I Solemnly Swear escrita por Helena Jimenez


Capítulo 11
Charlie




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Estou deitada em minha cama tentando ler um texto de poções. Acabei de acordar após meia hora de sono por conta de uma visão. Teremos uma prova surpresa na primeira aula amanhã e como meus talentos para poções são escassos, nada mais justo do que decorar algumas das respostas.

Desvio o olhar do pergaminho estressada, não consigo captar a sutileza de se usar um veneno em uma poção de maneira que não mate a pessoa que a tomaria. Marlene e Alice estão apagadas, enquanto Lily ainda não voltou da reunião dos monitores. Volto a me concentrar e decido anotar tudo em um pequeno papel para usar amanhã.

Passa da meia noite quando Lily entra no quarto batendo o pé.

– Como foi a reunião? – pergunto assim que ela fecha a porta nas suas costas e começa a arrancar a gravata do uniforme com força. Parece que nada bem pela sua atitude.

– Você sabia? – é o que ela pergunta me encarando raivosa, enquanto termina de tirar o uniforme e colocar seu pijama.

– Do que exatamente? – aperto os olhos para minha melhor amiga. Lily está furiosa e fazendo bico, o que me faz morder com força o interior da bochecha para não rir, ela está parecendo uma criança birrenta com essa expressão e tenho quase certeza que tem a ver com James, ela sempre age dessa maneira por causa dele. É até bonitinho, mas jamais ousaria falar isso. Não quero ser azarada pela minha melhor-amiga. Especialmente quando ela é Lily Evans.

– James Potter agora resolveu ser monitor. – ela dá uma risada irônica. – O garoto que mais despreza as regras de Hogwarts conseguiu se tornar monitor! E mesmo sem frequentar as primeiras reuniões, não poderá ser expulso!

– Wow. James realmente se superou desta vez!

– Você realmente não sabia? – ela parece meio desesperada. Engulo a vontade de comentar que seus sentimentos por James são bem intensos, apesar de no momento serem ruins. Mas é o que dizem, o ódio é o sentimento mais perto do amor ou algo do tipo. Percebo que estou vagando mentalmente quando Lily continua a me olhar com uma fúria nos olhos.

– Não. Se eu soubesse teria te contado para você se preparar pra isso. Deve ser por esse motivo que ele não me contou, provavelmente queria te surpreender.

– Potter é uma pedra no meu sapato! – ela diz furiosa, se jogando na minha cama. – Ele anda por aí como se fosse um deus ou algo do tipo.

– Para muitos alunos ele realmente é. Especialmente para as meninas… – comento.

– Não comece Charlie! – ela me corta.

– Sabe, ele realmente é um cara legal quando não está ocupado sendo arrogante e tudo o mais. É um ótimo amigo e faria qualquer coisa por Sirius, Remus, Peter e eu e…

– Se você der mais um pio sobre James, eu azaro você. Você deveria me apoiar e dizer que ele não pode ser monitor porque ele não segue nenhuma regra e não poderia tentar fazer os outros segui-los e não defende-lo.

Reviro os olhos.

– Você está parecendo uma criança mimada, Lily. – ela me fulmina com o olhar e eu dou uma risadinha.

– Acho que Potter desperta o pior em mim…- comenta após alguns segundos, um sorriso escapando dos lábios.

– Ele desperta o pior em todos nós. – meu sorriso se abre ainda mais, lembrando das fugas da escola.

– O que você está lendo? – Lily muda de assunto, observando o pergaminho na minha frente.

– Prova surpresa de poções amanhã. – ela se agita, sabendo que eu descobri isso por causa de uma visão. Logo levanta de minha cama e pega suas próprias anotações, que na realidade são idênticas às minhas, já que copiei dela.

– Se eu estudar, estaria trapaceando? – Lily pergunta me olhando um tanto preocupada.

– Não, apenas se você soubesse as respostas seria trapaça… – dou um sorriso e Lily entende que não estou estudando e sim fazendo colas.

– Isso é errado, muito errado. – ela diz, mas sei que é mais para si mesma do que para mim. Não conversamos mais até resolvermos dormir, presas em nossos estudos.

Na manhã seguinte, tomo café com Lily enquanto os marotos estão conversando animadamente ao nosso redor. Hoje só teremos a primeira aula, as outras foram suspensas para o início da temporada de quadribol e Grinfinória irá jogar a primeira partida contra Corvinal.

Sirius continua sem falar comigo e vejo ele se engraçar com Marlene. Estamos caminhando para a aula quando vejo ele puxa-la pelo braço e a beijar. Desvio o olhar rapidamente sem saber o motivo dos meus olhos se encherem da lágrimas. Provavelmente é o fato dele estar se agarrando com uma das minhas únicas amigas garotas quando sequer fala comigo – a não ser para brigar. Especialmente porque constantemente Sirius e Marlene se envolvem. Todos comentam que um dia eles vão acabar namorando. Pensar nisso embrulha meu estômago.

– Você está bem? – Lily pergunta quando sentamos em nosso lugar. Balanço a cabeça positivamente com medo de falar.

Sou a primeira a terminar a prova porque sei todas as respostas de cor e saio apressadamente para os jardins. Estou sentada em silêncio, tentando entender e controlar o turbilhão de emoções que passam por mim quando ouço passos se aproximando e o meu nome sendo chamado, enxugo rapidamente os olhos para disfarçar as lágrimas que se formaram ali e olho na direção da voz. É James, que vem acompanhado de Remus e Peter. Sirius não está com eles, ainda bem. Mas isso significa que está com Marlene.

– Monitor, huh? Quem diria que James Potter se tornaria um? Isso significa que teremos que olhar o mapa com medo de você? – pergunto quando eles estão perto o suficiente.

– Cala a boca. Você sabe que ele só fez isso por causa da Evans. – diz Peter com raiva, eu apenas suspiro e o ignoro, como sempre.

– Aposto que Remus o indicou e vocês guardaram esse segredinho sujo de mim! Devo me sentir ofendida? – digo fazendo bico e os dois me xingam.

– Você sabe que contaria para a Lily assim que me ouvisse falando sobre ser monitor. Eu queria surpreende-la. – James diz, enquanto passa o braço pelo meu ombro e me guia em direção ao campo de quadribol.

– Você conseguiu, mas não posso dizer que foi uma boa coisa. Ontem ela parecia prestes a jogar alguma coisa na cabeça de alguém quando voltou a reunião. E provavelmente seria na minha, já que eu era a única pessoa acordada naquele dormitório.

– Fico feliz em ter desencadeado toda essa raiva na Evans. Ela não poderia ter sido mais arrogante durante aquelas horas infernais. – James aperta meu ombro e noto que Lily o irritou. – Afinal, qual é o problema dela? Andando por aí como se fosse o máximo. – Remus e eu trocamos um olhar quando James para no meio do caminho e nos olha com uma expressão brava. – Essa menina precisa descer do salto, eu sinto como se sempre precisasse provar algo a ela.

– Talvez por que você esteja apaixonado por ela? – pergunto, dando uma risadinha e ouço Remus me acompanhando.

– Cale a boca, Charlie. Eu não estou apaixonado por ela. – Remus e eu o encaramos durante alguns segundos até que James desiste e sai andando novamente pelo gramado, Peter que havia ficado calado até o momento nos observando sai apressado atrás dele.

– Sabe, queria entender porque Pettigrew nunca diz nada quando estou presente. Parece uma sombra em nossa conversa. Às vezes me dá arrepios.

– Acho que ele nutre uma paixão secreta por você. – lanço um olhar a Remus – Ou talvez a odeie demais para sequer lhe lançar uma palavra.

– Isso de odiar faz muito mais sentido. – digo encarando as costas dos dois à distância e começando a seguir seus passos com Remus ao meu lado.

– Então, você vai me contar por que estava chorando?

– Está tão evidente assim?

– Apenas para quem te conhece. O que aconteceu?

– Muita coisa para lidar e…eu acho que não quero falar sobre isso.

– Você precisa aprender a deixar os outros se aproximarem de você quando algo te deixa triste. Fugir do problema não necessariamente faz com que ele vá embora, Charlie. – sua voz é gentil e eu tenho vontade de chorar novamente. Remus sempre parece saber o que dizer.

– Eu sei. Mas acho que ainda não estou pronta para enfrentar tudo.

– Só não deixe para ficar pronta quando for tarde demais. – ele diz e eu sem palavras, apenas me inclino e beijo seu rosto. Remus sorri para mim e muda de assunto.

Conversamos sobre besteiras o resto do caminho e ainda estamos rindo enquanto esperamos a partida começar, o que é muito bom já que consigo finalmente desligar minha mente de tudo negativo que me cerca.

Estamos no meio do jogo, Grinfinória e Corvinal empatadas quando sinto alguém cutucar minha costela. Prendo a respiração. Apenas três pessoas tem intimidade e coragem o suficiente para fazer isso sem correr o risco de ser azarado imediatamente, um deles está em uma vassoura procurando um pomo, outro está ao meu lado.

– Podemos conversar? – Sirius diz me encarando com intensidade.

– Agora?

– É uma boa hora. – ele parece desconfortável. Algo muito raro para um Black. Concordo com a cabeça após alguns segundos e me afasto de Remus para um canto mais vazio nas arquibancadas. Noto com o canto dos olhos Marlene, Alice e Lily nos observando. Fora outras pessoas, já que parece que a torre inteira da Grinfinória sabe quando Black e eu estamos brigados.

– Então? – pergunto tentando ignorar todos os olhares.

– Eu quero pedir desculpas. – ele diz respirando fundo e olhando para o céu. Meu queixo cai. Sirius nunca pede desculpas, sempre diz algumas palavras que dão a entender que está se desculpando, mas dessa forma com todas as letras, nunca. Pelo menos não para mim, acho que James é a única pessoa a quem ele usaria essas palavras. Quando não digo nada, ele continua a falar, claramente desconfortável – Acho que eu surtei um pouco ao saber das suas visões e o que exatamente você vê. Eu simplesmente não conseguia lidar com a ideia de que você fosse morrer e acho que acabei lidando muito mal com isso.

Penso em corrigir para o presente, que eu ainda vou morrer, mas acabo concluindo que é melhor não. Então me dou conta que como eu, ele simplesmente não consegue enfrentar algumas coisas cara a cara. Somos muito parecidos e quando relembro disso, fico um pouco assustada, mas ao mesmo tempo feliz porque é um dos fatores que tornam nossa amizade tão forte.

– Sirius…

– Não. Deixa eu terminar. Eu fui um babaca, eu sei. Mas você é minha melhor amiga, eu te amo e eu fui um péssimo amigo. Ao invés de ficar do seu lado quando você contou algo sério e importante, eu fugi feito um covarde além de agir como um completo egoísta focando apenas no que eu estava sentindo e não como as coisas poderiam estar para você. Prometo nunca mais fugir. Você me desculpa?

– Sirius Black acabou de dizer que ama uma garota? – eu brinco porque não sei o que dizer depois de suas palavras. É a segunda vez em menos de 24h que isso acontece – Algo inédito acabou de acontecer, senhoras e senhores – digo olhando ao meu redor, as pessoas ainda nos encarando. Só então reparo que estávamos falando em voz baixa até o momento.

– O que eu posso fazer? Eu te amo Charlotte Price e você é minha melhor amiga – ele percebe que tudo foi perdoado e faz um pequeno show para aqueles que nos observam, passando a o braço em meus ombros e beijando minha testa, sorrio abraçando Sirius de volta, surpresa ao notar o quanto havia sentido sua falta. Quer dizer, eu sabia que sentia saudades, mas não a intensidade até estar nos braços dele. Nosso pequeno show fez com que algumas das pessoas ao nosso redor perdessem o momento em que James captura o pomo de maneira perfeita, ele com certeza ficaria furioso se soubesse que ofuscamos seu momento de glória.

Os dias passam normalmente e viram semanas. Tudo está tranquilo, a não ser por um detalhe. Sirius parece finalmente querer sossegar e está em um quase relacionamento com Marlene. Ela já se aproximou de mim várias vezes perguntando se deveria sair com algum outro cara ou se ele tem a intenção de pedi-la em namoro em algum momento. Eu simplesmente não sei o que dizer, especialmente porque não quero ver os dois namorando. Não entendo porque isso me incomoda tanto.

E tudo piora quando decido voltar para o dormitório durante a tarde desejando fugir das últimas aulas e dormir, mas assim que abro a porta do meu quarto tenho uma pequena surpresa: Sirius e Marlene estão semi-nus, parece que não fui a única a ter a brilhante ideia de ir matar aula e ir para a cama. Ficamos os três nos encarando sem saber o que dizer quando sinto minha visão embaçar e tudo ficar esfumaçado. O que está acontecendo?

– Charlie? – ele diz saltando da cama e vindo em minha direção, mas sua voz parece distante.

– Não! – me ouço dizer, mas até mesmo a minha voz parece vir de muito longe. Viro as costas e começo a correr, alternando entre névoa e foco até que chego a escada para a sala comunal. É a última coisa que vejo quando ela finalmente me domina e sou transportada para um outro lugar.

Ouço vozes e vejo vultos, mas não consigo saber quem são. Tento sair dali, mas não consigo e estou desesperada. É minha primeira visão estando consciente e não dormindo e ainda tem que acontecer depois de pegar dois amigos meus seminus. Os vultos finalmente tomam forma e vejo que são Sirius e Marlene. Felizes e definitivamente em um relacionamento sério, especialmente porque Sirius dá um anel a ela. Meu estômago embrulha e sou levada para outro local, dessa vez escuto apenas a voz de Sirius “me diz Charlie, me diz e tudo está acabado”, então sou consumida pela escuridão.

Abro os olhos e fico desesperada ao notar que tudo continua enevoado. Será que ficarei presa em minhas visões para sempre? Então, finalmente tudo toma foco e percebo que estou na enfermaria. E que minha cabeça dói. Muito.

– Imagino que esteja um tanto confusa, senhorita Price. – diz uma voz bondosa ao meu lado.

– Professor? Eu tive uma visão e…o que aconteceu? – pergunto quando Dumbledore fica focado.

– Não foi uma boa ideia sair correndo quando percebeu que estava em meios de ter uma visão, Charlotte. Especialmente em direção a uma escada.

– Eu tentava impedir que ela se concretizasse na frente de meus amigos. – me encolho na cama envergonhada.

– Eu soube, assim que Sirius Black me contou que você gritou uma negação antes de se afastar. Ele está bem preocupado e temia que fosse por algo que tenha visto acontecer…não em sua mente, mas na realidade. Estou certo que não vou querer ouvir sobre isso, especialmente quando você vinha correndo do dormitório das garotas e não em direção a ele. - Dumbledore se cala e eu me encolho ainda mais na cama me lembrando de Sirius e Marlene, minha cabeça latejando. Então ele finalmente quebra o silêncio após alguns momentos – Me diga Charlotte, o que você viu dessa vez?

– Os dois…Sirius e Marlene. E depois ouvi apenas uma pergunta de Sirius para mim que não fez o menor sentido, acho que as duas visões não tinham relação nenhuma. Apenas isso. Eu…eu falei algo?

– Não, você viu tudo calada, tudo aconteceu apenas na sua mente. Para os outros você apenas desmaiou descendo as escadas em disparada. Provavelmente foi isso que aconteceu quando a visão terminou e você bateu a cabeça ao cair. Mas não se preocupe, já foi medicada e poderá sair da enfermaria amanhã. Charlotte, devo dizer que não há escolha, você deverá ao menos conversar com a Professora Audrich para saber o que fazer quando percebe que uma visão está a caminho. Assim que sair daqui amanhã deverá ir direto à sala dela. Entendeu? – faço que sim com a cabeça e sinto dor a ponto de ficar enjoada. – Agora descanse. E se estiver um pouco disposta, seus amigos gostariam de vê-la, estão realmente preocupados. Posso pedir para que entrem para uma visita rápida?

– Por favor. – digo, minha voz falhando por causa da dor que agora parece consumir o corpo inteiro.

– Também vou pedir para que nossa cara enfermeira lhe dê um pouco mais de poção para a dor. – Dumbledore vira as costas, mas para antes de se retirar. – Não se esqueça, Charlotte, amanhã a primeira coisa a fazer quando sair da enfermaria é procurar a Professora Audrich.


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