[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 27
A insanidade da neve


Notas iniciais do capítulo

Aqui é a Yara :3 bom capítulo



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Marceline

O grifo chegou a todo vapor, ele parecia ter ido lá só com um objetivo, e a pequena luta foi só pra levar Peter embora. Então depois de nos desesperarmos, nos perdermos de Matt, e já tendo perdido as esperanças, encontramos Peter, pra depois ele nos trair de uma forma tão traiçoeira que eu não pude acreditar. Ele me disse coisas horríveis. A cicatriz no meu olho era a prova de que não se deve confiar nas pessoas, ela mudam, e muitas vezes pra pior. Mas continuamos andando, não podíamos parar.

Meu coração batia acelerado, meu corpo doía, meu olho sangrava e ardia como nunca e minha cabeça estava prestes a explodir. Como ele pode fazer isso? Como pode trair todos nós? Quando todo esse ódio surgiu? Como se deixou levar pelo papo de Éris? Eram muitas perguntas, e nenhuma resposta. O gosto de ferro na minha boca parecia estar me matando. Seguimos caminhando na imensidão do túnel enquanto Ana choramingava e eu gritava, inconformada. Ainda não conseguia acreditar que ele nos traiu assim, no meio da missão. Ainda por cima Matt sumiu, e não temos a menor ideia de como achá-lo. A cicatriz no meu olho esquerdo doía cada vez mais, mas não só pelo ferimento físico, era algo a mais, a dor de ser ferida por quem você tanto confiava e amava é maior que o ferimento em si. No meio de minha gritaria e o choro de Ana, Helo teve um surto, e talvez pela primeira vez, colocou tudo o que sentia pra fora. No fim das contas, tudo que ela disse era verdade. Peter não passa de um traidor imundo, não merece nosso amor nem nossas lágrimas. Helo propôs que deixássemos isso pra lá, não podemos nos desfocar da missão. Mas eu não vou deixar assim tão barato, ele vai pagar caro pela traição.

Andamos, andamos, andamos, andamos mais um pouco e andamos mais. No caminho eu pensava sobre minha breve conversa com Gee. Ele havia dito que o cristal era muito perigoso e que devia me livrar dele, e disse isso com um pavor tão grande, nunca o vi daquela forma. Uma parte de mim dizia que eu devia seguir seu conselho e me livrar daquela coisa, outra dizia que eu tinha que continuar com ele, pois seria útil. Mas eu precisava saber mais. Aquilo é uma coisa de filhos de Hades, e o filho de Hades mais experiente que conheço é o Gee, se ele não soubesse, quem saberia? Mas eu não sabia se o veria novamente, então minha tentativa de saber mais sobre o cristal havia falhado drasticamente. A única alternativa agora e esperar e ver o que acontece. Mas e se...

– À frente? - eu li, me desviando de meus pensamentos. - O que significa isso?

– Não faço a mínima ideia - respondeu Helo.

– Gente, aqui não está ficando um pouco... frio?

E estava mesmo, já podia sentir o ar frio congelando minha pele.

– Não terá – Helo leu a segunda placa.

Seguimos andando e um pouco mais à frente, outra placa.

À FRENTE – NÃO TERÁ – SOSSEGO – QUEBRE O – CORAÇÃO - DE GELO.

Senti um frio na barriga ao ler aquilo. Abaixo das placas, três pares de patins de gelo esperavam por nós.

– Então nós... colocamos? – perguntou Helo.

– E se for uma armadilha? - eu não estava muito confiante.

– Temos que colocar – disse Ana. Acho que ela encontrou uma forma de sentir as coisas. E como era a nossa guia, confiamos nela.

Quando os tocamos, o chão congelou, como se dissesse "Ei meninas, venham patinar em mim! Estou tão solitário e precisando de amor!"

Eu tinha quase certeza de que era uma armadilha, mas se você é um semideus, está numa missão e não caiu em nenhuma armadilha, você provavelmente está longe de seu objetivo. Muitas vezes precisamos nos deixar cair nas armadilhas pra vida poder dar certo.

Coloquei os patins com facilidade. Eu havia feito aulas de patinação no gelo, na infância. Já faz tanto tempo desde que... Desde o ocorrido. Mas felizmente eu ainda patinava bem.

Nós ficamos lá, como tontas, patinando no gelo, e acabei me esquecendo das placas, e que aquilo era uma armadilha. Grande erro.

Senti o gelo ficar mais espesso, e uma neve fina começou a cair, e isso deu um lindo visual à coisa toda. A neve caía suavemente, tão branca, tão pura, tão linda, tão... Exagerada. Ela agora alcançava nossas canelas.

– Gente - disse aflita. - Isso tá meio exagerado. - Eu já não patinava mais, nem elas.

– Também estou achando - disse Helo – Mas o que...

Foi nesse momento que uma figura feminina surgiu, no meio da tempestade de neve. Por um momento só pude ver sua silhueta, mas à medida que ela se aproximava, pude ver bem. Ela tinha longos cabelos negros, os olhos escuros como café, a pele extremamente branca. Ela usava um lindo vestido branco, como a neve. Seus olhos nos encararam, e naquele momento eu soube, estávamos ferradas.

– Ora, ora. O que temos aqui? - sua voz era cortante como navalha. - Três semideusas perdidas!

– Quem é você? - Ana perguntou desconfiada.

A mulher suspirou, como se estivesse se segurando para não estrangular Ana ali mesmo.

– Quem sou eu? - ela retrucou. - Quem. Sou. Eu. - ela dizia pausadamente. - QUEM SOU EU? COMO QUEM SOU EU? GAROTA ESTÚPIDA. CURVE-SE DIANTE DE MIM.

Naquele momento, percebi que ela era completamente louca. O brilho de loucura em seu olhar a entregava. Estávamos nas mãos de uma maluca insana.

– Hum, ok... Nós só queremos sair daqui, não vamos incomodá-la... Moça - Helo tentava acalmar a insana.

– Não, vocês não sairão daqui. Pelo menos não vivas - ela sorriu maliciosamente. - Ninguém nunca se lembra de mim, sou sempre esquecida. Os antigos gregos me ignoravam, não me davam o devido valor, isso porque "não nevava na Grécia antiga". - Ela fez sinal de aspas com as mãos. - Ridículo, veja quanta neve - ela esticou as mãos numa forma de nos mostrar toda a neve.

– Isso porque - eu comecei – não estamos na Grécia antiga.

Ela me lançou um olhar de ódio.

– Afinal de contas - Helo disse emburrada -, o que quer? Não temos tempo para crises de autopiedade.

– Eu? Eu quero humilhar todos esses deuses mesquinhos de nariz empinado, mostrar como sou melhor que eles. A neve é soberana.

A neve é soberana. A neve é soberana. Então eu me lembrei.

– Você é Quione - eu disse como quem descobre o crime e esfrega na cara do criminoso. - Deusa da neve, filha de Éolo.

– Ela começou a bater palmas de leve.

– Finalmente. Sim, sou eu.

– E o que quer conosco? - Ana perguntou.

– Bem, garotas, eu vim aqui para destruí-las. - ela respondeu. – Não é nada pessoal. Mas vocês sabem, negócios.

Assim que ela terminou de falar, uma camada grossa de gelo começou a subir pelos pés de Helo e Ana.

– Gente? - chamou Ana.

– O que você está fazendo? - gritei para Quione. – Sua maluca.

Ela apenas riu, como uma bruxa malvada. Em poucos segundos as meninas estavam completamente congeladas, mas eu não.

– Não, não vou te congelar ainda – ela disse, como se lesse meus pensamentos.

– Por quê? - perguntei desconfiada.

– Fui encarregada de tentar fazer você ver a verdade - ela respondeu. - Te mostrar como sua vida pode ser melhor, se você estiver do nosso lado.

Eu estava furiosa. Além de iludirem Peter, estavam tentando me iludir.

– Será que vocês deuses perdedores não cansam de ser rejeitados? Eu nuncame unirei a vocês, nunca abandonarei meus amigos, e por pior que sejam os deuses, não os trairei nunca. Eu não sou o Peter. Não sou manipulável, vocês nunca conseguirão me iludir. Prefiro cair com dignidade a me unir a vocês, cobras peçonhentas. Desistam, vocês não me enganam com essa falsa possibilidade de vida feliz. Agora nos tire daqui.

Eu imaginei que ela ficaria furiosa, mas muito pelo contrário. Ela sorriu.

– É uma pena. Mas não pra mim. Vocês nunca sairão daqui, eu mesma vou matá-las.

Eu precisava pensar rápido. O que destrói o gelo? Fogo. Mas eu não tinha fogo. Talvez Ana pudesse fazer algum feitiço, se estivesse livre. Ou Helo poderia dar uma esquentada nas coisas. Mas elas estavam presas, eu não tinha fogo, e muito menos alguma arma secreta... Espera aí,pensei. Aquela pequena bolinha de cristal que Samilee dera a Helo e a mim. Ela disse que poderia me ajudar quando eu precisasse, e bem, eu preciso agora. Mas o que ela faz? E se não desse certo? Eu precisava tentar, era minha única chance. Rápido.

Enfiei a mão dentro do bolso onde o cristalzinho estava. Segurei ele por um mínimo instante e pensei no que eu precisava naquele momento. Fogo, preciso de fogo.

Atirei a pedrinha no chão em frente à Quione no exato momento em que ela se preparava para me congelar também. O cristal se quebrou em um milhão de pedacinhos e uma fumaça subiu. Quando consegui ver novamente, tudo queimava, havia fogo para todo lado, mas não fogo normal. Fogo grego, e isso quer dizer perigo.

Quione começou a gritar e me amaldiçoar em grego antigo, o gelo começou a derreter e as garotas já não estavam mais congeladas. O fogo grego se espalhava rapidamente, peguei nossas mochilas e tiramos os sapatos de patinação. Estávamos prontas para fugir, quando o teto começou a cair. O fogo agora lambia as paredes, e se aquele lugar não fosse enorme, já estaríamos mortas. Eu já não enxergava mais Quione, provavelmente dera o fora. O teto despencava e nós corríamos e nos esquivávamos dos destroços. Mais ao fundo havia uma parte da parede que parecia ser perfeita para escaladas. Fomos até lá, o fogo já começava a tentar subir por aquelas paredes também, era a nossa única chance. Ana começou a subir primeiro, e o fez com uma habilidade impressionante para uma garota cega. Depois Helo insistiu que eu subisse primeiro, e não era uma boa hora de discutir. Então subi, estávamos em uma parte que ainda não tinha despencado, mas logo iria, então a apressei. Ela começou a subir mas uma de suas mãos escorregou e ela só não caiu porque minha mão segurou a dela.

– Me ajude aqui, Ana – pedi.

Ana entrelaçou os braços em minha cintura e me puxou para trás. As pernas de Helo já não conseguiam mais encontrar os cantos de escalada da parede, meu tronco estava quase que todo inclinado para baixo.

– Ana, impulso de uma vez só – falei.

– Ok - ela concordou.

– Agora – eu disse puxando Helo para cima, mas não antes que o fogo subisse por completo e meus cabelos e as calças de Helo ficarem completamente chamuscados. Nem preciso dizer que meus cabelos ficaram mais danificados.

– Todas bem? - perguntei.

Elas assentiram com a cabeça.

Assim que recuperamos o fôlego, Helo começou a falar:

– O que foi aquilo? Ai meus deuses, que deusa mais maluca, quer dizer, ela me congelou. Isso foi terrível. E por que ela queria nos matar? Já não temos deuses furiosos o suficiente? E por Apolo, Marcy, seu cabelo está bem estranho.

Levei as mãos imediatamente até as pontas do cabelo, estava de tamanho desproporcional e todo queimado. Ótimo.

Nos recuperamos, pegamos nossas coisas e seguimos caminhando. Era como se tudo ali fosse interligado. Nós subíamos e descíamos naquele túnel e sempre parecia o mesmo lugar, parecia nunca ter fim.

Enfim achamos um lugar "seguro", então decidimos dormir ali.

– Estou morrendo de fome - Ana reclamou.

– Idem - resmungou Helo.

Eu estava jogada num canto, tentando arrumar o estrago de meus cabelos.

– Helo, me empreste sua adaga – pedi. - Por favor.

– Está aqui - ela disse me entregando desconfiada.

Peguei a adaga, tinha cerca de dez centímetros. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e tentei encontrar um jeito agradável de colocá-lo. Segurei o cabelo com uma mão e com a outra peguei a adaga e deslizei-a entre os fios, os que ficaram estavam na altura dos ombros.

– Salão de beleza da Marceline – Helo riu.

Revirei os olhos.

Algum tempo depois, eu estava de guarda com Helo, enquanto Ana dormia, quando uma imagem aparece em nossa frente. Eram os olhos esbugalhados de John e o nariz pontudo de Hezel. Uma mensagem de Íris.

– John? - chamei.

– Marcy – John e Hezel gritaram ao mesmo tempo, aliviados.

– Onde vocês estão? - perguntei com os olhos voltados para o galpão atrás deles. - Por que não estão no Acampamento?

– Nós fugimos de lá faz algum tempo - confessou John.

– Como assim? - disse Helo, agora de pé.

– A culpa foi minha - Hezel adiantou-se. - Eu fiz uma coisa, e ele está me ajudando a consertar.

– Espera, que coisa? - perguntei desconfiada.

– Outra hora, Marcy – Hezel falou. - A gente só queria saber como está indo a missão. Como vocês estão? Está tudo bem? John me contou que você e ele...

– Defina bem - eu a interrompi rapidamente.

– Espera aí - John começou a falar se aproximando. - O que é isso? Você está ferida? Seu cabelo? O que aconteceu?

– Alguns... Acidentes – respondi.

– Onde estão os outros? - Hezel perguntou.

– Matt sumiu. E Peter... Ele nos traiu.

– O QUÊ? - os dois gritaram ao mesmo tempo.

– Sim, ele se uniu a Éris e companhia – falei. – É um traidor imundo.

– Bem, as coisas estão complicadas aqui fora - falou John. - Ares está mais furioso do que nunca. Lá no Acampamento... E aí... Quíron... O Olimpo... - a ligação caiu, e eu não mais o ouvia.

Eu e Helo nos olhamos por um instante. As coisas ficariam piores daqui pra frente, muito piores. Nós precisávamos encontrar o objeto de Ares, e logo.

– Então - Helo me encarou. - Você e John...

– Somos primos - eu disse.

– Marcy...

– Não!

– Mas...

– Não!

– É que...

– Não! Vamos, acorde a Ana. - eu disse recolhendo as coisas. - Hora de ir.

Enquanto caminhávamos um pouco mais, só um pensamento dominava minha cabeça. Você vai morrer, Peter John. Mas antes, vai sofrer como nunca.


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Notas finais do capítulo

Amaram? Odiaram?



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