Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 1
Fuga da terra do tédio.




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E lá estava eu. Caminhando por entre aquela floresta. Carregando em minhas costas uma longa espada dourada. Olhei friamente para aqueles campos enquanto sentia o vento em meus cabelos. Logo, levantando vôo por entre as árvores, eu o vi. Devia ter três ou quatro metros, desceu dos céus em um rasante e parou bem a minha frente. Sua boca fumegava quando a criatura rugia. Sim, era um dragão. Um grande dragão vermelho.

– Vinde a mim, criatura, que agora encontrarás teu fim! – Gritei bravamente. Logo, desembanhei minha espada e avancei na direção da fera. Este tentou me acertar com suas garras. Rapidamente rolei para o lado e rebati seu ataque com a espada. Logo, o monstro me lançou uma poderosa rajada de fogo, mas, as chamas foram facilmente bloqueadas por meu escudo. Então, com um golpe certeiro, acertei a garganta da criatura, que desabou para trás fazendo todo o lugar tremer. O silêncio tomou conta do lugar. Porém, aos poucos, um ruído começou a ecoar pelo campo de batalha. Um ruído que eu conhecia muito bem. Algo como um “TRIIIM”.Pouco a pouco aquele som ficava mais alto, e quando dei por mim, havia novamente caído da cama de cara no chão.

– Caramba, aconteceu de novo... – Resmunguei ao tentar me levantar. Mais uma vez um sonho estranho havia me feito cair da cama. Literalmente “cair”. Olhei para o relógio; Seis da manhã. Rastejei pelo quarto e fui até a janela. Encostei-me ali e pude ver meu reflexo. Meu cabelo preto que como sempre estava bagunçado e ligeiramente caído na frente dos meus olhos com olheiras enormes.

Fiquei ali por alguns instantes, ainda estava com sono, mas não me atreveria a voltar a dormir.

Da janela do meu quarto, podia-se ver o grande campo de pinheiros que se estendia até onde eu conseguia enxergar. A vista era ótima, principalmente à noite.

Olhar aquela paisagem me fez pensar novamente naqueles sonhos. Isso mesmo, naqueles. Já fazia algum tempo que tinha sonhos parecidos com o último. Em um deles, vesti uma armadura e enfrentei um exercito de orcs que saqueavam um vilarejo. Também me vi cavalgando em uma floresta, correndo por entre entes, fadas e outros seres mitológicos. Já até salvei princesas de castelos, Hahaha.

– Dragões, castelos, fadas, princesas ... Bom seria se tivesse sido real... - pensei comigo.

Pois é, sou do tipo do gosta de fugir da realidade sempre que pode.

Convenhamos ninguém gosta de monotonia, não é?

Ainda com aquele pensamento, desci vagarosamente as escadas e fui para a sala.

– Bom dia! Hahaha - exclamei.

Porém, não houve resposta. Pois, não havia mais ninguém naquela casa. Meus pais? Bem... Ate onde sei, minha mãe faleceu alguns anos depois do meu nascimento. E meu pai, ele está sempre ocupado com o trabalho. Mas, a casa nem sempre esta vazia. Eu a divido com meu irmão mais velho. Roy. Mas, é difícil vê-lo em casa pela manhã.

Percorri a sala de estar e segui para o banheiro. Precisava me apressar e seguir para a faculdade e tinha exatamente uma hora para chegar lá.

Segui para o chuveiro ainda com aquele estranho sonho na cabeça.

Eu tentava não pensar naquilo, mas não conseguia evitar. Toda aquela historia sobre dragões e criaturas mágicas me deixava realmente empolgado.

Sai do banho tropeçando pela casa enquanto vestia o uniforme às pressas. Aproveitei para passar pela cozinha e pegar uma maça. Finalmente estava pronto para sair e seguir para a cidade.

Sim, minha casa ficava afastada da civilização. Ela estava na divisão entre a área urbana e a entrada de uma enorme floresta de pinheiros. E não, eu não sei o motivo do meu pai querer construir uma casa exatamente nesse local. Tinha algo haver com uma vontade da minha mãe, ou coisa parecida.

Agora, eu faria um percurso de pelo menos quarenta minutos ate a civilização. Isso, se eu fosse na velocidade de uma múmia paralítica que quer perder a primeira e talvez a segunda aula.

Logo que saí de casa, tive a estranha sensação de ver algo espreitando pelo jardim. Alguma coisa se mexia por entre o arbusto. Mas, ao olhar novamente, vi que não havia nada ali. Então, não dei atenção àquilo. Comecei minha caminhada pela estrada que cruzava a floresta. Eu estava distraído olhando o céu. O dia não estava mais nublado, estava bonito, até.

Naquele momento, eu já devia ter percorrido um terço do caminho, porém, alguma coisa estava errada. Vi que um espesso nevoeiro estava se formando a minha frente, se estendendo por entre as árvores que cercavam a estrada. A névoa era tão densa que eu mal conseguia ver para onde estava indo. Dei mais alguns passos cautelosos em meio aquele mar de branco, até que, ouvi algo que chamou minha atenção. Uma melodia. Uma doce melodia que parecia ecoar por todo o lugar. Quando dei por mim, eu a estava seguindo. Andei dentro do nevoeiro deixando aquela musica me guiar. E logo, eu estava de volta a floresta, toda a névoa havia ficado para trás.

Eu sabia que deveria estar indo para a faculdade, mas ainda estava curioso para saber de onde aquela musica estava vindo, decidi investigar. Desviando-me da rota para a cidade, adentrei em meio às árvores, passando por arbustos e vez ou outra por cipós.

Espera ai. Cipós? O que cipós estão fazendo no que deveria ser uma floresta de pinheiros? Nem tive tempo de pensar sobre isso. Naquele momento, avistei o lugar de onde a musica estava vindo. Pra ser mais exato, avistei a pessoa que tocava. Era uma garota de possíveis dezoito anos, estava descalça e tinha longos cabelos loiros. Usava um vestido verde e estava sentada sobre os degraus brancos de uma escada que levavam a uma estrutura que lembrava um templo grego. Com pilares envolvidos por videiras e algo que parecia um pedestal no centro.

Ela estava de olhos fechados enquanto tocava, obviamente não havia me visto. Por alguns instantes me mantive imóvel. Apenas admirando aquela musica que só foi interrompida quando a garota abriu os olhos. Ao me ver, ela deixou escapar um grito de espanto. Foi quase como se visse um fantasma. Ela deixou a flauta cair e rastejou para trás, tentando se afastar.

– D-Desculpa ! Não queria te assustar! - estendi a mão ao me aproximar, mas ela continuou a recuar.

– Quem e voce ? Como chegou aqui?? - disse a garota

Antes que eu pudesse responder, ela levantou-se e saltou para o ultimo degrau da escada, onde sua flauta estava caída. Ela a pegou e posicionou-se colocando-a próxima da boca, como se fosse tocar. Porem, ela me olhava de um jeito intimidador, Por via das dúvidas, dei um passo para trás.

–I-identifique-se, já ! - ordenou

– Acalme-se! - respondi no mesmo tom, ainda com a mão estendida. - Sou um estudante. Estava a caminho da cidade, só que, fui pego num nevoeiro e acabei chegando aqui. - tentei explicar. Ela me avaliou-me dos pés a cabeça, até que nossos olhares se encontraram.

– Está mentindo - disse ela. - você não deveria estar aqui, este território é área restrita da tribo do povo do céu. – continuou.

A essa altura eu já achava que ela era louca.

– Tribo do que? - tentei contestar, mas foi em vão. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ela levou à flauta a boca e soprou uma nota musical incrivelmente aguda. O som era tão forte, que quando penetrou meus ouvidos, eu vi tudo girar. Aquilo me fez cair ao chão, dobrando um dos joelhos enquanto tentava tapar os ouvidos

Felizmente (ou infelizmente) algo chamou a atenção dela e a fez parar. Algo que se esgueirava por entre as árvores.

Eu ainda estava zonzo e com a visão embaçada por conta daquele som, porém, pude ver a criatura que agora se aproximava de nos. Tinha aparência que lembrava um humano, so que era muito maior, devia ter dois ou três metros. Era barrigudo e tinha pele acinzentada. Fiz o que pude para me levantar, ainda sem entender o que acontecia.

– Um troll ?? Você trouxe um troll aqui ?? - acusou-me a garota

– Como e que é!? – Rebati.

– Essa coisa não devia estar aqui, você também não! Com certeza você tem algo a ver com isso!- Berrou a garota.

– Calma ai, isso não prova que... – Tentei questionar a lógica dela, mas, nem consegui terminar de falar, a criatura urrou e correu na nossa direção, brandindo um tronco e derrubando também algumas árvores que estavam em seu caminho.

Joguei-me para o lado caindo sobre alguns arbustos e o troll passou direto indo de encontro da flautista.

– Cuidado!! - gritei

Vi que a criatura havia golpeado o lugar onde ela estava, abrindo uma cratéra na escada.

Olhando atentamente, vi que ela havia sido jogada no chão pelo impacto do golpe e estava tentando se levantar.O troll ainda a procurava olhando para os lados, deu pra ver que não era muito inteligente.

– Vou ganhar tempo pra ela. – pensei, mostrando-me tão inteligente quanto aquela coisa. Logo, peguei uma pedra do tamanho da minha mão e a atirei contra o troll. O acertei nas costas. Obviamente aquilo não o machucou, mas consegui chamar sua atenção. Era o suficiente.

– Hey, coisa gorda, aqui!- gritei agitando os braços, esperando que ele viesse na minha direção. Para minha surpresa, ao invés de avançar, o troll arremessou em mim o tronco que segurava. Aquilo quase me acertou. Felizmente conseguir desviar me jogando para frente. Ao me levantar, vi a garota loira posicionada frente a ele, com sua flauta.

– O que ta fazendo!? foge!!- pensei em gritar. Mas antes que eu o fizesse, ela lançou um som abafado que pareceu explodir frente ao monstro, o atirando pelo ar. O troll chocou-se contra o solo e quase senti a terra tremer. Senti também uma brisa muito forte que vinha da direção daquela garota. Cautelosamente me aproximei da criatura que parecia estar desacordada.

A loira veio na minha direção e só então pude ver seus olhos. Eram azul celeste, como o céu. A flauta agora estava pendurada em seu pescoço. Era azul e tinha duas asas na saída de som.

Ela me apontou o dedo indicador.

– Não pense que esqueci de você.Você trouxe essa coisa aqui, não foi? - disse novamente em tom de acusação.

– NÃO! - exclamei , eu ia tentar discutir, mas antes que eu pudesse falar algo, o troll me atirou para o lado com as costas de uma mãos, me jogando a alguns metros para dentro daquele ''templo''. Aquela coisa havia se levantado enquanto discutíamos. E agora havia nos pego com a guarda baixa.

Cai entre as pilares, um pouco tonto.

Olhei para trás e vi que a criatura agora segurava a flautista e a balançava para os lados como um chocalho. Fiz o possível para me erguer enquanto apoiava-me em alguma coisa. Quando dei por mim, eu estava me apoiando em um objeto que estava fixado a um pedestal. Parecia uma espada preta de lamina roxa. Mantive-me de pé frente a ela por alguns instantes olhando aquela arma, senti que ela exalava uma estranha energia.

Ouvi gritos. Virei-me para trás e vi que o troll estava esmagando a garota em sua mão, erguendo-a acima da cabeça. Ela parecia não conseguir usar sua flauta. Sem pensar, segurei o cabo da espada e tentei arranca-la daquele pedestal. Puxei e puxei, a espada nem se mexia.

Ao olhar novamente para o monstro, vi que a garota parecia estar desmaiada em sua mão.

Voltei-me para a espada

– Eu tenho que fazer algo. – Retruquei

Logo, posicionei-me com ambas as mãos no cabo da espada e fechei meus olhos.

Contrai todos os músculos do meu corpo, ao mesmo tempo em que soltei um grito. Não me pergunte por que, me pareceu necessário na hora.


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