I Solemnly Swear escrita por Helena Jimenez


Capítulo 9
Charlie




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Desde que dividi meu segredo com meus amigos, as coisas tem sido diferentes. Sinto que estou cada vez mais afastada deles, exatamente como imaginava que aconteceria. Diversas vezes pego James e Remus me encarando de uma maneira estranha quando acham que eu não estou olhando. Lily, agora passa mais tempo na biblioteca do que antes e mal a vejo. Ela diz que tem muitas coisas na cabeça, que essa história de Você Sabe Quem a está deixando inquieta, mas às vezes tenho a impressão que ela me evita. Pudera! Eu mesma me evitaria se fosse possível! E por último Sirius, este sequer dirige uma palavra para mim desde que descobriu sobre minha visão.

Passei algum tempo junto de Marlene e Alice, mas nós nunca fomos próximas, já que sempre fiquei a maior parte do tempo com os Marotos do que com as meninas, isso só acontecia quando Lily estava por perto. Ou nos momentos em que estamos no nosso quarto. Atualmente tenho ficado muito sozinha, presa aos meus medos e sinto falta dos meus amigos. Mas algo me impede de me aproximar novamente.

De vez em quando afogo essa sensação de solidão com um novo namorado, mas o relacionamento nunca dura mais de uma semana. Não tenho cabeça para me prender a alguém que não gosto, muito menos que me façam exigências. Sei que as meninas que me odeiam – geralmente pelo fato de eu ser amiga dos Marotos, que elas tanto desejam como namorados – estão espalhando coisas sobre mim e destruindo minha reputação. Não que eu tenha alguma, mas nunca fui chamada de vadia ou algo do tipo como agora. Gostaria de dizer que me importo com o que falam às minhas costas – e às vezes até na minha frente -, mas isso não acontece. Não tenho me importado com nada. Sou quase como um fantasma caminhando pelo castelo. Mas até eles parecem ter mais vida que eu nesse momento. Sou uma sombra da Charlie Price que costumava ser.

Estou na última aula do dia, de Defesa Contra a Arte Das Trevas desenhando em meu caderno, minha mente longe de Hogwarts, quando a porta se abre e a Prof McGonagall entra na sala, me chamando. O Professor Dumbledore quer me ver. Suspiro ao levantar da mesa e ao caminhar até a porta da sala, sinto os olhares dos alunos às minhas costas e alguns sussurros. Entre eles, de uma menina que jura que serei expulsa por comportamento sexual inadequado. Abro a boca para responder algo, mas me calo ao receber um olhar de advertência de McGonagall, então simplesmente caminho para fora da aula de queixo erguido, evitando os olhares de Lily ou dos Marotos.

Vamos até a sala dele em silêncio e antes de me deixar na frente das gárgulas para subir ao encontro de Dumbledore, a professora me lança um olhar preocupado que faz meu estômago embrulhar.

– Ah, senhorita Price, que bom vê-la. – ele diz me encarando por cima dos óculos em meia-lua assim que entro no aposento.

– Boa tarde, Professor Dumbledore. – respondo e ele me indica a cadeira em frente à sua mesa com um gesto. Me sento.

– Imagino que se pergunta porquê mandei chama-la.

– Creio que é pelo motivo de sempre.

– Sim, claro. Mas há algumas coisas mais. Sabe, seus professores tem reparado que você tem estado mais calada ultimamente e que se afastou de seus amigos. Diga-me, Charlotte, quando contou há eles?

– Há algumas semanas. – respondo olhando para minhas mãos.

– E como foi?

– Como eu esperava. Sirius não fala comigo, sequer me olha. Lily e os outros não mudaram muito, mas parecem hesitantes na minha presença. – dou de ombros.

– Me questiono se você não teria se distanciado deles… – seu tom e bondoso e sinto meu rosto queimar.

– Talvez isso tenha acontecido também. – desvio o olhar e sinto lágrimas se formarem em meus olhos. Tenho chorado muito ultimamente e é algo que me faz me sentir fraca.

– Por que?

– Não suporto seus olhares de pena ou o silêncio de Sirius. – respondo sincera, sei que não preciso esconder nada de Dumbledore, conversamos constantemente sobre minha condição. Claro, apenas omito as partes em que burlo as regras da escola que ele ainda não sabe. Olho para cima tentando evitar que as lágrimas caiam.

– O senhor Black é quem você mais temia em contar… – ele diz quase pra si mesmo e eu fico calada encarando-o. – Mas o assunto que a chamei, embora tenha tudo a ver com seu distanciamento de seus amigos, já que explica muita coisa, é outro, Charlotte. Seus professores relatam nenhum interesse em aula e alguns dizem que não têm visto você se alimentar direito há um bom tempo. Se as coisas continuarem assim, sabe que terei que mandar uma coruja aos seus pais. Já teria feito isso, mas escolhi conversar com você antes.

– Não! Meus pais não podem saber disso! Já é bastante ruim que meus amigos tenham descoberto!

– Charlotte, respeito sua escolha em manter seu dom em segredo, mas não acha que seus pais podem ajudar nesse caminho? Ou algum dos seus irmãos?

– Não. Já sou problema demais para eles – respondo me movendo desconfortável na cadeira. Dumbledore me encara e parece um tanto decepcionado. Ótimo, mais uma pessoa na lista para eu decepcionar.

– Esconder tudo de todos e manter seus problemas para si mesma são coisas que podem leva-la a um caminho sombrio, Charlotte. – ele diz.

– Nós já sabemos aonde meus caminhos vão me levar. Com todo respeito diretor, eu só quero poder viver…

– Eu sei – ele me corta, seu tom é gentil, ele está cansado de ouvir meu discurso sobre querer viver enquanto posso antes que seja tarde demais, é o que sempre digo cada vez que sou levada até lá por burlar alguma regra da escola. Ele sempre me dá uma segunda-chance e não me expulsa, mesmo quando o que mereço é a expulsão. – É a sua escolha e você já é maior de idade. Me arrependo, entretanto, de não ter comunicado aos seus pais quando descobrimos sobre seu dom. E falando nisso, gostaria que me falasse sobre suas visões.

– Fora a minha morte e um futuro de James e Lily, nada mudou. Pelo menos não vejo nada, afora algumas coisas do cotidiano. – Dumbledore assente com a cabeça. De tempos em tempos ele sempre me chama para saber como minhas visões caminham. Sei que elas são de algum modo importantes, já que ele mesmo lida com isso pessoalmente ao invés de me deixar nas mãos de outras pessoas.

– Você tem certeza que não deseja treinamento com o seu dom ou que eu mande uma coruja para seus pais? Sabe, Charlotte, a vidência é um dom muito estimado no Ministério, se treinasse poderia vir trabalhar com eles e como está concluindo a escola…

– Desculpe interromper diretor, mas minha escolha já foi feita. Eu não quero esse dom, muito menos usá-lo como ferramenta de trabalho. Meus planos terminam quando eu concluir meus estudos.

– É uma pena vê-la desperdiçar seu futuro desta maneira, mas é sua escolha. Sabe que se mudar de ideia, estarei aqui para ajuda-la. – concordo com a cabeça me levanto. Já estou me aproximando da porta quando ele me chama novamente. – Charlotte?

– Diretor? – me viro para encara-lo e ele sorri para mim, mas seu sorriso não chega aos olhos como costumava acontecer.

– Por favor, se alimente direito. – concordo com a cabeça e saio da sala, me sinto um pouco zonza com a conversa, como sempre acontece.

Ando distraída pelo corredor me questionando o que devo fazer agora que as aulas do dia terminaram, apesar de ter prometido que iria me alimentar melhor, não estou com fome e não quero socializar no salão principal. Estou ponderando caminhar pelos jardins do castelo quando esbarro em alguém. É Snape juntamente com outros garotos da Sonserina, Mulciber e Avery. Régulo também está com eles.

– Charlie, como você está? – Snape para mandando os outros irem na frente, eles me ignoram completamente e apenas Régulo acena levemente com a cabeça em um cumprimento.

– Bem. Sem nenhum ataque de pânico – sorrio.

– Fico feliz em saber. E Lily?

– Por que você mesmo não pergunta para ela? Ela sente sua falta, sabia? Já reclamou diversas vezes em como você está estranho. – respondo encarando-o com as sobrancelhas franzidas.

– É complicado. – ele responde parecendo inquieto e tocando o braço direito com a mão esquerda.

– Não entendo porque. Vocês se conhecem desde sempre. – cruzo meus braços.

– Os tempos mudaram, Charlie. E logo você vai ver isso. Pessoas como a Lily não são boas companhias.

– O que você quer dizer com isso? – sinto meu rosto queimar, sinal que o significado das palavras de Snape me deixam extremamente furiosa.

– Sim. Você sabe. Sangues-ruins.

– Por Merlin, Snape! Que a Lily não te ouça falando assim! Ela é a melhor bruxa que conheci, mais apaixonada pelo nosso mundo do que muito sangue-puro por aí. Além do mais, qual a moral que você tem de abrir a pouca sobre bruxos de pais nascidos trouxas? Você mesmo é mestiço. – meu tom está extremamente agudo e minha voz levantou, eu seria capaz de dar um tapa na cara dele, mas me controlo.

– E tenho ódio pelo meu pai trouxa! – ele exclama ficando mais pálido que o normal, o desprezo pelo pai é despejado pelas suas palavras. – Pensei que você entre todos os seus amigos me entenderia. Mas vejo que estou enganado – ele me encara com um certo nojo no olhar.

– Não, não entendo. Mas entendo que você está agindo feito um babaca. O fato do seu pai trouxa ser um completo imbecil não faz com que todos os trouxas o sejam, muito menos que alguém nascido trouxa seja inferior. – Snape está prestes a me responder quando escuto vozes animadas se aproximando. Sirius e James.

– Mas o que o Seboso está fazendo aqui? – é a voz de Sirius um tanto divertida. – Pedindo para visitar o Salgueiro Lutador novamente?

– Vamos lá Sirius, deixe disso. – é James quem fala.

– Não preciso da sua ajuda, Potter. – o ódio transborda das palavras de Snape, vejo que ele está prestes a sacar a varinha nas vestes.

– Precisou há um tempo atrás, se não se lembra. – James está com a voz baixa e perigosa, sua mão já está na varinha.

– Por favor, querem parar com essa babaquice de testosterona? Todos vocês já provaram mil vezes que se odeiam, que podem muito bem azarar o outro…agora chega, ok? – me coloco entre os três no corredor, encarando-os de cara feia. – James, você não vai querer uma detenção logo agora.

– Saí do caminho Charlie. – Sirius diz, me fazendo bufar e revirar os olhos.

– Não. Quando é que vocês três vão crescer?

– Você parece a Evans falando desse jeito.

– Porque ela tem razão. Essa rixa entre vocês três é completamente ridícula!

– Saia da frente, Charlie. – é Snape quem sibila para mim.

– Ou o que? Vocês vão me azarar aqui no meio para poderem dar continuidade à sua briguinha idiota? Será que não podem agir feito adultos e pararem de tentar se atingir cada vez que esbarram nos corredores? - eles me olham rapidamente e voltam a se encarar. Suspiro exasperada. – Ótimo, se matem então. Tanto faz. – minha paciência vai embora por completo e eu me afasto. Eles que se resolvam.

Acabo indo para a sala comunal e assim que passo pelo retrato da Mulher Gorda, encontro Lily sentada em uma mesa com uma grande quantidade de livros ao seu redor. Resolvo aceitar o conselho de Dumbledore e vou até ela ao invés de subir direto para o quarto fingindo que passei direto sem vê-la como pretendia fazer.

– Acabei de ter uma conversa muito interessante com Snape. – digo, deitando em uma poltrona, de modo que fico com as costas em um dos braços e as pernas passam por cima do outro.

– Sobre o que exatamente? – ela pergunta, levantando os olhos do livro e me arrependo de comentar sobre Snape, Lily parece ansiosa por notícias do amigo e as palavras dele foram tudo, menos boas.

– Ah, você sabe…ele perguntou como você está ao invés de tomar coragem e trazer a bunda até você. Tenho certeza que ele está apaixonado em segredo e não consegue lidar com isso. Especialmente com você namorado o Luke e tudo o mais…acho que é demais pro coitado – minto rapidamente, não consigo ser sincera sabendo que a verdade a deixará extremamente chateada.

– Mais alguma coisa? – ela realmente está ansiosa para saber dele porque ignorou completamente a parte em que cito a paixonite de Snape por ela. Meu coração aperta por causa da conversa que eu e ele tivemos. Fico realmente furiosa com Snape e torço para que Almofadinhas e Pontas dêem uma lição nele.

– Não. Sirius e James apareceram e eles resolveram agir como machos e se enfrentar no corredor. – enrolo uma mecha dos meus cabelos nos dedos. Acho que preciso corta-lo, está quase na cintura.

– E o que você fez?

– Tentei evitar, mas eles ficaram lá rosnando um para os outros e por fim, deixei que se matassem.

– Charlie! – Lily me encara boquiaberta.

– Por favor, como se fosse conseguir separar aqueles três. São como cachorros quando resolvem brigar. E ainda ficaram “saia daqui Charlie” blablabla. – digo imitando um tom de ogro falando, Lily não aguenta e começa a rir e me vejo acompanhando as risadas. Me dou conta do quanto senti falta de falar sobre besteiras com Lily.

– Eles são mesmo quase uns animais, não é mesmo? – ela fala rindo.

– Sim, não sei como conseguem ser tão inteligentes porque às vezes seus cérebros parecem do tamanho de uma noz. À propósito, você poderia me emprestar a chave do banheiro dos monitores. Eu preciso de um banho relaxante.

– O que isso tem a ver exatamente com o cérebro pequeno de Black e Potter? – Lily franze as sobrancelhas.

– Nada. Eu apenas quero tomar banho naquele banheiro divino que apenas vocês nerds tem acesso.

– Se eu negar você rouba a chave e vai do mesmo jeito não é mesmo? – ela suspira. Não é a primeira vez que eu lhe peço isso. Nem a última.

– Você sabe que sim. – sorrio de maneira maliciosa sem poder evitar.

– Se te pegarem, você roubou isso de mim. – ela diz enquanto pega a chave na mochila e me entrega.

– Sempre! – sorrio levantando e já me dirijo à saída – Por isso eu te amo.

– Por eu te ajudar a se meter em mais encrencas? – ela responde dando uma risada.

– E por ter a chave do melhor banheiro do castelo! – respondo mandando um beijo no ar e saio pelo quadro, apenas parar dar de cara com Sirius e James. Pelo jeito Snape pegou Sirius de jeito, já que ele está com o lábio sangrando e inchado. Encaro os dois e viro minha cabeça para o lado de leve.

– Parece que conseguiu o que queria. – digo enquanto Sirius manda um dedo para mim. Já estou seguindo meu caminho quando ouço sua voz às minhas costas.

– Afinal, o que você estava falando com ele? Sabe o que dizem sobre Snape, que ele virou um Comensal da Morte.

– E o que eu tenho a ver com isso exatamente, Black? Snape sempre me tratou bem e não vou mudar só por causa de fofocas. - meu tom é áspero e coloco os braços na cintura ao mesmo tempo que sinto meu rosto ficar vermelho de raiva.

– Você não tem certeza que são apenas fofocas. – infelizmente nesse momento eu realmente não tenho, mas por causa de suas palavras. Sinto que este pensamento se estampa em meu rosto e vejo Sirius começar a dar um sorriso presunçoso. James suspira e entra na sala comunal, está acostumado com nossas discussões.

– Mesmo se não forem, acha que tem algum direito de vir brigar comigo em relação a quem eu falo ou deixo de falar?

– Sou seu melhor-amigo, é meu dever ficar preocupado se você está se metendo com bruxos das trevas. – não consigo segurar e dou uma risada irônica.

– Por favor! Você não dirige uma palavra a mim há semanas! – Sirius abre a boca para dizer alguma coisa, mas eu o interrompo. – Me poupe de seus argumentos, eu realmente não estou afim de falar com você nesse momento, Black.

Viro as costas e caminho rapidamente rumo ao banheiro dos monitores, desejando um período longo naquela banheira. Mais do que nunca um banho relaxante é necessário. A briga com o Sirius foi apenas a cereja do bolo depois da conversa com Dumbledore e as palavras idiotas de Snape. Quando é que minha vida se tornou tão dramática?


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Notas finais do capítulo

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