Por Trás da Máscara escrita por Senhorita Nada


Capítulo 1
Por Trás da Máscara


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinha corajosa que veio até aqui!

Cá estou eu com minha primeira fic de Jogos Vorazes, e já vou correndo pros personagens e ships secundários e esquecidos. Típico.

Não entendo o motivo de Glimmer ter tanto sucesso no fandom, ou mesmo Cato e Clove, e os Vencedores de seus Distritos serem deixados de lado dessa forma. Cashmere, Gloss, Brutus, Enobaria, todos eles merecem mais amor e atenção... Especialmente depois de certas revelações feitas pelo Finnick no último livro. Sempre imaginei que os irmãos perfeitos do Distrito 1 escondessem algum tipo de segredo, além de sua relação extremamente próxima.... E é por isso que essa fic existe!

Nem vou começar a falar como foi uma luta arrumar essa capa... Pra falar a verdade, essa é uma fanart de Cersei e Jaime Lannister, de A Canção de Gelo e Fogo (outra série ótima, leiam/assistam #Propaganda), simplesmente por não existir fanarts boas o suficiente dos irmãos juntos. Ou melhor, não existem fanarts boas de Gloss e Cashmere, sozinhos, separados ou com outros Vitoriosos. Isso é muito frustrante, hmpf.

Bom, menos lenga-lenga, Nada. Vamos para a história...

Espero que gostem, e vejo vocês lá embaixo!



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Cashmere estava chorando de novo.

Pequenas lágrimas cristalinas, gotas de luz líquida, eram elas. Escorriam por suas bochechas vermelhas e se perdiam em suas roupas caras e cabelos dourados, ainda que fossem muito leves para perturbar a maquiagem impecável. Era incrível como a garota conseguia ser bela mesmo quando chorava; uma estátua de perfeição esculpida em pedra macia, sem ousar soluçar ou produzir qualquer som. A máscara de força já se colara em seu rosto há muito tempo, tanto que ela não conseguia dizer quando terminava um e começava o outro.

Ao seu redor, pavões em roupas de marca da Capital ignoravam completamente a moça loira, como se ela realmente não fosse mais do que uma estátua a ser admirada e esquecida. Farfalhavam pelo palco, os olhos de abutre focados nos garotos e garotas impressionáveis à sua frente, sua carne fresca para o abate, seus corpos jovens para sua diversão, fossem mortos na Arena ou vivos e quebrados caso sobrevivessem a ela. Importavam-se demais com o prospecto de uma nova presa para se importar com Cashmere.

Não era realmente uma novidade para a loira. Já estava acostumada com esse tratamento, a ser jogada de lado como uma boneca de porcelana velha. Linda de se olhar, vazia por dentro, usada como queriam seus donos, esquecida assim que um novo brinquedo surgisse. Um troféu, até mesmo para aqueles que lhe deram a vida. “Estamos tão honrados com ela.” Eram as palavras em sua mente, ditas por sua mãe, por seu pai, por aqueles que deveriam protege-la e cuidar dela.

“Estamos honrados.” Honrados que fosse uma assassina, honrados que fosse um troféu a ser exibido, honrados que fosse a fonte de seu sustento para o resto das miseráveis vidas.

Eles não se importavam.

Ninguém se importava com a verdadeira Cashmere.

Com exceção de uma pessoa.

Era a mesma coisa, desde que tinham se mudado para aquela casa na Aldeia dos Vitoriosos. De dia, ela punha sua elaborada máscara de Carnaval e era a Cashmere de sempre: brincalhona, gentil, inteligente. A joia e orgulho da família. A queridinha da Capital. Ela sorria para a câmera e parecia linda, uma rainha de cabelos dourados e olhos brilhantes. Cashmere brilhava. Ela era como um sol, dizia sua estilista.

Mas à noite, as coisas eram diferentes. À noite, Cashmere tinha pesadelos. Ela gritava e chorava, implorava, se desculpava, perdida em sonhos e memórias que a Arena esculpira nela à ferro e fogo. Nesses momentos, não haviam fãs nem estilistas, pretendentes ou ajudantes; ninguém se importava com essa Cashmere. Nem o Pai ou a Mãe, tão orgulhosos de sua pequena estrela, pois eles sempre viravam as costas e fingiam não escutar os gritos de desespero.

Ninguém se importava.

Ninguém, exceto Gloss.

Era Gloss que abria a porta do quarto à noite e ia se deitar na cama da irmã, dar-lhe conforto e proteção. Era ele que a segurava nos braços e dizia que estava tudo bem, que ela estava segura. Era nos olhos dele que Cashmere olhava para ter certeza que estava viva e longe, muito longe da Arena. Ele era seu porto seguro, sua companhia, a pessoa mais importante do mundo do sol da Capital.

Para Gloss, no entanto, as coisas eram diferentes. Ele via como o sorriso de Cashmere não chegava a seus olhos. Ele via como ela parecia tremer com cada sombra, com cada toque em sua pele de marfim, como seu olhar perdia o foco as vezes, quando ela estava perdida em sua lembranças. Os outros podiam não perceber, a irmã podia esconder bem seus verdadeiros sentimentos para estranhos e até para os próprios pais, mas não escondia dele. Não, ela não podia esconder isso dele. Ele via sua fraqueza. Ele era sua fraqueza.

Ele precisava se tornar forte.

Cashmere estava chorando. Ela tinha tentado o máximo segurar as lágrimas, mantendo sua pose de Vitoriosa perfeita e futura mentora. Tinha olhado a multidão de crianças à sua frente se perguntado quais daqueles meninos e meninas seriam mandados para a morte naquele ano. Os Jogos Vorazes podiam ser uma questão de alta honra no Distrito 1, para aqueles jovens ansiosos e suas famílias perfeccionistas, mas não para ela. Ela tinha visto e vivido o horror, o desespero e o sofrimento, acabando com qualquer ilusão de glamour e batalha honrada que pudesse ter. Os Jogos Vorazes eram o inferno, refletia consigo mesma, essas crianças sonham com o inferno todas as noites, crianças não muito mais velhas ou até da mesma idade que ela. Pois Cashmere não podia ser mais criança. Crianças não sobreviviam aos Jogos Vorazes.

Apenas três palavras foram necessárias para quebrar suas defesas e sua máscara de vez: "Eu me voluntario."

As palavras vieram fáceis a seu irmão. Os procedimentos foram feitos, mas ela não via realmente, não ouvia realmente, não estava realmente ali. A única coisa que conseguia pensar era Por Quê.

Por que? Por que ele dissera aquilo? Por que se oferecera? Ele, de todas as pessoas, devia saber a verdade sobre aqueles Jogos. A falsidade, o nojo, o pequeno verniz de ouro que escondia o negror por baixo. Ele a vira, não vira? Não vira o que os Jogos tinham feito com ela?

E então, quando seus olhos encontraram os de seu irmão, Cashmere compreendeu.

Ignorante como sempre, alienada do mundo a sua volta, a acompanhante prosseguia a cerimônia. "Não seria você o irmão mais novo de Cashmere? Dois tributos da mesma família! Mas que família notável essa! Será que teremos dois vitoriosos seguidos do Distrito 1 nestes novos Jogos Vorazes? Esperem para ver!"

Gloss não ouvia a mulher e suas palavras vazias. Seus olhos estavam focados em Cashmere. Olhos da mesma cor, os deles, olhos brilhantes. Olhos que diziam mais do que as línguas podiam. Saudade, tristeza, compreensão, mil sentimentos conflitantes que se mesclavam e se quebravam. Ele via a tristeza dela, e aquilo o feria muito mais do que podia imaginar. Ela precisava entender. Entender que estava fazendo aquilo por amor, não por uma estúpida ilusão de honra. Que ela não precisaria mais passar por aquilo sozinha. Ele passaria, ele sobreviveria, ele ganharia e voltaria para ela, e eles poderiam dividir o seu fardo juntos como faziam com o treinamento quando eram mais novos. Juntos, novamente.

Você é tudo que eu tenho.

No momento em que seus olhos se encontraram, Gloss sussurrou algo distante, mas Cashmere o ouviu.

"Eu fiz isso por você."


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Notas finais do capítulo

Tudo que eu toco vira Angst ou Gore. Hmmm.

Esse é meu headcanon de como era a relação entre Gloss e Cashmere. Você pode ver como um relacionamento de irmãos muito próximos ou... Como algo mais, como eu vejo. Tentei não carregar muito no shiptease nessa fic, exatamente para não ficar limitado a só romance. O leitor que imagine como desejar~

Espero que tenham gostado, e vejo vocês todos na próxima!

May the odds be ever in your favor...

Senhorita Nada