Love in London

Era um final de tarde de inverno em Londres. As ruas estavam meio vazias, pois as pessoas preferiam o calor e o barulho de um bar ou café do que as praças cobertas por um tapete fofo de algodão branco. Alguns flocos de neve caiam misturados a leves gotas de chuva do céu e por isso quem passava na rua, usava um guarda-chuva. Era o caso dela. Desacostumada com o frio da Europa, parecia uma bola de neve com todas as roupas que usava. Calça jeans, botas brancas, inúmeras blusas cobertas por um sobre-tudo branco e uma boina vermelha.
Aquele lugar era maravilhoso, tudo o que ela sempre quis. Desde pequena sonhara em morar por ali. Tolice. Pensava em seguida, mas no final, sempre voltava a esse sonho e se apegava a ele com unhas e dentes. Era uma garota sonhadora afinal, e, se desistisse de sonhar, o que sobraria? A vida é cruel demais, dizia um sábio, se desistirmos de nossos sonhos, o que sobra para nós afinal?
Ela avistou um Starbucks após andar um pouco e não resistiu em entrar. Amava aquele lugar, e para uma tarde fria, só e silenciosa, quer melhor companhia que um belo copo de café? O lugar, obviamente estava lotado: pessoas sentadas com seus notebooks utilizando do wi-fi grátis, grupos de adolescentes rindo e conversando, um casal conversava seriamente num canto e alguns solitários –como ela naquela tarde- sentados no balcão encarando suas próprias bebidas. Sentou-se em um banco vazio. Rapidamente um atendente veio até ela. Pediu um café para viagem e saiu do estabelecimento cheio com a bebida fumegante em mãos. Estava delicioso. Cafeína era uma das melhores coisas que existiam no mundo inteiro.
O museu de cera era o seu objetivo e ela agradeceu ao entrar no local quentinho. Ela andou pelos corredores olhando as estatuas quando sentiu o celular vibrar no bolso do casaco. Pegou para olhar e foi quando trombou com tudo em alguém. Quase não conseguiu se equilibrar, mas o homem segurara seu braço e a impedira de cair no chão. “Desculpe.” Pediu apressada, equilibrando-se e ajeitando a boina sobre seus cabelos. “Não tem problema.” Ele tinha sotaque inglês e quando proferiu aquelas palavras, ela se arrepiou. Era alto, bem mais alto que ela e bem bonito.
Eles começaram a conversar e saíram juntos para tomar um café. Era fácil conversar com ele, tudo fluía muito bem e ela não tinha vergonha. Geralmente tinha muita vergonha de conversar com as pessoas, mas ele era uma exceção. Ele a levou para conhecer os mais bonitos pontos turísticos de Londres e quanto mais ela via, mais se encantava com tudo. Um dia, iria morar ali. “Londres é linda.” Suspirou. Eles estavam em uma sacada diante de uma vista maravilhosa. Já anoitecera e o céu estava cheio de estrelas. “Nem tanto. Falta uma coisa.” Disse ele e se voltou para a garota. Ela esperou que ele prosseguisse, curiosa. Um vento bateu e seus cabelos esvoaçaram por debaixo da boina. “Ela estava vazia como o meu coração, que para estar completo precisa de você.” Ela sorriu e os dedos dele tocaram-lhe as bochechas rosadas e as afagaram antes de grudar seus lábios num beijo apaixonado.