A Eterna Segunda Vida de Alex Tanner escrita por Laís Bohrer


Capítulo 29
Defender of Humanity


Notas iniciais do capítulo

Prezado leitor, este e o penúltimo capítulo de ESVAT.
Não tenho palavras pra expressar a realização que sinto ^^
Estou emocionalmente preparada para finalizar esta fanfiction.
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"Saiba que são suas decisões, e não suas condições, que determinam seu destino"
Anthony Robbins



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Defensora da Humanidade

Deveria ser um momento de glória.

Os vampiros recolhiam os restos de aliados e inimigos ainda espalhados pelo solo, realmente, seria um problema se um dos humanos encontrasse um braço ou uma cabeça por ai. Apesar de que toda vez que um humano passava, lançava-nos olhares desconfiados e resmungavam algo sobre grupos artísticos ou religiosos fanáticos. Seria engraçado se não tivéssemos terminado uma batalha há alguns segundos.

Os Volturi restantes ainda eram perseguidos por alguns do nosso lado, estes voltavam hora de mãos vazias ou não. Eu não queria olhar mais para o corpo imóvel de Paul, preferi inocentemente acreditar que ele só estava dormindo. Fiz o mesmo com Spencer.

Cobriram a cabeça de Aro Volturi e me ofereceram como um souvenir, eu os encarava seriamente, a cabeça coberta por um pano vermelho escuro feito de seda, talvez encontrado na torre Volturi.

– Jogue isso em algum lugar onde nunca será encontrado – eu resmunguei sem os olhar nos olhos. – Ou queime.

Eles fizeram uma reverência um tanto exagerada em minha opinião.

– Como preferir, Lady Foster.

Fiz uma careta mínima.

Enquanto eles me deixavam, eu encarei o céu escuro, me senti feliz por não ter precisado usar meus dons sobrenaturais, sinceramente eles me assustavam sem falar que traziam lembranças ruins de um passado que eu gostaria de apagar.

Naquele instante avistei a figura de Charlie, ele falava justamente com Drica, o garoto era acompanhado por uma expressão facial nada boa, como se estivesse prestes a tomar uma grande decisão. Perguntei-me o que raios estava saindo a partir dos movimentos labiais de Drica.

Caminhei até eles em passos um tanto barulhentos. Drica sorriu para mim e piscou, nos deixando sem dizer mais nada. Eu pensei no que dizer, mas Charlie não virou o rosto para mim, como se estivesse me evitando e isso parecia ser pior do que o próprio fogo. Esperei alguns segundos e Charlie finalmente arriscou a virar os olhos para mim.

– Deve ter sido difícil – disse ele. – Tudo isso, pra você.

– Sim, foi – admiti finalmente. – Estou surpresa por eu não ter enlouquecido. Quando eu vi estava liderando um exército.

Ele desviou o olhar, encarando o chão. Charlie fechou o punho. Seu cabelo escuro estava levemente mais arrepiado que o normal. Seus olhos tão dourados chegavam a um amarelo vivo exibindo a solidão.

– Eu sou um idiota – ele soltou, me deixando confusa. - Eu deveria ter estado ao seu lado, mas... Eu não estava. Eu não estava aqui quando você precisou de mim

Era verdade. Estive sempre precisando dele do meu lado e ele não estava mais. Eu estava com tanto medo de ficar sozinha e Charlie não estava lá. Entretanto eu não conseguia sentir raiva dele por isso. Graças a esses tipos de perdas que eu tive até então, tive que crescer mais rápido e abandonar aquele jeito de adolescente rebelde que só buscava alguém para culpar por todas as desgraças que aconteciam ao meu redor.

Eu poderia ter dito isso a ele naquele momento, mas depois daquele dia, exibir meus sentimentos seria algo que eu deveria começar a conter, pelo bem dos sentimentos dos outros.

– Não seja inútil – eu falei segurando seu braço. – Pare de reclamar. Você está aqui agora, é tudo o que eu preciso nesse momento. Não quero mais ficar sozinha, está me ouvindo Charles Foster? Não me deixe sozinha agora.

Ele parecia um tanto surpreso com tais palavras. Eu fechei meus braços ao redor de seu corpo e afundei meu rosto em seu casaco. Um forte cheiro de pinheiros atingiu meu olfato sobrenatural, eu me senti em Forks novamente, me sentiria em casa enquanto ele estivesse ali.

Os Foster eram minha casa.



Alguns dias se passaram desde que voltamos da Itália. Repentinamente me tornei a inovadora do mundo dos “frios” como dizia Jacob. Minha primeira ação ao retornar para casa foi reconstruir a mansão Foster, afinal o terreno permanecia no nosso nome. Eu precisei da ajuda de Ever para a decoração da Mansão depois de umas semanas em que está já estava novamente de pé. Liam e Charlie apenas sabiam escolher vídeo games e encher a parede de Kanjis. Tentei fazer a nova mansão o mais parecido o possível com o que eu me lembrava, eu não atingi um resultado perfeito, as paredes eram mais claras e os móveis não eram tão antigos.

Damon e Ever resolveram se juntar a nós, e como esperado abrimos nossas portas japonesas para eles. Leyla não teimou em vir junto e logo aceitou o nome Foster, apesar de ainda não parecer extremamente confortável com o ambiente, principalmente em nossos velhos hábitos de beber sangue em latas de Coca-Cola.

Liam se aproximava cada vez mais de Twill, apesar de ainda levar inúmeros foras, se tornaram bons amigos, talvez Liam ainda pudesse ter a chance de tornarem-se algo mais. Tudo o que podíamos fazer era torcer por nosso amigo.

Havia também dois vampiros, Frederick – que apelidamos de Fred, no inicio ele não gostou muito e não simpatizou conosco – e Anastácia – que era simpática, com grandes olhos dourados. O casal parecia estar na faixa dos vinte anos, aparentemente. Vieram até nós com aquele pedido, que nós obviamente aceitamos sem pensar duas vezes.

Então, os Foster começaram uma nova linhagem, sem retirada de antigos costumes e homenagens aos nossos antecessores.

Encontrei coisas interessantes antes de construirmos tudo, as rosas que colocamos naquela cerimônia funerária para os Foster estavam negras, era deprimente olhar para elas, mas resolvemos enterrá-las como se fossem os corpos de nossos amigos, fizemos no jardim, uma lápide de pedra com a inscrição:

“Que o legado Foster caia sobre vocês.”

Era uma coisa que Xavier vivia nos dizendo.

Eu também encontrei um antigo Kanji, um pouco queimado, eu não sabia como aquilo havia sobrevivido, mas resolvi pendurá-lo na parede do quintal, inicialmente eu não sabia o que significava. Depois de algumas pesquisas finalmente concluí que deveria ser algo ligado a “Esperança”, algo que desde que toda essa confusão começou, nunca imaginei que seria capaz de sentir.

Mas eu sentia agora, a esperança de um mundo realmente novo.

Os Cullen não apareceram após aquelas semanas, eu me lembro de ter deixado Renesmee em casa, mas eles nada disseram e eu nada disse. Fiz uma reverência, me inclinando, como os japoneses fazem. Não sentia raiva deles, não mais. Entretanto, sentia uma espécie de desprezo pela sua covardia.

Um dia desses, eu estava de frente para a lápide dos Foster, repensando novamente na minha decisão e se era realmente certo seguir aquele caminho quando ouço uma voz feminina bem próxima soar:

– Quantas vezes por dia você vem aqui?

– Uma curiosidade estranha vindo de você, Isabella.

Virei-me para a vampira. Seus olhos eram dourados como o sol, seus cabelos cor de chocolate caiam em cascatas pelo seu ombro em uma trança.

– Posso? – ela perguntou.

Eu dei de ombros. Ela se ajoelhou ao me lado diante da lápide.

Pela primeira vez eu me senti desconfortável na presença da Cullen. Eu não pude deixar de notar como Renesmee se parecia com ela, apesar de ser um pensamento bem clichê quando se fala de mãe e filha. O Sol não nos alcançava através das nuvens cinzentas daquele dia. Olhei para a pequena cerejeira que plantamos ao lado da lápide, sem saber o que dizer.

– Eu vim agradecer, por ter protegido a Nessie. – disse Bella. – Eu fiquei realmente preocupada com o que poderia ter acontecido com ela. Nós não queríamos envolve-la com os Volturi de novo.

Eu ri meio sarcástica.

– Irônico, pois foram vocês que se permaneceram distantes. – eu disse. – O que realmente veio me dizer? Veio me dar um sermão? Escute, eu não sei como funcionam as visões da Alice, mas eu sei que eu fui descuidada, mas não era apenas eu que estava envolvida em tudo aquilo.

– Eu entendo.

–... E não me importo com o futuro, estou aqui – continuei falando. – Este é o presente e meu destino depende de mim e não... Espere, como assim “entende”?

Bella sorriu.

– Eu já passei por esse desespero de querer proteger as pessoas – ela contou. – Na época, eu não podia fazer nada, então dependia muito dos Cullen e quando chegou minha vez de proteger as pessoas que eu amava, eu o fiz. Fui precipitada ao dizer que você não deveria fazê-lo.

– Aliás, me desculpe por quebrar a sua porta...

– Ah, esqueça isso. – ela riu fazendo um gesto com a mão.

Olhei para a mansão e para Charlie e Damon no topo do telhado, fazendo um acabamento. Sorri ao ver Liam pulando e cair do telhado para o interior da casa.

– Conseguiu o que queria?

– Não. – Eu corrigi, murmurando – Consegui algo muito maior.

Bella pós a mão no meu ombro, olhei para minhas próprias mãos, me lembrando do sangue de Jolly e da cabeça de Aro.

– Mas eu perdi muita coisa e arrisquei também – admiti. – Por essas perdas eu me pego perguntando-me se eu realmente mereço tudo isso.

– Sua história ainda não terminou Alexandra – ela disse. – Você ainda tem uma grande missão, ainda tem muito que perder e arriscar. Acho que chamam isso de crescer, mas não precisa ser tudo assim, se você tem um objetivo para existir então se lembre disso.

Assenti com a cabeça, ela sabia.

– Acha que minha decisão é...

– Não sou eu quem pode te dizer se o que faz é certo ou errado. – ela começou a se levantar. – Você deve decidir isso daqui pra frente, Lady.

Eu bufei revirando os olhos.

– Até qualquer dia – ela disse sorrindo.

– Até. – falei irritada.

Olhei mais alguns segundos para o pedaço de pedra na minha frente, me ergui e fiz uma reverência, murmurando palavras de agradecimento em japonês. Caminhei em direção à mansão, preparando uns sermões perfeitos para Liam, afinal, agora que Pam não estava aqui, alguém tinha que fazer a parte difícil.

Nos seguintes dias eu vi Renesmee, ela estava maior, quase ultrapassando minha altura e isso me deixava estressada de certo modo, tentei aproveitar ao máximo cada dia, até que Drica veio falar comigo e então eu não pude mais esconder nada de Charlie. Eu estava com uma capa negra no braço quando contei.

Charlie se apoiou na sacada do cômodo encarando a claridade de mais um habitual dia frio em Forks. Ele parecia reajustar as palavras mentalmente.

– Quanto tempo?

Eu sorri sem alegria.

– Muito – falei. – Drica pretende me acompanhar e eu preciso que você e Liam fiquem, afinal, quem mais poderia cuidar da casa enquanto... Quer saber, esqueça, eu vou confiar na Ever, você e Liam destruirão a mansão.

Charlie riu com humor, isso me deu um pouco de alivio.

– Eu esperava algo do tipo – ele contou. – Você derrubou Aro do trono dele, não é surpresa que os vampiros estejam confiando o futuro do nosso mundo a você.

– Tenho muitos mais planos do que pretendia – soltei. – Vou ganhar o reconhecimento dos clãs e talvez eu possa por um fim na rivalidade entre lobos e vampiros. E quem sabe equilibrar nosso mundo com o mundo humano.

O moreno riu mais alto.

– Protetora do homem.

Olhei para ele confusa.

– É o significado de Alexandra – ele contou. – “Defensora da humanidade”.

Eu ri, sentia que estava prestes a carregar um novo peso, mas como disse Bella, faz tudo parte de meu inevitável crescimento e se eu pretendia seguir este caminho que ligaria o caminho de todos, eu precisaria disso.

Charlie colocou meu rosto entre suas mãos e colou nossos lábios em um beijo suave, fechei os olhos e de repente o tempo pareceu mais devagar conforme os segundos passavam o que era estranho já que para nós, imortais, o tempo era algo que não nos tocava, rápido, apenas um vulto no tempo.

Quando nós nos separamos eu vi Charlie revirar os olhos, eu sorri e me virei para Liam.

– Ah, podem continuar – ele disse tomando um gole na latinha de Coca-Cola. – Não se importem comigo.

– Vem cá, seu Mané cabeça de palha. – eu ironizei. – Eu não esqueci de você.

Liam fingiu-se de indeciso, sorriu e abriu os braços me erguendo do chão.

– Nós estaremos esperando você, baixinha. – ele disse.

– Sei que estarão. – me afastei.

Ficamos um tempo em silêncio até que repentinamente começamos a cortar o silêncio, gargalhando sem nenhuma razão evidente. Talvez, realmente tenha valido apena tanta tempestade para um arco-íris tão... Vivo.

– Aff, vocês são tão melosos que se eu ainda pudesse vomitar, eu vomitaria em cima de vocês. – reclamou Liam.

– Você não está sozinha, só lembre-se disso. – disse Charlie ignorando o loiro.

Assenti, colocando a capa por cima de meus ombros, eu subi na beirada da sacada, hesitei, era difícil pular, era difícil deixar tudo para trás daquele jeito.

– Isso não é um adeus, Alis-chan. – murmurou Liam. – Estaremos aqui quando você voltar.

– Eu sei – falei baixo.

Eu senti o cheiro de Drica há vários metros dali, não podia vê-la ainda. Pensei em dizer mais alguma coisa a eles, como por exemplo, o quanto eles significavam para mim, que eles eram minha família, que eu os amava inteiramente e que não queria ficar longe deles. Pensei em agradecer por tudo que eles já fizeram por mim e no quanto me ajudaram. Agradecer por terem sobrevivido comigo durante esses tempos que se passaram.

Mas apenas palavras não eram suficientes para me expressar, talvez aquele silêncio que se passava lentamente fosse a única maneira.

Então, eu pulei, meus sentidos e reflexos aguçados me dizendo que eu deveria me preparar para a aterrissagem.


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Notas finais do capítulo

Beijos Azuis.



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