... Mas, eu o odeio principalmente por não conseguir te odiar, nem só por te odiar.

Depois daquela frase que eu disse, saí correndo como em uma cena de um filme trouxa. Onde uma garotinha é beijada pela primeira vez por seu melhor amigo e, está com tanta vergonha, que sai correndo sem olhar para trás.

“Que ótimo Dominique, ele praticamente se declara para você, te beija e você além de dizer que odiou o beijo dele, sai correndo.”, pensei punindo-me mentalmente. Okay, eu não havia dito que odiei o beijo dele, só disse que odiava o modo como ele me beijava... Ai Merlin! Será que ele entendeu errado? Eu não vou voltar lá para me explicar, não mesmo.

Passei a tarde toda evitando ele, e sem olhar na cara dele. Uma atitude completamente infantil de minha parte, mas não me culpe. Eu não sabia como agir diante daquela situação, e foi exatamente por esse motivo que a noite, antes de dormirmos, já em nosso quarto eu contei o ocorrido para Victoire, Rose e até para a Lily.

— Você o quê?! — disseram em uníssono assim que contei o que havia dito a ele.

— Não me culpem! Eu estava... Ai! Eu sei lá porque eu disse aquilo. — confessei — Disse aquilo porque o odeio.

— Sabe o que eu acho Domi — minha irmã começou —, que esse ódio todo é amor reprimido.

— Concordo com a loira aqui. — Rose disse apontando para minha irmã.

— E tudo bem vocês dois se gostarem, Domi. — Lily começou — Você seria uma cunhada muito melhor do que a Rose. — sorriu inocentemente.

— Luna! — a repreendemos.

— Não me chamem assim. — reclamou.

Só a chamávamos de Luna quando estávamos: a. Brava com ela; b. Indignadas com ela; ou c. Surpresas, mas no mal sentido.

— Você mereceu. — Rose disse. — E me magoou.

— Que isso, você é ótima, mas como namorada do Jay é péssima. — assinalou.

Reviramos os olhos, e permanecemos caladas por um momento.

— O que eu faço? — indaguei rompendo o silêncio.

— Bem, acho que deveria conversar com ele, mas se bem o conheço ele o fará primeiro então quando ele vier você se explica e... Beijam-se novamente. — Lily sugeriu.

— Isso, mas dessa vez não diga que odeia o beijo dele. — Vic lembrou.

— Eu não disse que odiei o beijo dele! — protestei — Vocês nunca vão entender. — revirei os olhos bufando.

— Whatever, baby. — disse Victoire voltando para sua cama — Agora durma que amanhã mamãe e papai chegarão cedo.

Após aquela conversa dormi feito um anjinho... Sim, estou sendo sarcástica. Eu não dormi a noite toda praticamente, e isso era uma coisa extremamente fantástica, porque acordaria com olheiras e com cara de zumbi daqueles filmes trouxas.

Quando o relógio marcou quatro horas foi que finalmente consegui dormir, mas quando ele marcou seis eu já estava de pé novamente.

Fui até o banheiro e quase caí para trás quando encontrei meu reflexo. Eu estava um horror, e até parecia um dos fantasmas de Hogwarts. Então peguei meu estojo de maquiagem e comecei a fazer minha mágica, claro que sem varinha.

Quando acabei estava até que decente, então resolvi arrumar minha cama.

— Posso entrar? — alguém disse atrás da porta.

— Pode. — respondi e James apareceu, como Lily havia previsto.

— Queria conversar com você, se importa? — apontou para a cama.

— Claro que não, pode sentar.

Ele sentou-se na beirada da cama e permaneceu quieto por alguns instantes, parecendo procurar pelas palavras certas antes de começar a falar.

— Bem, eu sei que durante esses dez dias nós finalmente nos acertamos e... Bom, eu fiz muita coisa das quais me envergonho com você durante esses dias, mas finalmente nos acertamos. Quer dizer, nos acertamos não é? — perguntou cauteloso.

— Sim, nos acertamos. — concordei sorrindo levemente.

— Então queria perguntar se você ainda me odeia.

— Eu não o odeio. — retruquei abismada de que ele pudesse pensar aquilo.

— Bem, você me disse umas... — começou a contar nos dedos — Nove vezes que me odiava só nesses dez dias. Então ainda dá tempo para você dizer a décima, só para arredondar. — riu nervosamente.

— Olha James — sentei ao seu lado —, já passamos por tanta coisa juntos, já trocamos conselhos, elogios, brigas, xingamentos... Passamos por tanta coisa.

— Dominique não precisa ficar fazendo rodeios. Não quero ser grosso mais uma vez, mas é que eu quero... Não. Eu preciso saber se você realmente ainda me odeia.

— Odeio. — confessei.

— Eu... — ele começou dizer, mas eu interrompi e continuei a falar.

— Odeio o modo como se acha engraçado. Odeio o modo como se acha esperto. Odeio o modo como sempre se acha certo. Odeio como me culpava pelo seu término da Rose. Odeio o jeito que olha para mim. Odeio quando tenta ser gentil comigo.

— Nique... — ele começou porque percebeu que eu estava chorando, mas me chamar daquele jeito só piorou a situação.

— Odeio o modo como me chama. Odeio como me toca. Odeio o modo como me beija. Mas, eu o odeio principalmente por não conseguir te odiar, nem só por te odiar.

— Eu não entendo...

— Eu te amo James, é por isso que te odeio.

Ele estava surpreso, mas enxugou minhas lágrimas e ergueu meu queixo para que eu o encarasse, e ele estava com aquele seu sorriso maravilhoso e inocente. Um sorriso que poucos conheciam.

— Eu te amo, Nique. — deu-me um selinho — Eu demorei a perceber que sempre te amei, desde que éramos amigos. Talvez esse seja o motivo por ter odiado tanto você quando terminou com Scorpius. Eu já não podia ter você, por causa do Scorpius. E quando terminou com ele perdi Rose também, mas eu fui tolo o bastante para não perceber que eu tinha a chance de ficar finalmente com você.

Sorri completamente feliz por ouvir aquelas palavras, e o abracei com tanto amor e tanto carinho que dava quase para sentir, quase para tocar.

Afastei-me o suficiente para dar um beijo, ficamos com os lábios pressionados, por um tempo que pareceu-nos infinito, e ao mesmo tempo curto. Mas, após separar nossos lábios nossos corpos permaneceram unidos, colados em um abraço.

— Tenho outra pergunta para você, Nique. — disse ainda abraçado a mim.

— Qual?

— Quer namorar comigo?