I Solemnly Swear escrita por Helena Jimenez


Capítulo 5
Charlie




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Olho pela janela do trem e suspiro, me sentindo sufocada de repente. A vida lá fora acontece enquanto eu estou sentada aqui, as coisas não deviam ser dessa forma. Eu deveria estar fazendo qualquer coisa menos perdendo horas preciosas presa. Olho ao redor em pânico. Não consigo respirar e não sei o que fazer. Preciso sair desse local. Agora.

Abro a porta da cabine tentando procurar alguma forma de conseguir respirar novamente e saio às cegas pelo corredor esbarro em alguém e alguns segundos depois me dou conta que é Régulo.

– Por Merlin, Charlie! Você está bem? – ele pergunta me encarando com as sobrancelhas erguidas.

– Estou. – respondo rapidamente.

– Você não parece bem. – ele me puxa para dentro de sua cabine, onde estão seus colegas da Sonserina, entre eles Snape que se aproxima.

– Charlie? O que aconteceu? – penso em responder, mas não consigo. O ar me falta e o terror aumenta – Ela está no meio de um ataque de pânico. Charlie, olhe para mim, respire fundo.

– Eu não consigo respirar! – praticamente grito e olho ao redor. Eu preciso sair do trem.

– Consegue, deixe o ar entrar. Respire fundo, conte até cinco e solte o ar. – faço o que ele me manda e fico aliviada em sentir o ar em meus pulmões novamente, mas o medo ainda me domina. Ele me manda repetir isso, até que finalmente começo a me acalmar.

– Obrigada – minha voz é baixa e me sinto constrangida por tudo isso.

– Como você sabe o que acontecia com ela? – pergunta Régulo à Snape.

– Minha mãe costuma ter esse tipo de coisa sempre. – ele responde e volta a me olhar - Está melhor?

– Sim. Acho melhor voltar para a minha cabine…obrigada novamente, Snape. E me desculpem por interromper – falo para os outros alunos que me encaram. – Régulo…por favor, não conte para seu irmão sobre isso, sim?

– Eu não tenho nada para falar com Sirius, Charlie. – concordo com a cabeça e me afasto. Por um segundo me esqueço sobre a situação na família Black. Régulo e Sirius nunca se deram bem, mas desde que Sirius teve seu nome queimado, eles agem como completo estranhos, ou até inimigos.

Troco minha roupa pelo uniforme, me sentindo exausta. Cada ano que passa, as coisas pioram e o medo tem me acompanhado constantemente. Tento esquecer tudo no fim da viagem e cochilar um pouco, mas é difícil. Minha mente está inquieta demais.

Lily volta a me encontrar quando o trem para, ela deixou outros monitores responsáveis pela travessia dos alunos do primeiro ano e vai me acompanhar até o castelo. Tento não transparecer o quão aliviada estou por não ficar mais sozinha.

Brinco com ela por estar em sua “toca de nerds” e ela como sempre, me reprime enquanto dou risada.

– Tentaremos descobrir como seu grupinho de amigos, os marotos conseguem escapar da escola diversas noites sem deixar rastro – ela fala orgulhosa de seu plano para o último ano.

– Acho que você esqueceu que em algumas dessas noites, eu estou com eles, Lily – respondo.

– E mesmo assim você nunca me conta como fazem isso.

– Esse segredo vai para o túmulo comigo. – respondo dando uma risada e engolindo em seco quando noto o que falei, o riso morre em minha garganta.

– Aconteceu algo? – ela fala enquanto levanta uma sobrancelha.

– Não. – ajeito minha bolsa no ombro nervosamente.

– Tem certeza? – por sorte, antes que eu possa responder, Snape se aproxima e pede para falar com Lily. Fico nervosa novamente, torcendo para que ele não conte o que aconteceu mais cedo, mas conversa deles foi curta e nada foi mencionado.

Luke, namorado de Lily se aproxima e ela me manda ir na frente. Me afasto deles, dando um sorriso rápido e cumprimento rapidamente o garoto e procuro meus amigos na enorme fila das carruagens.

– Tem lugar para mais alguém? – digo assim que os encontro e me aproximo e Peter me olha feio, sabendo que provavelmente será deixado de lado por minha causa e é exatamente isso que acontece. Quase me sinto culpada por ele. Quase.

Conversamos animados pelo caminho até o castelo. Ou melhor dizendo, eles conversam. Eu apenas escuto com metade da atenção, minha mente ainda perturbada pelo que acontecera mais cedo. Noto Sirius me encarando e sorrio para ele, que arqueia as sobrancelhas. Ele sabe que não estou no meu estado normal.

Sentamos na mesa e Lily fica um pouco mau humorada por estar perto dos Marotos. Eu apenas dou de ombros e sorrio pedindo desculpas silenciosamente. Geralmente prefiro separar os dois grupos, para que eles não se matem. Mas aquela noite, preciso de meus amigos todos comigo, mesmo que eles não saibam disso.

Dumbledore faz um discurso um tanto misterioso, mas como sempre eu não presto muita atenção, prefiro me concentrar em jogar comida em Peter junto de Sirius. Remus, Lily e James ouvem atentamente.

Depois do jantar, vou com os meninos para o dormitório enquanto Lily exerce sua função como monitora chefe e leva os novatos para um tour pelo castelo. Eu sinceramente não entendo como ela tem paciência com aquele bando de pré-adolescentes.

Encontro minhas colegas de quarto assim que subo as escadas. Conversamos rapidamente, elas me contam sobre seus planos para o futuro, quando se formarem e eu comento que ainda não sei que caminho seguir e provavelmente irei viajar o mundo antes de parar para pensar nisso.

– Adoro como você nunca se preocupa com nada. – comenta Margaret, uma delas. – Queria arriscar como você faz.

Sorrio.

– É mais difícil do que parece. – meu comentário faz todas rirem e logo o assunto muda para o tema principal delas: garotos. Participo da conversa com uma animação forçada apenas porque elas iriam estranhar se eu ficasse quieta. Colocamos nossos pijamas e entramos debaixo da coberta.

Estamos tentando decidir quem é o mais bonito de cada casa como um bando de pré-adolescentes quando Lily finalmente chega com uma aparência cansada. Assim que coloca seu pijama, ela deita na cama com um livro debaixo do braço.

– Mal chegou já vai estudar? – pergunto e ela me olha impaciente.

– Oras, já quero me adiantar. – ela responde eu dou de ombros, voltando a conversar com as outras meninas, mas a conversa dura pouco e resolvemos dormir. Estou exausta. Quando fecho os olhos, torço para que nenhum pesadelo me perturbe essa noite.

Acordo no dia seguinte com Lily sacudindo meus ombros.

– Você está atrasada, Charlie! Eu preciso ir, os alunos do primeiro ano me esperam para que eu os leve para a aula– ela diz enquanto sai do quarto. Provavelmente já tomou café há um bom tempo. Desde que se tornou monitora, no primeiro dia letivo não tomamos café juntas, ela sempre acorda muito cedo para se preparar.

– Merda! – levanto da cama em um pulo e tenho que sair terminando de me vestir. Encontro Sirius quando chego à sala comunal. Ele caminha colocando a gravata de maneira displicente e abre um grande sorriso quando me vê.

– Temos que parar de nos encontrar assim.

– Fale por você, pelo menos pude dormir alguns minutos mais do que a maioria das pessoas. – respondo enquanto passo meu braço pelo dele. - Qual a primeira aula?

– Pensei que você soubesse. A amiga da monitora-chefe aqui é você.

– Lily apenas me tirou da cama e foi levar os alunos do primeiro ano para aula deles. Ela não me informou para onde deveria ir. Aonde estão os meninos?

– Pontas saiu cedo para treinar, Rabicho foi assistir e Aluado levantou cedo, como sempre.

– Estamos por nossa conta então? – saímos pelo quadro da Mulher Gorda. Há alguns alunos correndo para suas aulas, mas não encontramos ninguém do sétimo ano.

– Parece que sim. Acho que deveremos prolongar as férias mais um pouco e não assistir a primeira aula.

– Uma das suas ideias mais brilhantes, Black. – andamos de braços dados e eu recebo alguns olhares de raiva de algumas meninas mais novas que ainda não foram para a aula. Dou um sorriso irônico para elas. – Seu fã clube parece ter mais raiva de mim do que o ano passado.

Ele olha para elas, dá um sorriso e ainda posso ouvir as risadinhas quando viramos o corredor. Reviro os olhos.

– Com ciúmes?

– Claro, Black. Meu sonho é me tornar uma de suas escravas sexuais. – ele ri alto, se desprende de mim e senta em uma das janelas do castelo.

– Estava querendo falar com você.

– Por que?

– Tenho reparado que anda…diferente. Está mais calada.– sento na frente dele e abraço meus joelhos.

– Acho que é a pressão do último ano. – respondo.

– Você nunca se importou com a escola antes.

– Não falo da escola. E sim que tudo vai mudar daqui para frente. E eu não quero escolher uma carreira agora, quero poder conhecer o mundo…e acho que talvez eu me importe um pouco em decepcionar meus pais mais uma vez quando eles descobrirem os meus planos.

– Crescer é difícil. - Sirius comenta.

– Desde quando você é tão filosofo? – brinco e ele ri um pouco.

– Acho que acabei crescendo nos últimos meses. – meu coração aperta, odeio saber como o afastamento da família deixa Sirius triste, apesar dele nunca demonstrar, sei que o afeta. Apesar de tudo, os Black ainda são sua família.

– Vi Régulo no trem…

– E como ele está? – Sirius tenta parecer indiferente, mas não consegue.

– Bem. Ele parecia bem. Não nos falamos muito. – verdade, afinal ele apenas me ajudou quando estava em meio a um ataque de pânico. – Estava cercado de garotos e garotas mais velhos da Sonserina. Parece que está bem popular entre eles – meia verdade, afinal Snape estava naquela cabine e ele é mais velho. Quanto à possível popularidade de Régulo, isso eu jamais poderia dizer já que meu estado não permitiu que eu prestasse atenção.

Sirius muda de assunto rapidamente, fazendo planos para a primeira visita à Hogsmeade e logo engatamos em uma conversa animada sobre nada em especial até que Filch nos encontra, dando-nos uma bronca. Por sorte não pegamos nenhuma detenção, ele parece estar de bom humor por algum motivo e nos manda imediatamente para o local da segunda aula do dia. Ele fica furioso quando falamos que não sabemos onde é saímos correndo assim que nos informa, antes que o zelador se arrependa de não nos punir.


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