Next year escrita por KM Bárbara


Capítulo 1
One short.


Notas iniciais do capítulo

Se lerem, por favor, comentem. Seria, no mínimo, interessante.
(E, como sempre, esta história não foi, ainda, corrigida. Então, qualquer erro, além de me perdoarem, por favor, me avisem porque, assim, estes serão corrigidos. Boa leitura.)



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Next year

(Ano que vem)

Uma fina chuva caía sobre seus cabelos, em meio à luz fraca que obtinha dos ineficazes postes que rodeavam a pequena praça deserta. Não se importava, é verdade. “Conveniente” pensou. A chuva ajustava-se ao seu humor: Melancólico. Devia se sentir triste, acreditava. Mas, sinceramente, esse não lhe parecia um sentimento propício ao atual tipo de pessoa que estava se tornando. Melancolia também não, aliás. Tratou então de livrar-se dessa emoção indigesta. “Uchihas não são melancólicos, Sasuke. Faça-me o favor!” refletiu irritado, “Nem falam sozinhos. Pare de ser um idiota!” Decidiu, finalmente, que seu sentimento era simples e claro: indiferença (se é que se pode chamar de “sentimento”). “O que havia a perder, afinal?”

Encontrava-se sentado na grama, agora molhada, sujeitando-se a lama que sujava sua calça. Havia a opção do balanço, é claro. Mas lá as lembranças eram mais claras e vívidas e, talvez, pudessem despertar sentimentos. E Sasuke, definitivamente, não os queria. “Desnecessários.”

Sentiu, então, fazer-se uma pressão ao seu lado direito da grama. Ficar sozinho? Doce ilusão. Não era necessário anúncio, era mais que óbvio quem estava ao seu lado. “Quem mais estaria vivo para vir atrás de mim?” A pergunta silenciosa fez-lhe engolir em seco, constatando: A amargura não tinha um gosto bom.

“Eu sinto muito.”

Sua voz doce lhe preencheu, seguida de um silêncio aterrador.

“Não deveria.”

Respondeu, desprovido de educação. Nunca tratou-lhe realmente bem, era fato. Não como deveria. Como ela merecia. Então, por quê? Por que ela continuava ali? Ao seu lado? O Uchiha sabia a resposta. Ela já havia lhe dito, ao ser questionada. “Pelo mesmo motivo da sua mãe, Sasuke.”

“Por que está aqui?”

Perguntou, ainda em seu tom carente de bons modos, finalmente encarando-a. Observou seus cabelos rosados curtos caindo sobre seu rosto, de bochechas coradas, como cascata. Uma linda cachoeira de pétalas. Seu rosto baixo se elevando e fixando suas íris esmeraldas em seus olhos enegrecidos, enquanto seu sorriso pesaroso surgia sobre os lábios carnudos. Sincero.

“Não é óbvio?”

Perguntou, fazendo-se entender. “Sim, é óbvio.” Respondeu mentalmente, ainda observando os belos traços femininos. Ela sorriu mais abertamente, como se pensasse: “Ainda assim, vou te dizer, seu idiota.” Chegava a ser engraçado o modo como ela era previsível para ele. Totalmente legível. Como se, sem perceber, lesse seus pensamentos antes mesmos de serem fabricados. E ela sabia que era assim, parecia gostar disso. E, realmente, gostava. Gostava mais: gostava dele.

“Seus pais morreram, você vai embora. Precisa de mim.”

A realidade lhe abateu novamente, como um grotesco tapa na cara. Contudo, preferiu pensar em outras coisas. “Mantenha a indiferença. A indiferença.” Voltou, então, a frase proferida. Não podia dizer que concordava plenamente com a sentença. “Precisar”? Parecia errado na frase, ainda que não o fosse. Sasuke não sabia disso, claro. Para ele, “aturar” se mostrava mais apropriado ao contexto. “Tolerar” no máximo. “Uchihas precisam de oxigênio, não de garotas.” Preferiu guardar esse pensamento pra si, afinal, já havia a magoado por tempo de mais. Não que se importasse, obviamente. “Uchihas não se importam.” Repetir esses mantras parecia ajuda-lo a acreditar neles.

“Hm.”

Sakura suspirou ao seu lado, cansada. “Ela era a única triste por aqui? Ele iria embora, por Kami!” Sua tristeza era nítida e palpável, mas o Uchiha não se mostrava interessado nela. E porque estaria? Ele tinha dores piores e ela sabia. Não estava ali por si, afinal. Estava por ele, por sua dor. E, pela primeira vez desde que se conheceram, ele tinha escolha entre tê-la ali ou não. A Haruno sabia que, se tratando de sofrimento, às vezes é melhor você passar por isso sozinho.

“Escute, Uchiha, porque este é um momento inédito que você nunca mais me verá fazer.”

Além do claro uso do “Uchiha” na frase (outra atitude inédita), o restante da oração chamou-lhe realmente a atenção, fazendo-o levantar o rosto da grama (inteiramente interessante, a seu ver) e fixar os olhos ônix na garota ao seu lado.

“Pela primeira vez, você tem a escolha.”

Ela ergueu a mão esquerda que estava tensa em seus joelhos e pegou a direita de Sasuke, apoiada na grama, fazendo-o erguer uma de suas belas sobrancelhas, surpreso. Sakura elevou seus olhos para o céu nublado, carente de estrelas, enquanto enlaçava seus dedos aos dele. Suas bochechas mais vermelhas e seus olhos tristes, enquanto gotas frias caíam sobre seus belos lábios entreabertos. Suspirou, antes de dizer.

“Dessa vez, eu não vou incomodar você. Não vou impor minha presença. Mas só dessa vez.” Sorriu brevemente, mostrando-lhes seus enfileirados dentes brancos, mas logo voltando à expressão pesarosa. “Eu posso ficar com você hoje, e eu realmente quero isso.” Olhou-o com os orbes verdes marejados. Crispou os lábios, contendo-se. “Ou eu posso ir, e te deixar sofrer sozinho. Sei que prefere assim. Você é assim. E diga, sem medo de parecer mal educado, pra eu ir pra casa, e eu irei.” Soltou uma breve risada, em escárnio. “Até parece que você tem medo de ser mal educado.” Até ele teve que admitir, ela estava certa. Um leve sorriso de canto mostrou-se em seu rosto, confirmando.

Os sorrisos se foram e o silêncio prevaleceu. Encaravam-se calados, confortáveis em seus pensamentos. Suas mãos permaneciam unidas. Sim, Sakura era realmente bonita. Realmente. E porque, diabos, ele não havia reparado nisso antes? Nela? A chuva pareceu aumentar gradativamente, enquanto eles se aproximavam na mesma lentidão. Ainda assim, a chuva era mais forte e, quando as respirações se mesclaram demais, Sasuke pensou que isso seria muito pra ele. Agora, pelo menos. Afastou-se dela. Olhando a hora brevemente, percebeu o quão tarde era.

“Tenho que ir.”

Sakura, que estava com os olhos fechados, sorriu. Sasuke se levantava, quando ela abriu os olhos novamente, ainda sorrindo. Um sorriso triste. Enquanto o encarava infeliz, ele ofereceu-lhe a mão para que se levantasse. Aceitou, piscando algumas vezes no caminho, deixando que as lágrimas tardias misturassem-se a chuva em suas bochechas. Encarou-o novamente, de baixo, memorizando seus traços. Ele era lindo. Gostaria de se lembrar disso.

“Eu sei.”

Caminharam lado a lado em direção as casas vizinhas em um silêncio reconfortante em meio à chuva persistente. No meio do caminho, a rosada aproximou-se dele, sentindo-se melhor. Sentiria sua falta, definitivamente. Falta até, quem diria, do seu silêncio. O famoso “silêncio cheio de significados” do Uchiha. Falta de tudo. Segurou sua mão fria, como sempre sonhou, e ele não se opôs. Sasuke nunca admitiria, mas também gostava de seu calor contra o frio de sua pele.

Chegaram à frente da casa dela, ao lado da sua, e pararam por um instante, observando o local sem expressão. Não falaram ou se olharam por um bom tempo, até a chuva ficar forte demais. As mãos ainda unidas. Sakura foi a primeira a se manifestar.

“Essa é a ultima vez, não é.”

Não era uma pergunta, Sasuke percebeu. Percebeu também que ela tinha razão, mas não quis admitir. Pra si mesmo, talvez, conseguisse. Aceitar que não conseguiria mais voltar aquela casa nunca mais. Que não a veria tão cedo. Mas para ela? Não. Não massacraria suas esperanças outra vez.

Ela encarou-o finalmente, sorrindo sem mostrar os dentes.

“Eu sei que você já sabe disso. Eu sou a grande idiota que não pare de te informar sobre meus sentimentos, mas, você sabe... Eu amo você. Não se esqueça disso.”

Soltou suas mãos das do Uchiha e segurou-lhe o rosto, erguendo-se na ponta do pé e aproximando o seu próprio. Encostou suas testas e lhe afagou o rosto com a ponta do nariz, os olhos fechados.

“Não se esqueça.”

Disse com a voz chorosa, encostando seus lábios quentes aos dele, frios. Um encostar de lábios singelo, o primeiro e o último. As mãos de Sasuke não hesitaram em segurar a cintura fina da rosada, erguendo-a acima de seus pés, ficando mais confortável e tomando a domínio sobre o beijo. Mordeu seu lábio inferior, invadindo sua boca, apressado, sem necessariamente uma permissão. Pensava, finalmente, como havia perdido isso? Porque não a havia beijado antes? Ainda assim, tudo era doce e glorioso. Abraçou-a mais forte, encostando mais seu corpo ao dela, enquanto Sakura se tornava consciente do que estava acontecendo, abraçando-o de volta. Sem ar, os lábios se desencostaram, mas os rostos se mantiveram próximos e os olhos fechados.

As mãos de Sakura voltaram-se ao seu rosto, enquanto depositava um simples toque de seus lábios aos dele. Beijou-lhe o nariz, o queixo, as bochechas, os olhos, a testa e tudo que conseguiu alcançar. Abraçou-o novamente, enfiando seu rosto na curvatura de seu pescoço, enquanto ele a colocava no chão. O nariz em seus cabelos rosados. “Cheiro de flores de cerejeira. Sugestivo.” Pensou, com seu sempre sorriso de canto adornando-lhe os lábios, mas este sumiu rapidamente. “Rápido demais.” A Haruno se separou de seu corpo, hesitante. As mãos, antes unidas, afastando-se aos poucos. Encarou-o enquanto caminhava de costas em direção à porta de sua casa.

“Você estará em casa no ano que vem?”

Abriu a porta, ainda olhando-o. Sorriu-lhe, triste, dando-o adeus. Não esperou resposta, ela já sabia. Entrou, sem olha-lo mais uma vez. E, enquanto a luz da sala da casa a sua frente se apagava, ele prometeu a si mesmo: “Eu não esquecerei.”

Caminhou para sua própria casa. Antiga casa, agora. Entrou pela porta, deparando-se com a sala já sem móveis. Vazia. Repetiu pra si mesmo, como um mantra. Mais um incluso na lista, daqueles que ele já cumpria.

“Eu não esquecerei.”


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Notas finais do capítulo

Irie, meus caros. Irie. ♥



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