Take Back the Night escrita por Camyarsie


Capítulo 14
O passado


Notas iniciais do capítulo

"Porém uma coisa é certa: se alguma pessoa enfim o derrotar, será o humano que venceu um demônio”.



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Rick analisava os livros que pegara. Nada. No fundo do seu coração, não achava que iriam realmente achar algo de útil. Aquele homem não parecia ser do estilo de deixar as suas vítimas vivas para contar história.

E não conseguia manter-se concentrado por mais de cinco minutos sem pensar na sua euforia. Nunca fora capaz de ficar parado por muito tempo estudando; então nesse momento que estava em seu reino destruído e invadido pelos monstros e acabara de ver o esqueleto de sua mãe e de seus amigos... É claro que não iria ficar quieto.

Sorrateiramente, saiu pé por pé da sua cadeira e quando chegou à porta a abriu e fechou o mais devagar que pôde. Na escuridão do corredor, avançou a passos largos, embora silenciosamente. Depois de um tempo, chegou novamente ao salão principal.

Recusando-se a ver a sua mãe, tentou lembrar-se onde ficava o seu antigo quarto. Queria vê-lo uma última vez. Avançou cuidadosamente por uma escada bem instável e alcançou o segundo andar. Dali sabia exatamente onde se encontrava os seus aposentos. Percorrendo o longo corredor com janelas quebradas à sua esquerda, abriu a terceira porta à direita.

Sorriu com a visão familiar. Reconhecia seus quadros de criança pendurados nas paredes, assim como seus brinquedos prediletos jogados pelo chão, como a sua bola marrom. Seu beliche só possuía cama na parte de baixo; a estrutura só servia para a seda em volta do mesmo.

Satisfeito, deitou-se em sua cama e fechou os olhos por um segundo. Quase sentia o abraço e o beijo de boa noite que sua mãe dava toda vez que o colocava para dormir... Naquela época, sua vida era bela, sem nenhum medo ou aflição... Totalmente ao contrário da atualidade.

Decidiu ir à varanda; era muito baixo para enxergar alguma coisa aos seus cinco anos de idade, contudo agora já tinha altura suficiente para contemplar a visão. Entendia do por que seu pai passava horas olhando para o reino; mesmo estando destruído, a cena das casas mergulhadas em um pôr do sol por quilômetros era muito bela.

Lembrando-se de seu pai... Com um desejo súbito, Rick saiu de seu quarto e dirigiu-se a outro que raramente havia entrado, mas sabia perfeitamente onde era. Abriu bruscamente a porta para os aposentos de Marcus IV e assim que adentrou um pouco, fitou o local.

Certamente era bem maior que o seu: a cama era uma enorme de casal, várias janelas para iluminar o quarto e a escrivaninha e uma varanda enorme. Uma coisa na mesinha chamou-lhe a atenção: um retrato perfeitamente pintado de Elizabeth, Marcus e Rick.

O menino pegou o retrato, porém não sorriu ao ver o seu pai. Percebeu que sim, estava magoado por ele ter deixado a sua família para trás. Um homem de verdade morreria protegendo quem ama.

Viu os documentos espalhados. Eram maquetes de um enorme muro para cobrir o reino. Ele franziu a testa ao estuda-los melhor.

Não iria ser um simples muro. Teria várias torres de vigilância, canhões, janelas para lançar flechas e diversos baús com inúmeras armas com o mais alto revestimento a cada cem metros. Quase todos os guardas e cavaleiros seriam mandados para rondar entre as torres.

Mas... Para que tudo isso? – Rick perguntou-se. Toda essa precaução pra simples monstros, que nunca ultrapassariam uma altura de cinquenta metros e muito menos romperiam uma barreira de vinte metros de espessura?!

Vários pontos foram circulados com tinta preta. No imenso portão e inúmeros pontos em torres e caminhos.

– Áreas mais vulneráveis a ataques – leu em voz alta. Alguma coisa estava errada.

Remexendo nas gavetas, procurou por algo suspeito. Jogava as coisas inúteis no chão, como contas pela comida importada e entre outros motivos.

Achou um caderno com capa de couro. Folheou-o um pouco – era um diário. Sério? Você escrevia toda a sua vida difícil aqui? Não me faça rir, pai.

Porém, aos trechos que lia, foi descobrindo coisas do passado de uma pessoa a qual julgava ter conhecido que nunca soubera.

“Não sei o que era aquilo, somente que tinha que impedi-lo de avançar mais pelo reino. Admito, nunca tive tanto medo em minha vida... Aquele homem não era normal. Invocava chamas roxas em um movimento e acertá-lo com a espada aparentava ser impossível, graças à sua habilidade de teletransporte”.

– “Aquele homem não era normal”...

“Elizabeth me esperava. Não podia morrer e deixa-la me seguir mais tarde. Juntando toda a força de vontade que possuía, afastei o meu oponente”.

“Após o confronto, nunca o vi novamente. Porém, atualmente venho tendo alguns sonhos estranhos que ele aparece, sendo que os mesmos começaram quando os monstros chegaram”.

“Então, decidi escrever mais essa experiência nesse caderno. Como já comentei antes, acredito que quando eu desaparecer desse mundo esses manuscritos serão importantes. E posso ser a única pessoa viva até agora que o enfrentou cara a cara. Não sou um desperdício. E espero fazer a diferença”.

“Por este básico motivo que tenho quase certeza que aquele homem quer me matar. Ele quer ser um mito – não alguém que pode ser morto. Porém uma coisa é certa: se alguma pessoa enfim o derrotar, será o humano que venceu um demônio”.

Esse último trecho que terminou o diário. O coração de Rick já batia acelerado – se o inimigo mortal de Marcus IV fosse quem ele pensava...

Na última folha, havia um rascunho da aparência do homem. Analisou-o: cabelo espetado, capuz negro, barba bem feita, sorriso irônico... Olhos sem pupilas...

Suas mãos começaram a tremer e a sua respiração acelerou. O desenho confirmava os seus piores temores: era o mesmo homem de seus sonhos que aparecera na vila e queria mata-lo. O mesmo que o atormentava... Desde que escapara da aniquilação de Altos Terrenos.

Ele está atrás de mim por... Vingança? Ou por eu ter sobrevivido? E se o meu pai tiver morrido... Será que sou o alvo substituto ou algo parecido? Não... Tem que ter mais algum motivo... Se ele estivesse disposto a me matar, já o teria feito há anos. Ou... Ele somente descobriu que estou vivo recentemente?

Pensava tão concentradamente que quase não percebeu alguém entrando no quarto.

– Rick! Por que saiu de lá? Não estamos em um passeio de família! – Mestre Eddard o repreendeu. – E... Foi você que fez essa bagunça?

Rick nem sequer deu indícios que escutava. Continuou encarando o caderno em cima da escrivaninha. Mestre Eddard deu uma olhada no conteúdo.

– Isso... Eram coisas de seu pai, não? Devia ter mais respeito com as coisas dele.

O Mestre aproximou-se e viu o rascunho que Rick encarava perplexo. Ele não reconheceu a figura: nunca o tinha visto.

– E esse é...

– O maníaco que quer me matar. – Rick respondeu pela primeira vez – Mestre, você tinha razão... A destruição de Altos Terrenos teve tudo a ver com esse homem.


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Notas finais do capítulo

E aíí!!! Um capítulo mais cedo que o normal!! E tenho que admitir que esse foi um capítulo que fiquei satisfeita com o resultado!! ;p (estava difícil decidir o que o Marcus IV disse em suas últimas palavras sobre o seu confronto...) Espero que gostem :D



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