PV EMILY
Olho para Lauren, ela está super entusiasmada com esse maldito show. Por que deixei ela me convencer a vir? Ah é, não deixei, ela me arrastou. Tudo por causa de uns meses de diferença de idade. Ela me lança aquele olhar mandão que dizia: "você está sob meu teto por enquanto, vai para onde eu for!".
— Tem certeza que tenho que ir com você? — Digo com uma cara de desânimo.
— Absoluta, porque sei que você não se jogar pra cima do meu Tyler!
— Vou me atirar pra cima de quem? Dá pra você me explicar quem é esse louco aí?
Ela revira os olhos:
— Quem é ele? Quem é ele?! Simplesmente o cara mais perfeito que existe, toca bateria na banda mais famosa do MUNDO e você pergunta quem é ele?!
— Pergunto.
— Sim. Quem é ele? Não suporto eles. Rum
— Baterista do The Fallen, a banda da qual lhe falei durante o ano todo!
Suspiro cansada com o assunto, olho todas as fãs animadas indo para a fila de ingressos e me pergunto porque elas gostam tanto daqueles convencidos?
Ah, esqueci que pra elas esses malucos são perfeitos. Mas mesmo assim permaneço junto de Lauren na fila, em silêncio, tentando dar uma fugida dela, mas cada vez que vou tentar sair, ela vê meus movimentos indesejados mais que desejados.
Logo entramos no lugar do show. Era enorme e tinha muuuuuita gente! O pior é que ela me guia até a frente do palco, como ela conseguiu esses lugares? Cadê as cadeiras para que eu possa dormir?!
— Lauren, cadê as cadeiras???
— É um show de rock, e não um concerto! Não tem cadeiras.
— Como?!!
Acabou minha esperança de recobrar o sono perdido me arrumando forçadamente para esse show ridículo.
Nossa, meu entusiasmo estava ótimo em porcentagem 0,000000000000%. Não chegava nem a 0,000000000001% e mesmo assim teria que escutar a gritaria dessas loucas das fãs desses caras. Se ainda soubessem cantar, não diria nada. Claro, não sou profissional, mas mando bem na aula de Música da Sra. Lincheter.
Vejo que minha saída está fechada, que ruim ser baixinha, não vejo nem as luzes da porta! Ah, espera, eles já fecharam, é óbvio que não vai ter luzes... E as luzes de dentro diminuem, o foco aponta para o palco e tcharam, todo mundo começa a gritar. Eu deveria ter trazido meus fones de ouvido... mas Lauren não deixou! Eles começam cantando uma música que fala que eles conseguem todo amor num piscar de olhos. Depois digo que são convencidos e não acreditam...
Olho para Lauren e ela está se derretendo pelo baterista. É, tenho que concordar: eles são "bonitinhos", mas não esquecendo que "bonitinhos são os feios arrumadinhos". Ainda bem que ela não sabe ler mentes, porque se soubesse eu estaria morta nesse exato momento, ou melhor, momentos atrás também.
Devo admitir também que eles conseguiram muitas fãs, muitas meeesmo e de TODAS as idades! Olho para o lado está uma menina de uns 10 anos e do outro, está uma mulher de uns 50 anos!
Depois de infinitas músicas, do meu ponto de vista, a iluminação aumenta! Hora de ir embora.
— Meninas, agora chegou o momento que todas esperavam! — Diz o vocalista.
Hora de ir embora?
— Vamos chamar uma de vocês para subir e cantar qualquer música conosco!
Me curvo depois da esperança ir embora e ouço todas berrando, inclusive Lauren...
Fico com cara feia para todas e de braços cruzados esperando pela última música, mas eles têm que escolher essa garota duma vez, poxa. Quero ir embora logo desse hospício lunático! Mas quando olho para todos, e inclusive pra o chato do vocalista, ele parece que já tem a louca da fã para escolher.
Espera, ele está olhando para mim? Olho ao redor. É, parece que é para mim. Nego com tudo que é possível, braços, cabeça, tudo! Mas Lauren, minha futura finada amiga, me empurra:
— Vai estão te chamando, não se esquece de apontar para Tyler euzinha viu!
— Eu não quero ir!
Tarde demais. Ela me conduz ao palco e o vocalista me olha sorrindo, não simpaticamente:
— Não se preocupe em desafinar, encobriremos você.
— Não pensei nisso, e sim em quão mal seria para minha imagem me apresentar com vocês...
Ele me olha totalmente surpreso:
— Não é uma fã?
— De serial-killers que já ouvi boatos estarem atrás de vocês... sim!
Ele ri e fala:
— Agora você já foi escolhida, qual música quer?
— Conhece Lacuna Coil?
— Sim.
— Ora, não são tão ruins assim. Têm bom gosto, ao menos. Quero Kill tha Lights.
— Tem certeza?
— Sim.
Eu começo a cantar:
— Hold me / Teach me / Tell me what to do / But I'm not looking for a guide / I can't stand the light / Of the day outside / Feeling so cold inside your shadow.
Ele canta surpreso com a voz que demonstrei para todos:
— Watch me when I'm falling down / Step aside / Don't ask why / Let me down / Hit the ground / Bet you smile / Deep inside.
Novamente eu começo a cantar:
— When I'm lost / And don't know what to do / You run away from me / But you'll never kill the light / Inside me.
O guitarrista começa a cantar, muito mais surpreso que o vocalista:
— Now or never / Can you feel this loss / Please let these memories just fade / Time will heal the rain / But sometimes it hurts / I want to shine outside your halo.
O vocalista segue a música, mas ao mesmo tempo tentando achar um erro para encobrir a garota:
— Watch me when I'm falling down / Step aside / Don't ask why / Let me down / Hit the ground / Bet you smile / Deep inside.
Abro um mínimo sorriso (convencida como sempre) para ele e volto a cantar a minha parte:
— When I'm lost / And don't know what to do / You run away from me / But you'll never kill the light / Inside me / I don't know what to do / When you run away from me / But you'll never kill the light / Inside me.
Ele abre um sorriso em provocação para garota:
— I will feel the sun (How far away from me) / Come back upon my face (How far away from me) / The light outside the darkness (How far away from me) / Is not too far away (How far away from me) / Not far away from the nothing / I only want to escape / Cause you can't kill the light inside of me / Inside myself.
Quando vejo o sorriso nos lábios dele, acabo fechando o meu e ficando novamente séria:
— I don't know what to do / When you run away from me / But you'll never kill the light / Inside me / I don't know what to do / When you run away from me / But you'll never kill the light / Inside me.
Recebemos muitos aplausos e eu uma multidão me encara surpresa, algumas com raiva pelo sorriso. Oh gente que não enxerga provocação! Lauren vem pulando na minha direção:
— Amiga, você não me contou desse talento! Você canta muito bem!
— Isso eu sei que canto muito bem. E se for comparar, sei cantar muito melhor esses carinhas da banda. Poxa, o baterista consegue entrar errado.
Mais tarde percebo o que disse, OU SEJA, tarde demais. Ela pula em minha direção junto com milhares de outras meninas e saio correndo. Olha o que a sinceridade custa!
O vocalista aparece do nada na minha frente, me puxa para um lugar mais escondido e todas passam reto pelo local.