'(sim, continuamos nela) Madrugada de sexta-feira, 14 de maio.

Gus me ligava. Gus.

Eddie, encostado no carro, mantinha os olhos em Tina. Ela fechava o portão de sua casa, lugar que fora palco para descobertas fortes e um reencontro que os Hamiltons ansiavam. Sim, ''os Hamiltons''. Como eu e Dave suspeitávamos, não eram só rumores o que acontecia entre minha melhor amiga e meu irmão.

Melhor amiga. Tal expressão ainda não se encaixava em minha cabeça, e posso dizer o mesmo do celular vibrando com o nome ''Gus'' na tela. Dave, mesmo não estando tão sóbrio, teve uma reação mais rápida. Num pequeno espaço de tempo em que fechei minha boca e voltei a respirar, ele tomou o aparelho de minhas mãos e o atendeu.

– Olá, babacão! O que é? Quer o que com a Alice?! - definitivamente, aquilo me acordou.

– Dave? Não acredito, Nath! A noite vai ficar melhor!

– Com certeza não para você, porque se meteu com a Ali!

– Bom, eu não me meti com ela. As coisas foram o oposto. Sua Ali literalmente se meteu entre mim e o que está valendo mais apena.

– Espera ai! - então, com uma feição nervosa, Dave se virou para mim - Alice, o que aconteceu?

– Deixarei o casal se explicar sim, é claro. Mas, antes, avise-a que acabo de me arrepender de querer me desculpar.

O barulho que o celular emitia anunciou: Gus encerrou a ligação e minha vida. Nunca vi Dave tão furioso comigo. Eddie, que já havia entrado no carro á essa altura, estava perdido em meio á aquela situação toda. Os olhos de ambos recaíam em mim.

– Não, acredito, Alice. Não acredito que se meteu com o Gus. Simplesmente não consigo!

– O que?! Você está com o Stapp? - quem gritava agora era Ed.

– Eu não estou com ninguém! Só...Só preciso de meu tempo, tá?

Dave colocou a cabeça nas mãos, abaixando-a. Me senti extremamente culpada ao ver sua reação. De forma inconsciente, passei meu braço e apoiei-me sobre ele. No mesmo momento em que fiz isto, ele se afastou de mim, com um gesto grosseiro. Sempre soube que ele não gostava de Gus, mas não havia imaginado que era ao ponto de não acreditar em mim. Ed olhava para nós, com o carro ainda estacionado. Aquilo feito por meu melhor amigo indicava que quem precisava de um tempo era ele. Então, passei para o banco da frente. Assim, o carro seguiu.

Notei os olhos marejados por lágrimas de Dave e, instantaneamente, os meus se encheram também. À algumas quadras da casa de Tina era onde ele morava e onde acabamos com o silêncio que predominava. Antes de sair, Saxton apertou o ombro de meu irmão e o cumprimentou. Seus olhos nem chegaram a alcançar os meus. A porta se fechou e seu som repetiu-se na minha cabeça.

– Não sei se ele vai te ligar amanhã, mas com certeza a Tina vai. Se ela fizer isso, diga-a meu número, ok? - exibia-se, com um enorme sorriso.

O máximo que consegui fazer perante aquilo foi um sinal com a cabeça. ''Será que esta noite não terá final?'' Só isso se passava em minha mente.