para minha surpresa, Clint abaixou sua espada e simplesmente deu um passo para o lado para desviar do meu ataque.

Persisti na ofensiva, porém, o general parecia ter ficado ainda mais rápido. Muito mais rápido. Ele desviava dos meus golpes sem dificuldade nenhuma, movimentando-se para os lados ou para trás, parecia estar lendo meus movimentos ou coisa parecida. Achei melhor recuar. Tomar alguns metros de distancia e pensar em um plano melhor.

Repentinamente, vi os soldados a nossa volta darem um passo para trás. Todos eles recuaram. Naquele momento eu não entendi bem o motivo.

Quando voltei minha visão para o general, vi que ele estava olhando diretamente para mim, porém, de uma maneira ... estranha.

Seu olhar era mais penetrante e intimidador que o normal. Foi algo parecido com olhar que ele me lançou quando eu fiquei fora de controle na luta contra os macacos ilusórios. Mas, desta vez, havia algo mais. Ele emitia uma presença realmente devastadora, uma verdadeira áurea de assassino.

Tentei me mover, mas foi em vão. Meus músculos haviam enrijecido. Minhas pernas estavam dormentes e aquela espada de madeira agora parecia pesar cem toneladas. Até minha mente ficou embaralhada.

O general deu um passo na minha direção e começou a se aproximar calmamente, enquanto eu tentava desesperadamente me libertar de ... seja lá o que foi que ele fez.

– Vai mesmo desistir, jovem? – ouvi uma voz na minha cabeça. Não sei exatamente quem falou aquilo. Tive a impressão de já ter ouvido aquela voz, mas eu não tenho certeza. – Se não conseguir sair desta prisão, não vai conseguir fazer muita coisa La fora. Sabe disso, não sabe? Hyahaha – completou.

– Droga ... – Murmurei. Eu ainda tentava me libertar, mas meu corpo não respondia. Eu sentia como se fosse desabar a qualquer instante.

À medida que o general se aproximava, a pressão parecia ficar maior.

– ... eu tenho, que sair ... daqui. – Senti minha respiração acelerar. Tentei concentrar toda minha força nos meus braços, contraindo todos os músculos do meu corpo. Clint já estava bem a minha frente, ele brandia sua espada na minha direção. Focava meu tronco.

Repentinamente, senti algo correr pelos meus membros. Uma sensação parecia com a que senti quando arranquei a minha espada daquela pedra. Porém, tudo o que consegui fazer foi rebater o ataque do general. Nossas armas se chocaram e a espada dele foi arrancada de sua mão, indo parar no meio da multidão que nos assistia.

– PIHHHH – Apitou o juiz. Os cinco minutos haviam se passado. A luta estava encerrada. Estávamos empatados.

Agora eu mal conseguia ficar de pé, tive de me apoiar naquela espada de madeira para não cair de joelhos. Minha visão começava a clarear. Eu estava recobrando a consciência.

– Hyahahaha – Clint gargalhou – parece que temos um empate. Ora ora.

– S-sim! – concordou o juiz. – É um empate!

O general me estendeu a mão e com sua ajuda eu levantei. Ainda estava um pouco zonzo e sem entender muita coisa, mas, vi o resto dos soldados nos aplaudirem. Apenas sorri e tentei acenar.

– Lutou muito bem, meu caro Hanzo. – O general pousou sua mão sobre meu ombro. Ele agora tinha um sorriso mais amigável. Nem parecia mais o monstro de instantes atrás.

Mentira. Parecia sim.

– Hehe ... obrigado - respondi . Respirei fundo e olhei atentamente a nossa volta. Alguns soldados ainda pareciam eufóricos com o resultado daquela luta. Clint ergueu meu braço esquerdo e isso pareceu atiçar ainda mais a euforia deles. Vi Yannefir no meio da multidão. Ela estava de braços cruzados. Arqueou as sobrancelhas e fez um sinal positivo com a cabeça, mas não parecia muito interessada em tudo aquilo. Eu a respondi da mesma forma.

– Hyahaha. Hanzo chegou mais perto de me vencer, ele será o vencedor de hoje! – Gritou Clint

– .. hã? – eu retruquei.

– ... a menos que alguém queria enfrentá-lo! Hahaha, alguém se habilita!?Hã? – Ele continuou, ignorando meu questionamento.

– Mais essa agora. – Resmunguei.

Eu não estava afim de continuar com aquilo. Por um momento, achei que não precisaria. Ninguém havia se manifestado.

– Ninguém? Mesmo? – O general insistia – Então acho que temos um vencedor

– Esperem! Eu quero enfrentá-lo. – Cerrei os olhos ao ouvir aquela voz. Eu a conhecia muito bem. Claro. É claro que ele iria se manifestar.

Zenite abria caminho entre os soldados. Ele já carregava uma espada de madeira idêntica à que eu usava. Estava com uma camiseta e uma bermuda branca, com o cabelo amarrado para trás. A Gente se encarou por alguns instantes.

– Então temos mais um adversário. – Clint gargalhou. – Consegue lutar mais uma vez, Hanzo?

– Claro. – Nem precisava pensar. Engraçado como ele pergunta isso depois de procurar alguém para me desafiar. Tsc tsc tsc.

Enfim. Eu ainda estava um pouco cansado, mas, podia agüentar. E claro, tinha contas a acertar com o Zenite.

– Certo, certo. As regras serão as mesmas. – Disse Clint. Zenite caminhou para a arena sem dizer uma palavra. Fiz o mesmo. Posicionamos-nos um de frente para o outro com as espadas em posição ofensiva.

– Acertar os membros, um ponto. – O general prosseguiu. A nossa volta, a ‘’platéia’’ parecia ter aumentado. Os soldados estavam se amontoando para nos assistir. ‘’O capitão das tropas e o garoto que empatou com o general!”, “quem acha que vai vencer?’’, eles comentavam.
– Corpo vale dois pontos, blábláblá, vocês já sabem o resto. Prontos?VÃO! – Clint deu o sinal

Não perdi tempo e avancei contra ele. Zenite fez o mesmo. Disparamos um na direção do outro, porém, nenhum de nos obteve sucesso no golpe. Um estrondo vindo da parte traseira do navio nos interrompeu. Toda a aeronave tremeu. Eu perdi o equilíbrio e cai no chão. Zenite teve de se apoiar em sua arma para permanecer de pé?

– O que esta havendo? – Gritou Clint

– Fogo! Tem fumaça vindo da polpa! – algum soldado respondeu

– Estamos sendo atacados! – disse outro

– Homens, em suas posições! – Ordenou o general. Os soldados sacaram suas espadas e lanças, porém, ninguém sabia de onde o ataque estava vindo.

Outro estrondo ecoou. Este, ainda mais forte. O navio balançou ainda mais.

Fiz o que pude para ficar de pé.

– Droga. Minha espada, onde foi parar minha espada? – Olhei em vota. Nem sinal de minha lamina. Eu havia a deixado com o juiz, e obviamente não podia lutar usando uma espada de madeira. Olhei para os lados, tudo o que via eram soldados correndo enquanto o navio tremia.

Quando finalmente consegui me levantar, eu vi o que estava nos atacando.

Tentáculos vermelhos de listras amarelas subiam pelo casco e golpeavam o assoalho do deque. Os soldados tentavam revidar, desferindo golpes usando suas espadas e lanças contra aqueles membros enormes, mas não parecia surtir efeito. Eles continuavam a se mover, destruindo o que estivesse na frente.

Um som ensurdecedor ecoou. Um rugido daquela criatura.

– Fala sério ... tem um polvo, no CÉU? – Eu disse. Sim, era um polvo. Um polvo gigante. Ou melhor; um polvo gigante VOADOR.

Ele estava grudado no casco da embarcação, seus tentáculos estavam despedaçando o navio. Um de seus membros enrolou-se no mastro central onde estava a hélice.

O general agiu rápido. Ele segurava sua espada em formato de porta. Saltou na direção do tentáculo e o cravou sua arma nele fazendo um líquido amarelo jorrar por todo o deque.

A criatura urrou novamente, agora parecia bravo de verdade.

Os braços do polvo fincaram se no assoalho e uma fissura se abriu. O navio estava se dividindo ao meio.

Com o impacto, eu fui jogado na direção da escadaria que levava ao compartimento de carga e rolei degraus abaixo até bater contra a parede de madeira, no final da escada. Tentei me levantar, mas tudo que consegui foi erguer o tronco, encostando-me naquela parede. Permaneci sentado na escadaria apenas para recuperar o fôlego. Porém, antes que me levantasse, vi um dos tentáculos do polvo vir em minha direção. Era imenso. Iria me esmagar sem dificuldade alguma

Eu estava encurralado. A porta para o compartimento de carga estava distante e eu mal conseguia ficar de pé. Tudo o que consegui fazer foi tatear a minha volta. Segurei a primeira coisa que consegui encontrar e a usei para tentar me defender.

Para minha surpresa, meu movimento gerou uma onda de chamas negras que arrancou a ponta do tentáculo, carbonizando também boa parte deste, o fazendo desabar a minha frente.

Ouvi outro rugido. Era ela. Minha espada havia voltado. A lamina roxa reluziu em um brilho escuro quando a empunhei. Agora consegui ficar de pé.

Eu já me preparava para voltar para o deque, foi quando vi toda a escadaria rachar. A fissura estava aumentando muito rápido. As rachaduras chegaram aos meus pés e vi a estrutura onde eu pisava se separar do resto do navio.

Agora eu estava numa queda livra da altura das nuvens indo em direção ao solo. Pude ver claramente o navio desmanchando-se em pedaços e as tropas aladas que tentavam salvar o que sobrava da embarcação, atacando aquele monstro como podiam.


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