Eu estava com medo. Estava tentando mascarar o que me consumia em chamas. Todos olhavam em minha volta e me viam com desprezo, nada, além disso. Eu os retribuía com calmaria e um sorriso em meu rosto, apesar de não querer estar ali naquele momento. Eu podia ainda pensar em várias possibilidades, algo tão normal como a morte. Minha respiração era mais do que apenas ar, era temor. Então voltei à realidade e pensei, quão humano meus sentimentos podem ser?

Estava tentando reagir, mas por mais que cada célula de meu corpo tentasse, nada estava acontecendo.

Após alguns segundos simplesmente rebaixei minha guarda a uma simples respiração, os olhares eram também de inveja, tudo o que eu sempre temi, eles desejavam meu poder.

Eu tinha certeza de que as palavras saiam de suas bocas, mas eu não conseguia ouvi-las. Meu coração estava trabalhando com vigor, isso eu não podia negar e isso também me deixava mais tranquilo.

Meu corpo transbordava em glamour, todos os espectros de luz estavam apontados para mim. A natureza realmente queria recordar daquele momento, mas eu não.

Minhas emoções estavam amplificadas, não sabia como reagir ou como se sentir em relação aos outros, eles aplaudiam, mas aplaudiam sem fé.

As nuvens do céu dançavam em uma singela música para mim, os raios e trovões preparavam uma festa de arromba, o Olimpo nunca seria o mesmo.

Minhas expectativas sobre o novo marco em minha vida era eminente. Meu corpo estava tomado por força, porém estava ainda tentando juntar o quebra cabeça de emoções que eu estava sentindo.

Quando não havia mais escolha para fazer ou pensar, simplesmente olhei para cima e vi as estrelas, o céu estava repleto de pequenos pontos cintilantes, naquele momento não pensei em mais nada, mas apenas em como ser natural como uma estrela, ficar lá, parado em um lugar fixo, observando cada ação humana na Terra.

A partir daquele momento em diante eu teria muitas responsabilidades, o que eu não gostaria de ter por um longo tempo, mas minhas ações seriam inúteis contra isso. Realmente não havia um caminho de volta, apenas de ida.

Eu estava munido de força, poder, velocidade, vida eterna, tudo que uma simples pessoa humana sempre desejou desde os primórdios do tempo.

Em meus pensamentos nada poderia ser pior do que aquilo, até que de repente um grande estrondo foi ouvido e um espécime de luz flamejante elétrica se formou em minhas mãos. Minhas mãos estavam cansadas, destruídas, pois foram elas que me proporcionaram aquele momento, apenas elas, mais ninguém.

Tudo pareceu como em um toque de mágica voltar ao normal aos poucos, porém eu sabia que minha fama não seria limitada por barreiras, ela seria expandida por entre as terras mais distantes, os mares mais perigosos e os desertos mais escaldantes da face da Terra. Enquanto eu vivesse, o meu eu não estaria em paz consigo mesmo, mas talvez de alguma forma houvesse uma chance para mim em algum lugar, sempre deve haver esperança.

Eu não podia negar que nas profundidades de meu ser, eu estava gostando de tudo, olhava para as pessoas e as via me idolatrando, atenção que antes nunca havia recebido.

Eu olhava para todos e tentava realmente acreditar que o que estava acontecendo era verdade. Eu era um deus.