A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 6
The Ghosts of the Past


Notas iniciais do capítulo

Lay*: O nome Alexandra era para ser uma variação de Alessandra que é o nome da minha mãe, até porque eu criei essa fanfic pensando nela, não porque ela seja uma vampira... Com certeza não é isso, até porque elas não tem nada em comum. Exceto a semelhança com o nome.

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"As lembranças ruins perseguem você sem que precise carregá-las consigo."
— Calor Ruiz Zafon.



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O Fantasma de Bree

Todas as noites eu me trancava naquele quarto na mansão Foster, encarando a escuridão e incapaz de acender a luz. Desde o meu encontro com os Cullen na floresta, a escuridão havia se tornado menos convidativa e os sussurros que eu ouvia de lá me faziam sentir falta do silêncio e da solidão.

Alex... Sussurros a voz, suave como seda. Onde está você?

Eu tampei os ouvidos tentando afastar os sussurros, mas isso só piorava tudo.

Não me deixe sozinha aqui... Dizia ela. Venha me buscar.

Eu já conhecia aquelas palavras dos sonhos que eu tive quando ainda estava viva, dos sonhos que tive quando Bree foi embora. O que estava acontecendo? Eu não fazia ideia. Se for possível pessoas como eu ficarem loucas, eu já estava encontrando-me no estado de insanidade.

O que Bree queria comigo? Porque ela não me deixava em paz? Porque ela não me deixava esquecer ela? Porque ela sempre voltava?

Alex, eu estou com medo... Seu sussurro parecia ecoar em cada canto da minha mente. Por favor... ALEX!

Alex?a voz vinha do outro lado da porta, eu não havia reconhecido a mesma, ainda estava no abismo de sussurros de Bree. – Alex, você está ai?

Eu me levantei da cama em que sempre deito, eu nunca dormia claro, mas eu queria apenas deitar e buscar um único sinal de humanidade que podia ter me restado. Destranquei a porta para me deparar com Charlie.

– O que foi?

Ele não tinha expressão.

– Não pode fazer isso com a gente – ele disse.

Hesitei e acenei com a cabeça para ele entrar e ele o fez acendendo a luz do cômodo, afastando todos os sussurros.

Charlie fechou a porta e segurou meu rosto com as mãos.

– O que há com você, Alexandra?

– Já disse pra não me chamar assim – eu murmurei.

Ele soltou meu rosto.

– Você não pode se trancar aqui toda a noite como se fosse dormir – ele disse, muito baixo, como se tivesse medo de alguém ouvir-nos. – Vai acabar consigo mesma.

– Você não sabe nada sobre mim.

– Alex, pelo amor de Deus – ele insistiu, parecendo impaciente – Isso não é saudável.

– E daí? – eu ergui a sobrancelha – Já estou morta, não estou?

Eu virei de costas.

– Agora se puder sair...

– Você está morta porque você quer – ele interrompeu.

Virei o rosto para o moreno. Charlie era apenas alguns centímetros mais alto que eu, seus olhos dourados pareciam me encarar com expectativa.

– O que você quer dizer? – eu perguntei sem expressão.

– Olhe para todos nós, Alex – ele me segurou pelos ombros – Estamos sorrindo, mas todos nós guardamos um passado do qual nós jogamos fora como um copo descartável...

– Não tinha comparação melhor?

– Cale a boca e deixe-me falar – ele interrompeu novamente. – Nenhum de nós escolheu estar aqui, mas já que estamos aprendemos a aproveitar e eu vou... Ouça. Com certeza eu vou te ensinar a aproveitar também.

– Aproveitar a morte? – eu indaguei.

– A morte não é o fim, Alex.

Eu não respondi, acabou que foi assim, eu fiquei sem mais argumentos contra Charlie. Abaixei os olhos, mas podia sentir que ele ainda estava me encarando. Ele deixou suas mãos caírem pelos meus ombros e não disse mais nada, como se estivesse esperando eu formular uma resposta. Mas eu lhe dei uma confidência.

– Ela não me deixa em paz – eu disse com a voz tremula. – Sinto como se... Fosse um passado que me persegue há séculos. Eu perdi a noção do tempo, Charles... Bree Tanner não me deixa em paz.

Charlie hesitou.

– O que você quer dizer?

– Os sussurros dela sempre vêm do escuro – eu disparei e quando vi já era tarde demais. – Eu fico aqui ouvindo...

– Por quê? – ele murmurou. – Se isso te perturba tanto...

– Porque ela me chama! – eu exclamei. – Ela me chama... Eu não quero que ela me chame, eu quero que ela me deixe em paz...

O moreno estava bem perto agora, eu não sabia se via pena no seu olhar, ele não disse que eu estava louca ou saiu correndo pela casa gritando. Ele apenas me observou como uma criatura muito interessante.

Charlie sorriu e me deu as costas virando-se para a porta, ele apagou a luz. Eu não consegui mais vê-lo, mas ouvi sua voz.

– Ei, Bree Tanner! – ele exclamou – Tem como você morrer pela segunda vez em silêncio?

– Charlie... Pare com isso.

– Ninguém agüenta um morto sussurrando no seu ouvido, é uma chatice – ele indagou. – Então pelo amor de Deus, deixe a gata da sua irmã morrer em paz?

– Charlie, cale a boca! – eu gritei.

Naquele momento eu percebi, nunca havia visto alguém tão sem noção quanto Charlie Foster.

– Cala a boca você – ele tampou a minha boca e parou um momento como se esperasse ouvir algo. – Viu? Era só você pedir do jeito certo.

– Você é um idiota – eu disse enquanto ele acendia a luz, rindo – Você é a pessoa mais idiota do mundo.

– Engraçado... Acho que Liam já me disse isso antes – ele coçou o queixo fingindo estar pensando. – Talvez ontem... Hoje... Eu não lembro.

Eu sorri e ele apontou para mim.

– Isso! – ele deu um soco no ar – Era essa a expressão que eu queria ver. Vamos, eles vão querer ver você.

Ele me puxou pelo braço.

– Eles quem? – perguntei.

– Os Volturi – explicou – A inspeção, já esqueceu?

Ah certo... A tal “Inspeção”. Digamos que eu estava tão animada quanto Xavier para essa “Inspeção” – Notem o sarcasmo, por favor! -. Estava com um mau pressentimento sobre os chamados Volturi, lembro de ter ouvido esse nome bem antes, apenas não me lembrava onde.

Então finalmente eu deixei o cômodo, apaguei a luz antes de sair, sem antes deixar de ouvir mais um breve sussurro.

O sussurro de Bree, tão distante, apenas chamando meu nome.



– O que foi? – Charlie virou para mim, no pé da escada.

Eu ainda estava com aquele sussurro na minha mente. Eu não tinha medo, aliás, eram as vozes da minha irmã, mas pela primeira vez eu não queria nada que me ligasse a Bree, se não fosse pelos sussurros, pelos Cullen ou pelos Volturi... Eu poderia esquecer a existência de tudo e simplesmente seguir em frente, rindo com o clã Foster. Principalmente se não fosse pelos Volturi.

– Não é nada – menti. Mesmo naquela época sem saber o que me esperava, eu sabia que era tudo.

Bree não me deixaria em paz tão cedo assim e nem de modo tão simples.

Charlie me empurrou para trás no momento em que ouvimos as vozes na sala. Aquele cheiro... Eu conhecia aquele cheiro de algum lugar.

– Os seus... “Filhotes”. – disse uma voz desconhecida masculina. – Chamam muito mais atenção do que eu temia Xavier...

– Aonde quer chegar? – perguntou Xavier pacientemente, mas pela sua expressão ele estava a ponto de voar no pescoço do homem cujo rosto eu não conseguia ver.

– Aquele é Aro? – Charlie sussurrou. – O que ele está fazendo aqui? Ele só vem pessoalmente quando a coisa está realmente feia.

– O que quer dizer? – eu perguntei no mesmo tom. – Quem é esse cara?

Mas Charlie ignorou minhas perguntas, ele estava muito atento a conversa, eu fiz o mesmo e os sentidos aguçados de um vampiro ajuda muito mais do que eu imaginava.

Eu consegui ver Xavier, os cabelos grisalhos penteados para trás, os óculos redondos e pequenos caindo no nariz pequeno. Atrás de sua cadeira eu via Mirajane que vestia uma túnica japonesa verde com pombos dourados na estampa, sua franja albina presa para trás e seus cabelos louros, muito pálidos, caiam-lhe em suas costas como cascatas. Seu rosto guardava uma expressão séria e ameaçadora.

– Está sabendo, Xavier-san – o tom de deboche na fala do homem chamado Aro me irritou, mas Xavier não demonstrou emoções - Todas as pessoas essa manhã no banco foram encontradas... Mortas e todas elas tinham marcas estranhas no corpo.

– Se você está querendo insinuar, Aro-kun, que meus filhos têm algo haver com esse boato, eu acharia melhor o senhor se retirar imediatamente dessa casa. – disse Xavier parecendo esforçar-se para manter a calma.

– Estou apenas lhe avisando, Xavier – disse o homem chamado Aro. – Seus “filhos” já nos causaram problemas demais, seria uma pena ter que eliminar os problemas sem usar a antiga diplomacia.

– Esta me ameaçando, Aro-kun? – perguntou Xavier – Eu odeio dizer, mas tenho respeito pelo clã Volturi, mas como se espera de um pai... Se você se atrever a encostar-se a um fio de cabelo...

– Xavier-san – Mirajane interrompeu com a voz baixa e incrivelmente séria para o que ela iria dizer a seguir: – Kyle não tem cabelo.

– Se você se atrever a encostar um dedo nos meus filhos, eu não irei me segurar – corrigiu Xavier.

Esse é o Xavier...

– DEMAIS! – Charlie se levantou.

– Ei! – eu exclamei, mas já era tarde demais, eu me levantei deixando-me a vista.

– Mostrou pra ele, velhote-san! – Charlie deu um soco no ar.

Eu suspirei. Ninguém parecia surpreso com nossa aparição.

Nesse momento meus olhos pararam na dona do cheiro familiar. Uma criança. Uma menina de cabelos castanhos grossos pálidos e grandes olhos vermelhos. Eu a reconheceria se qualquer lugar, ela era o mais familiar deles. E pelo o que deu para deduzir, ela havia me reconhecido também.

– Ora... – ela disse sem emoção – Olá, lanchinho.

Eu estava paralisada. Literalmente paralisada, não tinha mais comando sobre meus membros.

– Dor – disse a garota de modo meigo.

E foi como um comando. Uma forte dor se estabilizou por todo o meu corpo, como se estivesse me consumindo. Queimando-me por dentro.

Alex... Não me deixe sozinha aqui...

Ouvi a voz de Charlie chamando por mim. Eu gritei até perder a capacidade disso, até que repentinamente a dor cessou e eu cai no chão, Charlie correu até a mim em sua velocidade máxima antes que eu desabasse.

– Qual é o seu problema, hein? – indagou Charlie. Primeiro eu achei que ele estivesse se referindo a mim, então eu vi que ele olhava com ódio para a garota.

Mas a garota já não tinha sua atenção para nós, ela olhava espantada para Xavier.

– Jane – Aro vociferou olhando para mim curiosamente. – Controle-se.

Filha da mãe... Eu pensei e com isso, a garota chamada Jane foi lançada como uma bola de basquete em direção a lareira, ela bateu contra a parede fazendo duas placas de kanjis caírem ao chão junto com seu corpo. Um vaso de três mil dólares foi quebrado durante o processo.

Um minuto de silêncio, por favor...

– Eu gostava desse vaso – disse Xavier com um suspiro. – Uma pena.

Aquilo... Fui eu? Eu pensei, mas devo admitir que eu não estava me sentindo nem um pouco arrependida.

Charlie me ajudou a levantar. Ambos olhávamos para Jane que já estava de pé novamente e me olhando hesitante.

– Sabia, Jane-chan – Charlie foi o primeiro a falar – Que é muito feio torturar as pessoas na casa delas? Normalmente as pessoas diriam “Olá”.

– Charles – disse Jane sem emoção. Fria como sempre.

– Que interessante... – disse o homem chamado Aro.

Pela primeira vez eu me virei para prestar atenção nos convidados. Aro tinha uma pele muito pálida, quase translúcida. Seu cabelo é negro e longo como um manto. Enquanto ele se movia em minha direção, dava a impressão de que estava flutuando. Seus olhos são vermelhos, mas nebulosos e leitosos.

Logo ao lado de Jane, mais distante havia um cara idêntico a garota, mas os lábios dele não eram tão cheios quanto os dela.

Eu recuei um passo quando Aro se aproximou de mim, com um sorriso cheio de ambição.

Essas pessoas... Eu pensei.

Charlie me abraçava de lado.

– Não chegue perto dela – ele disse sério.

– Charles – Mirajane alertou.

Aro deu mais um passo.

Não chegue perto. – Charlie já estava gritando.

Naquela distância, Aro ergueu a mão para mim como se me convidasse para uma dança. Eu não me movi.

– Não tema, criança – ele disse suavemente, sua voz era hipnótica e suave.

Voltei-me para Jane que tinha um leve sorriso nos lábios.

– Você a matou – eu disse vacilante. – Você a matou.

Jane avançou um passo.

– Oh... Aquela garotinha era importante não? – disse ela – Eu sinto muito, mas os Volturi não são de dar uma segunda chance... Isso poderia manchar o nosso nome.

– Você me transformou nisso – eu disse sem emoção.

Jane ficou séria de novo.

– Não leve para o lado pessoal – ela disse friamente – O seu sangue estava... Delicioso. Sem ressentimentos.

Naquele momento, apenas o braço de Charlie ao meu redor me impedira de fazer alguma besteira, caso contrário eu iria atrás do meu desejo de arrancar a cabeça daquela garota como arrancaram a cabeça de Bree.

– Nós já... – Aro interrompeu -... Estamos de saída.

– Eu lhe mostro a porta, Aro-san – disse Mirajane.

Ajude-me. Ajude-me. Ajude-me... O sussurro de Bree se repetia na minha mente. Eu quis voltar para o meu quarto.

– Não é necessário – disse Aro sem desviar os olhos de mim. Os olhos vermelhos cheios de ambição e curiosidade apontados em minha direção como se ele pudesse perfurar a minha cabeça com aquele olhar – E lembre-se Xavier...

Ele olhou para o homem na cadeira de rodas.

– Nós não queremos incidentes...

E com isso, eles se foram. Aro atravessou a porta dando um leve sorriso em minha direção. E os Volturi deixaram a casa. Apenas o barulho de cadeiras voando vindo do cômodo ao lado, cortara o silêncio arrasador.


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Notas finais do capítulo

Charles é um nome que carrega os significados de "Pessoa charmosa, amavel e expressiva, muito criativa e um tanto curiosa.". Mirajane é inspirada na personagem Mirajane Strauss do anime "Fairy Tail" que também possui os cabelos albinos. Criação de Mashima. Portanto o nome "Mirajane" veio de um jogo que o Mashima-san estava jogando.
Espero que tenham gostado desse capítulo, eu estava ficando sem criatividade então deixei a história "se contar".



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